Crítica - Max Steel
Um estendido piloto de série de TV.
AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.
Saudosos são os tempos nos quais eu via o icônico herói da Mattel, com sua ficção científica bem pé no chão - no sentido de não se expandir numa proporção demasiada épica -, na tela do SBT quando o Sábado Animado ainda prezava por bons conteúdos como alternativa à TV Globinho ao exibir os filmes que sempre davam aquele gostinho de quero mais, sendo visto às vezes como uma série de filmes paralela á série com episódios - da qual vislumbrei pouco. Isto numa época onde Max Steel e suas aventuras faziam justiça ao que um rápido e bom entretenimento, uma boa animação em CGI, podia oferecer.
Até que chegou o reboot que, pelo menos para mim, caiu como bomba no já longínquo ano de 2013. Visivelmente inferior a versão passada (clássica, aliás), eu tinha perdido contas de quantas chances havia dado e no fim mantive meu nariz bem torcido às mudanças drásticas (como o sobrenome do codinome,Steel, ter virado um robozinho alienígena, formando a combinação Max e Steel, Max Steel e coisa e tal) em relação ao original, clássico e verdadeiro Max Steel. Sim, pode me chamar de saudosista chato com o típico "no meu tempo era muuuuito melhor!".
Daí veio o filme live action que, infelizmente, se fez como adaptação à releitura água com açúcar e, de certa forma, mais infantilizada. E a grande surpresa é... Não tem surpresa! Ele replica, ele repete os feitos "grandiosos" do seu material-fonte como uma obra fiel até o talo. Fidelidade que não conta a favor. Só que o maior problema reside numa dualidade meio incômoda: Ora aparenta ser um fan-made modesto, ora parece ser um simples episódio piloto de uma série. Nada se pode tirar como cinematográfico bruto do filme. Não há traços que evocam espírito fílmico. Existe um conflito absurdamente linear, sem subtramas nem nada. É um longa bastante focado nos fatos e ele é bem funcional nesse ponto. Se contar como sub-plot o que sobra é a relação previsível de Max e Sofia e seus desdobramentos igualmente previsíveis - não, eu nem esperava que fossem acabar num beijão daqueles...
Steel como alívio cômico tagarela e inconveniente foi, de longe, o elemento com mais naturalidade, mesmo com o CGI para lá de duvidoso. Seu ponto alto certamente é o vínculo com o protagonista que precisava de uma chacoalhadinha negativa pra reforçar a dramaticidade que a trama do pai de Max já proporcionava suficientemente. Isso permeia o segundo ato inteirinho, que, por sinal, é o estágio onde o longa emana uma atmosfera relativamente melhor, com contornos mais sólidos no enredo que fazem imergir até onde ele se permite.
Mas o que de fato foi o bastante para o filme se sair melhor como adaptação? A resposta é clara: Nada. Ele consegue se distanciar um pouco do nível dos live-actions do Ben 10, por exemplo, contudo ainda não é nem meio caminho andado. O vilão Miles Edward foi bem caricato, praticamente saído do desenho trajando um semi-cospobre de sua contraparte. O roteiro é ágil na maior parte, mas se mostra apressado em determinados momentos, sobretudo no terceiro ato com uma lutinha que dura mais rápido que doce na mão de criança e que tem resolução prática e fácil. Nunca fiz isso nas minhas críticas antes, mas agora farei, vou comparar os atos, do melhor ao pior: 2º ato > 3º ato > 1º ato (o mais capenguinha, há um procura pelo tom certo e que demora a engatar de vez).
Um Trailer Honesto (bem sarcástico) cairia muito bem. Nessa crítica, especialmente, tive a sensação de estar fazendo um post de primeiras impressões de uma série com "piloto vazado" que não sei se foi renovada ou cancelada e tal sensação advém doutra sensação que é a de se assistir a um episódio de uma hora e meia e não um longa-metragem. O streaming seria uma boa área de encaixe para uma produção desse nível, de preferência no formato de série mesmo. No entanto, necessitaria de uma pegada menos galhofa para que saiba se levar a sério sem soar ridículo (pior erro deste "longa"). A versão anterior seria uma ótima pedida.
Considerações finais:
Max Steel nada mais é que uma retraída transposição da então nova versão, o que o torna tão esquecível e dispensável quanto ela. O trash mais involuntário desde Scooby-Doo 2: Monstros à Solta em relação à algo baseado em desenho animado. Tem uma execução do drama pessoal convincente, mas só para por aí. O personagem construiu um ótimo universo quando era Josh McGrath, eu realmente curtia aqueles filmes, e logo merecia algo do patamar (técnico, ressalto) de franquias derivadas de brinquedos como Transformers e G.I. Joe e aliado à uma boa direção e bom roteiro talvez obtivesse um resultado melhor do que estas, porque Max Steel carrega um bom material, mas optaram pelo mais "light" quando cabia ali traços da essência perdida e eu esperava no mínimo algo do tipo que respeitasse, como uma homenagem trazendo referências e/ou easter-eggs. Me enganei.
NOTA: 6,0 - REGULAR
Veria de novo? Provavelmente não.
*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.
*Imagem retirada de: http://www.premiereline.com.br/2016/10/seria-max-steel-o-fracasso-do-ano.html
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