O ciclo dos três planos
Sorrisos marcados por aprazíveis vivências. Renascimento diário, constante. A inspiração de um ar fresco e límpido. Corridas e andanças memoráveis felizmente. Um rosto suave, corado e jubiloso contagiando seu ambiente e a si mesmo com seu âmago impenetrável e estável.
Os ponteiros foram avançando depressa. As folhas do calendário sumindo num piscar.
Já não lembra-se mais do que respirava, do que ouvia, falava ou fazia. A distância entre ele e o futuro estava em um único abismo. Austero e profundo. Uma queda longa foi sentida.
Perguntas torturantes surgiram. Quanto tempo? Quantos dias? Quantas vidas? Quantas mortes? Quantas vezes?
Passeios por jardins secos e inférteis. Pássaros calados. Restos de memórias sendo incinerados nas chamas intensas geradas pela raiva do presente. Os selos foram rompidos. Demônios escaparam para acusar, humilhar e mutilar este corpo. Os sons agudos. As lâminas finas. O sangue golfando em profusão imparável. As vozes e gritos ecoando por todas as partes. A carne queimando em alto fervor.
O banimento que pensou-se ser eterno... se findou quando todo o oceano cristalino do qual bebia-se secou. Findou-se quando todas as memórias resvalaram-se cinzas. Quando a abundante fonte cessou seu jorro...
Alçado novamente. Expectativas enganadas. Surgiu o expurgo. A obrigação de seguir em frente. O ardor iminente. As provações que se dizem justas... para então culminar no arrependimento necessário e na purificação prometida.
Enquanto se anda rumo a um destino imprevisível, se pergunta: "Quando voltarei a pisar naquele lindo lugar deixado para trás?"
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