Coven - Prólogo


Os olhos verdes de Eleonor encaravam fervorosamente sua presa muito bem capturada e mantida sob sua custódia por tempo indeterminado. A bruxa apagara uma mulher após tê-la enganado sobre ajudar num plano pessoal dela que envolvia certos riscos desnecessários. Em uma sala suja, repleta de teias de aranha e com apenas uma janela que fazia atravessar a luz lunar, estava a bruxa que improvavelmente seria a chave para Eleonor Campbell voltar a ser o que era.

Ela remexia seus pulsos apertados nas algemas grossas conectadas a uma corrente presa à parede.

Seu vestido branco mostrava-se manchado de terra, aparentando ter sido arrastada até o local. Suor abundante descia pelo seu torso e rosto meio pardos, sua pele facilitando o brilho das gotas que caíam devagar a cada ofegada. A mulher à sua frente observava-a com seriedade implacável.

- O que tá fazendo? Me tira daqui! Nos aliamos ou não? - perguntou a prisioneira, furiosa.

- Bruxas são egoístas e nada confiáveis. - disse Eleonor - Preferi manter os velhos mandamentos. Mas não me culpe antes de explicar minhas intenções.

- Acho que devia ter tentado isso um pouquinho mais cedo. - retrucou ela - Talvez assim a confiança seria mútua e teríamos uma dívida de gratidão no futuro. Resolveu agir como todas as outras serpentes traiçoeiras. Você me dá nojo. Não importa... se ofereceu de bom grado por mim e joga nossa recém-formada amizade fora me transformando no seu animal engaiolado?! O que você realmente quer, sua vadia?

- Quero respostas. - disse Eleonor, vaga. Decidiu mostrar a marca de X perto do seu ombro esquerdo.

- Parece que alguém andou numa grande torrente de azar. - zombou a bruxa, reconhecendo a ferida.

- Isso aqui te soa familiar? - perguntou Eleonor, severa, se aproximando um pouco.

- Deve estar querendo saber se conheço alguém que já sofreu esse terrível destino. Foram poucas as bruxas que tiveram esse castigo, isto porque a Santa Inquisição falhou miseravelmente. Quem fez isso com você... com certeza é profissional. E quis te dar uma lição bem dolorosa.

- Ágatha Laving. - falou Eleonor, rememorando o dia no qual reencontrou sua neta, Rosie, no museu-antiquário de propriedade da líder da Grande Convenção Britânica - Ela tinha um parceiro chamado Noah Brandon que escondia um trunfo na manga quando surgisse a oportunidade de traí-la, isso no caso se ela o traísse antes. Ele é um mago... descendente de um dos ancestrais que formavam a ordem negra encabeçada por Daemong. Desculpe por essa medida desesperada, mas foi...

- Ah, agora a fera se amansou, pedindo desculpas pela idiotice que fez. - disse a bruxa, inconformada - Pois saiba que estou com a vantagem. Eu sugiro... você abandonar essa casa ainda hoje. Conselho de amiga verdadeira.

- Não vou perder meu tempo me expiando, me culpando, eu tenho uma luta pela frente! - explodira Eleonor, agarrando o rosto da cativa. - Me responda: O que era a varinha que Ágatha usou para drenar minha magia? - pegara duma mesa uma faca que tratou de afiar antes de desperta-la e ameaçou cortar a garganta dela - Posso oferecer uma garantia se me contar toda a verdade. Do contrário, pode ir dizendo adeus ao seu tão sonhado plano vingativo. Ainda sou uma bruxa.

- O que é uma bruxa sem sua magia? - questionou ela, desafiadora - Que piada. Está se prestando a um ridículo papel se sentindo uma de nós mesmo não tendo sobrado nada do seu chackra. Vamos lá, desliza essa lâmina no meu pescoço e me livra disso. Não faz ideia de quantas bruxas conheci... e que gostariam de estar exatamente como você. Pode dizer que elas são fracas e você forte, mas... eu respeito a posição delas em querer se desligar da magia apenas pelo anseio de viver como seres humanos puros com problemas normais. É isso que tanto deseja? A troco de quê?

- Vou dar só mais uma chance. As runas entalhadas nessas algemas vão mante-la presa pelo resto da noite. Temos tempo até o amanhecer, então acho bom falar de uma vez.

- A varinha... - disse a prisioneira, afastando o pescoço da faca - ... pertenceu originalmente ao líder da antiga dinastia Grigorian, eram magos infames que ninguém gostaria de cruzar na mesma esquina. Foi usada como arma secreta para sentenciar as bruxas julgadas por heresia... mas eles sumiram. Esse tal de Noah pode não ter nenhuma ligação, o que é estranho. Não acha?

Eleonor mantinha-se pensativa por um tempo.

- Um lendário clã de magos que caçava bruxas... tendo como arma de punição uma varinha mágica que absorve toda a magia até o chackra. - ela virou o rosto para sua interrogada, levando suas mãos às algemas.

- Não acredito... Me dando falsas esperanças...

- Está enganada. - disse Eleonor, libertando os pulsos da bruxa marcados pelo ferro da algema.

- Você é que está. - retrucou ela, levantando uma sobrancelha - Eu podia acabar com sua vida agora mesmo, sem nem me cansar. Mas mencionou garantia por colaboração... e espero que seja boa em cumprir promessas. O que eu ganho pelo bom comportamento? Diz logo e eu cancelo a retaliação.

- Pois mande suas amigas ficarem longe. - avisou Eleonor, jogando a algema no chão - Eu preciso saber onde Ágatha se encontra... e você vai me ajudar. Quero de volta o que é meu. Me pergunto se não faria o mesmo se estivesse no meu lugar. Falou sobre as bruxas que querem uma vida tranquila sem tormentos sobrenaturais e eu também respeito essa decisão. Mas não é o meu caso. A magia te faz ambicionar ao mesmo tempo que corrompe seu ser. A minha ambição... está focada em proteger as pessoas que me importam. Não posso chegar ao fim dessa prova de redenção sem o recurso mais precioso que uma bruxa pode ter para se orgulhar e vencer seus limites por um ideal justo.

- E sua luta agora também é minha? - perguntou a outra, logo dando um fechado sorriso de entusiasmo. - É, parece interessante. Desde que me garanta uma boa recompensa... estou ao seu dispor.

Eleonor a fitou confiante, enxergando uma fagulha de esperança no seu caminho.

                                                                                  CONTINUA...

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: https://artesdotao.com/2013/12/26/manter-velas-acesas/

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