Crítica - Tá Dando Onda


Lição 1: Ídolos não são perfeitos. Lição 2: Vencer não é tudo.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

Essa é uma das animações meio esquecidinhas no meio de gigantes como Dreamworks e Disney/Pixar, mas que não é de se jogar fora por ser de um estúdio de "terceiro escalão", digamos assim, o qual é a Sony Pictures, que trabalhou no lançamento da produção no longínquo ano de 2007 (há exatos 12 anos, faz tempo pra cacete já). Um dos primeiros pontos a serem observados com grande contentamento é a qualidade textural da animação, um 3D eficiente que dá gosto de contemplar enquanto se acompanha o desenrolar da trama de superação do protagonista. Naturalmente que uma premissa suportada pela jornada rumo a um objetivo/sonho inatingível (para quem não acredita) viria com não apenas uma, mas duas importantes lições que os mais pequenos talvez não capturem (até porque não é nada incomum que a esmagadora maioria das crianças abaixo de 10 anos pouco se lixem pra essas coisas e estão mais interessadas é em dar risadas, negócio bem lúdico mesmo). Aqui me refiro aos personagens com seus nomes originais (na dublagem BR, o Cody chama-se Cadu).

É o clichê do "quem acredita sempre alcança", porém sempre funcional para dar um toque de profundidade ao enredo e suscitar conflitos internos que ponham em dúvida as capacidades do protagonista de vencer seus obstáculos. O que organicamente acontece nesse filme, onde Cody, um pinguim que aspira ser um afamado surfista, deseja participar de um campeonato anual para homenagear Big Z, um dos surfistas prodígios mais aclamados e uma personalidade idônea para motivar a persistência do seu pupilo (para o qual, ainda criança, presenteou um colar com a inicial do seu nome entalhada no pingente de madeira, basicamente um """amuleto da sorte""" para Cody - caberiam mais aspas). Todos duvidam do seu potencial, inclusive sua família (mãe e um irmão chato), e, como todo mocinho de um plot assim merece, eis que surge um rival para desafia-lo, o prepotente campeão Tank Evans, e quando medem seus talentos adivinha só quem perde... Pois é, vergonha, desgraça e humilhação fazem parte da tortuosa caminhada para o reconhecimento de todo ser que é esnobado.

Cody ingressa na competição, mas tendo apenas 3 dias para ganhar experiência (afinal, se até um frango pode ser admitido, por que não um pinguim imediatista e esquentadinho não pode né? - aliás, todo e qualquer animal pode participar, a direção desse campeonato não é muito criteriosa, desde que tenha talento pode participar e o franguinho serelepe manda muito bem, não é a toa que foi o vencedor, para a surpresa de quem esperava o óbvio). O mundo dos pinguins é muito pequeno. Lani, a salva-vidas e interesse romântico de Cody (algo que o roteiro não tornou da maneira tão explícita possível, então a relação ficou limitada à amizade colorida), tem ligação com Geek, um surfista veterano que também é ninguém mais e ninguém menos que... o próprio Big Z vivinho da silva! Uma reviravolta que convém tanto a Cody quanto à história, favorecendo o construir de uma das lições que apontei. Alternativamente é o clássico chavão "ninguém é perfeito". Ou seja, nesse caso, independente das características que justifiquem a sua admiração por alguém, esta pessoa eventualmente poderá te decepcionar e você está livre pra escolher entre o perdão ou seguir em frente desiludido e ressentido.

Big Z forjou sua morte naquelas ondas revoltas por cansaço ou pra dar um tempo, o que Cody enxerga como desistência, o que vai contra a tudo que ele acreditava, tudo aquilo que ele projetava para ser sua referência, e a imagem de figura imbatível do seu ídolo desmorona-se (uma consequência natural pelo tamanho da decepção). A fama às vezes pode exercer um poder de desgaste emocional. Mas não significa que Cody se emburrar pela decisão do inveterado surfista-celebridade seja uma reação de toda errada. A verdade é que ninguém precisa corresponder às expectativas de todo mundo sempre. O momento da competição é bem antecipado, faz esperar com ansiedade e a relação de mestre e aprendiz de Cody e Big Z rende umas interações engraçadas. Os diálogos são tão cheios de energia que vira uma luta pro espectador compreender umas falas diante da rapidez que os personagens conversam (deve ter sido um trabalho exaustivo pros dubladores brazucas pra sincronizar e encaixar tudo certinho, imagino). A estrutura de "documentário" contribuiu deveras.

Considerações finais:

Pra assistir com toda a família, Tá Dando Onda fornece um bom conjunto narrativo que faz valer tudo a que se propõe, apesar dos poucos personagens de fato cativantes. O longa surfa numa onda segura para se firmar como boa animação.

PS: Aqueles três pinguins mirins (e aspirantes a surfistas) dão ou não vontade de apertar bem forte e guardar num potinho?

NOTA: 8,0 - BOM 

Veria de novo? Sim. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: https://entreterse.com.br/sessao-da-tarde-globo-exibe-ta-dando-onda-19-12-13924/

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