Crítica - Os Incríveis
O maior acerto da Disney/Pixar.
AVISO: A crítica abaixo contém muita aclamação.
Como discorrer sobre Os Incríveis? Tarefa complicada diante de uma produção onde não é visível praticamente nenhuma falha técnica ou narrativa que seja grosseira para descontar uns escores. Eu geralmente tento não fazer da memória afetiva um motor ou um guia para elaborar as reviews e às vezes, contudo, a resistência é inútil de forma que basicamente me faça ser submetido a um "transe" do qual não escapo tão fácil (só depois que a escrita termina). Mas mesmo na lucidez, do desvencilhamento forçoso à perspectiva encantada de criança interna, ainda posso assumir que esta, sem dúvidas, é uma das melhores obras já produzidas pelo estúdio em parceria com a casa do Mickey.
Uma das imperfeições que alguém mais novo pode chegar a notar é a animação de renderização um pouco datada aos dias atuais, porém, à época, exalava uma qualidade bem à frente do seu tempo na composição de detalhismos que fazem o papel de delinear feições e trejeitos proximamente humanos mesclando a um tom levemente cartunesco em outros pontos de escolha estética (O Sr. Incrível é um frango de academia, esqueceu de definir as pernocas heheh, mas no geral todos os personagens levam essa engraçada característica de finura nos membros inferiores). O filme retrata gloriosamente as eventualidades que um herói pode enfrentar na sua carreira, sejam elas voltadas ao sucesso ou ao fracasso total que vir a colocar tudo a perder. O que ocorreu ao Sr. Incrível que foi injustiçado por seu heroísmo ao salvar um homem de se matar, sendo processado por um dano causado durante o resgate. O salvamento não se justifica, a consequência deixada tem muito mais peso e significância para determinar o status de um herói. O reflexo de uma ingratidão social. Sr. Incrível é o grande gatilho responsável por deflagrar o enredo e suas respectivas reviravoltas (como exemplo, Síndrome, antagonista icônico do filme, revelar-se o garoto já crescido que era fã do Sr. Incrível - o Guri-Incrível -, desejava ser um sidekick e por uma razão justa decidiu arquitetar sua vingança sendo um inimigo que declara guerra aos super-heróis de maneira velada).
A ilegalidade decretada aos super-heróis pavimenta o caminho seguido firmemente. Toda a construção envolta da problemática dos super-heróis tendo o Sr. Incrível na centralidade, é muito orgânica e segura demais para não divertir quem assiste pois tem uma estruturação de montagem que fornece ótimas sensações, dando aquela vontade de rebobinar umas cenas. A ação nem se fala. Vibrante e empolgante ao extremo (eu simplesmente AMO a perseguição dos homens de Síndrome ao Flecha e à Violeta). E quando pensa-se que os problemas estão todos enfim resolvidos, eis que o roteiro nos prega uma pecinha (me pergunto se alguém ainda lembrava do Síndrome durante a batalha contra o Omnidroide ou por um momento acreditou que ele foi derrotado por sua criação devido ao lance lá do controle remoto) retrazendo Síndrome que foi deixado para escanteio no confronto principal aparentemente com esse propósito em "chocar" o público de que a família Pera, que resgatou o auge dos tempos áureos dos super-heróis (por curto tempo, infelizmente), não podia cantar vitória antes gran finale que Síndrome não iria deixar de armar. Com o sequestro do hilário bebê Zezé, nós finalmente tivemos um vislumbre inesquecível dos poderes do garoto, o enredo criou essa última situação de emergência focando nesse aspecto para exibir ao público do que o caçula é capaz de fazer (revestir sua pele em aço puro, combustão espontânea, metamorfose etc) e nesse último pedaço do terceiro ato entendemos plenamente que a união faz a força dessa família.
Considerações finais:
Talvez um dos pouquíssimos pontos negativos que com muito esforço consigo perceber seria o tratamento dado ao Gelado que não teve um destaque significativo, ele é tão parte da família quanto todos dali, não apenas um mero ajudante ou amigo de visitas esporádicas. Fora isso... simplesmente o melhor filme da Pixar, o meu favorito e não mudaria absolutamente nada.
PS1: Pensa comigo: Se a Edna (uma incrível - trocadilho besta - adição no segundo ato, ela me ganhou desde o primeiro minuto de aparição) projetou os uniformes dos heróis que morreram por conta de suas capas resultarem em acidentes fatais (artifício tragicômico do roteiro), ela não deveria ter pensado nessa contingência desde o início? Estranho...
PS2: Em todo caso... NADA DE CAPAS!!!
NOTA: 10,0 - EXCELENTE
Veria de novo? Sempre!
*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.
*Imagem retirada de: https://nosbastidores.com.br/os-incriveis/
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