Nem tudo é o que parece #57

Com quem eu me casei?

Eu só gostaria de entender a razão pela qual as mulheres demoram tanto se arrumando. Fazia uma hora e meia que ela estava enfurnada naquele quarto e eu, com minha paciência quase zerando, na sala, esperando a bendita hora dela sair deslumbrante pra festa de debutante da filha de um amigo nosso. Cheguei no meu limite.

Entrei no quarto bufando que nem um touro, mas ela ainda estava no banho de banheira espumante. Evitei chamar a atenção dela pra avisar quanto ao tempo que restava, isso porque vi uma coisa na cômoda. Me aproximei, constatei que era uma máscara... uma máscara com detalhes incrivelmente idênticos às feições dela, parecia até que grudava no rosto... não, não parecia, era perfeitamente colante!

Achei melhor não perguntar nada, muito menos entrar no banheiro, pois tô com muito medo de saber como é a real face dela.

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Não repare na bagunça

Já comecava a achar que aquele dia não poderia melhorar. Além da casa ficar todinha livre pra eu desfrutar da paz e sossego, minha namorada ficou disponível pra gente dar uns bons amassos.

Mas no fim das contas acho que acabei comemorando cedo demais. Na hora em que fui pegar uns pen-drives pra escutarmos umas músicas, ouvi ela dar um baita grito de pavor.

Eu devia ter mencionado que era proibido entrar naquele outro quarto onde mantinha meu açougue humano. 

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Memória afetiva

Não existe nada que me faça esquecer daquela voz que docemente me acalentava quando eu era um bebê chorão de poucos meses. Mas não se tratava da minha mãe e sim de uma babá que tive até aproximadamente meus dois anos. Ela balançava meu berço, me contava historinhas, me mamava antes de dormir, essas coisas básicas. Como eu lembro tão bem desse tempo, não faço ideia.

Fui comentar essa memória com minha mãe, só que agora me sinto tão arrependido. 

Falei com tanta nostalgia sobre isso, apenas pra ela me dizer categoricamente que nunca tive uma babá. 

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O cervo

O passeio pro sítio do meu avô durante as férias de verão estava prosseguindo bem até o momento em que parei pra consertar meu carro, na verdade era uma kombi que engatava aos trancos e barrancos, mas uns bons reparos faziam milagres. Acho que eram umas três da tarde. 

Fiquei lá embaixo da kombi ajustando, quando de repente me peguei vendo patas de cervo próximas a mim.

Eu gelei na hora porque... obviamente cervos não tem somente duas patas. 

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Cabra-cega

Faz tantos anos, era tão pequena, mas ainda assim não sai da minha mente a sensação desagradável numa parte do dia que teoricamente tinha que ser divertida. 

Me juntei aos meus amigos numa reunião na floresta pra brincarmos de cabra-cega, à revelia dos nossos pais. Por que escolhemos esse lugar? Sei lá... Passava um aspecto mais aventureiro e desafiador, mesmo com o risco de dar de cara numa árvore. Pois bem, na ocasião, a cabra-cega acabou sendo eu que fui girada vezes o bastante pra me deixar cambaleante atrás de pegá-los.

Porém, num determinado instante tive a tal sensação ruim. A de que alguém me empurrou. Caí de frente pro chão e tirei logo a venda, questionando quem fez aquilo. Conhecia meus amigos o suficiente pra acreditar que não seriam capazes disso, nenhum deles. 

Do nada, eles correram assustados. Acho que viram o que havia bem atrás de mim, o que também me motivou a correr sen olhar pra trás.

FIM... por enquanto!

*As imagens acima são propriedades de seus respectivos autores e foram usadas para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.

*Imagens retiradas de: [1] [2] [3]