Nem tudo é o que parece #42


Simplesmente não consigo parar de vir aqui. É como se uma parte de mim ficou gravada nesse lugar para todo o sempre e uma parte dele me pertence, mais como uma marca que o tempo não apaga.

Essa floresta possui um único banco de praça colocado ali por uma razão que nem a mente mais dedutiva conseguiria explicar. Quando eu me sento nele, me sobre um ar que fica gelado a cada segundo até uma névoa surgir ao meu redor, encobrindo toda a floresta. Toda vez.

Daí eu ouço as vozes. Bem familiares, por sinal. Sussurrando coisas que me apavoram, coisas que eu não entendo... De qualquer forma, minha alma está presa à esse lugar. Naquele dia eu não corri. Enfrentei a verdade, dei a cara à tapa, tinha cansado de fugir feito um covarde. Eles morreram em vão e deveriam se sentirem satisfeitos.

Era verão... aah, o colegial, o saudoso colegial. Todos naquela floresta foram induzidos... menos eu.

Agora eu estou sendo induzido. Por eles.

Logo, ao invés de escapar, vou usar esta faca que trouxe especialmente para este dia para homenageá-los.

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Eu e meu irmão tínhamos 10 anos e uma casinha no quintal que chamávamos de esconderijo para diversas brincadeiras. Naquele dia não foi diferente, por mais que vocês discordem.

Pegamos o material para brincar de "viagem no tempo" depois que eu fiz um suco de laranja para nós dois. Eu disse que no dele pus um toque especial para ele ficar mais forte para a viagem, mas era mentira. Minha amiga, a Belle, ou melhor minha ex-vizinha, veio com todo o ar de curiosidade perguntar o que estávamos fazendo na casa por ter escutado uns barulhos.

- O que estão fazendo?

- Brincando - eu fui bem vaga de propósito.

- De quê? Construindo uma invenção?

- É! Uma máquina do tempo!

- Cadê o Brian?

- Está aqui comigo. Dentro da máquina.

- Não ouço a voz dele.

- Ele precisa ficar em silêncio se quiser estar concentrado pra voltar no tempo.

- Ah sim. - Belle era uma lerda mesmo.

- Precisamos de mais uma coisa. Será que você pode ir buscar?

- Sim. O quê?

- Mais pregos. 

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Estava conversando com um amigo da faculdade perto da cerca. Não eram nem dez horas da noite. Ele estava de frente para a fachada e interrompeu o que dizia quando apontou, com uma expressão estranha, para a janela do meu quarto, cuja luz eu tinha deixado ligada.

A luz do meu quarto tinha se apagado sozinha. Eu dei de ombros afirmando (mentindo) que era um problema na fiação elétrica que eu ainda enrolava pra resolver.

Ainda bem que ele não perguntou se eu moro com os meus pais. A casa tinha sido construída há poucos meses, novinha em folha e a conta de luz em dia.

O que ele pensaria se eu dissesse que moro sozinho... e que eu estava sozinho?

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Sempre que eu sonhava com uma sombra borrada correndo atrás de mim para tentar arrancar meus olhos eu sentia um ardor neles, isso aumentava quando o terror do sonho ficava mais intenso.

Mesmo ele não dizendo uma palavra eu sabia qual era sua intenção.

A ardência foi aumentando. E eu apenas corria, desesperado por um cenário preto e branco (eu sonhava apenas em preto, branco e cinza), acho que era um corredor. A única coisa que tinha cor era... aquele negócio medonho! Sei lá, só consigo dizer que era uma sombra flutuante, parecia uma nuvem densa de gás. A cor dele era um vermelho bastante escuro. Jamais consegui detectar cores nos meus sonhos, aquele havia sido a primeira vez.

No mesmo sonho, com a diferença de ser mais longo, ele quase me pegou.

Segundos depois de acordar eu sabia que quanto mais próximo de mim mais a ardência nos olhos aumentava até soar como agulhas espetando a esclera. Acordei gritando e chorando... Mas senti um molhado na minha coberta, sabe... Bem, sou crescido demais pra fazer xixi na cama, então abri meus olhos, já tinha me acostumado com aquele sonho recorrente ao ponto de não ter essa reação.

Meu branco lençol estava molhado do sangue que esguichou em jato dos meus olhos durante o sonho.


FIM... por enquanto! 




*As imagens acima são propriedades de seus respectivos autores e foram usadas para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://tagcultural.com.br/os-subgeneros-do-terror-e-5-filmes-para-curtir-o-halloween/
                                   https://cemiteriodasimagens.blogspot.com.br/2011/11/olho-sangrando_17.html



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