Frank - O Caçador #72: "O Castigo Vem a Cavalo"

Era uma noite de sábado quando Frank, usando uma camisa cinza e uma calça jeans, estralou os dedos das mãos sentando-se na cadeira da mesa da cozinha frente ao seu laptop para iniciar um evento virtual pelo qual nutria bastante expectativa. 

- Celular desligado, portas trancadas, janelas fechadas... Tudo nos conformes. - disse ele meio agitado - Vamos nessa... - abriu no site em que ocorreria um leilão de peças valiosas e supostamente de caráter místico - Contagem tá quase no fim, cheguei cedo. - disse ele olhando para o contador de horas, minutos e segundos. Puxou a longa manga esquerda da camisa para verificar o relógio - São dez e oito. Dois minutos ainda. Vai logo, começa. - lhe parecia iria levar uma eternidade. 

O leilão online finalmente iniciava e o detetive esfregou as mãos ansioso. O primeiro item ofertado era o chifre de um unicórnio inteiramente dourado que diziam ser composto de puro ouro. Frank digitava rápido seus lances, afoito em querer sair na frente dos adversários. "Dez mil!", pensou Frank, suando de nervoso. O maior oponente dele propôs 15 mil.

- Filho da mãe... - xingou Frank, preocupando-se - Não, não posso jogar a toalha agora... não logo agora. 

O comitente postara uma nova mensagem dando o famoso "dou-lhe uma, dou-lhe duas...". 

Antes que encerrasse o leilão, Frank dera um novo lance. "25 mil."

O adversário demorou para contra-atacar dando uma ponta de esperança à Frank. 

- Tá duro pra superar essa, né? Quero ver. - disse Frank, sorrindo de canto ao comemorar de antecipado.

Novamente o maior oponente de Frank levou mais tempo para dar um novo lance. Até que saíra da página da web. O comitente saudou Frank como o mais novo detentor do chifre de ouro. 

- É! - disse Frank erguendo os braços cantando vitória e rindo. 

"Vamos para o modo privado acertar alguns detalhes como a data de pagamento, o local e otras cositas más.", disse o comitente na última mensagem. Frank fizera o que lhe foi pedido e ambos conversaram sobre a compra e a venda. 

Na segunda-feira pela manhã, Frank estacionara seu sedã prata em frente ao prédio de uma seguradora. Deu uma parada para conferir no papelzinho onde anotou o número da sala para encontrar-se com o comitente e fechar negócio. 

Entrou no prédio, subiu vários lances de escada até o terceiro andar em busca da sala. Porém, o detetive não podia ignorar uma estranha sensação de tudo estar silencioso demais naquele lugar. Encontrou a porta de número 50 e abrira-a. 

Frank franziu o cenho ao ver o interior da sala completamente escuro, mas ainda assim entrou. 

- Peraí, o que é... 

- Nunca te disseram que é falta de educação entrar sem bater? - perguntou um homem parado próximo à porta que a fechou batendo-a forte. As luzes acenderam-se revelando mais quatro homens bem vestidos de casacos e jaquetas encarando o detetive com olhares cínicos e sorrisos debochados. Frank os olhava com certa apreensão, mas se conteve.

- Um de vocês deve ser o cara com quem eu tava disputando o chifre do unicórnio... 

- Eu mesmo. - disse o homem que fechara a porta. Tinha um porte físico atlético, maxilar robusto e sobrancelhas grossas - Dustin Farrell, muito prazer. - sacou uma arma apontando-a para Frank - Agora vamos aos negócios. - ergueu de leve a mão esquerda - Passa o envelope pra cá se não quiser sair daqui mais furado que queijo suíço. 

Vendo-se em desvantagem para pegar uma arma sua após os comparsas de Dustin sacaram as deles, Frank os fitou com fúria entregando o envelope devagar para o líder. Dustin pegara e pusera na mesa para abri-la. 

- 152 mil dólares na íntegra. - disse Dustin contemplando a quantia. 

- Cadê o comitente? O que vocês, desgraçados sem-vergonhas, fizeram com ele? - perguntou Frank.

- As perguntas quem faz sou eu. - retrucou Dustin virando-se para ele - Ou melhor, só tem uma pergunta: Onde você mora?

- O quê? Quer saber meu endereço?! Já me tomaram de assalto o que queriam, é bom me deixar ir.

- Não até nos dizer sua localização exata. - disse Dustin, aproximando-se com ar ameaçador. 

- Pra quê vocês querem invadir minha casa? - questionou Frank deixando a raiva se elevar. 

- Uma fonte muito confiável nos disse que você tem uma coleção de peças valiosas, principalmente... sobrenaturais. 

O coração de Frank pulsou acelerado ao escutar aquilo e uma vontade de fugir daquela sala lhe pareceu uma ideia melhor, apesar de insana. 

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CAPÍTULO 72: PROCURANDO CHIFRE EM CAVALO

Frank continuava refém dos bandidos com as mãos para cima ainda sob a mira das armas. 

- Eu falo se você me der um nome. Um negócio bem justo, concorda? 

Dustin parecia assustadoramente paciente. 

- Então prefiro fazer do seguinte modo: Nos dá seu endereço, você fica o dinheiro e o chifre e nós esvaziamos o seu museu.

- Esse chifre é a relíquia mais valiosa que eu já consegui, juro pra vocês. Só vão encontrar tranqueiras. Eu apenas coleciono porque lido com problemas sinistros que às vezes envolvem as peças que eu tenho. Mas tudo bem, se vocês querem ir, mandem ver, revirem tudo. Não tem nada de muito valoroso lá mesmo. 

- É o que veremos. - disse Dustin.

Após informar o endereço, o detetive saíra mantido refém caminhando pelo corredor para se juntar ao comitente e os funcionários de seguradora que foram trancados. Já não aguentando mais ser submetido àquela posição, Frank pensou no instante certo de agir. Os outros dois estavam um pouco mais distantes. Olhou de esguelha para os dois rapazes que o acompanhavam. Dustin estava atrás com o envelope em mãos. Num ímpeto gloriosamente corajoso, Frank dera um cotovelada forte no nariz do cara à sua direita e depois um soco no da esquerda. Dustin o agarrou por trás, mas o detetive bateu sua cabeça contra o rosto dele afastando-o e em seguida o chutando na barriga e dando um soco pesado. A dupla que estava mais atrás veio com armas em riste e Frank acertou-os com seus punhos, chegando a impedir que um deles apertasse o gatilho para atingi-lo. Sorte que Frank conseguiu agarrar a tempo para fazer a arma errar o disparo e acertar numa lâmpada fluorescente. O detetive correu atrás dos que pegaram o envelope, descendo as escadas que levavam para o estacionamento. Quando enfim alcançaram a área, foram direto para o carro em que vieram. Frank sacara sua arma. 

- Não vão escapar com minha grana, seus miseráveis! 

O detetive atirou três vezes, conseguindo atingir o retrovisor que estilhaçou-se enquanto o carro seguia a toda velocidade. Alguns segundos depois foi que deu-se conta de que Dustin havia entregue o envelope para os dois capangas fugirem ao invés de devolver à ele sendo que o detetive havia aparentemente concordado com a invasão domiciliar em troca da devolução. Cansado pela corrida frenética nas escadas, só lhe restava verificar a situação do comitente. 

Um funcionário jovem da seguradora veio até ele num corredor, lívido devido ao terror causado. 

- É do DPDC?

- Como foi que adivinhou? Frank Montgrow, agente especial. Estão todos bem? 

- Aqueles desgraçados trancaram o Sr. Sullivan no banheiro, sabe lá o que fizeram com ele. 

Ambos correram para o banheiro masculino atravessando alguns corredores. Frank parou diante da porta e tomou certa distância recuando uns dois passos para enfim aplicar um chute que a abriu imediatamente. Para o instantâneo alívio da dupla, o comitente se encontrava vivo, porém fortemente amarrado e amordaçado. Frank prontamente o libertou.

- O que houve? Onde eles estão? 

- Não pudemos chamar a polícia, senhor. Renderam a mim e os outros também, mas ninguém se feriu. - disse o funcionário - Mas esse detetive, pelo visto, cuidou de bota-los pra correr. Enfrentou aqueles cinco sozinho no mano-a-mano?

- Sim, mas fugiram com o pacote que eu vinha trazendo... 

- Espere, você é o ganhador do leilão que eu promovi na internet? - perguntou Sullivan, um homem na casa dos sessenta anos de cabelo grisalho penteado para o lado usando terno cinza - Frank Montgrow?

- Eu mesmo. Desculpa ter dado mancada, mas os caras montaram uma emboscada pra sabotar nosso negócio. 

- Eu vou buscar uma água pro senhor. - disse o funcionário. 

- Obrigado. - disse Sullivan, logo voltando-se para Frank novamente - Frank, eu sou muito grato. Uma pena as coisas terem acabado dessa forma. Na verdade, eu nem estava esperando que viesse. 

- Ué, por que não? 

- No momento em que pedi pra conversarmos no privado, o site sofreu um ataque de hacker e alguém se apropriou da minha conta pra se passar por mim. Eu devia ter previsto que ladrões desse tipo iriam farejar uma oportunidade dessas pra perpetrar seus golpes. Sou eu quem devo desculpas, Frank. Estou junto com você pra colocar essa gangue atrás das grades. 

- Pode deixar o trabalho pesado por conta do DPDC, mas se quiser ajudar com informações, sem se identificar, pode fazer do jeito que bem entender. Bom, eu... - se aproximou de Sullivan para falar mais reservadamente - Eu gostaria de saber como conseguiu o chifre do unicórnio. É 100% autêntico?

- Aceitei a oferta por terem me garantido ser inteiramente feito de puro ouro. Não que eu acredite em unicórnios, é claro. 

Aquilo murchou as expectativas de Frank. 

- Ah sim, tudo bem... É que me passou pela cabeça... Deixa pra lá. 

- Como pretende recuperar o dinheiro e o chifre? Eu ficaria desconsolado de ver um cliente saindo num prejuízo tão grande sendo vítima de um crime impune. 

- Essa é a pergunta que não quer calar. - disse Frank, sofrendo por dentro pela frustração de não apenas ter perdido a quantia e o chifre, mas também a possibilidade de nunca recupera-los. 

                                                                            ***

Sete dias depois

Numa região onde situava-se uma casa à beira do lago para aluguel, um homem corria saindo de uma floresta. Ele olhava para trás amedrontado com o que lhe perseguia. 

- Falta pouco... - disse ele olhando para a casa de luzes acesas correndo pelo solo gramado. 

O som dos galopes aumentava, sinalizando o perigo de proximidade. Alcançou a porta, puxando a maçaneta e entrando na casa o mais rápido que pôde. Arfando, quase sem ar, ficou encostado na porta reavendo o fôlego. 

- Amor, é você? Voltou cedo da pescaria?! O que foi? Não pegou nada? - perguntou a esposa dele que estava num quarto se aprontando para dormir. 

- Foi ótima, mas... aconteceu um probleminha. 

- Ah é? Tô curiosa...

- Se eu for honesto, acho que você vai... - não completara a frase em virtude da sensação de algo atravessando seu corpo e tivera certeza ao baixar seus olhos para a estaca transpassando na altura do seu peito. 

Com a boca aberta e trêmula, viu-se derrotado pelo perseguidor. Sangue se expelia da sua boca e seu corpo espasmava até que aquela estaca saía, deixando o corpo cair sentado. 

A esposa do homem vinha com um roupão de dormir e travou ao chegar na sala, deparando-se com o marido sangrando com um buraco no peito. Soltara um agudo grito de horror. No lado de fora, a estaca pontuda na verdade era o chifre de um unicórnio de pele negra. Da ponta do chifre pingava sangue fresco. Galopou até uns metros, parando para tirar suas patas dianteiras do chão e relinchar graciosamente. Enquanto isso, seus olhos brilharam em vermelho vivo.

                                                                                 ***

Na manhã seguinte, Frank estava compenetrado numa pesquisa a respeito dos membros da gangue, sobretudo os antecedentes criminais registrados pela polícia e exclusivamente disponíveis no site oficial do DPDC com fichas de cada um dos membros. Após ler a dos quatro capangas de Dustin, passou para a do líder. 

O celular do detetive tocara e ele já imaginava quem poderia ser. 

- E aí, Carrie? Curtindo bater ponto sem mim? - perguntou ele, tomando um gole de café. 

- E você? Curtindo a folga sem folga? - rebateu ela ciente de que no cotidiano de um detetive policial que executava o oculto trabalho de investigar paranormalidades, descanso era a última coisa assegurada.

- Na verdade fazendo o que você costuma fazer, mas os monstros, no caso, são bem comunzinhos. 

- Só agora tá pesquisando sobre a rapaziada criminosa que te roubou 152 mil dólares? 

- Tava ocupado com o Axel nesses últimos dias, fora os casos de rotina. 

- Frank, tem absoluta certeza de que abrigar esse cara é seguro? Será que ele finge não saber do que aconteceu em mil setecentos e sei lá quando? Ele passou de gárgula para humano fácil demais, não acha?

- Foi o contexto, Carrie. Ficar diante de uma pessoa chorando e implorando por sua vida parece ter resgatado a humanidade dele, bloqueado o feitiço que transformou ele e os outros, algum lance do tipo. 

- E como vem sendo lidar com, você sabe... o choque de realidade. Em relação à Virginia era mais fácil, afinal ela tinha vindo dos anos 70, mas ele veio do século retrasado. É um fardo a mais pra sua conta. 

- Eu venho tentando segurar a barra ajudando ele a se adaptar. A coisa mais perigosa que já aconteceu com ele enquanto hóspede foi a explosão do microondas... Ele pensava que era um objeto usado pra derreter ferro, daí pegou uma arma minha e... o resto da tragédia você deve imaginar. Tá osso ensinar umas coisas, mas ele... é tranquilo, a gente se dá bem. 

- Faltou dar uma explicação melhor, não? 

- Acho que pra mim falta paciência. Ele continua se negando a voltar pra cidade das gárgulas, não quer voltar a encarar o tal do Nero. E eu tô disposto a seguir em frente com ele, apesar de eu me sentir... meio babá. Mas fala aí, por que ligou?

- É sobre alguém ligado à gangue dos ladrões de artefatos. Zachery Houston, com passagens pela polícia sob acusações de roubo, extorsão e falsidade ideológica, foi encontrado morto numa casa perto do lago, daquelas que eu sonhava em fazer um passeio romântico... bem, quando meu casamento com o Mark ainda era as mil maravilhas. Mas voltando ao caso, no corpo do Zachery tem uma perfuração enorme, literalmente um buraco no peito. Foi óbvio pra perícia que algo o empalou das costas para o peito, entre o coração e a coluna, e a prova maior disso está no buraco na porta. Algum palpite do que seja?

- É ironia, né? A última coisa que os malandros roubaram foi o chifre de um unicórnio. Mas peraí... Unicórnios, até onde eu sei, não tem essa natureza assassina, sempre foram foram retratados como criaturas puras, coloridas, brilhantes, até pensava, no meu início de carreira, que eram lenda, mas depois dessa... 

- Antes mesmo de ligar, dei uma pesquisada na mitologia dos unicórnios e o mais aprofundado que encontrei foi a conexão entre mães e filhotes e a reencarnação. Se um filhote tem seu chifre perdido no combate a uma entidade maligna que tenta corrompe-lo, o mesmo morre pois manter o chifre intacto é o que segura a vida de um unicórnio até que ele cresça e se torna firme. Se a mãe procura pelo chifre e não o acha, rastreia a energia dele através do seu. 

- Não tem nada que explique essa mamãe vingativa sair chifrando gente? 

- Por ora, nada mesmo. Mas soa lógico que um unicórnio não seja imune a sentimentos ruins quando o filhote tem seu chifre levado. É como se tivessem roubado a alma do seu filho. Vou garimpar mais informação e... espera aí... 

- O que foi? 

- Atualizando: Mais um membro da gangue achado morto na madrugada. Tom Nixon. Ele saiu pra caminhar num parque... quando viu um cavalo preto de olhos vermelhos e um chifre correr atrás dele. Levou uma chifrada na barriga, foi socorrido por paramédicos, mas não resistiu a caminho do hospital. A casa no lago fica no sul do estado. O atual detentor do chifre pode estar aqui em Danverous City. 

- OK, pra não começar feio, talvez fosse melhor eu estabelecer contato com um unicórnio puro. Vê se acha algum método de invocação...

- Ah, eu esqueci de avisar: Unicórnios dóceis são invisíveis, exceto para pessoas de coração puro... 

Frank sentira uma certa insinuação no tom da assistente.

- Eu tenho coração puro. A pureza da minha alma foi requisito pra salvar a cidade dos fantasmas ano retrasado. Não lembra? 

- É claro que sim, não quis zoar com sua cara... 

- Não quis, é? Aham, sei. Eu poderia te provar que um unicórnio aparecia pra mim. 

- Iria tirar uma selfie com ele? Ah não, acho que câmeras não iam fotografa-lo. Mas enfim, não sei de nenhum meio pra invocar, acredito que nem exista, eles simplesmente... transitam nas florestas, mas pouquíssimas pessoas conseguem testemunha-los, é uma chance rara, provavelmente única. 

- Então, tá legal. Espero até amanhã pra voltar à ativa por aí. Falou, tchau. 

O detetive fechou o laptop e levantou-se se espreguiçando. Axel descia a escada usando um pijama azul claro que Frank já não vestia há anos.

- Ah, oi, Axel. Acordou agora? - perguntou Frank olhando-o bem - Que cara é essa?

- A cara de quem acabou de despertar de mais um pesadelo. 

- Com o que você sonhou dessa vez? Tem que contar pra mim, não tem mais desculpa pra esconder. É recorrente, se repete todas as noites? 

- Eu só... vejo o Nero me torturando cruelmente e chamando o Behemoth pra me devorar. Não chego a ver o monstro, apenas... uma luz, parecendo de fogo, vir de um túnel. - fez uma pausa, fitando Frank apreensivo - Eu tô com medo, Frank. Mas não tenho a menor dúvida de que... vai haver uma guerra. Nessa altura somente os inimigos estão prontos pra trava-la. 

Frank expressou preocupação acerca desses supostos sonhos proféticos de Axel. A periculosidade que o hóspede atribuiu à Nero estava definindo sua visão quanto à gravidade do problema. 

                                                                             ***

Departamento Policial de Danverous City

Passada o dia de folga, o primeiro mais tranquilo que já viveu em muito tempo, Frank caminhava por um corredor do DPDC rumo à sua sala para esperar pela vinda de Carrie com mais um caso ou informações novas dos unicórnios. No fundo, Frank achava bobo estar a caça de uma criatura que sempre associou ao universo infantil, porém considerar que um unicórnio, um ser teoricamente inofensivo, teria se entregado a um desvio de inerência ao ponto de matar pessoas modificava e muito essa perspectiva. Um policial, vindo de outro corredor, chegou próximo à ele para avisar-lhe algo. 

- Montgrow, tem alguém esperando você na sala de interrogatório. 

- E quem é, afinal? 

- Me disseram que é um cara relacionado à gangue do Dustin Farrell, supostamente desvinculado. 

- Valeu, vou lá agorinha mesmo. - disse Frank. O policial fora embora e o detetive seguiu por outra rota em direção à fria sala de interrogatórios que já foi palco de cenas insólitas - como um policial surtando de fúria chegando a bater a cara de um suspeito em potencial contra o vidro. Frank olhou para a grande janela retangular vendo um rapaz moreno de boné preto e moletom de mesma cor. O detetive entrara acenando com a cabeça para ele - E aí? O que significa essa visita?

- Uma confissão arriscada. - disse o rapaz sentado com os dedos das mãos cruzados - Sou o Jordan.

- Sou o Frank. - disse o detetive, sentando-se diante do ex-membro da gangue de Dustin - Que confissão arriscada é essa que você tem a fazer? Ouvi dizer que você se desligou da quadrilha do Dustin.

- Quer que eu seja bem direto pra acabarmos logo? 

- Seria uma boa. - disse Frank, arqueando as sobrancelhas - Afinal, ando abarrotado, hoje tem tonelada de trabalho. Se quiser poupar meu tempo... 

Jordan respirou fundo antes de fazer sua declaração. 

- O Dustin não é exatamente o cabeça do grupo. Bem, ele é o cara que se auto-intitula líder, mas o manda-chuva real... é um cara que me acolheu sabendo das minhas necessidades quando eu precisava sustentar minha mãe. Ele se chama Gunther Brown, administra uma rede de apostas em corridas de cavalos ilegais. 

- Estranho você denunciar um homem que te estendeu a mão. Você deve ter muito respeito por ele, apesar de ser um canalha que ganha às custas de um bando de apostadores compulsivos. 

- O Sr. Brown era o único que se importava comigo naquela droga. Pelo menos há um código que permite um membro escolher ficar ou sair. Eu sei que você é o cara que eles roubaram recentemente. O Sr. Brown e eu... ainda mantemos contato, ele me vê como um filho, me deixa informado de todas as ações do grupo, mesmo comigo fora. 

- E você quer que eu chegue lá dando voz de prisão pelo trabalho sujo dele? - indagou Frank não compreendendo a intenção da denúncia de Jordan.

- Olha, sei que parece contraditório, mas só falei do Sr. Brown pra que você fosse lá verificar uma coisa. Os caras estão achando que você é um caçador de assombrações e um monte de paradas sinistras.

- Shhh... - disse Frank colocando o dedo indicador na frente dos lábios - As paredes tem olhos e ouvidos aqui.

- Estão monitorando a nossa conversa? 

- As câmeras e escutas funcionam, mas ninguém monitora, deixam gravando pra depois analisarem. Mas vou pedir pra que descartem essa. Jordan, só te digo que... eles não estão errados. Eu caço mesmo vários tipos de coisas medonhas que você nem imagina. O que você quer que eu averigue lá?

- No estábulo tem um cavalo que anda sofrendo com uma doença estranha. O Sr. Brown me falou que ele tá com um tumor na cabeça, não é um furúnculo, mas ele disse que cresce em questão de horas. E se ele for... um unicórnio? 

Frank imergiu em pensamentos, lembrando-se da reencarnação citada por Carrie. 

Na tarde daquele dia, Frank se dirigiu ao local onde situavam-se os estábulos e a pista de corrida. O detetive procurou ir à paisana - casaco azul-marinho por cima de uma blusa branca - a fim de disfarçar-se como um comprador interessado no território. Deixou o carro estacionado em frente ao prédio onde Gunther Brown e o conheceu ali dentro. O chefe da organização criminosa acompanhava Frank para uma tour nos estábulos. 

- A princípio, nunca pensei em vender o terreno, mas... posso repensar dependendo da sua oferta. - disse Gunther, um homem na casa dos cinquenta anos, alto e forte, com cabelo castanho. 

- Ahn, uma perguntinha básica: O senhor tem certificado ou alvará pra prosseguir com o recolhimento de apostas em dinheiro? 

Gunther virou o rosto para ele esboçando uma suspeita leve. Mas logo sorriu educado. 

- E por que não teria? Por acaso quer seguir no meu ramo? Eu adoraria passar o bastão e decretar minha aposentadoria. Mas, claro, como havia dito: Tudo depende do valor que estiver disposto a pagar. 

Os dois chegaram perto do estábulo onde ficava o cavalo mencionado por Jordan.

- Ah, Celestia. - disse Gunther parando para observar tristemente o cavalo de estatura média e branco que estava de costas em pé balançando o seu rabo - Foi minha filha quem deu esse nome. 

- Você tem uma filha?! De quantos anos? 

- Fará 9 na semana que vem. Mas não está animada pra comemorar. 

- O que houve? Algum problema com o cavalo? 

- Celestia chegou aqui praticamente ainda filhote depois que a mãe morreu no parto. De repente, ela começou a apresentar uma condição anormal pra um cavalo, nem os veterinários souberam responder. 

O cavalo virou sua cabeça para ele, os fios da crina meio cinzenta entre os olhos. Havia uma protuberância alarmante na testa de Celestia. 

- Feio, não é? Mas Kristen, minha filha, não concorda. Quer montar nela quando crescer, praticar equitação e participar das corridas daqui

- Mas o senhor acha que nesse estado... não vai sobreviver, né? - perguntou Frank, ora olhando para Celestia, ora para Gunther. 

- Receio que não. - respondeu ele. Dois homens vinham trazendo um cavalo de pele negra para ser adicionado - Ora, veja só... Temos um novo competidor. Onde o encontraram? 

- Na beira de uma estrada, não tem dono. - disse um dos subalternos de Gunther.

De inesperado, Frank ouviu o som do aparelho EMF que trazia consigo logo que o cavalo passara por ele. Gunther estranhou o barulho, franzindo o cenho. 

- O que é isso? 

- Ahn... É meu celular, deixei no silencioso... ou quase isso. Será que você me dá um minutinho pra atender? 

- Sem problema, fique à vontade. Estou esperando lá fora pra continuarmos nossa pré-negociação. Gostei de você, Frank.

- Idem.- disse ele, forçando um sorriso cordial. 

Gunther se afastara e quando atingiu determinada distância, Frank voltou seus olhos para o cavalo preto que dobrou para outra fileira de estábulos. O detetive andou mais adiante e ficou escondido na parede olhando para o corredor com os outros estábulos. Sacou o medidor e constatou uma leitura máxima. "E achei o unicórnio das trevas.", pensou Frank. 

                                                                               ***

No início da noite, Gunther mandou fazerem um teste com o cavalo na pista de corrida escolhendo um cavalgador aleatório que participava das competições. Ao lado de mais duas pessoas, um casal de família abastada, assistia ao treino no alto de uma arquibancada. O cavalo negro galopava rápido, porém algo mostrava-se irregular. O trio notou a agitação do cavalo que parecia querer se livrar do montador até nem mais correr e sim galopar meio que em círculos. 

- Mas o que deu nele? - perguntou Gunther, aflito. 

O montador não conseguiu manter-se e foi jogado ao chão, caindo e rolando. Para o espanto súbito de todos que se entreolharam perplexos, uma ponta saía da testa do cavalo cor de ébano. Ponta esta que revelou-se um chifre de meio metro de altura. O cavalgador, abismado, recuava gritando de horror, mal conseguindo levantar-se. O unicórnio o encarou brilhando seus olhos vermelhos. A mulher que estava à direita de Gunther desmaiou, logo sendo segurada por ele, tamanha sua reação de assombro. Mirando o chifre diretamente para o montador, o unicórnio avançara cravando-o fundo na barriga. Gunther estava lívido ao assistir à cena. O unicórnio levantou o corpo empalado e relinchou triunfante. 

                                                                            ***

Departamento Policial de Danverous City

Frank entrara na sala de Carrie após ela permiti-lo, voltando do local onde se realizavam as corridas equestres clandestinas. 

- E então, como foi lá no chefão da gangue? - perguntou ela. 

- Melhor impossível. - disse Frank fechando a porta - Só fiquei meio nervoso na hora que o medidor atingiu leitura máxima quando passou uns caras trazendo um cavalo preto e acabei inventando que era meu celular vibrando. 

- Ah tá, como se não fosse fácil distinguir o som de um celular no modo silencioso e o de um medidor EMF. - disse Carrie, revirando os olhos ao desaprovar o improviso - Mas que cavalo era esse? Não, espera... esse cavalo é realmente o... 

- Sim, sem a menor sombra de dúvida, é o nosso matador. - disse Frank pegando um copo descartável para beber água - Mas tem mais: o cavalo que o Jordan mencionou quando falei com ele é um unicórnio em formação, pelo que indica o caroção na testa, mas curiosamente o medidor não marcou leitura nenhuma. - tomara a água, mas quase se engasgou ao ouvir o toque do celular. Pegou o aparelho e atendeu a chamada - Alô? 

- Olá. Reconhece essa voz? - perguntou uma voz masculina e austera. 

O detetive estreitou os olhos, imediatamente rememorando de onde e quando havia escutado a voz.

- Dustin Farrell... O que você quer? Aliás, como diabos obteve meu número, safado?

- Com um velho amigo. Acho que você também vai reconhecer essa voz. 

Houve alguns segundos de pausa e ouviram-se murmúrios abafados na linha. 

- De-detetive... É o Jordan. Como eu disse no começo do interrogatório: Confissão arriscada. 

- Jordan, pra onde eles te levaram? - perguntou Frank, sério. 

- Num galpão, perto da pista de corrida de cavalos. O chifre do unicórnio que foi leiloado tá com o...

- Bem, ele já tagarelou demais. - disse Dustin, reassumindo a ligação - O lance é simples, Frank: Negociamos a vida do Jordan em troca do artefato que você julgue incalculável da sua coleção. As quinquilharias que você guarda podem salvar a vida desse traíra, basta você escolher e quem sabe, se nos agradar, fechamos acordo. Tem meia hora pra decidir. 

Encerrou a ligação. Frank fervia de raiva devido à canalhice de Dustin em considerar simples o acordo. 

- Frank, o que aconteceu? - indagou Carrie - Nada bom, né?

- Péssimo. O Jordan foi sequestrado pelo Dustin e a cambada dele. 

- Mas como souberam que ele tinha vindo até aqui compartilhar o que sabia?

- Devem ter grampeado o celular dele, não faz muito tempo que ele pulou fora do barco. - disse Frank que amassou o copo descartável com força - Filho da mãe... Ainda pediu que eu trouxesse um objeto da minha coleção em troca do Jordan e um objeto que precisa despertar o interesse deles. Como vou fazer isso em meia hora? Escolhendo no unidunitê? 

- Não precisa levar nada. Veja isso como uma oportunidade de talvez atrair o unicórnio assassino. - sugeriu Carrie. 

- Se bem que o Jordan, antes do Dustin voltar a falar, quase revelou com quem tava a posse do chifre. Só pode ser o...

                                                                            ***

Em seu escritório, Gunther abria um cofre eletrônico no qual digitou sua senha. De dentro retirou o chifre dourado do unicórnio falecido. "Melhor me livrar disso antes que essa maldição chegue até mim", pensou ele, determinado a dar um fim no chifre de qualquer forma. O propritário do terreno de corridas ilegais saiu do prédio e entrara no seu carro. Porém, pelo espelho retrovisor pôde ver a figura espectral do unicórnio brilhando seus olhos vermelhos como faróis sinalizando morte iminente. Gunther pensou numa atitude ousada para enfrenta-lo. Pisou no pedal da ré e o carro cantou pneus seguindo para trás na intenção clara de atropelar o unicórnio que vinha de encontro alvejando o carro com seu chifre.

O veículo bateu com impacto na criatura cujo chifre estilhaçou o vidro traseiro, mas não fez sucesso em derruba-la - no máximo os cascos arrastarem no solo. O chifre dourado estava coberto por um pano de veludo no banco do carona. Gunther dirigiu o carro para frente, desta vez fugindo do unicórnio que o perseguia vorazmente dando um relincho e intensificando o brilho vermelho nos olhos. Enquanto isso, a porta de enrolar foi galpão foi aberta para o detetive entrar. Frank viu, sob a mira de armas, Jordan sentado numa cadeira, amarrado e com vários hematomas no rosto, além de ferimentos sangrando.

- Enquanto você não chegava, batemos um papinho com nosso amigo... - disse Dustin, infame, apontando para Jordan com o polegar direito para trás ao andar até Frank - ... e acabamos dando um tratamento estético nele. 

Frank desviou o olhar para Jordan e seus machucados. O olho direito do rapaz estava inchado e roxo.

- Eu vou te tirar dessa, com ou sem troca. - disse o detetive, tenso. 

- Como assim com ou sem troca? - perguntou Dustin, enfurecido e pegando Frank pela gola do sobretudo com uma mão - Não trouxe nada? Então quer vê-lo tomar uma bala na cabeça? - sacou sua arma apontando-a para Jordan. 

- Peraí, não faz nada... Eu te disse no dia que vocês me armaram a cilada sobre não existir nada de muito valor na minha coleção. Qualquer coisa que tenho hoje não tem valor pra ser trocada pela vida de um ser humano, seus monstros! 

- Monstros, nós? Sabe muito bem o que andou matando meus parceiros! O tal unicórnio ficou bravinho porque roubamos o chifre de algum amigo ou parente dele! Que peninha, né? 

Repentinamente, uma parede do galpão foi destruída ao ser atravessada por um carro vermelho descontrolado. Os capangas de Dustin correram alarmados, mas o próprio não teve a mesma sorte ao ser atropelado acidentalmente por Gunther. O corpo do líder voou longe batendo na parede e caindo exatamente numa mesa com tampo de vidro que quebrou-se em caquinhos minúsculos com a queda. Jordan não fora atingido, apenas caiu para um lado, mas conseguia se desamarrar. 

- Gunther! - disse Frank vendo-o sair do carro e levar o chifre consigo para fugir. 

O unicórnio viera para o galpão, assustando Jordan que andava de quatro para se esconder no carro. Frank correu atrás de Gunther para a saída do galpão e o unicórnio seguiu no encalço de ambos. A corrida se seguiu até um campo gramado onde Gunther acabou tropeçando numa pedra e rolou numa área ´mais íngreme. Frank quase pulou para pegar o chifre, mas Gunther levantou-se e dera um soco no detetive.

- Eu devia ter sido mais intuitivo com você! Um policial à paisana.... querendo destruir minha vida!

Frank reergueu-se para revidar com um soco mais forte.

- Tem toda razão! Destruir tua vida... tua vida de comandante de facção criminosa! - vociferou Frank, dando mais outro soco que derrubara Gunther - Fica no chão, só levanta quando eu mandar! 

O relincho ameaçador do unicórnio tirou a atenção de Frank em Gunther. Rapidamente pegara o chifre e calmamente foi aproximando-se do unicórnio que já intencionava empala-lo. 

- Calma, calma... Aqui está, é todo seu. - disse ele colocando o chifre em espiral no solo gramado. 

O unicórnio o pegou com a boca e quebrou-o com seus dentes, mastigando e comendo. O ato gerou estranheza em Frank, mas ele esperou ver o que ocorreria. Ao comer os pedaços do chifre, o unicórnio tivera sua pele descolorindo-se, da cabeça ao rabo, para um branco tão alvo quanto a neve. Seu chifre tornou-se dourado como o que acabara de ingerir. Surpreendentemente, Celestia vinha galopando na direção do unicórnio que reconheceu ser sua mãe. Um chifre pequeno e também dourado crescia à medida que o caminho se encurtava. Jordan vinha correndo alarmado. 

Os unicórnios encontraram-se e agradeceram à Frank pedindo para ele tocar em seus chifres. 

- De nada. - disse ele, aliviado. Ambos os unicórnios voltaram-se para uma direção e galoparam rumo a um destino incerto. A uma certa distância, uma luz branca os envolveu e de repente sumiram como se tivessem feito teletransporte. 

- Ei, detetive. - disse Jordan, ajudando Gunther a levantar - Tenho que confessar outra coisa. 

- O quê? 

- A culpa do unicórnio ter virado um monstro assassino... é minha. Saí da gangue com sede de me vingar dos maus-tratos do Dustin. E pra ferrar com eles, usei um ritual de magia negra que encontrei na internet pra transformar um unicórnio numa máquina insana de matar. Deixava uma maçã na floresta pra ele comer e assim pega-lo. O único jeito de quebrar a mágica era fazendo ele comer o chifre de um unicórnio morto. E depois que ele voltou ao normal... eu não consegui mais ver porque...

- Porque somente pessoas de coração puro é que podem. - completou Frank - Os dois não viram. Mas eu sim. 

- Por que, Jordan? Por que? - perguntava Gunther com o nariz sangrando - Que decepção... 

- Fica na tua aí. - mandou Frank - Logo mais você vai receber visita de alguns colegas meus... 

- Desculpa, Sr. Brown. - disse Jordan olhando-o com lamentação. 

Frank telefonava para a polícia do DPDC tratar de enquadrar Gunther pelos seus crimes. 

                                                                          ***

Na manhã posterior, Frank contava para Carrie, na sua sala, tudo relacionado ao que aconteceu com os unicórnios.

- Isso deve ter sido... lindo. - disse Carrie após ouvir sobre o encontro das criaturas - O unicórnio reencarnado acabou aceitando o que foi corrompido como a sua mãe... ou pai. Não conferiu se era macho ou fêmea?

- O que isso importa? Agora estão felizes para sempre galopando por algum bosque ou selva completamente invisíveis. - disse Frank comendo uma rosquinhas - Tive a sorte de conseguir enxerga-los. 

- Creio que... não foi bem sorte. - falou Carrie olhando-o serena - Foi mérito. 

O detetive a fitou sorrindo levemente e fazendo que sim com a cabeça. Até sentia-se grato pela assistente elogia-lo, mas no fundo se considerava indigno do privilégio de testemunhar uma criatura que simbolizava a pureza de espírito olhando em retrospecto sobre sua jornada como caçador. Descendo uma escada para ir ao estacionamento, Frank olhou de esguelha para uma mulher que passou perto dele quase encostando. Parou para estuda-la dos pés à cabeça e não conteve a surpresa.

- Lucy? É você mesma? 

A mulher de belos e grandes cabelos castanhos que caíam nos ombros virou seu rosto relativamente fino e reagiu da mesma forma. Sorriu com seus lábios finos da boca larga. 

- Eu não tô nem acreditando... Você por aqui?! - disse Frank.

- E-eu digo o mesmo sobre você... Incrível depois de tantos anos a gente se esbarrar assim...

- Travessura do destino. - disse Frank, rindo - A gente não se via desde... - parou, tentando relembrar.

- O ensino médio. - disse Lucy, simpática - Eu comecei há dois meses aqui, minha carreira de repórter durou menos que um meme de rede social, então fiz um concurso pra criminalística. Aqui estou eu, aqui estamos nós... 

- Agora tô lembrando que era a área que você mais sonhava em atuar. Meus parabéns, você merecia.

- Obrigada. E quanto à você? Como tem passado?

- Eu, ahn... Muito bem. Sou agente prioritário há 8 anos.  

- Prioritário?! Meu Deus, que ótimo. Bem que eu devia ter reparado pela roupa. - disse ela, logo dando uma risadinha - OK, foi maravilhoso esse reencontro, mas melhor cuidarmos, senão... 

- Vem bronca buzinando nas nossas orelhas. - disse Frank bem-humorado - A gente se vê por aí... 

- Eu espero. - disse Lucy - Tchau. - abraçou-o e em seguida tomou seu caminho. 

Terminando de descer a escada, Frank deu uma olhada para trás e sorriu bastante contente em rever uma amiga de longa data por quem nutria grande admiração.

Em paralelo, Axel acordava do seu sono pesado, mas tivera uma terrível visão. Ele saiu debaixo das cobertas pulando da cama ao ver inúmeras serpentes venenosas rastejarem pelos lençóis. Coçou os olhos e os piscou várias vezes. Não havia cobras sobre a cama. 

- O que tá acontecendo comigo? - perguntou ele a si mesmo atarantado com a alucinação que lhe pareceu extremamente real. 

                                                                                 -x-

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.

*Imagem retirada de: http://winnerhorse.com.br/o-cuidado-com-os-olhos-equinos/

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