Frank - O Caçador #79: "A Revanche"

Aquele trio de crianças se esquecera de que desobedecer os pais não os fariam ser merecedores de presentes naquele Natal. Rupert, Olivia e Trent corriam à solta pela floresta entre as árvores, dentre elas alguns pinheiros encobertos de neve, em meio a uma nevasca que sinalizava piorar a qualquer instante. Mas se enganaram que a saída furtiva durante a reunião de pais numa cabana alugada para celebrar na véspera seria o início de uma aventura mágica e inesquecível para assistir ao Papai Noel voando com suas renas no trenó e distribuindo presentes. O sonho infantil transformou-se num pesadelo que desenrolava-se com aquela corrida desenfreada para fugir de um ser monstruoso que os perseguia sedenta por sangue. 

Rupert era um rapaz loiro de cabelos lisos com uma franja que se dividia em duas caindo na testa e um ano mais que Olivia e Trent. Sem tropeçar uma única vez, corriam livremente, apesar de que a tempestade de neve cada vez mais intensificada tornava a visão nebulosa e dificultosa para seguir. Mas houve uma consequência desse inconveniente para a fuga. Rupert se desviou da rota dos amigos indo para a esquerda em um caminho mais arborizado. Por conta da copa alta das árvores, o ambiente estava bem mais escurecido e oferecia, de certa forma, uma proteção parcial contra a nevasca castigadora. 

- Mais rápido, Trent, mais rápido! - gritava Olivia.

- Dá pra calar a boca? Gritando assim ele vai nos achar! - retrucou Trent. 

- Você é um grosso! - reclamou Olivia - Espera... - parou perto de uma árvore - Cadê ele?

- Acho que ele perdeu a fome. - disse Trent tremendo de frio e de nervoso - Ué... Cadê o Rupert?

Olivia ia abrir a boca para gritar o nome do amigo, mas antes que terminasse de chamar, Trent tapara a boca dela. 

- Tá maluca? Quer entregar nossa posição pro monstro? - perguntou Trent, logo tirando a mão da boca de Olivia. 

- Mas e o Rupert? - indagou ela, a expressão de choro - Trent... Temos que procurar por ele. 

- Tem razão. Mas com um monstrengo sinistro desses por aí... Eu não teria coragem. 

Rupert parara de correr e parou tocando numa árvore para reaver o fôlego. Mas a pausa para normalizar a respiração durou pouco, pois escutou ruídos de passos abafados entre os arbustos. Se pôs alertado olhando ao redor tingido de azul escuro e assustador. Andou uns passos, mantendo-se atento a qualquer som e movimento suspeito. Parou atrás de um arbusto cheio. 

- Trent? Olivia? - perguntou, a voz trêmula - São vocês? 

De repente, uma figura demoníaca com chifres curvos, olhos totalmente vermelhos, um rosto enrugado e cinzenta, além de uma boca com dentes pontudos que formou um sorriso aberto, largo e desprezível tapara a boca de Rupert que esbugalhou os olhos e paralisou de medo sentindo a palma gelada da mão de dedos compridos, finos e com unhas afiadas.

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CAPÍTULO 79: A REVANCHE

Trabalhar em plena véspera de Natal enquanto caía uma nevasca de deixar as calçadas preenchidas de neve densa era para Frank a certeza de um atraso na volta para casa da pior forma que podia-se imaginar. Passando por uma estrada durante a tempestade fortalecida, o sedã prata do detetive acabou atolando as rodas traseiras na neve. Os limpadores de para-brisa iam e voltavam para fazerem um vão trabalho de impedir os flocos de neve caírem sobre o vidro. 

Xingando bastante, Frank descera do carro após muito insistir em faze-lo sair do ponto onde empacou afundando o pé no acelerador não fazendo mais que espalhar neve para os lados. Deu uma olhada rápida no quanto as rodas estavam imersas: praticamente pela metade. Mas a aparência desértica da região não o desencorajou a se embrenhar na mata à procura de uma cabana onde houvessem ocupantes que se prestassem a ajuda-lo com um "empurrãozinho". Aquela área era conhecida por possuir as cabanas alugáveis e a ocasião vinha a calhar para que familiares e amigos se reunissem festivamente. 

Usando seu sobretudo caqui de inverno com mangas peludas, Frank pisava fundo na camada densa de neve sobre o solo deixando uma trilha de pegadas altamente perceptíveis. Tentou observar alguma coisa próximo de uma casa naquele temporal, mas o branco enevoado dificultava a visão. Mesmo assim, tornou a caminhar para mais distante por entre as árvores, mas parou ao ouvir o que lhe soava ser um choro. Seguiu cuidadoso até a origem do som apurando a audição. 

Descobrira duas crianças, um menino e uma menina, atrás de uma árvore agachados. 

- Ei vocês aí... 

Frank achou que usou um tom austero em relação ao estado emocional de Trent e Olivia para faze-los ficarem de pé rapidamente devido ao susto que levaram. 

- Calma, calma, não vou machucar vocês... - disse o detetive tentando tranquiliza-los - Sou policial, não tem o que temer. 

- Na verdade, temos sim. - disse Trent, um garoto negro que usava casaco de zíper e gorro, quase batendo os queixos de tanto frio - O senhor não pode ficar desprotegido, tem um monstro... 

- Monstro?! Olha, amigo, você tá falando com um cara que nunca sai de casa desprotegido contra isso. Meu nome é Frank. E vocês, como se chamam? 

- Sou a Olivia. Ele é o Trent. - disse a menina que possuía cabelos pretos ondulados que estavam meio desgrenhados naquele momento - Vínhamos fugindo do monstro com um amigo nosso, o Rupert, ele se perdeu da gente... 

- Liv, por que não conta a história desde o começo? - perguntou Trent. Olivia o olhou tensa e virou o rosto para Frank não alterando a expressão. 

- Tudo bem, nós estávamos na cabana com nossos pais ajudando a arrumar a ceia de Natal e... tivemos a ideia de sair pra ver o Papai Noel distribuir presentes e quando chegássemos faríamos uma surpresa pra provar que ele existe. Mas nos perdemos, depois o monstro nos viu e correu atrás da gente faminto. Começou a nevasca, o Rupert sumiu... 

- Não chora, Liv. - disse Trent, tocando-a no ombro. 

- É, esse monstro com quem vocês toparam tem um apetite voraz por crianças. - disse Frank sentindo-se tocado pelos dois - Tem algo que eu possa fazer? Eu tô tão perdido quanto vocês. Meu carro atolou na neve, tô em busca de alguém pra me dar uma forcinha. 

- Nós descobrimos um rastro de sangue. - disse Trent, a expressão de tristeza e medo. 

- Não seguiram até onde dava? - indagou Frank. 

- Claro que não, ficamos com medo, podia ser uma armadilha do monstro. - disse Olivia. 

- Bem pensado, ele costuma mesmo usar truques como imitar vozes de entes queridos e usar rastros de sangue para atrair presas. - disse o detetive.

- Eu ouvi mesmo a voz da minha mãe! - disse Trent - Disse pra voltarmos. Foi tudo minha culpa... O Rupert morreu por minha causa, a mãe dele nunca vai me perdoar... 

Olivia nada dissera por apostar fortemente na hipótese do amigo ter sido abocanhado vivo.

- Que tal tirarmos a prova? Quem sabe, possamos encontrar a cabana onde os pais de vocês estão. Beleza? - sugeriu Frank - Mas se for o caso do monstro ter devorado o Rupert... ninguém teve culpa a não ser esse monstro. Tentem acreditar que ele está vivo, eu já... escapei dessa coisa uma vez. 

- Sério? - indagaram Trent e Olivia em uníssono. 

- Se me seguirem, posso contar a história inteirinha. Mas aí vai da escolha vocês confiarem ou não em mim. 

As crianças se entreolharam. Olivia fez que sim com a cabeça, séria, concordando em acompanhar Frank. Trent correspondeu ao gesto. Ambos seguiram bastante próximos de Frank guiando-o até o ponto em que viram o rastro. 

                                                                         ***

Um pouco distante, a cabana, repleta de enfeites e pisca-piscas multicoloridos dentro e fora, servia de abrigo para os pais das crianças que aguardavam a nevasca dissipar. Porém, a tranquilidade do ambiente se desfez num instante. 

- As crianças... não estão no quarto! - disse Melanie, a mãe de Rupert com a face lívida

Pierce e Ursula, pais de Olivia, levantaram-se do sofá alarmados. 

- O quê? Não, não pode ser, devem estar escondidos, pregando uma peça... - disse Ursula, uma mulher de cabelo curto preto. 

- Todos nós fomos bem rigorosos quando dissemos pra nenhum deles sair até a floresta. - disse Clark, pai de Trent ao lado da esposa, Amelia - E agora? Quem se habilita a ir lá fora ao resgate? 

- Que resgate nada, falando desse jeito parece que você acredita que eles foram abduzidos, sequestrados por um velho do saco com roupa de Papai Noel. - disse Amelia irritada e nervosa.

- Ai meu Deus, essa noite corre o risco de ser a pior em anos. - disse Pierce com a mão na testa em sinal de preocupação extrema - Eu bem que avisei pra Liv não embarcar nas ideias do filho de vocês. 

- Olha, Clark, nosso filho pode geralmente causar problemas, mas acredito que fugirem escondidos foi algo que partiu dos três. - disse Amelia com um tom levemente elevado. 

- As brincadeiras que seu filho inventa sempre metem os amigos em confusões. Por que seria diferente hoje? A ideia partiu de alguém e apostamos que foi do Trent. Eu até acho ele um bom menino, mas às vezes ele demonstra que vocês não impõem limites no comportamento, isso evitaria tantos problemas. 

- Agora deu pra bancar a Supernanny? - indagou Amelia, ironizando - Não vem com pitaco. 

- Relaxa Amelia, ela tá dando um conselho. - disse Pierce - O Trent pode muito bem ter inventado e convencido Liv e o Rupert a, sei lá, fazer bonecos de neve ou guerra de bolinha, mas depois ele se empolgou...

- Brincar na neve com essa nevasca? Olha, o Trent tem entrado na linha ultimamente... 

- Aham, claro, ter arrastado nossos filhos pra uma floresta enorme e acabarem se perdendo indica o progresso de vocês na educação dele. - rebateu Pierce, logo tomando um gole de refrigerante. 

- Vai querer nos dizer como devemos criar nosso filho?! Essa discussão toda é ridícula! - disse Clark, exasperado - Independente de quem partiu a ideia, vamos punir cada um deles ao nossos modos. 

- Mas primeiro alguém tem que procura-los! - disse Ursula - Ninguém aqui quer tomar iniciativa?

- Tá bem, eu vou. - disse Pierce, voluntariando-se - Pode não parecer que tô desesperado, mas são crianças responsáveis, principalmente a Liv que é a única a colocar juízo na cabeça do Trent.

- Se continuar acusando o Trent, você vai se ver comigo. - ameaçou Clark. 

- Parem vocês! - gritou Melanie interpondo-se entre eles - Ninguém aqui vai brigar em plena noite de Natal! Apoio o que o Clark falou, vamos dar o castigo que eles merecem quando chegarem. 

- E eu pensando que você seria mais neutra... - disse Pierce que levou uma cotovelada de Ursula. 

- Melanie, tá caindo o céu lá fora. - disse Amelia quase aos prantos - Dificilmente eles teriam ido brincar no meio da tempestade, nem sabemos quanto tempo faz desde que escapuliram pela janela. 

- Calma, amor. - disse Clark, tocando-a no ombro e aproximando-a de si - Eles estão bem, acredite.

Um apagão geral deixou o interior da cabana às escuras. 

- Ótimo, melhor do que essa noite tá não pode ficar. - disse Pierce - Onde tem lanternas?

- Na dispensa, eu acho. - disse Ursula - Eu vou pegar. 

- Vou com você buscar velas. - disse Melanie - O blecaute vai se estender até amanhã, na certa, então podemos fazer uma ceia à luz de velas, pelo menos um lado bom. 

- Vamos comer depois que o Pierce voltar com nossos filhos. - disse Clark - Ou vai amarelar? 

Pierce ficou a encarar Clark com uma olhada desconfiada e séria, segurando sua raiva na medida em que conseguia. Ursula entregou uma lanterna à ele que seguiu até o quarto das crianças. 

- Pra onde ele tá indo? - perguntou Clark intrigado - A porta é por aqui, cara! 

- Eu vou confirmar se estão ou não fazendo uma pegadinha de esconde-esconde. - disse Pierce, retomando o caminho. 

- Usa a cabeça: Se estivessem escondidos viriam correndo pelo apagão. - retrucou Clark, mas não convencendo o amigo. 

- Deixa ele, chega dessa briga idiota. - disse Amelia - Se ficarem provocando um ao outro, vou embora.

- O Pierce querendo dar lição de moral e palpite na criação que damos ao Trent e eu que levo esporro?! 

- Tá bom, cansei, para. Eu não vou comemorar esse Natal sem ver nosso filho e os amigos dele passando por aquela porta. Sabe o que devíamos ter feito? Nos solidarizar com a Melanie, coitada. Ela criou o filho sozinha e tá sendo bem forte lidando com a preocupação. Eu tô com um mau pressentimento quanto ao filho dela... 

- Não aconteceu nada, vai tudo acabar bem. - disse Clark, abraçando-a, tentando esconder sua aflição. 

Enquanto isso, Pierce escutou um ruído ao entrar no quarto reservado às crianças pelos dias de estadia. Passou o facho de luz amarelada da lanterna para dentro do cômodo e dando passos cautelosos no piso de madeira. O ruído vinha da janela cujo vidro estava embaçado devido ao clima gélido. Pierce aproximou-se e viu um dedo escrevendo letras aproveitando-se da condensação. Pierce estreitou os olhos para ler as palavras. Para o assombro dele, a mensagem dizia claramente: 

"Um já foi, só faltam dois"

- Não... Não! 

Uma mão enrugada e cinzenta atravessou o vidro estilhaçando-o. Pegara Pierce pela gola rolê da camisa preta e o tirou do quarto agressivamente. 

- Impressão minha ou... ouvi a voz do Pierce? - perguntou Ursula vindo da cozinha junto com Melanie.

- Vou dar uma olhada. - disse Clark indo direto para o quarto das crianças. As garotas esperaram ele voltar, temerosas. Clark veio correndo com pavor na face - A janela do quarto tá quebrada! E o Pierce... sumiu. 

Ursula desmaiara sendo segurada por Melanie ao instantaneamente pensar no pior dos cenários. 

                                                                              ***

Na casa de Frank, Nathan terminava de colocar os enfeites na pequena árvore natalina. Ouvira a campainha. 

- Entra aí! - disse ele em voz alta. Carrie vinha do DPDC com sua bolsa de couro preto e ficou meio travada ao olhar adereços decorativos de Natal pela casa, principalmente a arvorezinha - E então, o que achou? Uma decoração bem modesta e barata, mas o que vale é a intenção. Não sobrou grana pros pisca-piscas. 

- Achei uma graça, mas a opinião do Frank, o dono da casa, vai tirar esse sorrisinho de felicidade do seu rosto. - disse a assistente aproximando-se e jogando a bolsa no sofá - Ele não autorizou, né? 

- Ahn... Não. - disse Nathan dando um sorriso nervoso - De qualquer forma, ele terá que entender. É o primeiro Natal que comemoro com a casa enfeitada. 

- Ué, a Lucy do futuro não decorava a casa nem na sua infância? 

- Será que eu preciso te lembrar do futuro caótico e horrível de onde eu venho? 

- Não, mas... A coisa ficou tão feia assim a ponto de não se comemorar mais o Natal? 

- Até havia gente seguindo a tradição como todos os anos antes da calamidade, mas minha mãe... enxergava o Natal como uma data para se refletir sobre o ano que passou e alimentar esperança pro próximo. Esse é o problema: Que esperança? 

Carrie entristeceu seu olhar para Nathan, imaginando quais horrores aconteceram na sua época. A surpreendente interrupção de Axel quebrara a atmosfera. Carrie espantou-se ao vê-lo de avental branco vindo da cozinha.

- Ma-mas o que ele tá fazendo aqui? Não devia estar trancado no porão? 

- Ele foi solto excepcionalmente pra essa noite. - disse Nathan. 

- Só que ele continua ainda suscetível à possessão do Nero, certo? 

- Sim, mas confiamos que ele esteja aprimorando a técnica pra estender o tempo. - disse Axel - Nathan, já tirei o peru do forno. Mas tem um probleminha. 

- Ah não, cara... Você deixou passar do ponto? 

- Saiu meio chamuscado por fora, mas ainda dá pra aproveitar por dentro. 

- Caramba, o Frank tá sabendo que você mandou o Axel ser o chef da noite? - perguntou Carrie. 

- Ele não tá sabendo de nada do que temos feito aqui. - disse Nathan com um sorriso de canto. O celular de Carrie tocara. 

- Frank, onde você tá enfiado? Tá rolando uma nevasca ferrada por aí, tô preocupada desde que você saiu. 

- Já resolvi o caso, mas meu carro atolou na neve durante a volta. Encontrei duas crianças perdidas quando eu ia procurar ajuda pra desatolar. A nevasca tá até amenizando um pouco mais... Olha pra ser direto vou precisar de um favorzinho seu: Vai no meu baú de ferramentas no sótão e pega aquela estaca que ganhei no Natal de três anos atrás. Tá lembrada?

- Sim, o presentinho que caiu da lareira. Peraí, você quer que eu...

- Isso mesmo, vem deixar a estaca. O Krampus tá na área, provavelmente já matou uma criança... 

- Esse monstro de novo... Ah, que saco! Por que não o Nathan? Empresto meu carro pra ele. 

- Não, o Nathan tá cuidando dos preparativos pra ceia, além do mais somente ele pode ficar de olho no Axel pois é o único que pode lidar caso o Nero use o truque dele. 

- O meu spray de pimenta funcionou direitinho. 

- Sem desculpa, Carrie, você vem. Por favor, acredito em você, não faz por mim, mas pelas crianças que tô tentando manter vivas. 

- Tá legal, chego aí em uma hora e meia. Ainda são quase nove. Tchau, a gente se vê. 

- O que foi? Onde é que ele tá? - perguntou Nathan. 

- O monstro do Natal anda atacando uma floresta e... hoje serei a ajudante presencial. 

                                                                               ***

Frank continuava a caminhada tensa ao lado de Trent e Olivia. 

- Ali. - indicou Olivia apontando para o rastro vermelho. O detetive seguiu para perto. 

O rastro de sangue na neve parecia cortado ou incompleto. Frank voltou-se para as crianças. 

- Daqui em diante, vocês terão que ter estômago de ferro. - disse ele não achando que isso viria a coloca-las num estado de pânico ainda maior - Pra distrair a mente de vocês e afastar os pensamentos negativos sobre o Rupert, vou revelar a minha história traumática com o monstro. 

Os três seguiram o rastro para ver se terminava em algum ponto onde estaria o suposto covil do Krampus. 

- O nome dele é Krampus, chamado por muitos de "Demônio do Natal". Sai da toca em todo Natal pra farejar caçando crianças que não foram bons meninos ou boas meninas ao longo do ano. Isso é o básico.

Trent e Olivia olharam um para o outro assustados e entendendo o motivo concreto de serem vítimas. 

- O senhor não costumava ser um bom menino? - perguntou Trent. 

- Eu fazia as minhas travessuras, mas meu maior defeito como criança era o desinteresse pelas tarefas da escola. No meu caso com o Krampus, eu desobedeci minha mãe quando ela me mandou pegar maçãs pra fazer a torta que eu amava, era um prato que não podia faltar na ceia. Mas acabei indo longe achar uma macieira, o que me pôs na rota do território do monstrengo. As maçãs estavam bem fresquinhas, colhi um bocadão delas, só que minha barriga roncou e a fome apertou. Comi seis das doze que eu trazia. Daí ouvi uma voz sussurrando no escuro, uma voz de velhinho gentil... segui por onde ela vinha e encontrei uma mão me chamando pra chegar mais perto... - a memória da mão enluvada do monstro com a manga de uma roupa de Papai Noel entre folhas de um arbusto retornava vívida à sua mente para atormenta-lo - Quando passei pelo arbusto, dei de cara com o Krampus, aquele rosto feioso que apareceu em muitos pesadelos a partir daquela noite de Natal. 

- E o que houve quando o senhor chegou? - perguntou Olivia - Correu com medo do monstro, lógico...

- Sim, mas... fiquei tão apavorado do susto que larguei a cesta com as maçãs. Voltei pra casa de mãos vazias, mamãe ficou chateada, meu pai deu uma bronca e me pôs de castigo com um pratinho de uvas passas. 

- Nossa, não deixaram nem beliscar um pedacinho do peru? - perguntou Trent, franzindo o cenho. 

- Beliscar? Fui trancado no quarto, era comer as uvas e dormir em paz. - disse Frank sorrindo levemente.

- Os pais de antigamente eram bem mais severos. - constatou Olivia, surpresa com o final da história. 

- Não tenham dúvidas. - disse Frank parando de andar - Peraí... - avistou algo grande um pouco além das árvores - Venham, depressa. - pediu ele, andando mais rápido, esquecendo do rastro sangrento - É aquela cabana? 

- Sim, lá mesmo. - disse Trent - As luzes... 

- O que será que aconteceu? - perguntou Olivia, apreensiva. 

- Fiquem tranquilos, a nevasca pode ter causado um apagão. Vamos lá. - disse Frank seguindo ao local. 

                                                                             ***

Carrie voltava do sótão trazendo a estaca derivada de um pinheiro pouco disposta a envia-la à Frank. 

- Enfim, achada. - disse ela, destacando a arma mortal para aniquilar o Krampus.

- A fraqueza desse monstro é um graveto?! - disse Nathan, a testa franzida - Fala pra mim, de onde realmente veio isso? 

- É um mistério cabeludo pra mim também, mas até tenho uma suspeita. O Frank nunca levou muito a sério. Vou indo logo, senão a coisa vai papar todas as crianças que estiver caçando. - disse ela, logo andando em direção à porta.

- Carrie, me deixa ir com você. Tô com a sensação de que é um monstro da pesada. Não comparado ao Varcolac, mas perigoso o bastante pra causar um bom banho de sangue. 

- Não, Nathan, o Frank disse pra você... - disse Carrie interrompendo-se para desviar o olhar para a entrada da cozinha - ... ficar de olho no Axel. Se o Nero hackear ele, você cuida de conte-lo. 

Nathan deu um longo e cansado suspiro com a boca. 

- Vai nessa, toma cuidado pro seu carro não atolar. Boa sorte pra você e... pra ele. Salvem o Natal. 

- Valeu, pode deixar. - disse ela com um leve sorriso simpático e logo virando-se para sair da casa e partir diretamente à zona castigada pela nevasca torrencial. Carrie adentrou no carro, pondo a estaca meio torta no banco do carona. 

Enquanto isso, Clark saiu agasalhado à procura de Pierce suportando o frio e o vento forte da nevasca.

- Pierce! - chamou em alto e bom som com as mãos nas laterais da boca - Trent! Olivia! 

Frank e as crianças entravam pelos fundos, não tendo visto Clark sair. 

- Eu não entendo uma coisa. - disse Trent em voz baixa bem atrás do detetive - Como o Krampus pode imitar as vozes dos nossos pais ou mesmo saber que aprontamos e desobedecemos nossos pais? 

- Telepatia. O desgraçado lê a mente das vítimas assim que bota o olho nelas. 

- Trent, vamos nos esconder. - disse Olivia. Ambos correram para ficarem escondidos no sofá. 

- Isso aí, nunca se sabe. O bicho feio pode estar aqui. - disse Frank com uma arma na mão prestes a entrar por um corredor. Melanie, Ursula e Amelia estavam refugiadas num armário de espaço bem apertado, a capacidade ideal para cabê-las. 

- Tem certeza que você viu uma coisa horrorosa dessas na cozinhas? - perguntou Amelia. 

- Se não acreditam, querem se arriscar a ver? - retrucou Melanie, segurando a lanterna acesa por baixo do queixo. 

- Eu tô fora. - disse Amelia, temerosa. 

- O bom é que se esse monstro ou seja lá o que for estiver aqui na cabana, sorte do Clark que está lá fora procurando as crianças e o Pierce. - disse Ursula suando de nervosismo. 

Subitamente, a mão do Krampus transpassou a porta quebrando a madeira frágil. As três gritaram horrorizadas. 

- Azar o nosso que eles nos achou! - disse Amelia. 

- É nisso que dá vocês duas não fecharem a matraca! - acusou Melanie apontando a lanterna direto nos olhos da criatura que recuou imediatamente. 

Frank veio correndo e disparou na cabeça do Krampus com o rifle. O monstro mostrou resistência, virando-se para o detetive com seus olhos vermelhos praticamente como pontos brilhantes no semi-escuro. O Krampus abriu sua boca de dentes pontudos soltando um som grotesco e selvagem. 

- Saudade de mim, bicharoco? Vem que eu tô pronto pra detonar contigo de uma vez por todas! 

O Krampus avançou correndo ferozmente contra Frank que em resposta correu para propositalmente ser perseguido e com isso afastar as mães das crianças do perigo usando-se como distração. Frank passou pela sala como uma bala saindo da cabana pela porta da frente com o Krampus no seu encalço. Trent e Olivia quase sentiram o coração saltar pela garganta ao verem o monstrengo cruzar a sala como um animal em fúria andando sobre quatro patas. Felizmente, não foram notados por estarem visíveis do nariz para cima escondidos atrás de um dos sofás. Eles ficaram de pé ainda impressionados. 

- Viu aquilo? O detetive preferiu virar isca pra nos salvar. - disse Trent. 

- Tomara que ele fique vivo. - disse Olivia, aflita - Trent, nossos pais! 

Ambos correram para o corredor após escutarem as vozes do trio de mães. 

- Escutaram alguém falando depois do tiro? - perguntou Amelia saindo com as demais do armário. 

- Sim, mas não reconheci a voz. - disse Ursula.

- Nem eu. - disse Amelia - Se não é o Pierce nem o Clark... 

- Mamãe! - disse Olivia vindo ao encontro de Ursula que abraçou forte sua filha. Trent correu para o abraço com Amelia que agachou-se emocionada - Eu sinto muito... 

- Tudo bem, filha, tá tudo bem, vocês não fizeram por mal. Mas eu gostaria de saber porque. 

- Queríamos ver o Papai Noel voando com as renas. - disse Trent, a cabeça baixa. 

- Ah, francamente... - disse Amelia, revirando os olhos. 

- A nevasca não tinha começado quando saímos. - contou Olivia. 

- Crianças... - disse Melanie, a expressão de temor estampada - Onde está o Rupert? 

Trent e Olivia a olharam com seriedade. Porém, Olivia não conteve as lágrimas. 

- O Rupert... se perdeu de nós. - revelou ela, as lágrimas rolando - Eu sinto muito. 

Melanie iniciou uma crise de choro soluçante sendo amparada pelas amigas com afagos e toques no ombro. Sabia que eles estariam omitindo o possível fato do menino estar morto tendo em vista a criatura que aterrorizou ela e suas amigas há pouco tempo. Paralelamente, Frank corria incansavelmente pela neve com a nevasca já dando uma trégua significativa. No entanto, o Krampus dera um pulo que o fez alcançar o detetive para agarra-lo na barriga. Os dois bolaram por uma parte íngreme coberta de neve. Frank tentou afasta-lo com socos dados com a mão direita, conseguindo reerguer-se. Pegara um tronco solto meio grosso para improvisar uma arma e não era tão pesado. Quando o Krampus novamente investiu, Frank dera-lhe um golpe com uma ponta do tronco no rosto e depois outra vez. Por fim, jogara o tronco por cima dele para derruba-lo. 

O detetive foi esconder-se atrás de uma árvore para telefonar para Carrie. Contudo, não havia sinal. 

- Sem sinal, ótimo. - disse ele alto o suficiente para o Krampus saber onde estava. O mosntro já havia se livrado do tronco tendo o partido ao meio com suas garras. O detetive retomou a corrida pelo solo nevado. Naquele mesmo instante, Carrie estacionara o carro por um ponto não tanto encobrido por neve, logo pegando a estaca e saindo do veículo. 

- Caramba, eu devia ter trazido um casaco extra. - disse ela sensível ao frio - Bem, hora de caçar o caçador. 

Na fuga de Frank, o Krampus parecia mais enlouquecido de fome e raiva do que anteriormente. As lembranças ruins tornaram a fervilhar na sua mente como mais déja jú. "Não tá certo agir assim, feito um covarde. Já afastei ele da cabana por uns bons metros, tive a chance de ter um mano-a-mano com ele até a Carrie vir me encontrar... Mas não, continuo correndo que nem da primeira vez!", pensou ele. "Se a Carrie vier logo, tô com a luta ganha. Como é que uma porcaria dessas me bota tanto medo?" O Krampus novamente o alcançou ficando de duas patas e pegando-o pelas pernas dessa vez. Frank sentiu o peito bater contra o solo de neve dura ao ser derrubado e em seguida puxado pelas pernas. O detetive pegou uma pedra maior que sua mão e jogara-a contra ele. O Krampus foi acertado na cabeça, soltando as pernas de Frank que se levantou rápido. 

- Frank! - chamava Carrie o mais alto que pôde - Frank! 

Ouvindo a voz meio distante, um pouco abafada pelo vento ainda muito forte, Frank correu, mas acabou recebendo a pedrada de volta. A pedra atingiu-o quase que de raspão na sua cabeça, mas o fizera cair. O Krampus retornava bípede salivando de fome pela alegria de abater sua presa vulnerável. Um vapor gelado saía por entre seus dentes pontudos e os seus chifres longos de bode ficavam ainda mais assustadores ao luar que se desnudava com o dispersar das nuvens. 

- Miserável... - disse Frank vendo sangue nos seus dedos após tocar no ponto onde a pedra acertou. 

- Frank! - chamava outra vez Carrie. A assistente o avistou numa curta distância - Finalmente! 

- Joga pra cá! - gritou Frank acenando ao balançar os braços. O Krampus vinha pronto para dar o seu bote decisivo com seu andar envergado. Frank ora olhava para o monstro, ora para Carrie que precisava encurtar o caminho para um arremesso seguro. Frank sabia que se correr era certo que o Krampus também acelerasse e talvez capaz de agarra-lo pela terceira vez. 

Carrie jogara a estaca que girou no ar. Frank a pegou certeiramente com a mão direita. 

- Chega de correr, agora você não me escapa. 

O Krampus veio ágil tentando atacar Frank com suas garras, mas o detetive esquivava-se recuando ao passo que analisava uma melhor abertura para empala-lo. Carrie estava focada no embate torcendo pelo amigo. Na última tentativa de golpear Frank com as garras, o Krampus deixara seu corpo peludo exposto. Frank cravou com força brutal a estaca bem no tronco quase também enfiando a própria mão. Um sangue vermelho e gosmento escorreu. 

- Feliz Natal, monstrão. - disse Frank dando um sorriso irônico. O Krampus andava para trás soltando seus grunhidos animalescos e monstruosos parecendo estar sem ar. Viu sua mão direita desfazer-se em cinzas. Por fim, todo o resto foi reduzido a pó em questão de segundos. Ficara um amontado de cinzas junto a estaca suja de sangue e pó. 

Carrie correu até Frank quase que aos tropeços. O abraçou rapidamente, feliz pela vitória. 

- Você não dá uma bola fora, eu sabia. 

- E você recusando vir me trazer a estaca por preguiça. 

- Em minha defesa, eu estava tentando ser econômica com a gasolina. 

- Ah, era isso?! Então nesse caso, você... não vai voltar lá pra casa. 

- Infelizmente não. Mas agradeço pela confiança de me incumbir a missão de achar essa bendita estaca no seu baú de quinquilharias. Tinha que guardar naquele monte de tranqueira velha? 

Frank deu uma risadinha. 

- O meu museu tá com espaço meio esgotado. 

- Ah sim... Ou será que você não depositou nenhum voto de fé no presente de bom grado do Papai Noel?

- Que Papai Noel o quê. Carrie, você já passou e muito da idade pra sustentar essa crença, nada me convence disso. - disse Frank, negando a teoria que considerava o cúmulo do absurdo. 

- Nada mesmo? Tem uma explicação melhor? - questionou Carrie desafiando-o. 

A conversa sofreu interrupção com a vinda de dois homens, um segurando o outro que estava ferido no braço direito. 

- Vocês, por favor, ajudem aqui. - disse Clark carregando Pierce que sangrava na ferida do braço. Aliás, três feridas em forma de arranhões profundos. Sangue gotejava sujando a neve - Ele tem que ir pro hospital. 

- Vou ligar pra emergência. - disse Carrie pegando seu celular. 

- Ei, por que o seu celular tá com sinal liberado? - perguntou Frank - Liguei pra você uma hora e funcionou, mas noutra não. 

- Acho melhor começar a pagar mais caro por uma operadora de cobertura mais ampla. - respondeu Carrie.

- OK, peguei a dica. - disse Frank, frustrado por não ter lembrando que sua operadora possuía limitada extensão de cobertura. Voltou-se para Clark e Pierce - Eu encontrei duas crianças, um garoto chamado Trent e uma menina, Olivia. São os pais deles? 

- Você os achou?! Sim, nós somos. - disse Clark - Mas tinha também o... filho da Melanie, o Rupert. 

Frank baixara um pouco a cabeça em sinal de pesar. Clark e Pierce o fitavam com extrema ansiedade. 

- As crianças viram um rastro de sangue. Não seguimos até o fim porque no momento avistamos a cabana e fomos pra lá. Parte de mim quis chegar aonde o rastro acabava, mas a outra parte... queria poupar as crianças de terem uma visão horrível do amigo delas. É muito remota a possibilidade do Rupert ter escapado com vida do perseguidor que atacou ele e seus filhos. Lamento profundamente. 

Carrie lembrou-se do pedido de Nathan para que salvassem o Natal. Porém, via que o objetivo falhou.

- A Melanie... Vai ficar arrasada. - disse Pierce - É o pior Natal da minha vida. 

- Quem foi esse maldito? - perguntou Clark, a raiva crescendo em seu peito. 

- Sou detetive, mas... não faço a menor ideia. - mentira Frank por uma razão óbvia para Carrie. 

- Já contatei a emergência pelo aplicativo. - disse Carrie - Não conheço a Melanie, mas... diga que o homem que salvou as crianças e a amiga dele prestou suas condolências. Meus pêsames à ela. Perder um filho é uma dor incurável. 

Clark fez que sim com a cabeça, abalado. Frank tocara Carrie no ombro pela empatia demonstrada. 

                                                                             ***

Apesar do Natal do grupo de amigos ter sido tragicamente arruinado, Frank mantinha esperanças de que sua reunião com Nathan e Axel, mesmo sem Carrie, pudesse aliviar a frustração. Saiu do sedã prata pensando em coloca-lo na garagem mais tarde. Verificou se os pneus não foram prejudicados. 

No entanto, ao andar uns três passos para trás acabou por esbarrar num senhor de porte robusto com barba cinza espessa e vestindo um casaco de frio carmesim bem abotoado. 

- Opa, desculpa, tava distraído pra caramba. - disse Frank. 

- Sem problemas, amigo. - disse o homem de rosto amigável em um tom excepcionalmente gentil - É nas distrações que aprendemos a perceber com mais atenção o melhor jeito de seguir nossos caminhos de modo a não recair nelas.

- Filosofou legal. - disse Frank - Feliz Natal pro senhor.

- Igualmente. - disse o homem apertando a mão do detetive. Após ele ir embora, Frank reparou num envelope caído no chão e o pegara. 

- Ei, espera, o senhor deixou cair... - disse Frank se virando, mas o homem desaparecera - ... isso aqui.

Intrigado com sumiço num piscar de olhos, Frank voltou seu foco ao envelope abrindo-o. Retirou uma carta que dizia: 

"Foi uma honra tê-lo escolhido, Frank, uma alma nobre e de genuíno valor. Parabéns, você é o salvador do Natal. A ameaça do Krampus finalmente foi eliminada graças à sua bravura e instinto heroico. Meu trabalho está salvo.

De Nicolau para Frank Montgrow."

Frank tivera um lampejo de compreensão que estimulou nele uma vontade irreprimível de rir. 

- Tá de brincadeira comigo... - disse ele sorrindo risonhamente. 

De volta à sua casa, Frank reunia-se com Nathan e Axel para a ceia farta pouco depois da meia-noite. 

- Uma pena a Carrie não poder nos acompanhar. - disse Axel pondo refrigerante no seu copo. 

- Custava ela ter deixado o carro em casa e pedir um táxi? - perguntou Nathan. 

- A carteira dela tava com teias de aranha, se é que me entendem. - disse Frank colocando um pedacinho de peru no seu prato.

- E o seu carro? - perguntou Nathan dando uma garfada numa coxa. 

- Um dos pais das crianças empurrou. Exigiu muito dele, mas valeu a pena. 

Nathan parou para encarar Frank com um semblante de quem guardava um segredo. O jovem caçador pôs sobre a mesa uma pasta com o nome do hospital emergencial onde enfrentaram o Varcolac. 

- O resultado do teste saiu. - disse ele. Axel olhou para ambos com expectativa. 

- E cadê? Positivo ou negativo? - perguntou Frank com a boca cheia. 

- Veja por si mesmo. - disse Nathan entregando a pasta ao detetive. Frank abrira e conferiu linha por linha. Ele ergueu os olhos para Nathan numa expressão séria e emocionada contidamente. 

- E aí, Frank? - perguntou Axel - O Nathan é ou não seu filho? 

- Testamos positivo. - disse Frank - Desculpa... duvidar de você, Nathan. Eu me senti culpado de pedir esse teste porque de fato eu tava com uma pontinha de descrença, mas na maior parte... eu acreditava.

- Não te culpo. - disse Nathan - E sei que tá dizendo a verdade considerando tudo o que eu revelei do futuro ou até onde me permiti. Eu tô muito feliz. 

- Eu também. - disse Frank sorrindo timidamente - Nunca pensei que um caçador como eu pudesse deixar um legado. Esse tempo todo eu me enxergava a ovelha preta e branca da família. - fez uma pausa olhando para Nathan - Feliz Natal, filho. 

- Feliz Natal, pai. - disse Nathan, regozijando-se por dentro com a reação de Frank à confirmação. 

- Uma notícia tão boa merece um brinde. - disse Axel levantando seu copo - À vida. 

- À vida. - disse Nathan levantando o seu. 

- À vida. - disse Frank erguendo seu copo. 

Por fim, os copos chocaram-se suavemente num brinde triplo celebrando o bem mais precioso de todos.

                                                                            -x-

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://mundotentacular.blogspot.com/2019/06/o-diario-do-terror-relato-de-uma.html

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