Inexistir (2ª versão)

Continue andando por este caminho vazio, em meio às fracas luzes dos postes, divagando em memórias desgastadas, se deliciando com o prazer mórbido do seu revés, rumo à perdição definitiva. Até que não reste mais nada, caminhe só mais um pouco... falta pouco... pouco do que basta para que desapareça lentamente aos olhos dos supostos causadores de seu estado físico e mental.

É apenas uma questão de tempo, para que tudo chegue ao seu ápice, você terá escolhas a fazer, mas certamente será vítima das consequências inevitáveis, tão previsíveis quanto se pensava. Você chegou em sua casa... ninguém havia perguntado por você... ninguém sequer cumprimentou você... conformidade e comodismo batem à porta.

Leve consigo tudo aquilo que preservou durante anos, antes que perca-os para sempre. Deixe isto fragmentar-se lentamente, ser consumido pela sombra do vazio.

A invisibilidade é uma benção daquilo que passou a atormenta-lo. Permaneça neste inóspito lugar, sinta-se preso às correntes que fazem jorrar de seus olhos a água contida por tanto tempo.

Deixe-se sucumbir mediante a este infortúnio... volte ao caminho e continue a andar... mesmo que a luta seja esforçadamente corajosa... por fim será lembrado como aquele que sempre fora esquecido.