Crítica - Combatentes da Liberdade: Ray


Melhor que muitas empreitadas live-actions da CW. Mas o protagonista...

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

Esta animação passa-se no mesmo universo criado pela emissora The CW, o famigerado Arrowverse, assim como a série animada da Vixen (que já realizou uma aparição em Arrow e participou de Legends of Tomorrow como regular porém com outra atriz) o que por si só é até um tanto ilógico porque se parando para pensar soa estranho essa junção entre live-action e desenho porque há elementos e decisões de roteiro muito díspares em execução nas duas mídias. Diferentemente nas séries de TV, as animações permitem um ampla liberdade de conceitos, coisa facilitada pela ausência de restrição orçamentária que é sempre dúbia, ora se mostra um percalço ora se faz como uma saída inteligente. A trama de Ray e cia (Freedom Fighters, no original) parece uma versão do badalado crossover do Arrowverse chamado Crise na Terra-X e apresentou muitos acertos em comparação.

Por outro lado, o próprio Ray (esse é o nome e o codinome do cara, por mais idiota que seja ele ver sentido em agir usando seu nome real tanto como civil quanto como herói, parece que não pôs na cabeça o lance da identidade secreta tão relevante para alguém com super-poderes e a droga de uma máscara) se prova o aspecto menos gostável, embora em contrapartida atue bravamente no confronto contra o trio parada dura composto por Overgirl (Supergirl Nazi da Terra-X), Flash e Arqueiro Verde (ou Nazi Arqueiro, não sei como ele se chama neste universo), as contrapartes malignas de Kara Zor-el, Barry Allen e Oliver Queen, na sua luta pela liberdade (e olha que rola um combate minimamente interessante, bem como mais equilibrado, entre ele e a Overgirl, oponentes bem acirrados no clímax) contra uma realidade onde o nazismo imperou vitorioso na história instaurando um regime máximo.

Na trama, O Ray da Terra-X é gravemente ferido numa batalha contra a Trindade Nazista e sua equipe leva a pior, mas Cisco (dessa terra, vale frisar) surge aos 45 do segundo tempo para manda-lo direto para a Terra-1, isto após o Tornado Vermelho (que foi ridiculamente aproveitado na série da Supergirl para um único episódio - bem meia boca, por sinal) ter seu cérebro removido depois que ele falece como a úncia parte que sobrou. Ray-X (nenhuma piadinha com "raio-x", ele nem tem esse poder) encontra-se com o Ray da Terra-1 para que ele salvaguarde o cérebro (ou placa-mãe) do Tornado Vermelho e o impeça de cair nas mãos erradas (o que ocorre, por acidente pra não dizer por burrice já que precisava destruir o objeto e ele não o faz com seus próprios poderes!), logo transferindo seus poderes à sua inexperiente duplicata. Agora por que Ray, em personalidade, não ganhou meu apreço como gostaria? Explicando em linhas gerais, muito se deve pelas atitudes que ele toma. Sei que colocaram um fardo sobre ele do qual pouco, de início, demonstra aptidão a lidar, mas sua inexperiência como herói não justifica o que ele faz para traçar um caminho seguro à liberdade e ao mundo melhor que ele tanto almeja. O cara, se achando o tal, vai até o prefeito tirar satisfações diante da causa do nicho LGBT justaposta à valorização a quem se enquadra neste grupo e tem a pachorra de chantageá-lo a investir em melhorias nesse quadro. E o que é pior: O enredo sequer deu margem para que ele se redimisse do ato. Não são as intenções que cabem discutir (direitos iguais para héteros e gays), mas as ações e ações constituem num peso muito mais significativo. O rapaz errou feio e errou rude.

Salvando-se nesses conflitos internos do personagem está sua pressão para sair do armário na frente dos pais (os quais ele chama, com certo desânimo, de conservadores) já que estava num começo de relacionamento impulsionado pelo amigo (desculpa aí por não ter gravado o nome), só que pareceu tudo meio forçado, o Ray já estava de olho num cara que aparentava ser gay e o amigo recomendou que ele se aproximasse ou já tinham informações prévias. Mas pareceu um pouco aleatório... enfim, o baile segue. Foi interessante o momento decisivo em dar a cara à tapa e confessar seus sentimentos. Os pais já desconfiavam há certo tempo, principalmente a mãe. Foram sensatos em não se enervarem, mas se soubessem o que o filho aprontou na surdina forçando uma decisão política sob a vantagem da sua alcunha de herói tão pouco formatada àquela altura, a decepção seria justa e bem colocada. Ray não é apenas um aprendiz de heroísmo, também de de ética e moral. Pena o roteiro ter "esquecido" de aprofundar mudanças nas convicções questionáveis do rapaz para trazer junto ao pacote uma redenção pelo que fez. Só que não, pois Ray, aparentemente, prosseguiu até o minuto derradeiro piamente crente de que cometeu uma boa ação em prol da causa que defende. Os fins justificam os meios né?

Em relação aos demais heróis, destacam-se Flash, Arqueiro Verde e Cisco (ou Vibro), nas versões de ambas as terras. O show mesmo ficou a cargo de Overgirl e Ray. As sequências de luta transmitem igual sensação de estar vendo uma animação da DC à parte do Arrowverse, já contando como imenso pró e por extensão dando um banho nas geralmente pouco empolgantes cenas de ação das séries (com ocasionais exceções). A título de curiosidade, se trata de uma série, mas que assisti como um filme animado de uma hora e treze minutos e não tenho como afirmar exatamente de quantos episódios foram (pelo tempo posso chutar uns três ou quatro episódios de quinze minutos aproximadamente).

Considerações finais:

Combatentes da Liberdade: Ray não se salda mais do que um divertimento aprazível à sua medida, chegando próximo do nível qualitativo de um longa animado da DC (dos que são lançados diretamente a DVD e Blu-Ray) e se saindo bem no desenvolvimento pessoal do protagonista - o primeiro herói gay a protagonizar uma série - ainda que ele seja um babaca cujo advento dos poderes aumenta seu egocentrismo lhe dando uma falsa noção de revolução como se esses poderes de muitas formas pudessem ser usados para simplificar problemas maiores do jeito fácil porém errado. O herói Ray (parece que não tiveram criatividade em inventar um codinome legal) só tem a aprender e bastante. A CW, por outro lado, pode não realizar milagre no formato, mas podia aprender com ele.

PS1: O amigo do Ray tem uma contraparte heroica na Terra-X que gosta de caras. Será que o herói principal teria a coragem de dispensar o da Terra-1 para "ficar" com o outro?

PS2: A ação está firme, contudo não muito forte na luta contra aquele robô gigante amarelo que apareceu do nada e foi bem chatinha. A serventia de fato era apenas mostrar Ray em conjunto aos outros heróis (a Vixen também aparece).

PS3: Incrível como fizeram questão de animar o Stephen Amell na pele do Arqueiro Verde fidedignamente.

PS4: Trilha sonora dos créditos é um outro quesito que supera as séries de TV.

NOTA: 8,0 - BOM

Veria de novo? Sim. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://anmtv.xpg.com.br/freedom-fighters-the-ray-dublador-comenta-sobre-segunda-temporada/

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