Nem tudo é o que parece #5
Meus pais haviam comprado um quadro, bem antigo por sinal, no nosso primeiro dia na nova casa. Eles pareciam bem entusiasmados - incluindo minha irmã e meu irmãozinho mais novo -, então não quis estragar o clima alegre com minha opinião. Na verdade, achava aquela obra um tanto estranha, pra não dizer desconfortante. Era um casal com seus três filhos, dois meninos e uma menina. O fundo do quadro era de um vermelho bem escuro, o que dava até um toque mais tenebroso, assim dizendo.
Os personagens da obra estavam sérios e um tanto inexpressivos. O que eu mal entendia era o fato de eu não parar de observa-lo. Simplesmente não fazia sentido. Talvez aquele quadro representasse minha família, na visão dos meus pais, claro. Foi então que, na segunda semana, alguns problemas passaram a infernizar nossas vidas. Meu irmão mais novo não parava de chorar, e, consequentemente, minha irmã, que ficava de babá para cuidar dele quando meus pais estavam ausentes, o ameaçava constantemente de morte. Mas nada disso foi comparado com as brigas intensas dos meus pais. Pra falar a verdade, eles nunca, jamais brigaram antes!
Nossa, só não acabava em agressão pelo fato de não ser do feitio do meu pai bater em mulheres. Enfim, minha família se tornou um caos desde que... desde que compraram aquele quadro! Aliás, a cada dia que passava aquela joça ficava mais desgastada. No fim das contas tudo pareceu se encaixar perfeitamente.
E quando digo isso, me refiro ao dia que ficará eternamente na minha memória. Cheguei da escola, tomei um banho e fui comer algo. Estranhei o silêncio da casa, claro. Após a refeição, senti um forte cheiro podre, vindo do quarto dos meus pais. Abri a porta e... caí no chão de tanto pavor!
Meus pais... ambos mortos e ensaguentados, um havia esfaqueado o outro. E quanto aos meus irmãos... bem, minha irmã estava morta com uma faca cravada na garganta, enquanto o pequeno fora enforcado com as mãos dela.
Cambaleei até a sala, chorando demais... até que olhei para o quadro... havia apenas o menino, enquanto o resto da família havia sumido.
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Após um longo dia de trabalho, me deitei no sofá, completamente exausto. Acho que todos já sentiram aquela clássica sensação de queda durante um cochilo. Pois bem, foi o que ocorreu comigo nesta noite. Acordei como se inúmeras mãos me puxassem subitamente de volta. Suei frio, até lembrei que sentia isso quando criança.
Meu tio estava passando pela sala e viu meu estado. Passei de um cara cansado para alguém nervoso e ofegante. Ele ficou me observando por alguns segundos, até que finalmente falou.
- Você está bem? O que houve?
- N-nada tio. A propósito, o senhor já teve uma sensação... tipo, como se estivesse caindo enquanto dorme?
- Ah, muitas vezes. Mas vou lhe contar um segredo meu jovem: Jamais acredite que isso é algo simplesmente passageiro ou para se levar na brincadeira. Eles querem você.
- Eles quem, tio? - perguntei intrigado.
- Apenas tome cuidado. Pois se ocorrer de novo pode ser que continue caindo... e não haverá nada que possa lhe puxar de volta.
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Em uma tarde de sábado, estava estudando tranquilamente, até que de repente meu cachorro apareceu na janela do meu quarto. No entanto, ele estava meio... diferente. Não mostrava a língua como de costume em sinal de felicidade, mas sim os dentes. E rosnava pra mim como se eu fosse um estranho. Seus olhos arregalados já provavam que ele certamente pegou alguma doença. Raiva, talvez?
Para comprovar isso, tive que perguntar à minha irmã se ela o vacinou semana passada. Saí de casa, procurando por ela, e encontrei-a com meu cachorro próxima à casa do vizinho.
- Ué, por que o Marley tá com você? Ele tava agora há pouco na janela do meu quarto.
- Acho que você tá vendo coisas, pois fiquei passeando com ele durante 1 hora.
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Eu estava sentada no sofá lendo um livro em uma certa noite, quando uma coisa muito estranha aconteceu. As luzes começaram a piscar rapidamente, não entendia o porque, mas acreditava que era o início de um blecaute, afinal era a hipótese mais óbvia. Fechei o livro e fui beber uma água, sem nem me preocupar com o "pisca-pisca" incessante. Até que após alguns minutos, quando voltei à sala para continuar a leitura, a luz da cozinha apagou por alguns segundos. Logo em seguida, foi a do corredor que levava aos quartos, fazendo a da cozinha acender novamente. Foi a vez da sala depois, enfim, quando uma apagava a outra acendia, em uma sequência muito louca.
Comecei a ficar com medo, claro. Aquilo não era típico de um apagão começando. Logo pensei ter sido um problema na instalação elétrica, e liguei pra companhia de energia, mas ninguém atendeu. Foi então que todas as luzes se apagaram definitivamente. Fiquei paralisada de medo, esperando uma luz acender... mas não ocorreu como anteriormente.
Fui pegar uma vela e fiquei vagando pela sala. Minha mãe estava no seu quarto, eu tava preocupada pois ela tinha problemas psicológicos e estava em pleno tratamento. Mesmo assim a chamei. Ela surgiu atrás de mim, com uma lanterna iluminando seu rosto estranhamente sorridente.
- Mãe, porra, que susto! Quase me mata do coração! Será que isso foi um apagão? Vou acender a luz...
- Não filha! Não faz isso! - disse minha mãe, com um sorriso de orelha à orelha.
- Ué mãe, por que não?
- Meu bichinho de estimação não gosta.
- B-bichinho? Mãe, o que a senhora quer dizer? Aliás, onde ele tá?
- Oh, veja. Ele está aí no teto, bem em cima de você! Adoro esses olhos vermelhos que ele tem!
FIM... por enquanto!
P-por favor... seja roteirista e faça um filme com esses dois contos (primeiro e último). Por favor...
ResponderExcluirRsrs, se surgir uma oportunidade, agarrarei forte. No entanto, é altamente improvável.
ExcluirFico feliz que tenha gostado. Só avisando que a série vai dar uma pequena pausa. O motivo? Verás em breve... :)