Crítica - Supernatural (11ª Temporada)

Divulgação: The CW
"Antes que houvesse luz, antes que houvesse Deus e os arcanjos, não houve nada. Houve as trevas, uma força amoral, terrivelmente destrutiva, que foi derrotada por Deus e seus arcanjos, em uma guerra terrível. Deus trancou a Escuridão onde ela não poderia fazer mal algum, e ele criou uma marca que serve como chave e fechadura, e confiou ao seu mais valorizado tenente, Lúcifer. Mas a marca começou a fazer sua própria vontade, revelou-se como uma maldição e começou a corromper. Lúcifer ficou com ciúmes do homem. Deus expulsou Lúcifer para o inferno. Lúcifer passou a marca para Caim, que passou a marca para você, o dedo proverbial na represa." - Morte em um diálogo com Dean Winchester em "Brother's Keeper" (10x23).

É com esta fala que inicio esta review. Já acompanho a série desde o ano passado, aliás, um acompanhamento um tanto apressado, que se deu por meio de consecutivas maratonas, algo que durou por cerca 5 meses, aproximadamente. À medida que os avanços na mitologia da série foram ficando mais evidentes a cada final de temporada, as sementes da dúvida foram sendo plantadas a respeito do quão longe a série poderia ir, sobre qual o limite definitivo que ela não conseguiria ultrapassar. O ápice intransponível (até dado momento) havia ocorrido na 5ª Temporada, na qual todos apostavam que o desfecho da jornada dos irmãos Winchester aconteceria ali mesmo. A batalha entre duas forças antagônicas: Lúcifer vs. Miguel. O criador original, Erick Kripke, havia inicialmente estabelecido que sua série deveria terminar naquela exata temporada. Afinal, qual ameaça poderia ser mais devastadora do que o Apocalipse? Bem, todos que resolveram seguir assistindo depois que Kripke pulou fora do navio sabem que rumo a série tomou e a estrada tortuosa pela qual ela passou.

Após a remoção da marca de Caim, foi chegada a hora de lidar com uma nova ameaça, um terrível preço a ser pago por libertar o Winchester mais velho da primeira maldição. A Escuridão ressurge. A força maligna primordial "arrasa com tudo" em seu despertar na Terra, criando dúvidas de como aquele empolgante plot seria desenvolvido na temporada seguinte.


Confira abaixo os prós e contras:

11ª Temporada (2015 - 2016)


Divulgação: The CW
ESCURIDÃO

Prós:

Retornos de rostos familiares: Para elucidar o bem apresentado teor saudosista da temporada, tivemos aparições de personagens marcantes em fases anteriores, tais como o jovem John Winchester, Chuck (Rob Benedict), Lúcifer (Mark Pellegrino) Rufus e, claro, Bobby, estes dois últimos fazendo participações mais que especiais naquele que posso considerar o melhor episódio filler da temporada, o qual, também, é o nosso próximo item...
OBS: Não incluo Donna, por mais carismática que seja, pois além das poucas aparições a personagem não teve um desenvolvimento que a fizesse merecer estar entre os destaques.

Safe House (11x16): O que posso dizer deste episódio tão bem desenvolvido em termos de enredo coeso? Com esta grata surpresa, ainda mais vinda de um episódio fora do arco principal, foi difícil não se deleitar com as participações da dupla dinâmica Bobby Dinger (Jim Beaver) e Rufus Turner em um criativo caso da semana, onde vítimas tinham suas almas sugadas por um ser que reside em uma dimensão fora do tempo e do espaço. Sam e Dean descobrem que os veteranos já trabalharam em um caso similar em algum momento da longínqua 4ª temporada. Praticamente, tudo funcionou muito bem no episódio, desde a estruturação do enredo à caracterização do Devorador de almas (mesmo que visível por poucos segundos). Mas o ponto alto mesmo foi a intercalação de cenas de ambas as épocas conforme a investigação ia avançando, antes, durante e depois. Enfim, palavras não bastam para descrever o quão satisfatório foi este episódio, sendo, do alto número de fillers, o melhor, sem sombra de dúvidas. A velha regra mencionada por Rufus é inesquecível e serve muito bem para o aprendizado dos Winchesters: Não se pode salvar todo mundo.

Baby (11x04): Parece até absurdo, mas não é que a ideia engrenou e funcionou? Surpresa! Tivemos o segundo melhor filler da temporada (na minha humilde e honesta opinião). 99% do episódio foi executado sob o "ponto de vista" do Impala 67, a "Mystery Machine" dos Winchesters, um elemento essencial da mitologia da série que é quase considerado um personagem. A ideia foi ótima e sua execução se saiu eficientemente divertida. Não há como esquecer da tentativa frustrada de Dean em nomear a então inédita criatura que estavam caçando. Foi Lobipiro (Lobisomem + Vampiro), Ghoulpiro (Ghoul + Vampiro)... pois é, Dean, está precisando de umas aulinhas com o mestre Cisco Ramon. No mais, apesar de proporcionar certa claustrofobia nas primeiras cenas, o saldo final foi bastante positivo.

Adições eficazes ao bestiário: Sem deixar de falar também dos importantes acréscimos quanto a lista de seres sobrenaturais já introduzidos. A começar pelos Zanna, no colorido e divertidinho "Just My Imagination (11x08)", também conhecidos como os amigos "imaginários", sendo um deles o de Sam. Outro também foi o Qareen, em "Love Hurts (11x13)", apesar do episódio ter sido morno. Além do já citado Devorador de almas em "Safe House (11x16)", tivemos os Bisaan em "The Chitters (11x19)".

Retorno de Lúcifer: E logo na mid-season finale, não poderia ocorrer em um momento melhor. "O Brother Art Thou? (11x09)" foi o ápice da primeira metade da temporada, jogando na cara do espectador toda facilidade em se chegar ao Inferno graças ao poderoso e rico Livro dos Condenados portado pela bruxinha vira-casaca (por enquanto, eu creio) Rowena (Ruth Connel). Nada contra, é inteiramente compreensível. Os anéis dos Cavaleiros serviam apenas como um meio mais direto de se ter acesso à jaula. Não entendi exatamente se foi um furo de roteiro ou se há alguma explicação para o fato de Lúcifer ainda estar possuindo Nick (Mark Pellegrino). Uma projeção? O arcanjo, sei lá, pode não ter necessidade de assumir um receptáculo humano e facilmente assumir de qualquer um? Sobre esta última teoria, recordo-me de uma cena um episódio da (pavorosa) 7ª temporada, na qual Sam está internado em um hospital psiquiátrico e o tio Lu ilusório disfarçou-se de um enfermeiro, tal como um metamorfo. Seria uma dica? Enfim, provavelmente o suposto furo jamais será esclarecido.
Mas o que verdadeiramente conta é a maneira como foi dada este retorno. Tio Lu continua sacana e implicante com seu "colega de quarto", Sam, e ainda insiste na proposta de assumi-lo como casca (afinal, é a única forte o bastante para suporta-lo e um bom indicativo de que Sammy é apenas forte o bastante para deixar o mal entrar dentro de si) sob o pretexto de saber como derrotar Amara/Escuridão. Sua participação especial no episódio supracitado alcançaram o seu auge no empolgante "The Devil in the Details (11x10)" e, mesmo que por uma única (e divertida) cena, em "Hells Angel (11x18)", onde põe Crowley (Mark Sheppard) contra a parede e no seu devido lugar, mostrando quem realmente é digno do título de Rei da bagaça toda. Mais impagável impossível.

Casífer: A inesperada "fusão"entre o mais odiado do Céu e o mais procurado do Céu. Misha Collins conseguiu, esforçadamente, replicar para si os trejeitos do Lúcifer de Pellegrino, sem soar forçado e/ou exagerado na maioria das cenas. Foi tão natural quanto a luz do dia, além de servir como último recurso para salvar o deslocado e desgastado Castiel.

Vírus "Veia Preta": Para o fraco plot da Escuridão - sobre o qual falo mais abaixo -, este, certamente, foi o elemento que conseguiu se mostrar aceitável, embora apenas mais destacante nos dois primeiros episódios - ambos responsáveis pelo bom início da temporada. Apenas a cura para destruí-lo - descoberta por Sam em "Form and Void (11x02)" - que foi meio forçada, o tal do óleo sagrado que serve para neutralizar anjos. Fora esse pormenor, os raivosos cobertos de veias negras conseguiram êxito em emanar o ar apocalíptico que a temporada necessitava.

Billie: A introdução da ceifeira, em "Form and Void (11x02)", foi uma das melhores já vistas na série, com a mesma, no hospital onde Sam estava em apuros combatendo os raivosos, cantando "Oh Death", em uma espécie de ode ao Cavaleiro Morte (inacreditavelmente morto por Dean no final da temporada anterior) e supostamente assumindo seu papel, dada a tamanha segurança de si que a personagem possui, lhe dando até mesmo um certo ar de arrogância. Sua queixa contra os Winchesters tem relação ao grande número de vezes que os irmãos já morreram e ressuscitaram e para ela esta estranha sorte precisa ter um fim definitivo. Como ela deixou bem claro em "Red Meat (11x17)": Sem mais segundas chances, sem mais vidas extras. Categórica e consegue causar certo temor. Ponto para Lisa Berry pela ótima atuação.


Contras:

Crowley: Na temporada passada reclamei do desgaste visível ao Castiel em seus plots sem graça, já aqui é a vez do Rei do Inferno demonstrar seus desanimadores indícios de cansaço. Seu reinado virou uma completa piada, o personagem já não é levado mais a sério por seus súditos e sua gestão no Inferno enfraqueceu de vez, além de ter sido cruelmente humilhado por Casífer ao ser tratado como um cachorro. Onde estava com a cabeça ao unir forças logo com a Escuridão? Uma força atemporal que poderia apaga-lo da existência num piscar de olhos. Como pôde ter sido tão fácil? Está bem, o vilão é do tipo que obtêm tudo que deseja com toda sua esperteza. Mas uma aliança com a Escuridão conseguida através do oferecimento de reles almas humanas não me pareceu tão convincente. Seu único momento de destaque mais memorável se deu pela primeira cena do ótimo Hells Angel (11x18)". Na reta final me pareceu tão deslocado e apagado que nem vou me prolongar a respeito. Nosso amado Rei do Inferno merece umas férias.

Don't You Forget About Me (11x12): Já deixo claro aqui que não consigo engolir enredos onde Claire e Alex estão presentes, tampouco acho relevante abordar a trama das duas tentando tirar profundidade onde não há. Ainda mais com a insípida Jody Mills. Afinal, onde tem Xerife Mills, tem vampiros. E onde há vampiros, tem um episódio filler super chato de Supernatural. A chatice elevada ao cubo. Apenas algumas tiradas cômicas conseguiram se salvar, mas nem isso para tirar esse episódio do fundo do abismo do clichê.

The Chitters (11x19): Narrativamente, foi um episódio preguiçoso. Apresentou uma criatura nova, OK. Apresentou uma dupla de caçadores homossexuais, OK, mostra que a série valoriza a diversidade sexual. Mas o problema maior foi o clima do episódio. Um filler que não se encaixou na atmosfera de urgência que o episódio anterior propôs.

Mãos de Deus: Apenas uma trama muito, muito sub-aproveitada. Uma pena.

Bomba de almas (Hã?): Em "Alpha and Omega (11x23)", episódio final da temporada, a equipe composta por Sam, Dean, Castiel (já livre do domínio de Lúcifer), Crowley, Rowena e Chuck/Deus idealiza uma arma forte o suficiente (e aquelas quinquilharias divinas serviram pra quê?) para destruir Amara. Mas espera um pouco. Isso não ocasionaria num outro desequilíbrio? Afinal, luz e escuridão precisam coexistir. Um não vive sem o outro (da mesma forma que Dean e Sam). Recapitulando o que Eve disse acerca das almas na já longínqua 6ª Temporada:  Pequenas ogivas nucleares. Junte várias e você tem um novo sol. Dean, que possuía uma ligação mais estreita com Amara (afinal, foi o último portador da Marca, não sei pra quê fizeram tanto mistério sobre isso), foi o voluntário a ser a própria bomba, precisando carregar uma enorme quantidade de almas humanas dentro de si. A princípio, a ideia é bastante implausível, se formos ver lá no passado, 6ª Temporada, o que a absorção de almas pode fazer e o que ela fez com Castiel. Então, porque não consideraram que tais efeitos poderiam ocorrer com Dean? Bem, nesse ponto eu até compreendo, afinal de contas Deus estava morrendo e com ele o universo inteiro iria junto para o vazio total e o desespero não os deixou calmos o bastante para lembrarem-se de tal fato. Será que Dean não ter sofrido um súbito Complexo de Deus, tal qual Castiel, seria devido às almas serem puramente humanas? Somente almas provindas do Purgatório causam esses efeitos? Ou apenas anjos podem sofrê-los? Enfim, de qualquer forma, soou meio incoerente, além do artifício não ter servido para porra nenhuma.

Chuck/Deus: Eu ainda não sei se este rito de confirmação, ocorrido no parado "Don't Call Me Shurley (11x20)", foi devido à um fanservice, nem se tal fanservice sobre o personagem teve início logo após a sua primeira aparição em "The Monster at the End of the Book (4x18)". Mas prefiro acreditar que tal teoria surgiu após Swan Song (5x22)". Rob Benedict encarna um Deus minimamente satisfatório... por um único episódio. A humanização de uma entidade criadora de todo o universo não caiu bem e soou ridícula (a partir de "All in the Family -11x21"). Este é só um dos detalhes que ilustram o quão cedo o personagem foi revelado. Uma aparição surpresa no final da temporada, com um ar mais imponente, não custaria nada.

Amara/Escuridão: Pois é, a grande vilã da temporada pouco convenceu como tal. Muito papo e pouca vilania. Infelizmente, a passagem da Escuridão pela Terra (aliás, pelos EUA) não fez jus ao esperado de uma força que possuía poder suficiente para arrasar com tudo. O lance de ser a irmã de Deus não foi de todo ruim, na verdade foi até coerente, aliás, a parte mais aceitável em torno da personagem. O que se aguardava como uma das vilãs mais inescrupulosas de Supernatural se mostrou como uma entidade relativamente sensível (vide "Alpha and Omega - 11x23"), uma simples come-almas e aparentemente mais focada em sua conexão afetuosa com Dean e toda aquela lenga-lenga de "estamos ligados, por isso não tenho obrigação alguma de mata-lo" e "nos tornaremos um só". A última vez que vimos uma vilã de respeito foi na 9ª temporada com Abaddon, a qual também pode-se dizer que foi o último demônio realmente ameaçador a surgir na série.
OBS: É sério que as pessoas, no início da temporada, confundiram a névoa negra da Escuridão com um tornado? Difícil de engolir essa...


Veredicto:

Uma temporada que tinha tudo para se tornar uma das melhores e mais grandiosas da série, mas o resultado acabou por ser um ano inconstante, com os personagens ao alcance de poucos recursos para derrotar o inimigo invencível (aqui realmente invencível, porque né...) e utilizando fillers para empurrar um plot mal desenvolvido, sendo, o pior deles, "The Chitters (11x19)" a prova de que certamente pouco sabiam o que fazer com o enredo que tinham em mãos e o mesmo episódio precedeu uma reta final aquém do esperado até culminar no episódio final banhado com água morna - mas valeu pelo saudosismo da caça aos fantasmas em Waverly Hills. Um final que não poderia ocorrer de outra maneira, pois um confronto físico entre Deus e Escuridão na Terra - como ocorreria com Miguel e Lúcifer na 5ª temporada se não tivessem caído na jaula - obviamente causaria estragos maiores. A temporada terminou com uma reconciliação entre ambas as forças opostas e o equilíbrio foi restaurado e, pelo visto, perdurará por mais algumas eras. A cena de ambos se desfazendo em nuvens e subindo aos céus foi bem feita, os efeitos especiais convenceram, mesmo não se equiparando à qualidade de outrora. Acompanharei sim a 12ª temporada, que promete ser mais pé no chão, devido aos cliffhangers deixados nas duas últimas cenas - porque com certeza não há nada que supere um inimigo como a Escuridão em termos de poder. Toni Bevell (Elizabeth Blackmore) já mostrou a que veio e veio para tirar satisfações dos Winchesters a respeito dos danos causados por eles pelas escolhas que fizeram. A libertação da Escuridão foi a gota d'água para os Homens de Letras britânicos e chegou a hora de sair da moita para mostrar aos considerados vilões os verdadeiros heróis e entendedores do sobrenatural.

A 11ª Temporada expandiu o universo da série, mas causou um decréscimo de qualidade à medida que se aproximava do final. Houve um excelente plot a ser executado, mas preferiram ir pelo caminho mais "confortável", indiciando ares de cansaço. Os Winchesters não são mais os mesmos. Sam não se abala mais por despedidas. Dean parece ter sequelas discretas da Marca. Uma temporada que possuía disposição para ser eletrizante, mas acabou sendo, lamentavelmente, preguiçosa.


NOTA: 6,0 - REGULAR



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