Capuz Vermelho #44: "Guardião da Irmandade"
Era somente mais uma noite de catalogação de itens para aquele curador do museu que era parte integrante do antiquário que localizava-se como ponto de entrada ao extenso universo de antiguidades com milhares de histórias invejavelmente bem preservadas. Ele, um senhor com óculos grandes e calvo e caucasiano de cabelos meio brancos, anotava tudo em sua prancheta, passando de objeto à objeto com paciência.
A presença de alguém lhe tirara a concentração... e o bem-estar.
- Ora, ora, se não é o Sr. Blent. - disse um homem de terno preto com face máscula atraente e cabelos grisalhos penteados para trás. - Trabalhando a essa hora tão tardia da noite. Deve estar cansado...
- Ora, veja quem é. - retrucou Blent - Noah Brandon. O homem com quem a senhorita Laving se diverte na cama para ceder aos seus objetivos ocultos.
- Está sendo indelicado. Será que não dá pra nós dois termos, por um dia, uma conversa amigável?
- Não quero sua amizade. Acha que não sei do que está tramando?
- Ah é, o que seria? - indagou Noah, dando de ombros - Juro que não tenho ideia.
- Há de chegar o dia que a Sra. Laving saberá a verdade. - disse Blent, encarando-o - Tão importante quanto eu ser funcionário do mês é eu ser um amigo de confiança dela.
- E tão importante quanto você saber do meu "segredo" - fez aspas com os dedos - é eu poder te mandar pro olho da rua. Sou o co-proprietário, lembra? Se quer abrir um pouco os olhos... digo que Ágatha é do tipo que prefere amigos com benefícios. Arrisca contar sobre mim sem pensar que ela pode concordar comigo?
- Quer saber? Cansei de você. - virara as costas, irritado - Me deixe trabalhar.
- O seu trabalho é a sua diversão, Blent. A minha é você, sempre será. - disse Noah, dando uma risadinha depois e seguindo para ir embora. Blent olhou por cima do ombro com expressão de enojo. Já estava ficando saturado de ser importunado por aquele egocêntrico homem.
Repentinamente, um blecaute geral o parou. O silêncio pesante o fez escutar passos vagarosos, mas com teor de um predador. As pernas bambearam enquanto se virava para ver.
- Mas... quem é você? - perguntou, olhando tenso para a figura de um homem com máscara sinistra - Isso pertence ao museu! - a máscara abrira sua boca e dela saíra uma luz vermelha. O curador gritara horrorizado numa altura a ser ouvida da entrada do antiquário.
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CAPÍTULO 44: GUARDIÃO DA IRMANDADE
Área florestal de Raizenbool - Casarão - 08h54
Sentada no sofá maior com as pernas cruzadas - e "uniformizada" -, Rosie fazia algo que fazia um desconfiado Hector pensar ter acordado num universo paralelo.
A jovem lia atentamente a um jornal que o entregador deixara cedo. Hector aproximou-se.
- Não queria interromper sua leitura, mas é bom saber que achou um novo hobby.
- Não chamaria de hobby, está mais para... - retrucou Rosie, marcando algo com caneta vermelha. Mostrara a página ao caçador - Busca quase desesperada por uma atividade extra-curricular. E-eu... - olhou em volta -... simplesmente tô cansada de um emprego só. Li os termos do contratos e não lembro de um cláusula que proíbe membros prioritários de exercerem outros trabalhos.
Hector franziu o cenho, já entendendo as intenções dela.
- Olha, não me leva a mal. - disse ela, levantando-se - Não é como se eu quisesse deixar o DECASO em segundo plano. Hector, eu necessito respirar novos ares. Desde o incidente em Salem, não tivemos um caso com a mesma gravidade e sequer fomos chamados para ajudar nos outros menores. Já fazem seis dias. Preciso preencher algumas lacunas, é só isso.
- Ótimo, isso explica porque tem jornais dos últimos quatro dias na prateleira abertos nos classificados. - disse Hector - O que você tem é uma compulsiva necessidade de se manter ocupada. Saiba que tudo no tempo certo dá certo, Rosie.
- E o tempo certo não seria agora? Eu acho que você também devia se unir a minha causa. - olhou no jornal - Você adora animais, né? Tem uma vaga de segurança no zoológico de Stratford.
O telefone tocara reverberante.
- Engraçadinha. - disse Hector, virando as costas para atender.
Rosie franziu a testa.
- Não foi piada.
Um lampejo de ideia a fez falar apressadamente.
- Ei, ei, espera aí. Se for o Derek, diz que tô doente. Ahn... disenteria.
- Achei que fosse dizer cólicas menstruais. - disse Hector, a mão próxima ao fone.
- É, também é uma opção. - disse Rosie, dando de ombros. Ela sentou-se novamente no sofá, voltando as páginas para conferir as manchetes principais enquanto Hector falava com Derek. Seu indicador parou numa que a prendeu do início ao fim. - "Curador do museu parte do antiquário Laving é encontrado morto em horário de serviço." - erguera a cabeça e olhou à frente, séria - Hora de unir o útil ao agradável.
***
Três dias depois...
Rosie, sem o capuz e as vestes para missões, chegara em casa expirando um ar cansado após o último envio de currículo, assumindo aquele como seu dia longamente cansativo por andar em busca por trabalhos que lhe distraíssem mais no combate ao tédio que a jovem sentia atrofiar sua mente. Seja lá em qual fosse aceita, o importante era oportunidade conquistada. Hector descia as escadas.
- Algum progresso? - perguntou ele. - Isso não é bem uma expressão que alguém faria após um longo dia batendo perna pela cidade à procura de emprego.
- A maioria não parece lá muito interessada. Me resta apostar no anti... - ela cobriu a boca rapidamente, fazendo o caçador olha-la estranho.
- Você ia dizer...
- Não! - percebeu o tom grave demais e se comediu - Err... Não, claro que não. O que eu ia falar mesmo? Acho que esqueci. Você ouviu? Não pense que estou guardando segredo, é só que...
- Tudo bem - disse Hector, erguendo de leve as mãos -, você obviamente diria antiquário, o que eu aprovo, trabalhar com vendas parece se encaixar na sua demanda por ocupação da mente. Era isso mesmo?
- Bom... Verdade, era exatamente disso que eu falaria. Me interrompi porque... Você sabe, nessa situação a gente pensa em inúmeras opções, uma hora considera, outra hora descarta, isso é normal. "Ótimo, aparentemente ele não sabe nada a respeito do curador morto.".
- E acha que não se sairia bem vendendo antiguidades? - questionou ele.
- Não é bem assim, eu... - disse Rosie, impaciente. O toque do telefone cortou sua fala, o que a impulsionou para atender à passos apressados. - Sai da frente, é pra mim!
Hector se direcionou para o corredor com os quartos antes de Rosie tocar no fone. Ela percebera sua presença e olhou para trás vendo-o escondido.
- Não devia usar sua superaudição para algo da sua conta? Como um caso, por exemplo?
- Ah sim, está certa. - disse ele, saindo em direção à porta, meio constrangido - Já estava de saída para... um caso. Vampiros em Saint. Albans. Não tenho hora pra voltar, então até mais tarde ou talvez amanhã.
- Até. E lembre-se de evitar se sujar muito de sangue. - disse Rosie. O caçador dera um joinha ao sair pela porta, o que trouxe sensação de liberdade à ela. - Alô? Sim, sou eu, a Rosie. Ágatha, não é? OK.... Pode deixar, vou ainda hoje. Eu aceito.
***
Museu-Antiquário Laving
A mão esquerda de Rosie batera no sino do balcão que tilintou alto como um chamado à elegante proprietária que atravessara as cortinas bege trajando um vestido creme sem mangas na altura dos joelhos. Ágatha Laving exalava vitalidade em sua face meio tom de oliva com olhos acastanhados e cabelos dourados prendidos em "coque" que deixava uns fios encaracolados pendendo.
Ela abrira um sorriso fechado e educado à Rosie.
- É mesmo uma garota de palavra. Aliás, muito bom conhece-la. - estendeu a mão em aperto.
- Igualmente. Digamos que a gentileza atraiu mais gentileza. Muito mais da parte da senhora, claro.
- Sou uma relativamente jovem empreendedora, apesar de sentir carregar anos e anos de lutas difíceis, logo senhora, no meu caso, não seria tão adequado.
- Comecei mal, pelo visto. - disse Rosie, com um sorriso nervoso e um olho estreitado.
- Não, fique tranquila. Chame-me apenas de Ágatha. Gostaria de uma visita ao museu enquanto formamos as primeiras raízes do nosso vínculo profissional?
- Eu adoraria. - concordou Rosie, assentindo.
Num corredor de uma galeria de quadros avaliados em milhões de euros, ambas conversavam andando devagar. Rosie mal continha-se para tocar num delicado assunto.
- Espero que meu modo de vestir não esteja constrangendo-a. - disse Rosie. - Pareço uma maluca fantasiada, não acha?
- O seu estilo é peculiar e admito que gosto. - disse Ágatha - Mas quando vier trabalhar na recepção daqui à uma semana recomendo um visual apropriado ao local. Tem como cuidar disso, certo?
- Sim, sem problema, tenho tudo de que preciso. - assegurou Rosie - Olha... Pode não ser da minha conta, mas... A morte do curador não teve sinais de arrombamento. O corpo dele foi achado extremamente pálido como se todo o sangue tivesse sido extraído, eu olhei nos relatórios. O que você acha? Não estranhe eu perguntar, não quero parecer uma detetive disfarçada.
- Por acaso é uma? Vejo que tem interesse no caso só analisando seus olhos. Mas vou responder. O Sr. Blent trabalhou aqui conosco por mais de 30 anos. Este lugar é uma herança de família e ele era bastante próximo dos meus pais. Dei o prazo para contratação oficial para depois que essa nuvem negra passasse. Um período de luto que não gostaria de esperar terminar.
- Sei como deve ser horrível. Mas respondendo à sua pergunta... Sim, eu trabalho com investigação, só queria uma ocupação alternativa. Mas não quero realizar dois trabalhos aqui. Só mera curiosidade.
- E há quanto tempo usa seu dom investigativo?
- Mais ou menos uns dois anos. - disse Rosie, mentindo - Existe alguma outra pessoa com quem divide os lucros do antiquário? Tipo, um sócio?
- Eu deveria estar procurando por ele agorinha. Pode estar ocupado, mas caso eu o encontre no escritório jogando poker sozinho não vou hesitar chama-la. Se me der licença...
- Está bem, posso dar um passeio. - Rosie olhara pelo espaço - E meus pêsames pelo Sr. Blent.
- Obrigada. - disse Ágatha, sorrindo rápido e caminhando para sair.
***
A visitação prosseguia numa ala com máscaras históricas inspiradas em grandes personalidades da história mundial. Cada uma apoiada em apoios de madeira e protegidas com tampos de vidro em forma de cubo. Olhou para o rosto sorridente de Guy Fawkes e notou que faltava-lhe o nome no apoio. Outras também estavam sem identificações.
- Olá... Senhor Anônimo. - disse ela, parecendo entediada. A atenção de Rosie quebrou-se com a escuta de um sussurro soturno. Viu uma máscara de metal com dentes afiados e olhos vermelhos, estreitos e quase retangulares, logo sendo atraída por ela como se soubesse que o som viria dela.
- Inferis... Mortem... Hominibus... - sussurrava a voz, cuja as palavras que soaram claras para Rosie.
Ela não deu um último passo para analisa-la pois ouvira um ruído vindo da porta do depósito. Virou o rosto rapidamente e foi conferir, cuidadosa. Batidinhas leves. Tocou na maçaneta e abrira.
Soltou-a ao deparar-se com uma figura coberta de manto marrom e recuou hesitante.
- Quem é você? - não houve resposta - Anda, responda! A menos que queira resolver isso de outra forma, estou disposta. Tentou chamar minha atenção batendo na porta e me espionou pela fechadura. Se for o assassino do Sr. Blent, é melhor...
A pessoa desocultara o rosto interrompendo-a. Um rosto oliva com verdes olhos penetrantes emoldurado por belos e lisos cabelos castanhos elucidou-se. Ela formou um sorriso inconstante e nos olhos viam-se um marejar nítido.
- Meu coração se aliviou... logo ao ouvir sua voz... Rosie.
- Como? - indagou, confusa - Não entendo. Como sabe meu nome? Quem é você?
- Olhe mais de perto. Tente se lembrar. Já viu esse jovem rosto em fotos muito antigas. - ela se aproximou.
Rosie cobrira a boca, estupefata. O olhar dilatou-se.
- N-não... Não acredito. - ela queria sorrir, mas uma lágrima veio primeiro - Vovó? - olhou-a de baixo à cima - É mesmo a senhora? - Eleonor assentiu, fortemente emocionada. Num segundo os corpos se tocaram, as duas abraçaram-se longamente. A bruxa sentiu as lágrimas da neta molhando o manto. - Senti... a saudade apertar desde que pus os pés pra fora daquela casa pra fugir do mal. Eu estava com medo de que algo teria acontecido à senhora. Mas quando eu soube a verdade, até pensei que estaria mais segura ao seu lado do que com Hector.
- Não se engane. Minha magia estava enferrujada. Hector era a escolha correta. - ela fungou, enxugando as lágrima - Pelo menos até transformar-se em licantropo. Fui eu a responsável por protege-la dele por certo tempo.
- É, eu sei. - Rosie ainda não continha a emoção - Agora me diz... O que significa isso? Tá fazendo o quê aqui? É muita coincidência. Uma pessoa morre no meu futuro local de trabalho e encontro minha avó que não vejo há mais de dois anos. Não que a senhora seja uma distração...
- Rosie, eu liguei pra você, a voz que ouviu não era de Ágatha Laving. - revelou Eleonor, séria - Usei um feitiço mimetizando a voz dela para atraí-la, a oportunidade era perfeita, com todo o respeito à memória do curador. Não tive escolha. Pra resumir: Ágatha é minha ex-mentora e ordenou uma perseguição contra mim pelo fato de eu ter roubado o soro da juventude. Cheguei até aqui justamente para pega-la, estou cansada de fugir.
Rosie emudecera, perplexa.
- Você tomou o soro... por egoísmo. O Hector me contou. Todos cometem erros... não fico chateada.
- Escute - tocou-a no ombro -, agora não é hora de ruminar o passado, podemos falar disso à vontade quando sairmos e esse é o objetivo. Ágatha é poderosa, mas tenho um trunfo.
- Tô dentro. Não saio daqui sem você. - decidiu-se Rosie.
Sons de passos quebrara a atmosfera. Eleonor voltara ao depósito e Rosie fechou a porta às pressas.
Ágatha surgira dum corredor, encontrando Rosie sozinha olhando uma máscara.
- Ah, olá Sra. Laving. Como vê, ainda não terminei meu passeio pelo mundo da arte.
- Dá pra ver que tem prestígio. Gosta de máscaras?
- Melhor estas do que aquelas que certas pessoas não nos permitem ver.
Ágatha assentiu, satisfeita, as mãos para trás.
- Bom, se prefere continuar até o fim, você tem todo o resto do dia. Chamo o zelador para avisa-la do fim do expediente. OK?
- Tudo bem. - concordou Rosie, indo à próxima ala.
A ex-líder do coven britânico a fitou com seriedade e desconfiança.
***
Em seu escritório, Noah derramara cinco gotas de sangue sobre pontos diferentes num mapa aberto na mesa. Havia colocado-as em cinco frascos distintos.
- Exigere situm, eoden tempore.
As gotas "criaram vida" e movimentavam-se frenéticas pelo mapa. Pararam ao secarem nas localizações que o feitiço pedia. Ágatha entrara de surpresa, vendo pontinhos vermelhos no mapa, logo revirando os olhos.
- Ainda insistindo nisso? Falhou em capturar seus traidores três vezes. Qual seria a chance do jogo virar?
- Talvez a mesma de você ser passada para trás pelas suas próprias lacaias. - retrucou ele. - Sei lidar com o fracasso melhor do que imagina. Temos ideias em comum, não sei quanto a perdas.
- Você perdeu um companheiro. Achei que demonstraria pesar. Como observar o funeral de longe.
- Fala do velhote que reclamava da vida fácil e despropositada?
- Falo do homem que trabalhava muito bem pra mim achado morto em plena manhã.
- Que também era um espião metido à besta. Os melhores disfarces duram pouco. - disse Noah, guardando o mapa em uma maleta. - Há um Judas entre os hereges. Se reservou ao direito de se sacrificar para que eu soubesse. O velho teve o silêncio comprado para dar uma localização exata minha e favorecer uma cilada. E você me pergunta porque não confio nas pessoas.
- Ás vezes me faço essa pergunta. - disse Ágatha, as mãos apoiadas na mesa - Noah você também não é nenhum mestre dos disfarces, mentiras ou saídas pela tangente. Esqueceu de devolver uma certa máscara metálica ao seu devido lugar horas depois do corpo ser achado? Ou devo verificar no Achados e Perdidos? Ah, não temos um, então sobram suas gavetas particulares.
- Eu deixei no lugar. Mas hoje não vou dar uma colher de chá pra sua curiosidade. Que tal falar da sua nova contratada? - pegara um uísque, enchendo um copo - Ela é experiente?
- Ela é estranha. E está zanzando pelo museu fingindo ser visitante. Talvez ache que eu seja culpada.
- De acordo com o boletim do telefonista, você fez duas ligações pra ela. Uma ontem e outra hoje.
- Mal toquei no telefone hoje. - disse Ágatha, em alerta - Que história é essa? Juro que não liguei.
- A sua garota estranha se interessa pelo antiquário pouco tempo após o velhote morrer. Confere. - disse Noah, andando - O caso virou manchete em tudo quanto é jornal. Confere. Ela pode estar atrás de pistas. - deu um gole - E se descobrir pode complicar nossas vidas. - direcionou-se a uma tigela de barro, logo pegando uma faca e cortando uma palma. - Pegue as ervas da montanha Lupoe. - Ágatha colocara-as dentro - Tollendum umbra tegit vertatem. - as gotas sanguíneas caíam. Ágatha riscara um fósforo e o jogara. Um fogo emergiu revolto e Noah tivera os olhos descoloridos totalmente.
O feitiço permitia espionar um evento paralelo como uma câmera escondida no local.
Noah sorriu ao ver a jovem sair com Eleonor disfarçada.
- Achei. Parece que ela fez amizade com um ratinho. Ou diria uma ratazana.
- Faça elas conhecerem os seus amigos. - pediu Ágatha, sorrindo infame.
***
Rosie e Eleonor, sem o manto que cobria seu vestido cor azul profundo, adentraram numa sala vazia, sem janelas mas com uma lâmpada fraca, como refúgio temporário para elaborarem uma estratégia de fuga urgente. A bruxa respirou fundo e expirou longamente.
- Acho que aqui é seguro pra continuar de onde parei. Ágatha precisa saber que estou aqui. Precisa considerar o risco de eu acabar perdendo a batalha.
- Nem pensa nisso, por favor. - disse Rosie - Olha, sobre a Ágatha, estou com a leve impressão de que ele tem envolvimento na morte do curador, o Sr. Blent.
- Matar empregados para atrair presas fáceis como você não é o estilo dela. Está aqui por causa de Noah Brandon. E estou aqui graças à ele.
- Brandon... - Rosie ficou pensativa - Lembro de ter ouvido esse nome. Hector e eu voltávamos do mercado quando vimos pessoas comentando um evento beneficente e escutei Noah Brandon ser mencionado. Foi há 2 meses. Então ele é o sócio de Ágatha.
- Talvez mais do que sócios, se é que me entende. - disse Eleonor, levantando uma sobrancelha - Ouça, Rosie... Decidi me arriscar por estar cansada de fugir como um rato. Me infiltrei antes de Ágatha tomar posse do local.
- Espera, mas... - Rosie fez cara de confusa - Como sabia? Passou um bom tempo tentando se manter longe, não faria sentido você estar atualizada sobre os próximos passos dela. O que a fez mudar?
- Alexia. - disparou Eleonor, surpreendendo a neta - Enquanto Hector estava sob o efeito da pedra Ônix para enfrentar Abamanu em Liverpool, ela me contou uma das suas visões acerca das bruxas. Previu meu encontro com Ágatha exatamente neste museu. E disse ter visto um homem com uma máscara sinistra. Pode ter visto você, mas acho que preferiu deixar como surpresa.
- Isso é bem a cara dela. - disse Rosie, sorrindo leve.
- Alguma notícia dela? Morando com vocês ou com o deus-profeta que a escolheu?
- Ela... se mudou pra Oxford com Charlie. Pouco antes de nos despedirmos, ela me pediu que eu te visitasse em Croydon, coisa que estava nos meus planos. Mas tudo que achei foi uma porta trancada e uma placa de "Vende-se".
- Nesse período eu morri. - disse ela, deixando-a perdida.
- O quê?! Morreu? Mas...
Barulhos grotescos interromperam bruscamente. Eleonor ouriçou-se, atenta.
- Não pode ser... Noah! Maldito.
O brasão de Yuga reluziu meio forte. Eleonor percebeu, intrigada.
- O que foi isso? Esse colar... tem um formato familiar...
- Longa história. Ele brilha assim rápido como um alerta... para criaturas sobrenaturais próximas. Disse Noah... - ele tivera um lampejo que as fez juntar peças - O homem mascarado na visão da Alexia... só pode ser ele, então... - voltou-se para a avó - Ele matou o curador. Máscara sinistra. Vi uma que emitia um sussurro arrepiante, não é coisa da minha cabeça. Tem a ver com a máscara...
- Eu acredito, Rosie. - disse a bruxa, temerosa - Noah me traiu. - a declaração deixara Rosie altamente desconfiada - Falei que estou aqui graças à ele. Noah planejava comprar o antiquário mas Ágatha chegou primeiro e compensando lhe fez parceiro. Prometeu que jamais contaria à ela sobre mim, me deixando escondida acreditando que venceria Ágatha e ele ficaria no comando pois não sujaria as mãos. Desgraçado. - o barulho aumentava, ameaçador - Rosie, fique ao meu lado.
- O que é esse som? O que tá havendo, vó?
- Noah é um mago. Pode conjurar fantasmas e controla-los com seu Reiki.
A porta sofreu um golpe violento. Uma machadada. Em seguida, mais dois, três... até despedaçar-se.
Entrara um lenhador pálido e barbudo com vestes sujas de lama preta e fedida. Rosnou feito cão.
Rosie tentou um mano à mano contra ele, desferindo chutes com giros velozes e ele tentava golpei-la com o machado, resistindo aos ataques. Outro fantasma surgira na sala, atacando com agarro. Ela o jogara contra parede e o parou com um feitiço de infligir dor, subjugando-a enquanto recuava.
- Rosie, venha comigo, são fracos contra magia, mas não posso neutraliza-los por tempo demais! Nem você pode enfrenta-los. - saíra correndo.
Rosie dera um cotovelada forte no nariz do lenhador e usou o machado por decapita-lo. O outro reerguia-se para atacar e ela lançou o machado que cortara a cabeça.
- Na verdade, posso. Só não quero. - disse ela, saindo da sala.
Ambos fantasmas levantaram-se reconstituindo as cabeças através de sombras amontoantes.
No escritório, Noah testara um detector de magia à base de um cálice com pedras especiais semelhantes à carvão e adicionou um pedaço de erva Lopue. Riscou o fósforo e jogou.
A chama emergiu verde claro. Caso fosse na coloração normal, sinal de que não havia bruxos no lugar. Ágatha inquietou-se por dentro. O plano era verificar se Rosie era uma bruxa. Não existia menor chance do intruso oculto possuir magia própria.
- Deve saber como funciona. - Noah disse - O fogo nesta cor indica alguém usando magia. A altura também indicou que é apenas uma pessoa. Quer fazer uma aposta?
- Vai se ferrar. - retrucou Ágatha, aborrecida e saindo da saleta. Noah a encarou com suspicácia.
- Acho que nunca entenderei as mulheres.
***
- Repellam! - disse Eleonor, empurrando telecineticamente três fantasmas. Mais apareciam teletransportando como se saíssem das sombras ou as sombras os criassem. - Rosie! - chamou a neta que lutava contra outros dois, dando constantes chutes. - Rosie! Por aqui! - apontou para um corredor à direita. Fantasmas irados corriam predatórios. Ambas enfiaram-se numa sala escura. Eleonor acendeu o interruptor e procurou algumas coisas nas gavetas dos armários. Rosie barrara a porta com uma tábua servindo de tranca. Ela assustou-se com o bater brusco de um fantasma na madeira.
- O que vamos fazer? O museu inteiro deve estar repleto. Ele nos encurralou. - olhou para a gambiarra de sua avó - O que diabos é isso?
- Mudança de plano. Com Noah na jogada, é impossível seguir com meu plano de acabar com Ágatha. - disse ela, colando com fita adesiva no fundo de uma gaveta um papel no qual tinha rabiscado um símbolo místico - É um verdadeiro sociopata, não escolhe lados sem que lhe convenha. Veja. - olhou para ela - Na dúvida, improvise. Tem uma faca?
- Não saio para uma caçada sem elas. - disse Rosie, sacando duas adagas, dando uma à avó.
A porta continuava recebendo golpes brutos. Ambas cortaram as palmas, as gotas de sangue pingando.
- Olhe para o que escrevi na mesa. Leia em voz alta. Precisamos falar em sincronia.
- Vó, o que é esse feitiço?
- Só diga. Vai dar tudo certo. - a bruxa fechara os olhos. Em uníssono, recitaram:
Sinere Potestatem Ad Eudum In Mortuis.
Segundos depois, Rosie tentou sentir algo alterado.
- Não sinto nem vejo nada diferente. Nenhum fogo, raio ou fumaça, essas coisas de feitiçaria...
- Experimente tocar num objeto. - recomendou Eleonor, confiante. A jovem o fez com a adaga... que atravessou seus dedos. - Viu só? A única forma de sairmos é sermos como eles.
- Incrível. - disse Rosie, espantada - Somos fantasmas?!
- Não temos tempo. O feitiço dura apenas 5 minutos. Mas vai levar 8 para chegar, ao menos à ala principal. - disse Eleonor, removendo a tábua, logo abrindo a porta. Os fantasmas acalmaram-se ao vê-las - Noah transformou almas do submundo em seres irracionais. Mas com o feitiço, podemos ser vistas como fantasmas. Vamos. O meu chackra não será detectado.
As duas caminharam entre os fantasmas que a ignoravam. Era como estar no meio de zumbis.
- Parece que tomaram banho numa fossa. - comentou Rosie, torcendo o nariz.
Três minutos passados, finalmente acessavam o salão principal com esculturas e pinturas.
- Limpo. Hora de irmos. - disse Eleonor, segurando na mão esquerda da neta.
- Não tão rápido, mocinhas. - dissera Ágatha, sua voz autoritária parando-as. A bruxa veio com um sorriso cínico e um olhar zombeteiro. - Devia imaginar. Há quanto tempo... Eleonor. Parece mais jovem. Qual o segredo para uma jovialidade tão bela?
- Ágatha. Pro seu bem, não dê mais um passo adiante.
- É uma ameaça? - indagou ela - Só pra constar, eu tinha esquecido completamente da sua existência há anos, foram as outras que resolveram agir independentes. Vejo que está muito bem acompanhada. Rosie, querida, precisa de amigos melhores.
- Ela é minha avó. - disse Rosie, séria - Você mentiu descaradamente. Mal conhecia o curador. Por acaso, mandou seu parceiro mata-lo? Ao custo de quê?
Ágatha gesticulou para dois fantasmas virem agarrar Rosie e o fizeram.
- Eu não tenho nada a ver com isso. Noah tem seus próprios planos. - falou ela, categórica.
- Saiba que ele traiu à você antes de me trair. - ressaltou Eleonor.
- Do que está falando sua ladra miserável?
Um estalar de dedos fizera os fantasmas desaparecerem como fumaça preta dissipante, portanto Rosie livrara-se.
- Ela está falando sobre... - disse Noah, chegando de surpresa, mantendo a máscara escondida atrás de si - ... o nosso saudoso encontro amigável há dois meses. - piscou para Eleonor que retribuiu com expressão raivosa - Permiti que ela fosse o ratinho que acabaria roendo sua carne. Depois a propriedade desse muquifo passaria ao meu nome e solicitaria reformas.
- Seu patife, ordinário! - disse Ágatha, revoltada. - Então eu era o próximo alvo se a vadia conseguisse trazer minha cabeça até você. Meus parabéns, Noah. Foi um grande estratagema. Devia ter envenenado aquele uísque velho quando tive a chance.
- Oh, você me mataria?! Que surpresa. - ironizou Noah, arqueando as sobrancelhas. - Eu teria o mesmo prazer. Porém, não intoxicaria minha pele com seu sangue. Alguém especial o faria.
- Quem, afinal? - perguntou Eleonor, ríspida.
Noah desvendara a máscara, mostrando-a.
- Não matei o velhote. - olhou de lado para a máscara - Ele foi o responsável.
***
"Há uma semana, estava fazendo uma checagem de última hora na galeria homenageando Frances Grant quando de repente as luzes piscaram... até se apagar. Já era tarde da noite. Foi daí que escutei o chamado."
Noah caminhava à máscara metálica em passos vagarosos em meio ao cenário tenebroso da ala mergulhado numa quase-escuridão.
- Quem é você e o que deseja de mim?
- O mesmo que você. Sobreviver a esta selva de insetos. - dissera a voz vinda da máscara. - Vim de uma terra muito distante para reinar sobre meus adoradores fiéis. Somos iguais, Noah. Sei que quer mais do que tudo recuperar sua liderança arruinada.
- Primeiro diga seu nome. Gostaria de saber como consegue se comunicar daí.
- Basta você remover a máscara, coloca-la no rosto... e todas as respostas serão dadas.
O mago retirou a máscara do local e a pusera. Urrara guturalmente para cima e os olhos dela reluziam em vermelho intenso.
"E foi assim que conquistei um novo sentido de glória. Devo tudo à..."
- ... Daemong. - disse Noah, soberbo - Me convenceu de que sou descendente do antigo clã de magos que o idolatrava como um deus e somente quem fez parte disso é quem recebe esta gratificação.
- Que gratificação? - perguntou Ágatha.
- Há milhares de anos, os antigos seguidores dele forjaram uma máscara mortuária, esta máscara aqui, e selaram sua alma nela com um feitiço potencializado por este símbolo - mostrou -o no verso da máscara - Ele foi morto por uma bruxa que usava magia goetiana para manter os demônios afastados. Com a alma transferida à máscara, ele finalmente poderia subsistir... através do legado. Porém, a máscara passou de mão em mão, foi falsificada, perdida, reencontrada, perdida de novo... até finalmente chegar ao que deve ser o novo santuário secreto ao pai de todos os magos. E como um autêntico, tirei a sorte grande.
- Chega de aula de história. Por que esse demônio matou o curador? - quis saber Rosie.
- Um espião tão intruso quanto Eleonor. Pago pelos meus traidores a me prejudicar. A cláusula principal do nosso acordo é: uma mão... lava a outra. - disse, aproximando a máscara ao rosto - Agora permitam-me deixar meu novo parceiro assumir o piloto. - colocara-a, erguendo devagar a cabeça e a mandíbula metálica abriu-se enquanto os olhos brilhavam vermelho.
Ágatha estremeceu ao encara-lo. Eleonor tentou visualizar uma saída para correr, mas nada.
Daemong retirou algo do bolso. Uma varinha, jogada à ex-parceira do seu hospedeiro.
- Pegue. Noah tentou uma vez apunhala-la com isto.
- O quê?! - espantou-se ela - Não acho que ele te veria da mesma forma se soubesse que revelou isso.
- Ele não liga.
- Agora chega. - disse Rosie, sacando uma adaga - Odeio máscaras.
Erguendo uma mão, Daemong lançara termoquinesia contra a lâmina que esquentara a um grau absurdo de calor fazendo-a ganhar um tom laranja. Rosie soltou na hora, sacudindo a mão. O demônio aproveitou para joga-la na parede telecineticamente e levou as mãos de Noah ao pescoço da jovem e aperta-los. Eleonor não sabia o que fazer.
- Deixem ela fora disso! Daemong, sugue a minha alma, é magia que você quer que eu sei!
- Tarde demais, bruxa. As energias mais novas são mais suculentas. - disse ele, abrindo a boca de metal. Dela saíra a luz vermelha que o curador apavorou-se ao ver.
- Agora que o canalha do Noah me tirou do tabuleiro, somos só eu e você. - disse Ágatha, logo arremessando certeiramente a varinha que cravou perto do ombro de Eleonor. Rosie chamou por sua avó, a voz entrecortada e o corpo imobilizado pela pressão de Daemong. - Vou lhe dar... o castigo que realmente merece. - ela esticou uma mão em formato de mano cornuto. - O soro corre nas suas veias, mas o que fará sem seu bem mais conveniente? Estou curiosa. - sorriu sacana. - Indignum hoc facere necesse amet infimmis. Malam haec animam abyssus sugere donec magnus.
- Não... por favor... - disse Eleonor, fragilizada. A varinha emitia um luz verde tremida por dentro da ferida. - O que está... fazendo?
- Tione corporis versatur aethere! - dera um "empurrão" à varinha. Eleonor gritara em dor, a luz fortalecendo. Daemong preparou-se para se alimentar, mas hesitou num segundo.
- Mas o que... - recuou de Rosie, parecendo assustado. Ela caiu sobre o chão, tossindo - Existe algo bloqueando minha absorção. Por que estou sentindo tanto medo?
- Talvez porque... - Rosie levantava-se - ... você não páreo para isto. - pegara o braço de Noah agarrando-o, logo fechando os olhos e tocando no brasão que fez um brilho fugaz. Chamas brotaram do braço e alastram-se pelo corpo.
- Não! Não! Pare! Pareeee! - a ardência fizera-o permitir que Noah reassumisse o controle e removesse a máscara imediatamente, largando-a no chão. O fogo sumira do corpo. A máscara incendiou já que a energia divina naquela forma foi canalizada para afeta-la. Noah tocava desesperadamente no corpo, amedrontado. - A alma de Daemong... não sinto mais sua presença. o que é você?
- Mais do que seus olhos podem ver. - disse ela, sacando outra adaga. - Sua magia não vai servir de nada agora. Vou rasga-lo em pedaços.
- Pode tentar numa próxima vez. - disse Noah, sorrindo torto e desaparecendo.
Ágatha descravara a varinha violentamente. Eleonor grunhiu, fadigada.
- Vovó! O que fez com ela? - perguntou Rosie, atirando a adaga.
Ágatha a parou em pleno ar e virou-a para Rosie.
- Sei que esconde um poder latente. Mas sem que o desperte, não é resistente à facas, certo? Eu podia fazer o túmulo das duas aqui.
- Então por que não vai em frente, Ágatha? Acabe logo com isso, sua grande vadia peçonhenta! - disse Eleonor, furiosa.
- Jamais quis que você morresse, querida aprendiz. Já fiz o suficiente para a consequência final. Não foi ideia minha a encomenda da sua morte. Mas você bem que merecia. Como sou eu quem faço as regras da casa... é assim que as coisas devem ser. Evanescet. - desapareceu num piscar.
Rosie correu para levantar Eleonor e a carregou até a saída do museu.
***
Rumando até um ponto de ônibus na calada da noite numa estrada deserta, avó e neta andavam tranquilas mas não menos cansadas.
- Forjou sua própria morte com um boneco de palha em tamanho real?! - questionou Rosie.
- Exato. Um feitiço avançado que o transforma no seu criador que pode determinar a validade. Aquela caligrafia não era de Evelyn... que com certeza está morta. Valerie, a bruxa que tentou me matar há 6 meses, não teve sua morte reportada à Ágatha.
- Ainda pretende voltar e dar o troco nela? - perguntou Rosie.
- Algo me diz que ela vai estar ocupada demais travando uma guerra com Noah pela posse do museu-antiquário. Desse modo, volto a estaca zero. Não valeu a pena. - olhou para Rosie - Me refiro ao meu plano. Nem sempre dá certo.
- Como se sente?
- Estou ótima. - respondeu ela, dando de ombros - Como se nem tivesse sido ferida por uma varinha desconhecida e influenciada por um feitiço misterioso. Juro pra você que não sei o que ela estava tentando. Não sinto nada diferente. Ela disse castigo, consequência final... A quem ela pensa estar enganando? Bem, é aqui... que nos despedimos. - pararam perto da placa.
- Queria te abraçar só mais uma vez, mas tô vendo bem ali os faróis do ônibus. Estraga-prazeres. - disse Rosie, fazendo-a rir - Mas queria que me tirasse uma dúvida... sobre o Daemong. O Goétia menciona ele, não é?
- Sim, mas Noah foi vago demais. Daemong foi o primeiro a ser listado. O seu selo é o 12º. Inclusive, existe uma lenda sobre um profeta chamado Leo que foi torturado para dar informações à Daemong a respeito do futuro do seu clã. Caso for verdade, o profeta viu sua morte, mas Daemong pode não ter acreditado e o matou. É tudo que sei. Satisfeita?
- Tem o lance do Reiki, só que vai ficar pra próxima. Espero que não seja tão tarde.
- Garanto que não. - segurou nas mãos da neta - Te prometo... nunca mais fugir. Você é meu lar, Rosie. Olho pra você... e vejo o Richard. Tenho certeza que ele se orgulharia da menina forte que criei como minha filha. - beijaras-as, fazendo a jovem ir às lágrimas - Dê lembranças ao Hector.
Rosie fez que sim. O ônibus Opel Blitz chegava. Ela acenou levemente à avó ainda com rosto encharcado e deixou partir.
***
Ao chegar em casa - um muquifo alugado numa área pouco segura -, Eleonor pensou em desabar no sofá de couro, mas preferiu acender as velas antes.
- Lumem. - disse, a mão com palma para cima. Não acontecera nada. - Lumem. - nenhum ponto laranja luminoso nos pavios - Lumem!
Apreensiva, foi ao espelho verificar a ferida. Vira uma marca em X. Boquiaberta, ela ajoelhou-se.
- Não pode ser verdade... - notou um canivete na cômoda e alcançou para pega-lo, cortando o antebraço - Sanabat. - disse, porém o corte sangrava mais. - Devia ter fechado... Impossível. - o desespero caiu como um raio. - Não! Não! Era isso... - levantou-se, pegando uma cadeira e jogando-a contra o espelho que despedaçou-se brutalmente. - Merdaaa! - caiu em prantos soluçosos.
A magia desaparecera completamente.
CONTINUA...
*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.
*Imagem retirada de: http://bruxaria-negra.blogspot.com.br/2009/11/significado-do-pentagrama-petaculo.html
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