Crítica - Danganronpa: The Animation (1ª Temporada)


Parece que temos muitos "xeroque rolmes" aqui.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS. 

Este é o primeiro anime baseado em um vídeo-game que acompanhei e um dos últimos vistos em 2017 (1 Cour perfeito pra encerrar um ano em que os 2 Cours reinaram na minha grade). Não sei bem ao certo como afirmar sobre uma primeira impressão, pois eu vi o primeiro episódio e fiquei uns dias "fingindo" que nem tinha começado. É uma das coisas inexplicáveis que vejo em mim e também uma razão suficiente para nunca fazer postagens de Obra X: Primeiras Impressões. Na verdade, mesmo se não tivesse problemas em moldar uma impressão inicial concreta, eu não faria esse tipo de resenha.

Sempre achei mais prático redigir críticas individuais sobre um todo numa abordagem que pega o fundamental e que pode contar para chegar ao resultado - a nota, a parte que mais curto numa crítica, confesso, não me julgue. Outra confissão: Eu quase cogitei não escrever essa crítica, não por preguiça, mas pela preocupação excessiva aos detalhes que o anime solta, me cobro muito nessa questão. Mas vamos lá, estou aqui generosamente dando uma chance ao anime de ter uma review completa aqui no blog por ele ter me conquistado de certa forma (antes, durante e depois de assistido, ressalto). Porém, eu dizer isso não significa que o achei o "Puro Suco do Entretenimento". Calma aí, resenha crítica não superestima. Se julgo algo ruim que a maioria adorou, eu vou descer a lenha. Se acabo curtindo e concordando com a opinião geral, vou dizer o que gostei sem ser papagaio.

A animação é baseada num game e foi lançada em 2013 com 13 episódios contando a história de 15 estudantes que vão parar numa escola chamada Topo da Esperança dirigida por um urso (?) cômico e ao mesmo tempo sádico que elabora um jogo de sobrevivência em que só vai graduar-se aquele que cometer um crime de assassinato perfeito. Quem bate o olho em qualquer site gratuito por aí, não deve esperar um Mirai Nikki da vida. Senão você quebra a cara bonito. Assim como eu (hahahah).


Mas dá pra seguir tranquilamente após o episódio 01 com a atmosfera imersiva de mistério que é criada em torno do destino dos 15 personagens. Ele segue uma linha bem explícita de acordo com as regras estipuladas por Monokuma (o carismático ursinho psicopata que comanda tudo): Morreu alguém? Direto para o temível Julgamento Escolar, onde o culpado deve vir à tona com todas as evidências do quebra-cabeça organizadas para se chegar ao veredito. Não vou mentir que me perdi um pouco em algumas discussões. Com o culpado desmascarado, Monokuma aplica suas punições nada convidativas de se assistir (deu a entender que os demais são obrigados a contemplar a morte do coleguinha), porém é tudo muito "suavizado", tem uma sutileza que chega a soar discrepante com a temática que o anime constrói. Cria a atmosfera de tensão, mas tem medo de executa-la como se deve, um medo injustificado de mergulhar mais fundo no peso da própria trama. As cenas de punição tem apenas como bom atrativo o estilo diferenciado de animação, exclusivos para esses momentos e fico na dúvida se alguns enquadramentos e/ou efeitos com letras (nos julgamentos) que saltam na tela são conceitos surrupiados do game.

 Assim que um cadáver é achado (alguém tinha que se encorajar e começar a derramar sangue, de qualquer forma), as evidências são expostas e é nessas horas até o julgamento que demandam uma atenção redobrada. O anime propõe, com competência, um seguimento que estimula o espectador a ser um "xeroque rolmes externo". O baile transcorre neste ritmo. Não há ação com lutas sanguinolentas nem cabeças ou membros rolando decepados na tela. Ao término do primeiro episódio, é necessário esquecer tudo o que pode ser associado a animes em que o objetivo é matar ou morrer. Registro aqui com toda a sinceridade: Danganronpa não é um anime carniceiro. É mais cabeça, por assim dizer (não interprete como filosófico), e extremamente voltado à um estilo detetivesco nas resoluções. Foi justamente o que me puxou ao enredo de maneira a me fazer refletir sobre os mistérios até debaixo do chuveiro. Em Mirai Nikki você "desliga o cérebro" e curte o sangue jorrar a cada duelo no jogo de sobrevivência. Em Danganronpa, por outro lado, você deve usa-lo para também sentir-se parte daquele meio, para mim os julgamentos são o ponto alto onde a tensão é suscitada no máximo para te manter ligado ao caso. Quase nada é bem o que parece ser, aviso.

Naegi Makoto é o típico protagonista de aparência comum e com moral sensata, é previsível que ele seja o mais contrário a obedecer Monokuma. Aliás, é um dos quatro personagens de grande destaque. Particularmente, acho que a escala de relevância foi esta: Enoshima Junko, Kyoko Kirigiri (segunda crush do Naegi rs), Monokuma e Byakuya Togami. A primeira tem um papel de importância no clímax que mal passava pela minha cabeça. Afinal, ser descartada tão rápido numa morte tão... drástica, sem muito impacto, é no mínimo de se entranhar. Num determinado tinha esquecido de décimo-sexto lugar na sala de julgamento, lugar este reservado à Ikusaba Mukuro, o personagem oculto que é o centro do mistério-chave a ser solucionado em torno do manda-chuva que controla Monokuma (quem em sã consciência espera que aquilo seja um urso normal?) e também a irmã gêmea de Junko - juntas arquitetaram tudo para incutir desespero nos alvos. A segunda exerce papel que faz jus à sua capacitação (Detetive de Nível Super Colegial) e o roteiro faz um efetivo e merecido aproveitamento dela, estreitando laços com Naegi em confidencialidade (certinho como é, óbvio que ele se faz como porto seguro para um depósito de confiança). Monokuma, infelizmente, é o contra deste quarteto. É mais odiável que cômico, como esperado de um vilão, maaas... teve um nível de coadjuvação tremendo e bastante aquém do desempenho que é esperado de seu papel. No mais, apenas uma ferramenta de caráter meio simbólico forjada pela verdadeira mente criminosa por trás desse... Big Brother - sim, tudo um reliaty show televisionado em rede nacional. Por último, Togami em primeira análise mostra-se um personagem áspero e de temperamento difícil, sendo a sua maior qualidade a postura de líder, o que em seguida gera seu maior defeito: a habilidade de "cagar regra" em cima do pessoal, levando a tratar a todos com certo desprezo. Se sobreviveu ao último julgamento, talvez uma regeneração lhe seja prometida na temporada seguinte. Eu estou aberto a essa possibilidade, então verei, pois no fundo o personagem é interessante (tendo ligação direta com o conflito que "justifica" a estadia dos personagens na escola pela influência da sua família).

Surprise Motherfucker!
Inegavelmente, a maior de todas as surpresas que o anime esfregou na minha cara. O enredo "mata" uma personagem que de início achei até promissora, traz ela volta e boooooommmm... Olha só quem é o manda-chuva do pedaço! Uma garota com problemas mentais sérios (nunca vi um nível tão absurdo de bipolaridade rs) que forjou a própria morte. Na reviravolta em si, o clímax teve saldo razoável. Quando o negócio vai apertando nos últimos cinco episódios, vê-se inserções de elementos (o fato do jogo ser um reality show, as fotografias que levam a revelação da perda de memória dos estudantes etc) que vão dando mais corpo ao desdobramento final. Mas a justificativa do conjunto inteiro pouco parece palpável para se enxergar uma situação de verdadeiro desespero. Um apocalipse foi um artifício muito jogado. Uma brecha conseguida para direcionar os personagens a uma segunda temporada que, honestamente, não veria muita necessidade de existir (se pelo menos o roteiro seguisse rumo a um fechamento, o que eu via como oportunidade, mas creio que nisso a revelação bombástica de Enoshima Junko, o cérebro por trás de Monokuma - seu mascote dualístico de esperança e desespero - ocorreria um pouquinho mais cedo, talvez no episódio 11 ou 12, deixando o 13 com a tarefa de amarrar as outras pontas e aparar as arestas pendentes - inclusive explicar a perda de memória, sabe-se que o diretor, pai de Kirigiri, se encontrou com cada um dos estudantes numa espécie de entrevista, como bem mostrou o arquivo no cartão, mas como se deu a redução de memória ficou em aberto).

Agora vou comentar o aspecto mais indigesto que percorreu o anime inteiro: A hemorragia danoninho. Apelidinho carinhoso que dei a uma censura no mínimo patética. Repulsiva, eu diria. Em se tratando de uma trama cujo o ato de assassinato com requintes de crueldade é o carro-chefe da premissa... chega a dar embrulho no estômago que o principal elemento indispensável à proposta da obra seja tão sabotado desse modo. Parece que o personagem levou um banho de tinta cor violeta. Se me disser que é errado eu estar "problematizando" a censura, então você talvez defenda essa incoerência. No entanto, não acredito haver alguém em sã consciência que saia em defesa de uma decisão estapafúrdia de tingir o vermelho vivo do sangue numa cor mais suave. Ficou feio se era a intenção da produção do anime. No site em que assisti estava classificado como +18... piada.

Outros dois destaques ficaram por conta da frágil Fukawa com seu transtorno dissociativo de personalidade que esconde um alter-ego pra lá de cabuloso, um serial-killer conhecido como Genocider Syo e que nutre uma estranha admiração pelo ranzinza do Togami (como detalhe importante, as duas personalidades não compartilham lembranças: se Fukawa desperta o Genocider ele não se lembrará do que sua outra metade viu nas últimas horas). E em segundo, temos a Fujisaki... ou seria o Fujisaki? Bem, ele se identificou como menina, então é ELA, que, por sinal, teve um certo aprofundamento psicológico (ficando só atrás da Kirigiri) acerca do quanto sentia-se fraco(a) e após sua morte ganhou uma sobrevida, que respeitou seu potencial, no formato de inteligência artificial que passa a ser chamada de Alter-Ego e tem trabalho crucial numa determinada altura do enredo.

Considerações finais: 

Apesar da marcha lenta e "paradona", o bom desenvolvimento do estilo detetive compensa toda a ausência de ação em Danganronpa. Divertimento descompromissado, mas que pede um esforço de percepção aguçada justo nos instantes em que o anime se compromete com o que tem de melhor.

PS1: Morte mais comovente: Maizono (primeiro crush do Naegi rs).

PS2: Morte merecida: Ohwata. Sério... motivação estúpida para matar o coitado do Fujisaki.

PS3: A enervação acaba deixando os suspeitos em potencial na corda bamba. Aconteceu com Kuwata e com a Celes (shippei com a Kirigiri, vou nem mentir...).

PS3: Melhores frases abaixo:

"Bom dia, desgraçados!" - Monokuma.

"Isso está errado!" - Makoto, Naegi.


NOTA: 8,5 - BOM 

Veria de novo? Sim. 

Vai conferir a temporada 2? Certamente. 


*As imagens acima são propriedades de seu respectivo autor e foram usadas para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagens retiradas de: https://aminoapps.com/c/uamino/page/blog/danganronpa-amino-estan-todos-los-personajes/obJ3_pGIduBllwbM86NaYxpWakaDVwDzEb
                                     https://quirkylacquerista.wordpress.com/2013/10/14/anime-nails-danganronpa/
                                     http://rebloggy.com/post/dangan-ronpa-dangan-ronpa-spoilers-dangan-ronpa-anime-teazu-gifs/62385920093
                                     https://thenextweb.com/shareables/2016/02/01/brilliant-and-terrifying-gaming-experience-danganronpa-comes-to-steam-this-month/

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