Análise do trailer do remake de Cavaleiros do Zodíaco da Netflix


AVISO: Esta análise é um tanto diferente das feitas com os trailers de Dragon Ball Super: Broly pelo fato de não conter imagens para servir de complemento às descrições e considerações das cenas exibidas e também pesa a pouquidade de imagens liberadas já que o vídeo foi lançado há pouco tempo (na CCXP 2018). Outra diferença está na forma como conduzo a análise e nos três trailers do filme de DBS destrinchei cena por cena (não frame por frame), logo aqui isso não ocorreu, então procurei selecionar os principais trechos que mais chamaram atenção valendo como tópicos a serem pautados separadamente e só depois, por fim, dar meu parecer completo do que espero dessa série.

Introdução feita, bora pra análise:

Urnas trocadas por... pingentes (!?)

Como se trata de um repeteco de 99% do que todos os fãs estão cansados de ver, em relação ao enredo e às ambientações, peguei ao menos três momentos de certo destaque (inclusive um que causou um furor danado entre o fandom e reservei isso para o final porque sim). Pra começar, não dá nem 20 segundos direito e a estranheza salta aos olhos com Seiya lançando um pingente que magicamente expande um círculo místico azulado com detalhes que o fazem parecer aqueles que o Doutor Estranho utiliza para lançar magias e dele saem as peças da armadura de Pégaso. Li nuns comentários por aí que isso não tem nada de novo e foi explorado na série Ômega (essa bagaça que não me canso de postergar pra ver), mas posteriormente acabou descartado. No mais, é um pouco exagerado, mas talvez a intenção seja propor um ar sofisticado e elegante no vestir da armadura ou apenas para se fazer distinto à série clássica.

Seiya e seus amigos enfrentando tanques e helicópteros?! WTF? 

Tá, podemos assumir que isso é bastante destoante e nada casável com a atmosfera de Saint Seiya que sempre teve um enfoque na fantasia em torno dos poderes das armaduras, as histórias por trás dos conflitos envolvendo os cavaleiros, enfim... foram poucas as vezes no anime que elementos do mundo moderno foram mostrados em contraste gritante aos cenários que remetem à antiga Grécia e o mundo antigo em geral nas suas particularidades. O que tropas armadas querem disparando tiros e mísseis contra os cavaleiros? Qual o contexto? Pra ser sincero, ficou um negócio bem nada a ver mesmo.

E agora a cereja do bolo: Shun... ou, devo dizer, Shaun (não o carneiro, mas sim a cavaleira!)



Não vou gastar meu teclado prolongando esse tópico polêmico, portanto basta-me dizer três coisas:

1) Posso estar afirmando o óbvio ululante aqui, mas acho pertinente enfatizar com veemência: O Shun, mesmo para aqueles que o zoavam pela aparência afeminada, é HOMEM e HÉTERO, muito embora seu modo de ser não condiga exatamente à uma postura masculina predominante e normativa. Não existe apenas o homem brucutu que exala virilidade da sujeirinha da unha do pé até o último fio de cabelo da nuca. Os cavaleiros não são bem assim, claro, foi um exemplo intensificado. Mas claramente eles possuem um senso de bravura e coragem incomparável ao de Shun que sempre mostrou-se mais delicado, sensível e opositor à ferir gravemente os inimigos. Isso é uma amostra de masculinidade também, não significa que nessa postura faça sentido configura-lo como o elo fraco da corrente (entendeu aí?). Fora que ele tem um crush, a June de Camaleão. Então, taxa-lo de gay por trejeitos que não correspondam à personalidade esperada de um "macho genuíno" é bem errôneo.

2) O que não significa que engoli em seco a questionável liberdade criativa recaída no personagem. Passa muito longe de uma pretensão à representatividade feminina a mudança de gênero do Shun. Pode ter sido a intenção, mas isso por si só não é suficiente. O personagem já era alvo de chacota pela sua masculinidade vista como duvidosa e agora o transformam numa mulher?! Não que eu ache que os roteiristas compactuem das piadinhas sobre o Shun (sobretudo relacionadas à famigerada cena na casa de Libra), o problema é que baseado no fato de que ele dos cinco cavaleiros era o que mais transparecia uma masculinidade menor nas feições e na postura tiveram a maravilhosa e brilhante ideia de alterar seu gênero como se o "tirassem do armário" ou revelassem seu verdadeiro ser. É desnecessário para não dizer ridículo.

3) "Ah Lucas, mas ter uma mulher dentre os cavaleiros não traz um alento a quem respira os ares dos novos tempos que exigem maior representatividade de mulheres com brilhantismo semelhante ao dos homens?" Homem e mulher são complementares, isso é factual. As feministas louconas que inflamam um clima de "guerra dos sexos" e de divisão, sendo que homens e mulheres podem muito bem trabalhar em equipe exatamente pelo que falei antes. Porém, no caso do Shun, meteram isso nele sob a intenção certa mas na execução errada. A prática falhou ante a teoria. Além do mais, ter uma mulher no grupo de cavaleiros vai de encontro ao título da obra. Saintia Shô está aí para apresentar uma versão feminina de agentes protetores de Atena, podendo ser chamadas, simplesmente, de cavaleiras. Amazonas é uma outra categoria desse universo que associaram a "nova personagem". Mas a Shaun não atuaria como uma independente da máscara, logo é uma cavaleira (ou saintia). Não faz sentido a existência de uma cavaleira no meio do grupo principal intitulado Cavaleiros do Zodíaco estando ela enquadrada numa outra categoria que por mais similar que seja não é essencialmente a mesma coisa. Aonde que criar uma personagem totalmente nova seria forçado? As cavaleiras e amazonas poderiam ter sub-tramas, isso não as limitaria a um campo inferior, somente teriam destaques diferenciados em relação aos cavaleiros como núcleos que poderiam se cruzar eventualmente com os arcos centrais. Se fosse para mudar, que tivesse sido em prol de pluralizar tanto as figuras femininas quanto masculinas na atividade de guerreiros defensores de Atena. Bola fora, Toei e Netflix.

E eu acabei me prolongando no fim das contas devido à empolgação, até porque isso é apto a render discussões infindáveis de gente que apoia fortemente a troca de sexo do Shun e quem quis sangrar pelos olhos que nem o Shiryu. O que não achei coerente foi terem feito tal alteração sem olhar para o quão incongruente fica para o título. Devia ser: "Os Cavaleiros do Zodíaco e a Saintia". É, isso ficaria meio estranho (x_x). Ao invés de criarem mais personagens para suprir a representatividade tão clamada, direcionaram-a a um personagem importante que por anos foi correlacionado à uma faceta de "feminilidade" muito mais por questões estéticas do que de caráter pessoal. Como se não bastasse, a animação ainda é em CGI e numa review você pode entender a forma que lidei com essa formato atribuído à uma narrativa de Saint Seiya:

Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário

De uma série com muitos episódios pela frente (se não cancelarem devido a baixa receptividade por justa causa heheheh), não dá pra requerer uma qualidade a par de um trabalho voltado à mídia cinematográfica. Pra não ficar parecendo que só desci a lenha no trailer, os designs estão muito bem produzidos, as armaduras e traços de personagens fiéis, o que faz até lembrar dos meus queridos, saudosos e perdidos (T_T) bonequinhos antigos que eram Made In China mas muito adoráveis (e com um cheirinho inconfundível e inesquecível de brinquedo novo). Muita gente criticou também a ausência dos elmos. Sério isso? Parece que nunca viram como são nos mangás. Os cavaleiros do bronze não possuem os elmos no material original de Masami Kurumada, isso é coisa exclusiva do anime. Há uma diferença visível: Seiya, Hyoga, Shiryu e Shun (ou Shaun, como queira) estão sem as tiaras, introduzidas no anime a partir da saga de Asgard juntamente às armaduras reformuladas que são estas que os rapazes (e a moça) usam na nova série - também não interfere em nada.

E como será uma saga de Hades explorada no remake (caso alcance essa fase)? Shun de Andrômeda é o receptáculo de Hades... e alguns questionaram a coerência disso em razão da mudança de sexo. Mas tenho uma visão particular quanto a isso e prefiro aborda-la numa futura postagem. Abaixo está o link do novo trailer que, até o fechamento dessa postagem, conta com 21 mil (e alguns dígitos) likes e cerca de mais de 9 mil deslikes (incluindo o desse fã machista e opressor de CDZ que vos escreve =P). Me mantenho na indecisão de encarar ou não essa aparente tragédia anunciada.

Trailer oficial de Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco (Netflix)

OBS¹: Retorno do elenco consagrado tá OK. Mas a Úrsula Bezerra na Shaun? Sei não...

OBS²: Mestre Ancião com tom de pele humano, tudo bem, afinal como roxo era no mínimo curioso.

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagens retiradas de https://cromossomonerd.com.br/saint-seiya-os-cavaleiros-do-zodiaco-remake-da-netflix-ganha-seu-primeiro-trailer/
                                  https://nosbastidores.com.br/cavaleiros-do-zodiaco-roteirista-defende-mudanca-de-sexo-em-shun-em-remake-da-netflix/

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