5 tragédias que marcaram a minha infância
Comumente usamos a palavra "marcante" para descrever positivamente experiências de nossas vidas. Só que esse termo tão usado de forma elogiosa também pode significar que algo marcou a vida de alguém negativamente, apenas é pouco frequentemente referido assim (pelo menos no meu ponto de vista, claro). Qualquer acontecimento significativo é marcante, sendo ele bom ou ruim. Enrolei um pouco com essa introdução porque não sabia bem como começar falando de certos eventos trágicos que ocorreram durante os anos em que fui criança, precisamente no meu caso foram os anos 2000.
Mais difícil do que fechar uma lista com no mínimo cinco, é superar o impacto arrasador que alguns tiveram na minha percepção infantil de outrora e seguem fixos na memória de muitos. Não somente tive um trabalhinho esforçoso para lembrar quais tragédias além de três eu incluiria, mas também precisei de um certo tino de seletividade na hora da pesquisa e relembrar outras tragédias, fora as que facilmente lembrei, pra mensurar se o impacto delas condizia com minhas memórias das suas respectivas épocas (todas se diferenciam em proporção no que se refere ao modo como as absorvi, além do modo como de fato ocorreram e como o mundo absorveu). Confira abaixo as 5 desgraças que mais me estarreceram na infância:
1 - O incêndio no Xuxa Park
Ontem, dia 11 de janeiro, o trágico incidente que sepultou o programa Xuxa Park (até porque exibir os 8 programas inéditos gravados posteriormente seria um despautério com o público que viu a bagaça pegar fogo de perto) completou exatos 20 anos. Na data em questão o programa estava em plena gravação, cuja exibição se daria no dia 24 do mesmo mês, um sábado de Carnaval. Felizmente não sepultou a vida de ninguém que estivesse por lá, resultando em 26 pessoas feridas com algumas precisando serem hospitalizadas em estado grave. Porém, quase uma tragédia verdadeiramente fatal teria acontecido caso Xuxa entrasse na nave, onde o incêndio foi desencadeado por um curto-circuito, já que no momento em que as fagulhas do que viria a se tornar o fogaréu brotavam, a loira estava encerrando programa cantando seu maior hit, "Ilariê" (sobre a qual há quem diga que seja uma canção subliminarmente demoníaca O_O), e logo subiria na nave faltando apenas 5 minutos. Esse triste episódio me causou um tremendo mal-estar que quando começou o Jornal Nacional noticiando o desastre eu saí da sala num misto de medo e desgosto. Aliás, o medo prevaleceu mais porque conforme eu via o incêndio se alastrar pelo cenário do programa, aquilo deixava no ar um clima que na visão de uma criança de 5 anos assistindo um cenário tão colorido e alegre - de um programa que gostava, apesar das poucas vezes que assistiu - ter suas luzes apagadas enquanto o fogo devorava tudo rapidamente era um tanto quanto aterrorizante. Passando de um lugar feliz a um inferno ardente em poucos segundos, o Xuxa Park jamais ressurgiu das cinzas desta tragédia que por pouco não ceifou vidas.
2 - Ataques às Torres Gêmeas (World Trade Center)
Mais um acontecimento fatídico ocorrido num dia 11 (qual o lance macabro desse número, afinal?). Do dia em si eu não guardo nenhuma recordação nítida, especificamente da manhã em que os atentados estavam sendo transmitidos ao vivo pelos noticiários numa gigantesca cobertura nacional. Não lembro se dentro da escola houve uma comoção (eu tinha recém-completado 6 anos, novo demais pra fixar muitas memórias). E não, eu não lembro de sair da escola mais cedo (fazia o segundo ano do jardim de infância e ia pra casa mais cedo que os alunos do fundamental, de acordo com o protocolo do colégio, então uma hora a menos de aula, aproximadamente, talvez não fizesse lá tanta diferença) pra assistir o Bambuluá que por sinal não foi interrompido enquanto passava Dragon Ball Z (pode passar o tempo que for, sempre haverá quem reforce essa lenda urbana desgraçada e, em contrapartida, quem desmistifique com as provas mais cabais e irrefutáveis que existem), mas não vou me aprofundar nessa bagaceira (até porque já havia tratado desse assunto num post em que me posiciono abertamente contra os defensores da memória coletiva da interrupção e alegando uma simples e boa razão pela qual DBZ não estaria sendo exibido naquele dia, então clica aqui se quiser saber). Desde a hecatombe que foi esse ataque terrorista, persistem feridas abertas nos corações de quem perdeu familiares e amigos. Foram mais de 3 mil mortos! Ainda que eu não soubesse o número exato de vítimas na época, a dimensão da tragédia me abalou de certa forma, tanto pela repercussão midiática quanto pelas imagens dos dois edifícios ruindo, não se falava em outra coisa. A palavra que eu mais ouvia era essa: terrorista. Neste ano de 2021 terão se passado duas décadas após o terrorismo que parou o mundo.
3 - Acidente de Claudinho
Em 13 de julho de 2002, a tragédia com um famoso que significou pra mim algo parecido à perda de alguém muito próximo foi o horrível acidente automobilístico que tirou a vida de Claudinho, da dupla Claudinho e Buchecha. Paira em muitos, até hoje, a dúvida que remete à algo sobrenatural acerca da música "Fico Assim Sem Você", lançada no referido ano, se teria sido por conta de uma suposta 'maldição" em torno da letra da canção, sobretudo quanto ao verso "Buchecha sem Claudinho", que a fatalidade da morte de Claudinho aconteceu. O mistério do teor profético da música só potencializou a atmosfera ruim do acidente, me dando arrepios, além de me deixar num estado de tristeza por um artista jovem e falecido no auge da sua carreira e a música supostamente premonitória no auge das paradas de sucesso na época, o que me fez detesta-la - pelo menos até a Adriana Calcanhoto lançar uma versão que suavizou um pouco o mal-estar que a original causava.
4 - Tsunami na Indonésia
Os arrasadores maremotos que devastaram comunidades costeiras na maioria dos países banhados pelo Oceano Índico (como Sri Lanka, Índia e Tailândia dentre os principais afetados) e decorridos de um terremoto com magnitude estimada em 9,1 na Escala Ritcher, cujo epicentro localizava-se no oceano a oeste da ilha de Sumatra, mataram 230 mil pessoas (170 mil apenas na Indonésia) com ondas de até 30 metros de altura em 26 de dezembro de 2004. Não é nada que se possa estranhar, afinal a Indonésia não é chamada de Círculo de Fogo do Pacífico a toa, pois tem uma suscetibilidade absurda a tremores, na maioria deles registrando magnitude moderada, além de atividades vulcânicas. Considerado um dos maiores desastres naturais da história, todo esse amontoado de tragédias me marcou psicologicamente de tanto que reverberou na mídia, originando assim o meu pavor de ondas gigantes impulsionadas por sismos um dia assolarem a cidade em que vivo.
5 - Acidente do voo TAM 3054
Impossível esquecer de um dos mais trágicos acidentes aéreos da história brasileira. Com destino ao aeroporto de Congonhas em São Paulo, a aeronave partiu do Aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre. Contudo, durante a chegada, o avião não conseguiu realizar uma aterrissagem segura ao longo do trajeto na pista 35L, na qual foi autorizado a pousar, seguindo numa velocidade de 90 nós (o equivalente a 170 quilômetros por hora) e perdendo o controle em seguida provocando diversos estragos ao invadir a avenida Washington Luís e por fim colidindo com o prédio da TAM Express, matando todos os tripulantes e 12 pessoas em solo. Alguns dias antes do desastre, irregularidades na pista haviam sido relatadas, mas nada nenhuma providência foi tomada. Na análise da caixa preta da aeronave foi constatada a falha humana, reforçada em 2009 por meio de um relatório final da perícia. A ocorrência do acidente se deu no dia 17 de julho de 2007, eu estava com poucas semanas pra completar 12 anos, mas como eu tinha ainda 11 anos e ainda é infância nessa faixa etária, então levo em conta. Ajudou a aumentar o medo de viajar de avião que saltou para o nível de fobia com o lamentável fato.
*As imagens acima são propriedades de seus respectivos autores e foram usadas para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.
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