Baú Nostálgico #30: Turma da Mônica

Será que algum gasparzinho lamentou a ausência de novas postagens desta série que eu iniciei lá no finalzinho de 2015 e que permaneceu em hiato por 3 anos sem razão aparente? Me conformo de nunca ter essa pergunta respondida devido ao problema que já assola esse blog praticamente desde a sua formação e que dificilmente irei reverter (a menos que eu lance um outro blog recomeçando do zero, mas ainda me falta segurança e motivação pra apostar nesse risco que traz uma série de incertezas ainda que eu passe a fazer tudo certinho em termos de divulgação), mas a esperança é a última que morre. Orgulhosamente anuncio o retorno do Baú Nostálgico nesse iniciozinho de 2021. Mas em vista de poupar o leitor de enrolação sobre a continuidade da série, partirei logo para o tema que marca essa volta à ativa: Turma da Mônica. Pensando bem, acho que vale uma breve explicação acerca do motivo que me levou a paralisar o Baú Nostálgico tão de repente.  

Eu não fazia a menor ideia de como redigir um texto relembrando e homenageando uma obra que atravessou boa parte da minha infância como qualquer outra que já tenha sido abordada, mas com aquele diferencial extremamente singular e de uma intensidade que complica descrever meus sentimentos de nostalgia, de carinho e de admiração em tantos parágrafos como eu gostaria. É ainda bem menos fácil discorrer sobre o impacto de Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali (o quarteto principal, mas obviamente não posso cometer a ingratidão de escantear Chico Bento - o membro honorário -, Astronauta, Horácio, Piteco, Penadinho, Rolo, Tina, Xaveco, Humberto, Jeremias, Titi, Franjinha, Bidu etc) na minha vida do que meus primeiros contatos com os gibis mais antigos (mais precisamente dos anos 90). Aliás, Turma da Mônica compreende todo o meu rito de passagem no mundo da leitura dos quadrinhos para culminar na transformação do apreciador que hoje sou da nona arte, plantou em mim as sementes do leitor voraz que eu me tornaria. Mas supostamente o meu contato primordial com a turminha não se deu nas HQs e acho que nesse caso minha memória não tá me trollando, tenho mesmo lembranças, embora vaguíssimas, dos personagens em versão animada dando o ar da graça na televisão no começo dos anos 2000 - nesta época passava o Angel Mix, maior programa infanto-juvenil da terceira maior loira da trindade das maiores apresentadoras infantis, na minha opinião. Recebia de presente revistas de meados dos anos 90 de uma tia minha (algumas até sem capa, mas nem ligava, apesar da curiosidade), em grande maioria eram gibis do Chico Bento e passei a gostar tanto que pedia por mais e mais até que com o decorrer dos anos virei um colecionador ávido das historinhas ambientadas no Bairro do Limoeiro, no cemitério, na roça, no espaço sideral, nos tempos pré-históricos (eu quase me esqueço do Piteco!)... 

Não apenas o quarteto principal, todos os outros supracitados geraram uma conexão profunda com a criança de 08/09 anos que adorava acompanhar cada aventura. Essa criança não se perdeu no tempo na fase da adolescência. Eu queria manter a turminha próxima de mim... acho que para todo o sempre enquanto durasse. Cheguei na pré-adolescência, parei de colecionar e divagando nos pensamentos eu me surpreendo um pouco com o quanto desapeguei numa boa, como se uma parte de mim não tivesse sido abandonada, como se eu não tivesse deixado amigos no passado, pois criei uma relação com os personagens de forma a enxerga-los tal qual meus amigos do primeiro colégio que frequentei, isso graças à imersão que a leitura proporcionava. Até que aos 15/16 anos, quando entrei numa vibe de nostalgia, sentindo apertar uma saudade de certas vivências da infância, uma das primeiras coisas que pensei a fim de reacender minha criança interior foi na turminha criada por Maurício de Sousa. Voltei a colecionar, ao menos até meus 18 anos porque bateu um sentimento besta de que aquilo era muito bobo pra se ler na faixa etária que eu tava (o clássico "velho demais pra isso"). Essa mentalidade foi se atenuando com o tempo, conforme fui amadurecendo, para enfim o desejo de regressar ao mundo de Mônica e cia. brotar novamente, mas não para colecionar novas revistas (numa altura que as publicações haviam voltado ao Nº 1 e assumo que tenho um problema com numerações zeradas, tanto é que foi esse o motivo, além das mudanças internas, pelo qual interrompi a coleção durante a transição pra adolescência porque me acostumei quando era da Editora Globo, mesmo concordando que a Panini Comics mostrava uma qualidade de impressão bastante superior) e sim relendo gibis antigos e recentes, principalmente os antigos que passaram anos intocados acumulando poeira. 

É uma jornada deveras longa pra pormenorizar em somente uma edição do Baú Nostálgico. Claro, não tenho desculpa pra não dividir em duas ou três partes. Só que planejei a série pra que cada edição fosse única. Isso parece pretexto, mas não quero me desviar do que propus, sem contar que no momento em que redijo esse texto, tem uma pilha de outros conteúdos na fila de espera, os quais são inadiáveis, cada segundo vale pra coloca-los em regularidade durante a produção agora de forma que na posteridade estejam regulares quando publicados. Enquanto escrevo essa edição o Baú Nostálgico ainda não completou 3 anos de pausa. Tinha de reservar Turma da Mônica para essa trigésima edição como há 3 anos determinei. Só que veio esse medo idiota de escrever uma história tão longa sobre uma parte vital da minha infância. A garota super-forte, o troca-letras, o hidrofóbico e a comilona. Essas quatro eternas crianças (a despeito de umas curiosas questões como o fato bizarro de Cebolinha ser o único da turma a ter dedos nos pés e o resto parece ter nascido com uma "deficiência") exerceram uma importância que nenhum outro conjunto de personagens quadrinescos (brasileiro ou gringo) teve sucesso em faze-lo. Falo isso logicamente com base na minha experiência de vida, mas tal importância de muitas formas se refletiu no Brasil inteiro. Agradeço ao Maurício de Sousa por dar vida à essas quatro crianças que chegaram a salvar muitos domingos chatos quando eu detestava esse dia (só por não passar desenho na TV =P). Que encantem cada vez mais gerações. 

OBS: A partir da próxima edição o formato do Baú Nostálgico será definitivamente alterado. Nada de "Antes" e "Agora". Ficará mais semelhante a um artigo de opinião intercalando informações da própria obra com fatos da minha experiência diante da mesma. Mas os post scriptum continuarão (não cancelaria essa parte tão divertida dessa série e também das críticas). 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: [1]

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