Ceifador - Origens Sombrias #1: O Impronunciável, o Purgatório e seus habitantes"


A morte.

O maior mistério, o maior temor e, acima de tudo, a maior certeza.

Mas o que existe além de uma fina superfície enxergada por seres considerados insignificantes como os auto-denominados humanos? Há uma história que transcende os limites compreendedores das impressionáveis mentes pequenas que assumem este fenômeno como uma partida para uma dimensão metafísica conhecida entre muitos deles como Céu. Talvez não estejam errados de suas convicções partilhadas por gerações a fio em um conhecimento baseado em mera especulação. O imaginativo intelecto humano rejeita a morte por uma reação natural surgida do medo de não existir e deixar de ser parte do macrocosmo. É entendível que ajam assim. Se não sabem o que ocorre em seguida, obviamente vão lutar para que suas existências se prolonguem, porque mesmo sabendo do inevitável destino eles permanecem... fugindo. Porque o Céu pode não existir. Porque o Inferno talvez seja pior do que descrito nos contos fantásticos. Eles transparecem acreditar, mas lá no fundo duvidam. Ainda que não houvesse ambos, invariavelmente esse medo persistiria até o último suspiro. Eu diria que há dois mundos parecidos com o que acreditam. Chame-os do que quiser. Céu, Paraíso, Jardim, Eternidade etc. Inferno, Abismo, Calabouço, Fogo Eterno, Martírio etc.

Dois espaços tão opostos não podem existir sem uma força equilibradora. Um nó atado que une duas partes de uma mesma corda que precisa se sustentar para não romper. E ele é real. É o intermediário neutro que não toma partido quando uma fagulha de atrito brota de seus dois "meninos levados".

É o mundo criado pelo ser de nome impronunciável, o qual iremos chamar exatamente assim. Pelos seus súditos, ele é saudado e venerado como um Rei. Antes da alvorada dos tempos, sua participação foi requerida como prioridade máxima entre todos os planos que concerniam a criação do todo, do tempo, da camada de existência da qual surgiriam formas de vidas em ordem crescente e progressiva. Do microrganismo mais ínfimo às mais desenvolvidas criaturas.

Chamemos de Purgatório. A primeira parada de cada alma. O tribunal definitivo. Só oferecendo duas alternativas óbvias. Para existir uma sentença que determine os caminhos destas almas é necessário um corpo de juízes altamente criteriosos e analíticos para uma decisão longe de ser contestada. O Impronunciável, das entranhas de sua seiva bruta, originou seres capazes da tarefa designada dando-lhes inteligência, foco e precisão incisiva nos julgamentos. Esta foi a geração primária. No entanto, uma terça parte de almas perdia-se no Purgatório distanciando-se do caminho que as levaria ao Conselho. Para a atividade de conduzi-las foram criados guerreiros espelhados e inspirados à imagem e natureza de seu criador supremo. São os chamados Cavaleiros, a geração secundária. Uma ordem de batalhadores que cavalgam em alazões pretos com asas, muito semelhantes à uma criatura mitológica conhecida como Pégaso. São responsáveis por proteger a guarda e o território do Impronunciável, estabelecer relações com os dois mundos, levar os ceifadores autuados por crimes graves e as frágeis almas humanas diretamente ao Conselho, tornando-os um grupo de elite leal e diligente ao Rei. A fim de não amaciar o ego deles, ele determinou que seus nobres guerreiros não ficassem isentos de sentenças quando cometiam falhas. Adiante foram estabelecidos os mandamentos e as consequências por desrespeita-los.

Eras depois... Ele percebeu que o controle dos trabalhos decaía pelo que acreditava ser uma superlotação. Veio enfim a geração terciária, os temidos Ceifadores, anjos da morte, deuses da morte, shinigamis, são inúmeros os nomes atribuídos pelos humanos à estes seres de existência tão relevante. As regras dos mandamentos se aplicam à eles de forma mais rigorosa. A responsabilidade dos ceifadores é basicamente colher almas humanas assim que a cápsula material - a qual eles chamam de corpo ou matéria - perde suficiência e a repele projetando-a para fora. Aqueles que agem contra as regras, são banidos das terras do expurgo e resvalados ao Limbo, a camada mais inferior. Ceifadores ganham ascensão ao cargo de Cavaleiros quando rendimentos melhores são vistos. Se um Cavaleiro antes Ceifador cometer um dos crimes previstos na lei, escapará da punição do Limbo, mas perderá seu posto voltando a ser o que era antes e jamais podendo ser promovido outra vez mesmo que sua colheita seja a mais farta de todas. São proibidos de invadirem a parte central das terras onde o Impronunciável vive, local reservado apenas ao Conselho e aos Cavaleiros.

Quando existe um consenso a respeito de certas almas no Conselho, elas são modificadas obscuramente até tornarem-se criaturas corrompidas e famintas por vitalidade humana. Chamados de Espectros, são supervisionados por Ceifadores e podem agir livremente para saciarem a sede. Geralmente são almas de pessoas com vinganças inacabadas. o propósito para a existência deles não é nada menos que manter as terras do expurgo mais povoadas.

Existe uma outra opção quando a indecisão impera sobre o Conselho: Escraviza-las. Muito simples. Naturalmente, chamados de Escravos são condenados à eternidade no Purgatório servindo aos Ceifadores como trabalhadores na construção de muros, fortes e outros tipos de abrigos com diferentes arquiteturas. O pagamento da mão de obra forçada vem da energia de tais almas que servem de sustento aos seus superiores, tornando-os fortificados para melhorias em seus rendimentos.
Mais trabalho é igual mais energia. E mais energia é sempre igual a mais trabalho para Ceifadores. E mais trabalho significa chances de promoção. Uma justa relação de dependência, diga-se de passagem.

O Purgatório pode ser apenas uma passagem rápida ou a eternidade verdadeira para a alma.

As forças que atuam em função da morte possuem um objetivo soberbamente ambicioso.

Objetivo este que fomentou a pior de todas as guerras entre dimensões etéreas.

Objetivo vil contra a própria fonte de renda e sustentação. Uma ideia em comum entre Purgatório, Céu e Inferno. Cada qual com seu método de execução devastador.

O Céu quer a reestruturação do todo. O Inferno deseja infligir uma epidemia de trevas no cosmo. E o Purgatório objetiva um movimento ousado que se resume a um esvaziamento no mundo físico.

O Purgatório busca a extinção humana para evitar a própria.

Esta é a verdadeira Trindade do Apocalipse.

Três perspectivas de um só fenômeno.

A morte.



*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://playarmageddon.blogspot.com.br/2013/08/o-ceifero.html


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