Crítica - Angry Birds: O Filme
E não é que conseguiram tirar um leitinho de pedra...
AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS
Um ex-integrante da série: Ideias que você não põe fé por conta do absurdo que é transpor seu conteúdo do material-fonte para uma outra mídia. Foi desse exato modo que encarei o filme na época do seu lançamento, Maio de 2016, e não tenho uma lembrança tão afetiva com o jogo de smartphone no tempo que eu jogava em celular emprestado de parente lá nos idos de 2011 e 2012 e pra mim limitava-se a um entretenimento bacaninha pra perder um pouco a noção do tempo e (ironicamente?) desestressar. O efeito se repete na experiência um tanto quanto hesitante que eu tive com a adaptação para animação em CGI (a segunda da obra, por sinal, a primeira chama-se Angry Birds Toons, uma série de episódios curtinhos demonstrando maior fidelidade ao jogo) dos pássaros raivosos que conquistaram a simpatia de muitas pessoas.
Eu não parabenizo a produção aplaudindo o resultado final pela construção do enredo, mas ao menos posso reconhecer que investiram esforço para desenvolver uma trama que engatasse o interesse do espectador genuinamente em vista do conteúdo pouco abrangente da fonte de inspiração. Pássaros irritadiços se lançam num estilingue gigante para derrubar prédios criados por porcos verdes que roubaram seus ovos. Parecia impensável que algum roteirista tivesse o arcabouço pra transformar isso num filme né? Os retoques dados são muito funcionais e adicionaram carisma convincente aos personagens e às situações apresentadas no decorrer do filme que inicialmente alinha seu foco para Red, o pássaro vermelho protagonista e mal-humorado que vive numa ilha sendo a representação de alguém que por um lado não suporta os maus aspectos da vida em sociedade que lhe acometem o tempo inteiro e por outro rejeita os bons costumes usuais (como dar um simples "bom dia"). Um pássara branca chamada Matilda insere Red no seu clube de terapia para controle da raiva do qual participam o divertido (e exageradamente hiperativo) Chuck, o instável Bomba (meu favorito no joguinho hehe) e o intimidante Terence. O roteiro engaja muito acertadamente nas interações entre os personagens principais, possibilitando notar que a mão pesou criativamente para compor um estilo que proporcionasse a comicidade no tom certo.
A melhoria ligeiramente significativa desse quadro surge com a esperada invasão dos porcos que movimentam as coisas de uma maneira que garanta manter sua atenção para o que eles vão aprontar eventualmente. O estilingue é invenção da turma de porcos piratas, mas o item tem sua justificativa de existência pouco esclarecida (só pra convir pra que Leonard, o Rei Porco, hilariantemente dublado por Guilherme Briggs, expulsasse Red do show pelo mesmo ser o único a desconfiar das intenções dos invasores) além de uma serventia reduzida no clímax frenético (culpa do Terence que quebrou o troço devido o seu peso). O objetivo não poderia ser mais evidente: recuperar os ovos roubados pelos porcos que tapearam todos os pássaros fingindo serem turistas de boa índole transformando o clima todo em festa como distração pros crimes. A cena dos lançamentos no estilingue referencia competentemente o jogo, sobretudo quando Red é arremessado, num curto frame sua fisionomia, em pleno ar, emula a do jogo, o que apenas provou o caráter de homenagem fiel da produção.
Tudo ridiculamente óbvio em termos de roteirização, mas nada beirando a chatice medonha no tocante a entreter.
Considerações finais:
Independente de ser dotado de uma animação com uma qualidade não muito evoluída e não trazer mensagens que dão algum tipo de profundidade, Angry Birds não cumpre mais que sua tarefa de divertir a quem não procura uma animação nem pra chorar de rir e nem pra chorar de emoção, o que já é o bastante pra uma história saída de um entretenimento puramente lúdico. Ademais, realiza um papel elogiável na questão de prestar honra ao jogo que o derivou.
PS1: Mea Águia como herói dignificado é uma excelente conveniência pro resgate dos ovos. Inclusive até cheguei a imaginar que quando Red e os outros o abandonam, descendo a lendária montanha, pela recusa covarde dele em ajuda-los ele acabaria repensando e voltando atrás, mas o roteiro não caiu nessa previsibilidade (na verdade, adiou-a pro 3º ato).
PS2: O primeiro ato teve sua introdução bem focalizada no Red (seus conflitos particulares relacionados ao seu temperamento explosivo, além de um breve flashback que expressa o que poderia ter catalisado tal personalidade), porém soube apresentar os demais personagens com segurança, sem soar atropelado.
PS3: Parando aqui pra pensar... Os porcos estavam agindo errado pelo motivo certo? Vai saber se não passavam fome e daí, no desespero, resolveram atacar a ilha mais próxima pra saquear o que aparentasse ser comestível.
PS4: Bonitinho ver o trio de passarinhos azuis (salvos ainda no ovo por Red de serem cozidos no caldeirão do Rei Porco) experimentando o estilingue.
PS5: É tudo muito "inho" nesse filme. Perfeito pra gurizada com menos de 10 anos.
PS6: Trilha sonora tá bem presente, acho que mais da metade das músicas tocaram ao longo do filme. Relembrei uma pra lá nostálgica (graças à Malhação hahaha), "Behind Blue Eyes" do Limp Bizkit.
NOTA: 8,0 - BOM
Veria de novo? Sim.
*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.
*Imagem retirada de: https://www.papodecinema.com.br/noticias/fabio-porchat-e-marcelo-adnet-serao-os-dubladores-de-angry-birds-o-filme/
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