Crítica - Aquaman
É a DC mergulhando numa aparente promissora fase!
AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.
Venhamos e convenhamos, o Universo Cinemático da DC tinha todas as cartas a serem jogadas de modo que sua mega-franquia se expandisse num ritmo equiparável ao da concorrente que veio deslanchando nessa empreitada de histórias interligadas dos seus personagens desde o seu nascedouro. A DC dormiu no ponto, cometeu deslizes tenebrosos (Lanterna Verde, obviamente) e deu sua largada muito tarde nesta corrida e a Marvel Studios já havia ultrapassado a linha de chegada à vários passos à frente (com muito fôlego sem depender de outros personagens relevantes de imenso apelo comercial estando nas mãos de outras casas). Mas sem querer ficar enrolando nessa introdução pra não ficar chato, digo com veemência que perderam uma brilhante chance de seguirem à risca a fórmula Marvel. Por que não? Era o caminho certo!
Aquaman, justo um herói que num passado não tão remoto era motivo de chacota pura, chegou carregado da promessa de revitalizar o Mundos da DC (como foi nomeado o universo compartilhado - o qual atualmente deixou o status de prioridade, ou seja, um passo adiante e depois outro pra trás) nesta nova fase para se reencontrar e acertar o tom de identidade correto, coisa que ficou numa gangorra nas produções anteriores. Não adianta negar que, por mais generosa que tenha sido minha opinião, Liga da Justiça representou uma mancha nesse universo, de um ponto de vista mercadológico, e pra começar a substituir as engrenagens foi preciso apostar no risco, o qual atende pelo nome de Arthur Curry, o Rei dos Mares... Aquaman, a "piada" que desde a sua representação nos Novos 52 mostrou que não estava mais para brincadeiras.
Se em Liga da Justiça Jason Momoa soava "preso" na desenvoltura do personagem, consequentemente gerando um resultado tedioso, no filme solo a liberdade de interpretação fica mais escancarada, esse é um Aquaman construído devidamente para saber protagonizar (e muito bem, com direito a boas sacadas cômicas). Tirando a química com Mera (Amber Heard) que poderia ter esboçado melhores traços de cumplicidade, a aproximação deles não seguiu ao longo da caça ao tesouro (o exaltado tridente do Rei Atlan) tão profundamente ao ponto dela ser convincente em tascar um beijo no cara no meio da batalha no fundo do oceano (e que batalha! Sinceramente, não tinha visto um terceiro ato assim com tantos elementos dispostos, nesse estilo grandioso de confronto envolvendo colisões de exércitos rivais, desde Avatar e o último Senhor dos Anéis), esse imediatismo de relação não passou outra impressão senão de forçada de barra para que o herói na sua aventura solo experimente o amor (não que seja desnecessário, na verdade é optativo, mas pareceu bem cedo).
Vi alguns comentários um tanto insensatos de gente que achou uma merda a luta derradeira ser levada para fora d'água ao invés de todo o clímax concentrar-se no ambiente subaquático. A própria concepção do Aquaman refuta esse argumento imbecil. Arthur é o típico personagem híbrido, dividido entre dois mundos e que percorre uma jornada para tornar-se o melhor de cada um (filho da terra e rei dos mares). Portanto, me é lógico que o embate contra o Mestre dos Oceanos (Patrick Wilson arrebentou na atuação, criou um personagem de austeridade, influência e voz poderosas) ocorrer em "terra firme" (aliás, sobre uma nave atlante) não possa ser considerado um equívoco, pra dizer a verdade é até simbólico. E li opinião de quem reclamou dos clichês. O que a criatura espera de um filme de origem? O clichê é muito intrínseco e se bem inserido, assim como bem usufruído, não traz grandes problemas que maculem com a experiência ou ao enredo.
O filme é recheado de belas utilizações gráficas e não consigo achar palavras que definam a Atlântida incorporada com toda essa beleza e exuberância visual. Deslumbrante é eufemismo. A fotografia é uma qualidade disparadamente notória dentre todos os aspectos positivos que se pode enumerar. James Wan foi a escolha segura e sua confirmação à cadeira de diretor deixou este fã (não sou DCnauta ou DCneco, a Marvel também tem um espaço no meu S2) menos aflito pelo nome ser de enorme confiança e ser recompensado dada a espera do lançamento com essa primazia não tem preço.
Considerações finais:
Aquaman é muito além da disputa familiar por um trono de reinado, afinal o tirânico vilão tinha como meta arrasar com toda a superfície munido de seu batalhão imperial. A dimensão de filme de origem recebeu o trato adequado ao mesmo tempo que a grandiosidade visualmente incrível cumpriu seu papel nos períodos definidos, não apelando para exageros que fujam à proposta do viés introdutório que cerca todo o contexto do filme. Ao lado de Mulher-Maravilha, consagra-se como uma ponta de esperança para boas guinadas do UEDC. Que o estúdio continue bebendo dessa água (não resisti! hahah).
PS1: O Arraia Negra é o vilão secundário mais secundário de todos que já vi (e depende de duas alianças para executar sua vingança). Sorte que é lembrado para a cena pós-créditos que apresenta o Dr. Shin (o cara obcecado por descobrir tudo a respeito da Atlântida e não vai medir esforços pra atormentar Aquaman querendo respostas - assim aguardo).
PS2: OK, exagerei na afirmação acima sobre o Arraia Negra. Achei a performance dele excelente (o ator soube encarnar uma fúria bastante crível) e há muitos outros vilões com um nível de secundário bem mais abaixo (Rhino do segundo Homem-Aranha do Andrew Garfield, por exemplo, que somente apareceu a caráter nos minutos finais do filme).
PS3: Os visuais dos soldados atlantes ficaram "Max Steel" demais pro meu gosto. De resto, os figurinos estão impecáveis.
PS4: O Aquaman pra ser badass não precisa ser impiedoso, mas não teríamos o Arraia Negra (ou será que era inevitável?).
PS5: Curti a ideia do último frame mostrar o personagem estático (quase em câmera lenta) num realce, transmitindo o conceito de que ele é o dono da porra toda (Rei, aliás). O mesmo aconteceu com Mulher-Maravilha (uma nova tendência?).
PS6: Sabe o que faltou? Uma segunda cena pós-créditos homenageando esse momento icônico:
Veria de novo? Com certeza.
*As imagens acima são propriedades de seus respectivos autores e foram usadas para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.
*Imagem retirada de: https://br.ign.com/aquaman-1/70159/feature/aquaman-o-heroi-piada-que-vale-us-1-bilhao
http://animaplaygamers.blogspot.com/2012/06/acquaman-o-melhor-heroi-de-todos.html
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