Crítica - Frankenstein: Entre Anjos e Demônios


A inconvincente versão moderna do clássico monstro da ficção científica literária.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS. 

Se você tiver consumido ao menos os dois primeiros longas da franquia Anjos da Noite, muito provavelmente poderá ter uma espécie de "deja vú" durante as cenas de ação que instantaneamente lembram o modo frenético com o qual as sequências sanguinolentas prosseguiam nas aventuras da vampira Selene (mesmo na pura artificialidade técnica do CGI, tinham êxito em prender a atenção). Neste não há lobisomens, tampouco vampiros, aliás já está bem expresso no seu subtítulo (mania besta de tradutores brasileiros pra enfiar isso, nesse caso deixou a coisa meio didática, e quando não é subtítulo desnecessário inventam de botar uma tradução nada a ver com o original x_x), porém os "anjos" retratados não tem aparência angelical que se espera de um ser paladino, virtuoso e ilibado. Não sei o que deu nos roteiristas para achar que mostra-los como gárgulas vivas a serviço do arcanjo Miguel era uma excelente ideia (qual a primeira imagem que vem à sua cabeça quando o assunto são anjos?). O clã rival composto pelos demônios, por outro lado, teve uma representação decente, soando bem mais padronizada, cortesia do ótimo trabalho de maquiagem e figurino (sobretudo ao vilão Naberius, numa caracterização relativamente parecida com os monstros que a Buffy enfrentava na sua aclamada série).

Mas ao se olhar para o roteiro, aí que bate a tristeza. O prólogo (contando a vida pregressa de Adam, identidade assumida pelo monstro, com destaque ao evento-chave da morte da esposa de Victor Frankestein, uma vingança por ter sido jogado num rio, que o motiva a caçar sua criação que posteriormente passou a ser perseguida por demônios) parece o tipo de flashback que surge de imediato no meio de uma cena, geralmente mantendo a fala do personagem como narração dos fatos, e não mostra mais do que uma parte enxuta da história, ou seja, não fornecendo nada além do essencial para a compreensão da trama. Contudo, o problema aqui é o ritmo afobado que se estendeu ao longo do filme, dificultando qualquer absorção aprofundada do conteúdo, o enredo não dá parada pra um descanso e em seguida correr novamente - se já não bastasse isso, tem a duração inconveniente de pouco mais de 1h30, talvez o catalisador pra esse roteiro corrido, mas antes o filme passar voando do que ver realizado o desejo de uma extensão do tempo e consequentemente prolongando a sua tortura já que a direção de Stuart Beattie é cafeinada ao extremo, prejudicando o desenvolvimento de todos os personagens, inclusive do protagonista. Gideon e Keziah foram descartados precocemente, ambos interessantes.

A cria de Frankenstein passou 200 anos escondendo-se de demônios implacáveis. Ficaram fazendo o quê nesse meio tempo? Hibernando? Que sorte a do Adam hein. E uma questão importante: Não tinha outro ator mais robusto pra interpretar a criatura? Alguém do porte do Vin Diesel, por exemplo. Sem ofensa, mas o Aaron Eckhart é um tanto franzino pro papel, mas na performance dramática vemos que o cara se esforça para entregar algo que mascare um pouco a qualidade duvidosa do produto. Bem, não foi lá o suficiente. O objetivo do demônios é reviver os mortos para criar um exército, mas eles não caçaram Adam para captura-lo e sim mirando num livro que ele carregava consigo e repleto de anotações cruciais para o funcionamento do plano. Ué, os demônios já não tem força o bastante para arrasar com o mundo? Então pra quê investir tempo (perder, na verdade) nessa empreitada? Por que um bando de demônios feiosos se interessariam pelo processo que a criatura de Frankenstein foi submetida, logo uma criatura que qualquer outra sobrenatural cagaria para a existência? A ideia do Dr. Frankenstein é geniosa, mas não vejo lógica no que ela acrescentaria para chamar atenção de seres sobrenaturais poderosos, a premissa envolvendo a criatura em si rende algo muito contido no seu universo próprio. Por isso faze-lo cruzar caminhos com seres mais fantásticos não aponta para um passo seguro em direção ao sucesso garantido, as chances de erro são muito mais evidentes. Além disso, avançar o tempo para expor o personagem já adequado aos tempos modernos foi uma bola na trave. Ciência e sobrenaturalidade se interligam no clímax pra nada.

Para todo herói nunca deve faltar um interesse romântico, nesse caso na figura da cientista Terra Wessex (nome lindo né?) que engata uma relação com ares de um caso amoroso tão promissor quanto um terraplanista navegar até a borda do planeta (ou disco =P) para provar sua tese. A pós-produção parece ter corrido também, sem gerar um bom acabamento.

Considerações finais:

O pior deslize de Frankenstein: Entre Anjos e Demônios foi simplesmente a tentativa em primeiro plano de desenvolver o entrelace forçado de modernidade e seres sobrenaturais interagindo num mesmo ambiente, promovendo uma insossa mistura que torna mais constante verificar quantos minutos faltam pra acabar. É de fazer Mary Shelley se revirar no túmulo.

PS1: Facinha demais a derrota do Naberius, não?

PS2: Uns confrontos são legais (a despeito dos efeitos), mas se for pra comparar com Anjos da Noite nem chega perto.

PS3: Frases inspiradinhas de efeito no final não salvam do resultado sacal.

NOTA: 4,0 - RUIM 

Veria de novo? Não. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://hojeeumbomdia.com.br/frankenstein-entre-anjos-e-demonios-lidera-bilheterias/

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