Crítica - O Vidente


É assim mesmo porque sim.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

Cartazes e pôsteres de filmes são potenciais de enganarem fatalmente. Isso acontece comigo em 90% das minhas escolhas, seja para surpresas agradáveis e para as mais intragáveis. Eu poderia enquadrar esse longa num meio-termo, pois a falsa ideia não vem apenas da capa de DVD sem antes olhar para a sinopse, mas também internamente - para ser mais preciso, lá no finalzinho -, só que ao mesmo tempo o roteiro tem sua boa parte de segurança no eventos que está ajudando a transcorrer e isso evita cansar o espectador. No meu caso, soube da existência disso através de um encarte das Lojas Americanas, e acabei meio que pré-julgando o filme, na época, pela imagem do DVD, concluindo erroneamente tratar-se de uma história com escopo no misticismo e na paranormalidade - a julgar também pelo título da obra. Mais ou menos. Mais para menos do que para mais, aliás. Dando uma conferida na premissa geral, já se bate logo o martelo: Ah não, só um filminho genérico de ação com o Nicolas Cage. Partindo disso não há dúvida. Não tem nada de excepcional para admirar.

Cage interpreta Chris Johnson, um cara que é vidente porque sim, trabalhando como mágico e usufruindo espertamente do seu dom para se dar bem nas jogatinas do cassino em Las Vegas. É estabelecido que suas previsões não se limitam a 2 minutos e 45 segundos de um acontecimento real. Mas a personagem Liz Cooper (Jessica Biel, numa atuação mais insípida que gelo) chega para modificar essa suposta "regra pétrea", já que a entrada dela numa lanchonete ocorre um tempo à frente do que ele normalmente está restrito a ver. Então ele frequenta o local duas vezes por dia, às 8h09, tomando um martini na espera do seu futuro par romântico cujo envolvimento no conflito principal (cooperar com o FBI para impedir a detonação de uma bomba nuclear armada por terroristas) acarreta num impacto significativo para os resultados que dá o tom dessa corrida contra o tempo. Especificando: a presença de Liz é fator preponderante para tudo dar com os burros n'água. Não que Johnson não precisasse conhece-la, mas ela é um elemento que precisa ser mantido fora dos desdobramentos da missão. Algo descoberto bem ao final quando todos os eventos de pura ação e adrenalina do final do segundo ato e durante todo o terceiro são revelados como nada mais que uma visão de Johnson manifestada num sonho antes dele se encontrar com a agente do FBI Callie Ferris (Julianne Moore, beneficiada por um bom texto) para ser obrigado a trabalhar em conjunto no meio da sua estadia num hotel, no Arizona, junto à Liz que lhe deu uma carona (porque ele mostrou-se confiável só porque se deixou levou uns sopapos do ex-namorado problemático da moça porque era o único resultado possível de conquista-la - se ele prevê diversas possibilidades é um sinal de que seu dom evoluiu de uma hora pra outra?). Ou seja, jogaram fora todo esse desenvolvimento, que contou com a boa cena do desmoronamento da montanha na qual Ferris é salva por Johnson, para optar pela saída confortável de tornar tudo um sonho e justo nos 45 do segundo tempo. O pesadelo sempre acaba na pior parte e no momento que Johnson percebe um erro que cometeu a bomba explode no mar devastando a área (com efeitos bem capengas, por sinal). Tá pra nascer um roteiro tão auto-sabotador, francamente. E fica no maior mistério o desfecho verdadeiro da missão, com Johnson decidindo que Liz não mete o bedelho no caso. 

Eu sei que terroristas geralmente tem justificativas torpes para perpetrar suas ações, mas não custava inserir ali uma motivação aos criminosos. A vitimação de Liz, sequestrada, foi o que causou encadeamento trágico. Mas o filme poderia simplesmente ter encerrado com esse final ou acabado com os terroristas derrotados. Ou a previsão não tivesse que ser da forma que se apresentou, nem muito distante do início da caça à bomba e consequente enfrentamento contra os bandidos. Dá a mais pura sensação de perda de tempo e ainda por cima terminar o filme deixando em aberto. Tudo estava indo bem até que resolveram jogar a merda no ventilador. Johnson não necessariamente tinha de provar ser um vidente perfeito, era apenas uma questão de promover o melhor direcionamento possível ao roteiro ao invés da porcaria que decidiram. O que não quer dizer que salvaria a coisa toda. Fora essa triste decepção, o modo como são executadas as previsões empolga enquanto tapeia o espectador para que se adivinhem as próximas "cenas falsas", com destaque para o heroísmo não compreendido de Johnson no cassino no impedimento ao assalto à mão armada e a subsequente perseguição da polícia de Las Vegas, além da escapada dele de Ferris na sua casa. Cage é um personagem endireitado num roteiro inconsequente. 

Considerações finais:

Firmar os pés no chão definitivamente não funcionou em O Vidente que muito provavelmente se sairia melhor caso apostasse num plot menos realista, porém que fosse mais elaborado. Mau condicionamento proporcionou tal cenário. 

PS1: Indicado a dois Framboesas de Ouro nas categorias Pior Ator (Nicolas Cage) e Pior Atriz Coadjuvante (Jessica Biel). Faltou a de Pior Roteiro, mesmo que não vencesse (não assisti nenhum dos outros concorrentes da premiação de 2008).  

PS2: A cena do Johnson esquivando-se das balas, por obviamente ter previsto a trajetória das mesmas, não requer suspensão de descrença e sim a eliminação total da mesma (é muita apelação!).

PS3: Na minha "locadora mental" os filmes do Nicolas Cage se encontram na prateleira de "Assista por sua conta e risco". 

PS4: O final quer nos forçar a acreditar que vai dar tudo certo sem a Liz no caminho. Eu me obrigo a duvidar. Com inúmeras possibilidades, causalidades e uma vidência maluca, difícil colocar fé. 

NOTA: 5,0 - RUIM 

Veria de novo? Não. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

Comentários

As 10 +

10 episódios assustadores de Bob Esponja

10 melhores frases de Optimus Prime (Bayformers)

10 melhores frases de Hunter X Hunter

15 desenhos que foram esquecidos

Mais 15 desenhos que foram esquecidos

10 melhores frases de As Terríveis Aventuras de Billy e Mandy

Baú Nostálgico #13: Dick Vigarista & Muttley (Esquadrilha Abutre)

Crítica - Circus Kane: O Circo dos Horrores

5 personagens odiados de Dragon Ball

Os 6 melhores mentores de Power Rangers