Crítica - A Moça da Limpeza


Limpa de tudo, menos as marcas do passado.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

Eu já devo ter me perdido nas contas do número de filmes vistos que não engatam um desenvolvimento sólido e progressivo em seus dois primeiros atos, relegando o que poderia surtir bom aproveitamento ao longo de grande parte do enredo para o terceiro ato (caso parecido com A Noiva). Nesta trama pautada no sentimento de inveja pelas diferenças estéticas da mocinha e da vilã, a história transcorre com ares de novelão mexicano e totalmente despreocupada pra levantar a poeira e dar uma sacudida nas coisas, porém as engrenagens apenas ganham movimentos mais ativos quando o tédio está prestes a marcar 7x1 contra a atenção. Alice (Alexis Kendra) é um profissional do ramo da estética que desfruta de uma boa vida, pelo menos até o seu papel como amante de um homem casado se agravar e uma estranha mulher que trabalha na limpeza do prédio estabelecer uma amizade com ela. Desde que me entendo por gente, sei que toda amizade necessita de alguns limites, sobretudo no início onde muitas intimidades partilhadas aumentam o risco da relação estar fadada ao fracasso.

Shelly é a personagem titular, gentilmente acolhida por Alice como uma companhia agradável, não se importando com as cicatrizes faciais da servente, embora finja não estar curiosa no que há por trás delas. O embate das duas parece nunca chegar e na hora H vem de tão súbito que pega desprevenido, pois isso quebra com o clima de marasmo que predomina em longa duração e a calmaria acentuada num filme que deveria exalar tensão acaba causando uma espécie de "relaxamento" para não preparar o espectador ante a uma ação repentina de Shelly, a psicopata que desencadeou uma obsessão por beleza ao ser vítima dos abusos da mãe desequilibrada que a usava para faturar uma grana chamando homens para "brincar de casinha" com ela (você entendeu, né?). Com o avanço da amizade, Shelly vai mostrando sua desfaçatez, seja bisbilhotando Alice transando com Michael (o traidor que está sob suspeita da esposa) ou fazendo-a inalar clorofórmio (?) para fabricar uma máscara facial que possa usar como consolo para sua feiura epidérmica que agiu como fator determinante para a sua feiura de espírito, além de roubar um colar que a própria Alice sequer percebe que sumiu (porque a mocinha precisa ser uma lesada para não desconfiar um tiquinho da moça da limpeza com a qual nem deveria criar laços amistosos por não haver necessidade de ir fundo demais num contato com uma empregada que não faz mais que a sua obrigação e ainda por cima age feito um "robô" - como na cena em que ela insiste fazer um chá para Alice sentir-se melhor). A inserção da esposa de Michael no conflito final foi apenas um pretexto para dar um adicional à ações violentas de Shelly e no quesito violência o longa não desaponta em se tratando da crueldade da assassina desfigurada que demonstra muita obstinação.

Uma hora de filme é passada e não temos quase nada que possa abstrair de modo que o enredo possa ser encarado como um suspense psicológico, uma vertente enquadrável para esse tipo de premissa, resolvendo se concentrar em dramas que não funcionam de sustentáculos para prender o interesse (primeiramente estimulado por um cartaz que afinal de contas provou-se cretinamente enganoso apresentando uma mulher, vestida à caráter de acordo com o título, com a máscara facial e colocando luvas vermelhas sujas de sangue), especialmente no problema amoroso de Alice e seu caso com Michael (Stelio Savante) pondo um par de chifres numa preocupada Helen (Elizabeth Sandyo) que segue o carro do marido até a casa da amante num oportuno momento para Shelly fazer novas vítimas. O cômico da coisa toda é Shelly obrigar Alice (presa com fita adesiva) a esfaquear Michael como se estivesse ajudando-a a tirar um peso das costas, muito embora a cena em si consiga atingir um patamar aceitável de agonia e aflição, sendo este nada mais que unicamente o ponto alto que o longa pôde alcançar no gênero que acreditou se propor, mas que na realidade não soube executar e guardou para o ato final.

Considerações finais

A Moça da Limpeza não é nenhuma excepcionalidade nessa toada de horror psicopata, a começar pelo fraco desenvolvimento do tão exigido suspense para que a experiência valha o tempo dedicado mesmo que ele não seja alongado. Parece que o roteirista foi substituído de última hora para evitar uma tragédia cinematográfica maior e incrementar os verdadeiros detalhes macabros e sanguinolentos enquanto ainda restava de filme para construir.

PS1: Aliás, o filme já começa bem grotesco com os ratinhos triturados no liquidificador (a papinha que Shelly dá para sua mãe), só que descamba para o dramalhão de clima novelesco depois para nos 45 do segundo tempo retomar com o sombrio.

PS2: Alice terminando como a "boneca" da Shelly me pareceu um desfecho meio inconcluso. Uma outra coisa para enaltecer o clímax é que a partir dele semeiam-se dúvidas de para onde e até onde as coisas caminharão.

NOTA: 6,0 - REGULAR

Veria de novo? Provavelmente não. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.

*Imagem retirada de: https://www.ihorror.com/the-cleaning-lady-entertaining-delivers-quite-a-disturbing-punch/

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