Crítica - Scooby-Doo 2: Monstros à Solta
Agora sim captaram o espírito da coisa.
AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.
O fraco desempenho financeiro e frente à crítica especializada do primeiro filme não foi grande impeditivo para a realização de uma sequência que pela constatação de seu resultado,devo confessar, acabou sendo bem-vinda. Este segundo episódio, que também não rendeu números expressivamente satisfatórios para a Warner Bros. levando ao cancelamento de um sonhado terceiro filme (mais uma franquia salva da maldição?), se desenha como uma simpática homenagem à série clássica, ao menos no que concerne a forma que os vilões mais marcantes estão inseridos na trama (como os inesquecíveis Mineiros de 49, Capitão Cutler e Monstro de Piche). A Mistério S/A está mais famosa do que nunca, até parecem estrelas de cinema com fãs e tudo mais (aqueles cosplays da Velma heheh), mas todo o glamour e popularidade se findam justo num dia dedicado a reconhecimento dos esforços da turma. Um vilão misterioso, bem como um pterodáctilo fantasmagórico, invade a festa que celebra a inauguração do museu contendo os disfarces dos monstros anteriormente desmascarados.
Por conta do vexame, a galera tenta reconstruir sua aparência perante ao público e à imprensa no engajo para capturar o ladrão de fantasias e desvendar o mistério, claro, por trás do mesmo. Uma das coisas que curti de fato foi o destaque aumentado para Salsicha e Scooby. Aliás, existe um arco para eles que se sentiram mais afetados com a humilhação, basicamente tomaram as dores de Fred, Velma e Daphne (não menos frustrados) para se lançarem na iniciativa de quererem ser levados a sério como detetives e apagar a imagem de atrapalhados e bobalhões. Pensando bem, Salsicha não tem uma função propriamente definida, exceto por vezes no papel de isca pro monstro, ao contrário de Scooby que é a atração principal do show (e ele pode ajudar farejando à procura de pistas). Os dois saem à caça do responsável por arruinar a noite de gala no museu através de uma pista que esconderam dos amigos achando que ia se dar bem na crença idiota que são capazes de fazerem os trabalhos dos outros três (a inteligente, o estrategista e a boa de briga/ex-donzela em perigo - Sarah incorporou a Buffy na luta de Daphne contra o Cavaleiro Negro, só enxerguei a caça-vampiros naquela cena).
Os efeitos não tiveram uma melhora muito significativa em relação ao primeiro longa e nos destaques são dignos de menção o Monstro de Piche e o Fantasma de 10.000 volts (chamado de Faísca por Daphne, não sei se no original também é dito esse apelido ao tresloucado monstro elétrico). A comédia em cima de Scooby adquire um tom elevado, o dog alemão sagra-se como o herói do dia para salvar a turma, no seu lampejo de esperteza, numa cena divertida combatendo o Monstro de Piche e ainda revertendo os vilões às suas respectivas fantasias apertando o botão certo do painel de controle (mais um artefato de suma importância jogado unicamente para resolver a bagaça) após um estalo genial da astúcia de Velma que descobriu como derrota-los. Todo o mistério, na sua condução, evoca o que havia faltado na primeira aventura: a suspeita quanto ao real criminoso - embora o enredo não disponha tantos personagens para reforçar a diversão que o desenho transmitia nisso. No campo das atuações, o nível é mantido, o que, todavia, é ponto a desfavor apenas no Salsicha. Em determinados momentos tenta imitar algumas características do desenho, mas nada de toonforce exagerado (aí fica tosco).
O mistério, de uma maneira geral, teve uma delineação criativa bem a cara da obra original, deixando a aproximação do live-action com o desenho íntima o bastante pra que o fator homenagem se evidencie. Acertaram em cheio sobretudo no momento da revelação que mostrou as coisas bem amarradinhas dando uma genuína sensação de mistério solucionado. A dancinha no final é brega e dá um tiquinho de vergonha alheia (nunca imaginaria a Velma soltando a franga na pista =P), porém não mancha o que foi desenvolvido ao longo do bem gasto tempo de 1h30 pra assistir a um live de cartoon.
Considerações finais:
Scooby-Doo 2: Monstros à Solta pode não ser a representação mais fidedigna e totalmente competente para Scooby e seus amigos na tela do cinema, mas é inegável que perto do primeiro filme fez diferença para que o espírito da série animada fosse incorporado. Aquela segunda tentativa que dá certo. E quando isso acontece, qual a necessidade de uma terceira né?
PS1: Se os idealizadores não pensassem só no faturamento, o questionamento acima seria válido (pelo menos pra mim é).
PS2: Tem uma coisa que não me desce de modo algum: Scooby ficar disfarçado e todo mundo achar que ele é uma pessoa tendo ali claramente as fuças de um cachorro. Por essas e outras que live-action de desenho é terreno arriscado.
PS3: No primeiro filme Salsicha conquistou sua crush, nesse segundo foi a vez de Velma apaixonar-se à primeira vista (eu seriamente desconfiava do Patrick - o desenho propositalmente estimula você a suspeitar errado e aqui ocorreu o mesmo - mas da repórter também, ainda que não tanto quanto o par ideal do cérebro da Mistério S/A ) e engraçado que no mais tardar, na série animada de 2010, eles tem um lance amoroso que se não falha a memória foi rapidamente explorado.
PS4: O Patrick esperou quantas horas até que a Velma estivesse toda produzida (com a roupinha colada que faz rangidos parecidos com peidos) pra vê-lo (leia-se: seduzi-lo com olhar 43)?
PS5: Os esqueletinhos são cômicos, mas nada assustadores, dá pra brincar de ping-pong com as cabeças (ou olhos...???).
NOTA: 8,5 - BOM
Veria de novo? Sim.
*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.
*Imagem retirada de: http://scoobynetworkcenter.blogspot.com/2017/08/post-especial-scooby-doo-2-monstros.html
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