Crítica - Supernatural (15ª Temporada)

O fim da estrada. 

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS. 

Convenhamos que já não era sem tempo, né? Antes de mais nada, gostaria que relevassem caso percebam uma quedinha de qualidade textual devido ao tempo que passei sem escrever nem publicar reviews, além do fato de novamente eu ter enfrentado uma abstinência de internet (aquele velho problema que já me estafei de falar a respeito aqui e aqui) - os gasparzinhos que continuaram acompanhando entre o final de 2020 e o início de 2021 estão sabendo disso agora, pois é, eu resolvi não postar nenhum texto me lamuriando por outra vez meu PC ter ido pro conserto (e precisar de um transplante de placa-mãe). Agora sim, aqui estou eu, resenhando o último ano desta série com méritos e deméritos ao longo de 327 episódios indo ao ar por durante uma década e meia. Superestimada por muitos (não me incluo nessa, apenas gosto sabendo balancear o que é bom e o que é ruim) e detestada por alguns, Supernatural carregou pelo seu longevo tempo de exibição a missão de manter-se relevante no cenário televisivo e a legião de adoradores que conquistou (gerando convenções em diversos lugares em prol da interação com os fãs) fala por si só. Mas uma hora ou outra, quer os espectadores aceitassem ou não, o desfecho, o término, o ponto final definitivo e intransponível da história de lágrimas, sangue, risos, mortes e renascimento dos irmãos Winchester teria de ser estabelecido. Tivemos vários encerramentos, alguns dos quais podia-se até mesmo apontar com seguridade que a série deveria terminar ali mesmo (em especial, o último episódio da 5ª temporada, a qual muitos, até hoje, tomam como o fechamento total, desconsiderando o que veio a seguir), mas em virtude da proporção que o sucesso nada desperdiçável alcançava, as coisas seguiram o curso independentemente da debandada de Erik Kripke (que abandonou o comando da série no timing certo, ele havia finalizado até onde planejou se comprometer).

Exigir que o show se prolongasse para além de 20 ou 30 temporadas, tal como Os Simpsons, seria um tremendo absurdo, afinal os caras não assinaram um contrato "vitalício" para interpretarem os mesmos personagens dentro de uma história que por mais variedade que encontre na sua lore não tinha obrigação nenhuma de sofrer uma extensão que fizesse a série ser renovada para mais duas ou três temporadas a cada ano e finalmente, mesmo que num momento tardio, a produção soube não ouvir os fãs que ansiavam pela execução de uma péssima ideia apenas por uma superestimação completamente cega. Sim, Supernatural entregou bons materiais (dentro do orçamento que se permitia), ela possui alma, possui identidade, porém não é a melhor série de realismo fantástico e sombrio da história da televisão americana e, por outro lado, muito menos uma trasheira tosca com péssimos efeitos especiais e feita pra ser assistida com o cérebro "desligado". A estrada que Supernatural percorreu foi repleta de buracos, muitas derrapagens, capotagens, mas por um bom tempo seguiu firme na direção, lentamente ou acelerando a mil por hora. Quando não sabia mais para onde estava indo (leia-se 14ª temporada), ainda assim a série dava pistas de que existia um horizonte para alcançar. O problema foi que o cansaço havia chegado, esse carro já não ostentava mais tanto o vigor de outrora. Longe de querer dizer que ela chegou ao limite cedo demais, pois nisto eu estaria concordando em gênero, número e grau com a turminha do "devia ter mais temporadas ao infinito e além". Acho que essa introdução não é o espaço mais apropriado pra se fazer um balanço geral da série, então vou partir logo aos prós e contras (do mesmo jeito que vinha fazendo desde o décimo-primeiro ano) desta temporada que excepcionalmente sofreu um atraso na produção faltando pouco para a conclusão com o advento da pandemia do coronavírus (o grande vilão dos bastidores). 

Confira abaixo os principais pontos positivos e negativos da 15ª e última temporada de Supernatural:

15ª TEMPORADA (2019 - 2020)

WINCHESTERS VS. DEUS

                                                                                       😃 PRÓS 😃

A trinca do caos: Me refiro aos três primeiros episódios trazendo o conflito que adveio do ultimato de Chuck após a revelação de que não apenas o livre arbítrio é uma mentira como também de que ele estava cagando e andando para o que acontece com o mundo e só queria ver o circo pegar fogo entre os irmãos julgando isto como seu final perfeito. Almas do Inferno saem a torto e a direito para espalharem o terror pelo mundo (ou pelos Estados Unidos =P), sem contar a horda de zumbis que Dean, Sam e Castiel tiveram de encarar. É aqui que se iniciam toda uma sucessão de planos e estratégias para conter os efeitos colaterais da ira de Chuck. Dos retornos ocorridos, o de Rowena saldou-se melhor. A bruxa aliou-se novamente aos Winchesters, mas para fazer sua "despedida". Ela já havia sido avisada de que Sam seria o único a mata-la e tal destino concretizou-se em sacrifício necessário e nobre para desencadear o feitiço que seria o último recurso para colocar as almas no seu devido lugar. E assim foi o desfecho da bruxa escocesa: virando um aspirador humano de espíritos malignos até cair no abismo. Mesmo com a personagem retornando no episódio 15x08 ("Our Father, Who Aren't in Heaven") como a Rainha do Inferno, posto anteriormente ocupado pelo seu filho, Crowley (vulgo Fergus Macleod) - que não lembro de ter sido mencionado uma vezinha sequer nessa temporada -, não macula com o brilho e impacto da sua atitude corajosa em abrir mão de si mesma para solucionar aquela situação caótica, o que fez de "The Rupture" (15x03) o melhor episódio dos três nessa atmosfera de frenesi e desespero que permeou por menos do que deveria nesse início do fim. 

A volta de Adam/Miguel: Depois de tantas vezes nas quais ele poderia prestar alguma utilidade, nesta daqui não tinha desculpa pra não resgata-lo. O arcanjo Miguel juntamente com o meio-irmão esquecido de Sam e Dean foram a ponta solta que faltava pra resolverem há muitas temporadas. Considerei esse retorno um ponto positivo por simplesmente ser o que foi, mas foi agradável observar essa passagem breve do arcanjo em dois períodos da temporada: Quando foi descoberto solto da jaula pelos irmãos, tendo sido bombardeado com memórias de Castiel sobre a verdadeira natureza de Chuck, em seguida ajudando os irmãos (após ser babaquinha e recusar) ao abrir o portal para o Purgatório onde se localizava uma flor como ingrediente para um feitiço para aprisionar Chuck e no episódio final da temporada (já sem Adam como seu "co-piloto" devido ao sumiço geral), ele tenta se reconciliar quando havia demonstrado que se desiludiu com o real caráter do pai a partir das lembranças que Castiel o fez ver, logo foi só ficar cara à cara com o chefão pro arcanjo dizer que foi um "erro de julgamento" se aliar aos Winchersters. Sua morte teve um aspecto dramático. Foi merecida? Até foi, pois os irmãos já antecipavam que ele se revelaria um traidor pela ânsia de querer ser o favorito de Deus. Mas nesse pouco de função narrativa dado à Miguel, só como uma participação especial do que algo mais recorrente, acabou se saindo satisfatoriamente bem nessa passagem. Numa antiga postagem, comentei sobre a razão pela qual não o retraziam, clique aqui para lê-la. 

Last Holiday (15x14): Aproximadamente aos 15 ou 20 minutos, estava achando um episódio chatíssimo. Mas no desenrolar dos acontecimentos envolvendo a dríade acidentalmente libertada no bunker e que torna-se uma espécie de mãezona (e empregada) pros irmãos, fui reconsiderando uma chance de acabar gostando no fim das contas. Não que fosse uma surpresa a Sra. Butters, uma antiga servidora dos Homens de Letras, mostrar-se uma ameaça (até porque o episódio se passou inteiramente no bunker, portanto já sinalizava, desde os primeiros minutos, que a treta transcorreria lá e com a coroa sendo a criatura ameaçadora do dia. Logo que Jack encontrou a fita incriminadora e assistiu, minha atenção se prendeu um pouco mais. O motivo da Sra. Butters surtar ao ponto de querer prender os irmãos é os mesmos conviverem com o filho do capiroto. Que mãe super-protetora, né? Trancar os filhos por discordarem da opinião dela e ainda por cima arrancar as unhas como castigo físico. Bom que a convenceram do contrário e ela voltou para sua floresta (e sanou a dúvida -, tá, nem tanto - quanto ao telescópio... digo, geoscópio). A cereja do bolo foi literalmente o bolo de aniversário que Dean preparou para Jack comemorar, uma atitude que eu nunca esperaria dele por mais que ainda sentisse uma mágoa pela morte de Mary. 

Drag Me Away (From You) (15x16): À medida que as primeiras cinco (ou três) temporadas fossem ganhando status de clássicas e nostálgicas, era mandatório que após muitos anos com episódios de qualidade duvidosa (porque é impossível manter o mesmo condão por 15 anos a fio) deveria haver ao menos um único episódio que remetesse à atmosfera de outrora, mesmo que nos mais mínimos detalhes. Assim foi esse bem-sucedido episódio que intercalou o passado e o presente dos irmãos em relação a um caso aparentemente solucionado em 1993 quando Sam e Dean se hospedam num motel em Ohio (enquanto John saía para uma caçada), mas que volta à tona nos dias atuais. Gosto quando a série faz um retorno a eventos do passado até então desconhecidos, já perdi a conta das vezes que vimos diferentes atores mirins interpretando os irmãos. Como destaque, temos o jovem Dean incrivelmente reproduzindo trejeitos que se associam ao Dean adulto. Contrastando disso, o jovem Sam não imprimiu uma grande atuação (aquele garoto do episódio da kitsune lá na 7ª temporada foi deveras melhor), mas nada que prejudicasse o bom andamento do episódio com a sua tenebrosa Baba Yaga. 

Morte de Castiel: Neste tópico não devo me prolongar, pra quem leu minhas reviews anteriores talvez saiba minha posição sobre a permanência de Castiel na série que se deu tão insistente após mortes, mancadas e alguns acertos. Ele que foi o personagem mais azarado de toda a série (como bem provei nesta listinha aqui), de fato merecia um final digno. Obviamente que um sacrifício já estava no aguardo. No episódio "Despair" (15x18), Billie persegue Dean e Castiel com sangue nos olhos por ter sido ferida com sua foice após desnudar sua ambição de poder (um plano que consistia em transformar Jack num homem-bomba cósmico para destruir Chuck e Amara e a Morte em pessoa enfim assumir o comando da bagaça - outra traíra desmascarada). Vendo que a única coisa capaz de para-la é o Vazio, Castiel, que esconde-se com Dean num local seguro do bunker, aproveita para falar de seu acordo com a entidade (que só pensa em dormir). O anjo declara sua amizade por Dean de forma sincera antes de ser tragado junto com Billie pela gosma preta (que parece o Venom =P). Eis um desfecho emocionalmente aceitável para Castiel, esse anjo que provou ser um amigo leal para aquele cuja vida salvou do Inferno.

Morte de Dean: Um ponto polêmico do último episódio. Você aí que está lendo e não curtiu nada a maneira como se deu essa morte, deve estar se perguntando o porque desse acontecimento (nada inesperado, por sinal, já que sabíamos desde sei lá quantas temporadas que as coisas terminariam com um dos dois irmãos mortos) estar sendo comentado aqui dentre os prós e não nos contras. E daí que Dean morreu empalado nas costas por uma estaca de ferro (ou prego, sei lá) ao fim de uma luta contra vampiros? Teve gente que reclamou, criticou ferrenhamente esse desfecho por soar muito tosco (comentários do tipo "que absurdo o Dean morrer por um simples prego quando comeu o pão que o diabo amassou no Inferno, enfrentou monstros e uma porrada de perigos sobrenaturais!"). Viram o que estava na superfície e julgaram injustamente, isso é o que explica tamanha decepção. Eu afirmo que fiz essa consideração precipitada, mas depois refleti com profundidade e veio uma recordação. Dean uma vez (não lembro em qual qual episódio) comentou com Sam, dentro do Impala, que gostaria que ele morresse bem velho e de causas naturais, como um ataque cardíaco. Isso me fez pensar que os Winchesters, de uma forma ou de outra, acabariam morrendo por causas mundanas e o ocorrido à Dean é uma delas. A simplicidade que elucida uma fragilidade. Que simplicidade? A da circunstância. Que fragilidade? A da vida humana. 

                                                                                    💩 CONTRAS 💩

Segunda morte de Arthur Ketch: Também a volta do que não precisava regressar. Eu defendo a ideia de que Arthur Ketch acabou fazendo hora extra na série após a 12ª temporada onde ele deveria ter encontrado o seu fim inescapável. Na trinca da rebelião fantasmagórica (tendo figuras figuras famigeradas no mundo da psicopatia assassina como Jack, o Estripador, e o palhaço John Wayne Gacy), o Homem de Letra auxilia os irmãos para controlar o pandemônio (com a barreira criada pelo feitiço de Belphegor - demônio que possui o corpo de Jack após a morte do mesmo -, enfraquecendo-se e o tempo se esgotando), só que vai parar no hospital em seguida e lá recebe uma visita nada boa. Ketch virou pau-mandado de um demônio chamado Ardat para matar Belphegor, mas como o acordo não foi seguido à risca, a consequência final não seria outra senão uma morte bem feia (mais precisamente, coração arrancado - quase ao estilo dos vampiros de The Vampires Diaries =P). De que serviu esse retorno? N-A-D-A. "Ah, mas o Miguel também voltou só pra morrer!" O caso do arcanjo é largamente diferente ao de Ketch que voltou na 13ª temporada forjando aliança com os irmãos, ficou sumido na décima-quarta e por fim deu as caras de novo nesta última sem um papel muito significativo. 

Lúcifer: Sim, o tópico é nomeado apenas com o nome dele. Não sei vocês, mas de umas temporadas pra cá eu vinha enxergando um certo rebaixamento na figura desse capeta. Na quinta temporada a postura de Lúcifer transmitia imponência, intimidação, seriedade e malvadeza. Da décima-primeira em diante parece que quiseram, intencionalmente, transforma-lo num vilão de arteirices, palhaçadas e piadinhas (fazendo uma brincadeira: o Lúcifer da quinta temporada era mais "Batman" e o das temporadas recentes é mais "Coringa"), só faltando dizer "Raaaaaaaa, Pegadinha do Mallandro!". Tal característica não se amenizou nada nessa volta extremamente desnecessária. No episódio "Inherit the Earth" (15x19), ele volta fazendo uma ligação pros irmãos se passando por Castiel e ambos tem uma baita surpresa (desagradável tanto pra eles quanto pra mim, por sinal) ao abrirem a porta do bunker. Ambicionando reinar como seu pai (que o trouxe de volta para tomar dos Winchesters o livro que descreve a sua morte), ele toma posse do livro após matar a Morte que era uma ceifeira que ele matou (tô confuso @_@) para que assumisse o posto antes ocupado por Billie. Não por muito tempo, pois Miguel, recém-reencontrado pelos irmãos, o impediu prontamente, matando-o com a lâmina do arcanjo, portanto mais um personagem que retorna "do nada" para morrer rapidinho. Tudo isso pra que tivéssemos um momento Miguel vs. Lúcifer? Já era tarde pra impactar. 

Problema de percepção: No episódio "Despair" (15x18), os habitantes do mundo apocalíptico começam a desaparecer e posteriormente todas as pessoas da Terra, exceto Sam, Dean e Jack (e um cachorrinho que um Dean adota, mas por pouco tempo pois o bichinho some quando seu novo dono estava tão empolgado). Esse apagamento massivo foi uma sacada legal da trama e pertinente ao conflito, mas, no meio da confusão, teve um negocinho que me fez rir muito por dentro. Com a galera toda sumindo sem parar, Sam e Jack reúnem os amigos (Bobby, Charlie, Donna e o resto do pessoal do outro mundo) para se abrigarem num lugar protegido com sigilos. No entanto, todo esse esquema de defesa não bloqueia o apagamento de quase todo mundo. Acontece que o incrível foi NINGUÉM do time principal perceber o óbvio ululante. Se Chuck na imensurável plenitude de seus poderes é um ser divino e supremo, por qual razão ele não teria capacidade de dar sumiço em geral quando exatamente ele é a maior preocupação de todos naquele momento? Mas não, foram logo, com absoluta certeza, culpando a Billie, o que era equivocado de se pensar por mais que a ex-ceifeira tivesse revelado más intenções (como tentar levar Jack consigo em prol do seu plano) e por Dean tê-la ferido com sua foice (quase matando a Morte de novo, esse cara é o rei das façanhas!), coisa que a afetou severamente. Roteiro às vezes subtrai a inteligência dos personagens. 

Gimme Shelter (15x15): Pense num episódio desnecessariamente enrolador (e como se não bastasse um tanto quanto parado). Não fazia o menor sentido que na altura do campeonato fossem se atentar a casos estranhos para investigar (neste daqui foram assassinatos cujos suspeitos podem estar num centro comunitário gerenciado por um pastor). Eu sei que o episódio anterior e o seguinte foram também fillers, mas não acho que seria problemático ensanduichar uma trama ligada ao plot central com um casinho mais simples ou clichê para Jack e Castiel desopilarem um pouco. Como fizeram o oposto disso (mais caso episódico e menos história principal), o décimo-quinto episódio da temporada não passou de uma barriga. Valeu somente descobrir que Chuck e Amara foram irmãos siameses cuja separação deflagrou o Big Bang. 

Dean Winchester Jr.: Anos depois da morte de Dean, o Winchester mais novo seguiu em frente (o título do episódio final é essencialmente um conselho direcionado à ele), superando a morte do irmão e mostrando novamente que tem um emocional firme para lidar com perdas arrasadoras (não é para qualquer um acordar todas as manhãs sem sentir a presença de alguém que você amava e morreu, sobretudo um irmão que, além de irmão, teve de ser pai, mãe e amigo devido às mortes dos seus progenitores). É suposto que ele tenha tido esse filho, batizado de Dean, com Eileen. Mas falando de Dean, o filho, ele bem que merecia uma exploração um tantinho maior ao atingir a estatura que vimos na cena de Sam envelhecido, acamado e à beira da morte. Mostrar o legado tomando forma, o negócio da família passado à gerações, como uma reunião de um grupo caçador liderado por esse Dean que no instante da morte de seu pai não derramou uma lágrima, apenas aceitou. Parece que essa firmeza emocional e psicológica é hereditária, mas não precisavam exagerar nisso pra cena ficar tão leve. 

A forma do Vazio: Particularmente, a aparência que eu sugeriria para a entidade cósmica (que poderia muito bem ter se tornado um jogador adicional na disputa pelo controle total) seria a de Crowley ao invés da Meg que eu gostaria de ver retornando como ela mesma e interagindo com Castiel. OK, esse foi um contra de baixa reverberação se comparado aos demais. Só que agora vem um último e bem mais grave... 

Ritmo do enredo: Pra um temporada em que o Todo-Poderoso (que tocou o foda-se pras suas criações e resolve se desfazer de tudo) vira o inimigo nº 1 dos protagonistas, a trama pecou num determinado nível no que tange ao ritmo da narrativa. Na oitava temporada, por exemplo, tivemos a corrida frenética para lacrar as portas do Inferno para sempre com a caça pelas tábuas. Já nesta temporada derradeira, cuja ameaça é naturalmente colossal, pouco se viu de uma corrida contra o tempo desesperadora numa situação completamente desfavorável para o lado dos irmãos. Nada mais que o reflexo de uma disparidade qualitativa. Jeremy Carver entrou com tudo no comando da série (salvando-a das cagadas de Sera Gamble), mas esfriou a mão na 10ª temporada. Com Singer e Dabb, as coisas seguiram fluindo em oscilações mínimas, porém descambou para o marasmo na décima-quarta após uma décima-terceira tão proveitosa. O cansaço veio e ele está nítido no quase tudo. No início da temporada, tudo bem, a invasão dos fantasmas. A seguir, infelizmente, voltamos para a calmaria ruim com doses homeopáticas de urgência do conflito. Por fim, a situação volta a ficar emergente, mas nada daquele senso de perigo mortal foi incorporado aos desdobramentos finais. A inconstância rítmica se fez o ponto mais baixo da execução de propostas. 

Considerações finais: 

Para quem ingenuamente esperava uma temporada intensa, sombria, armagedônica e mais violenta, saiu no prejuízo de expectativa. O final feliz dos irmãos (ambos encontrando-se no Céu em uma réplica celestial da ponte do episódio piloto) pode não ter agradado a todos, mas pelo menos, a despeito das falhas de ritmo e inventividade, o roteiro cumpriu o que há tempos vinha se prometendo: um dos dois inevitavelmente tinha que seguir a vida sem o outro. E assim como eles, os fãs mais hardcore terão que aprender a seguir adiante sem a série que tanto adoravam, mas, ao contrário dos irmãos desfrutando do paraíso eterno, sem um reencontro (leia-se: revival).

PS1: A Billie se despiu da máscara e não estava nem um pouco preocupada se sua relação com Dean ou Sam ficaria estremecida tendo em vista seus objetivos movidos pela sede de poder. É meio risível os caras depositarem confiança justo na encarnação da Morte. Em contrapartida, foi bacana assistir a um lado mais sádico da Billie. 

PS2: De homem-bomba cósmico à esponja de energia. Algo bom? Não muito. Mas de qualquer forma era absurdamente previsível que ele fosse a arma final contra Chuck (quem mais no universo seria?) e que iriam enfiar mais toneladas de poder nele pra deixa-lo mais overpower do que já estava. Além disso, no que tange ao previsível, tem a puxada de tapete no Chuck ao absorver seu poder e torna-lo mortal, sendo assim virando o novo Big Boss. No geral, ele se despediu melhor do que havia voltado (comendo corações de anjos x_x). 

PS3: Dean felizão da vida que Jack como o novo Todo-Poderoso restaurou tudo como antes e ainda por cima pedindo para Jack voltar com ele e Sam ao bunker. Agora ele é família, né? Esse Dean... nada folgado, nada oportunista. 

PS4: Se a Lilith voltou noutra casca, por que não a Ruby na mesma casca da terceira temporada (Katie Cassidy)? Se dependesse de mim, eu daria um jeitinho pra ela voltar do Vazio e rastrear seu antigo receptáculo. Pois é, nunca curti muito a interpretação da esposa do Jared Padalecki (não que ela seja má atriaz, mas... vamos combinar, né? A loirinha sobressaía). 

PS5: Será que na passagem da vida para o pós-vida existe um ser que bombeia na alma uma espécie de creme anti-idade que faria a Avon, a Jequiti e a Boticário se contorcerem de inveja? Talvez o Sam saiba a resposta. 

PS6: Eu iria fazer apenas cinco PS para simbolizar o clássico chavão que a série devia ter sido concluída na 5ª temporada. Mas mudei de ideia, serão quinze. 

PS7: Dean dançando sapateado pelo efeito do gás do (pseudo)dentista Garth foi um dos bagulhos mais aleatórios que já vi numa série de TV. Típico humor de Supernatural. 

PS8: O episódio final teve um balanceamento efetivo de humor e drama. Legal ver os irmãos nas tarefas cotidianas normais no bunker. Na parte cômica não podia faltar uma última exibição do vício de Dean por tortas. 

PS9: Sem Jody e as irmãs rebeldes. Por mais sem sal que seja a xerife ou chatinha que seja a Claire, acho que a presença delas na hora do apagamento daria algum reforço dramático, sobretudo a Jody que acompanhou os irmãos em aventuras ocasionais e era uma amiga muito bem quista. Vivi pra dizer que a xerife Mills fez falta num episódio. 

PS10: Eu sei que o desfalque nos retornos se justifica pela pandemia, mas não custaria, no mínimo, uma participação de Mary Winchester (Samantha Smith), a mãe dos rapazes, a primeira vida ceifada na série. Além do mais, juntar vários momentos da série com os personagens não reaparecidos pouco satisfaz, mas entendo que foi o "é o que tem pra hoje" que eles puderam oferecer. 

PS11: Gostei que tiverem a bondade de tomar a iniciatva de um resgate pra Kaia no Lugar Ruim, seria bem injusto a manterem lá quando aquele mundo estava prestes a ser aniquilado. Mas peraí, só foram porque a Kaia do Lugar Ruim lembrou da promessa e os forçou a salvar a contraparte dela. 

PS12: Show da banda Kansas cantando "Carry On My Wayward Son" na Road House?! Essa era a grande diferença para com o final transmitido? Não tinha necessidade, tá bom do jeito que tá (se bem que não tocou a música no final do episódio 15x19).  

PS13: Perguntinha básica: A série deixará saudades em mim? Respondendo diretamente: Não. 

PS14: Por que não, Lucas? Você apreciou tanto a série ao ponto de escrever resenhas e listas! O que é que tu tem na cabeça? Cocô de Leviatã? Meu conhecimento da série data de quando o SBT começou a exibir a primeira temporada, mas nunca acompanhava regularmente em virtude do horário. Só em 2014 vendo passar na Warner Channel um episódio da 4ª temporada (e era o 4x18, "The Monster At The End Of This Book", justamente o episódio que introduz Chuck heheh) que parei pra assistir e brotou em mim o desejo de contemplar a série e o fator-chave foi minha preferência por histórias sobrenaturais na época ter aumentado, afinal, no referido ano, eu estava iniciando como escritor de contos de terror. A saudade não ficará tão marcada em mim pois eu gostaria de um final sem que a série esboçasse um cansaço.

PS15: Creio que nenhum outro site fez questão de homenagear o maior herói dessa temporada. Ele mesmo! 

O Chaves lobisomem, p*rra! 

NOTA: 6,0 - REGULAR

Veria de novo? Provavelmente sim/não. 

*As imagens acima são propriedades de seus respectivos autores e foram usadas para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.

*Imagens retiradas de: [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9]

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