Crítica - Tá Dando Onda 2


Radicalizando perigosamente.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

Se você foi uma pessoa que não chegou a saber da existência de uma continuação para Tá Dando Onda em 2017 por absolutamente nenhum meio de informação, sinta-se compreendido, pois eu também eu não. Deve ter feito um moderado sucesso porque pra mim passou bem batido. Mas não tô aqui pra questionar ou conjecturar sobre a popularidade do filme ou da Sony Pictures Animation, portanto bora logo de review. A época da sequência veio apropriada, visto que o primeiro longa fora lançado em 2007, logo é um presente de aniversário para quem curtiu de montão e ficou uma década inteira ansiosamente aguardando por novas aventuras do pinguim surfista mais cabeça dura de todos. Pois é, eu tô me coçando pra implicar com o Cody Maverick deste segundo filme. Esse presente é muito mais presentão, porém tem sua parte "presente de grego", aquela partezinha que você quer jogar fora se importando apenas em consumir o resto que conta.

Não entendeu muito bem? OK, explico: Maverick não aprendeu nadica de nada com as resoluções do filme anterior! É isso que me chateou durante alguns trechos. De que valeu ter jogado no lixo os ensinamentos que Cody poderia depreender da competição do Big Z Memorial pra justificar pano pra manga de um novo capítulo da sua jornada? A sensação que dá é exatamente esta. Involução do protagonista é uma das piores coisas que pode ocorrer numa sequência de um filme com enredo redondinho demais para expor fissuras narrativas sujeitas à aproveitamento sem saber, a princípio, no que vai afluir. E realmente não precisava. Nem o flashback de Maverick ainda criança, novamente idolatrando figuras influentes do esporte (uma repetição de premissa que não caiu nada bem), respeita o passado estabelecido do personagem, sendo que ele é habitante da região ártica e na cena em questão é mostrado numa ilha tropical vendo o grupo Hang 5 - um quinteto de surfistas tão radicais, mas tão radicais que eles não se contentam em surfar apenas na água e pra superarem seus limites recorrem aos extremos que a modalidade pode oferecer (como surfar em dunas de um deserto, por exemplo).


A maior questão que paira sobre a cabeça do espectador é: Aonde está Big Z? Fazem menções à ele, mas o grande ídolo de Maverick parece ter se escafedido da ilha Pen Gu (perdeu a moral com seus fãs e resolveu ir embora?). Teoricamente ele cortou relações com Maverick e Lani. De qual forma, isso nunca saberemos, embora fica o gosto amargo de terem descartado um personagem tão importante a longo prazo para ajudar Maverick a tornar-se um competidor melhor (menos egoísta, invejoso e ambicioso). Mas não, regrediram o caráter do pinguim, o que foi tremenda bola fora para engatilhar o conflito que, contudo, se desenha bem no primeiro ato. Mr McMahon, a lontra que adora beber leite de peixe (quê??), decide que quer se aposentar e lança essa notícia bombástica justo na visita à ilha Pen Gu, o que para a alegria de Maverick significa uma chance de impor respeito como surfista lendário caso possa obter a vaga para substituir. No entanto, Lani foi eleita sua favorita, o que por um lado até faz com que a relação deles ganhe mais destaque. Cada integrante do Hang 5 escolhe seus pupilos para uma viagem às Trincheiras, tenebroso local onde esperam realizar o (até o terço final) misterioso DDR (sigla para Desafio dos Raios, mais precisamente uma competição suicida no mar revolto em meio à uma tempestade).

A turma do The Hang 5 é dublada pelas famosidades da WWE (campeonato de luta livre) e J.C (as iniciais de John Cena que dubla o personagem) escolheu Maverick para dar seu suporte de profissional e se sai como um bom mentor, porém seu "aluno" não coopera dado que seus princípios para seguir na carreira estão deturpados (e a rivalidade com o trapaceiro Tank Evans, eleito de Hunter - um dos pesos-pesados do grupo ao lado de Undertaker - piora esse cenário, mas é uma ótima oportunidade para que ambos resolvam suas diferenças, o que felizmente é culminado no clímax com um salvamento por parte de Maverick) e ele só tá afim de ser lembrado pela fama que almeja e não pelo que ele verdadeiramente é. Não posso deixar de falar do engraçado Chicken Joe, invejado por Maverick devido à sua vitória no Big Z Memorial e a fama que conquistou graças à isso (patrocinadores, contratos e uma roupinha apertada que parece repleta de adesivos) e sua função de alívio cômico funciona numa via competente, inclusive na relação com o sombrio Undertaker, seu tutor, que o deixa tenso por aparentar querer assa-lo e come-lo e o frango parece não se dar conta disso (ou finge).

Da animação eu só tenho a elogiar, não achei inferior, afinal 10 anos rende um salto gigantesco de qualidade, o que é expressivo nos principais estúdios de animação 3D e a Sony não tá excluída. O formato de documentário é mantido, embora não seja muito presente no decorrer (mas pelo menos mostraram um apresentador cobrindo o evento da Hang 5 que incrivelmente seguiu os personagens pra todos os cantos que passaram e sobreviveu junto com o cameraman). A sede de vitória de Maverick acaba pondo em risco a vida de Chicken Joe no voo de asa delta que propôs (porque é radical e tudo mais), o que lhe custou a confiança dos demais, especialmente de Lani e naturalmente que ele cairia em si e voltasse para se redimir da sua conduta não-exemplar, tendo como maior prova disso ido salvar Tank Evans dos raios nas Trincheiras, gerando um final de pura camaradagem entre os dois e acho bom o aprendizado ter sido mais significativo pra ambos.

Considerações finais:

Tá Dando Onda 2 aparentemente pouco relaciona-se com seu predecessor e o principal aspecto que põe isso em discussão é a sanha do protagonista no desejo de vencer a qualquer custo. A despeito desses problemas sobre Cody Maverick, a aventura traz um frescor agradável e sabe mover bem as peças para conduzir um enredo divertido e seguro de suas ideias.

PS1: Eu ia fazer um trocadilho com surfar e ondas pra encerrar a crítica, mas desisti (sou horrível nisso, admito).

PS2: A lição 2 do primeiro filme tem um valor ainda mais relevante nesse.

PS3: Onde o Maverick tava com a cabeça pra peitar o Tank Evans que tem de asa o que ele tem de altura?

PS4: Tank Evans e sua prancha é tipo o Bambam com aquela "boneca"/vassoura (bem feiosa, por sinal).

PS5: Imaginei que a parada do templo antigo (descoberto por mero acaso pelo grupo) com tesouros e desenhos talhados nas paredes contando histórias de surfistas antigos que desafiaram a morte poderia levar as coisas pro campo do sobrenatural, apareceria um espírito e sei lá mais o quê. Bom ter ficado só na especulação.

PS6: Os mini-pinguins continuam fofinhos e adoráveis, mas não menos obstinados em correr perigo na água.

PS7: No pensamento de Mr. McMahon ele chupa a teta de um peixe, mas parece que tá chupando outra coisa... O_O

NOTA: 7,5 - BOM 

Veria de novo? Provavelmente sim. 

*As imagens acima são propriedades de seu respectivo autor e foram usadas para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagens retiradas de: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-245494/fotos/detalhe/?cmediafile=21376421
                                     http://www.adorocinema.com/filmes/filme-245494/fotos/detalhe/?cmediafile=21376418

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