Frank - O Caçador #59: "O Ataque das Larvas Malditas"


Drake e Jeremy eram dois amigos adolescentes que voltavam de um cinema a pé. Não planejaram uma ida que envolvesse condução, por mais longo que fosse o caminho, para não gastar o dinheiro que cobria os valores dos ingressos. Conversavam despreocupadamente, pelo menos até notarem a rota que seguiam. 

- Epa, só um minuto, Drake. - disse Jeremy, um rapaz de 17 anos de cabelos cacheados e vestindo um moletom azul - Tive a sensação de que ficamos andando muito além do tempo que deveríamos levar pra chegar. Já tá tarde, são onze e meia. 

- Pior que, agora que você falou, tô vendo que a gente tá indo por um caminho nada familiar... - disse Drake, também de 17 anos, que tinha cabelo preto bem curto e usava uma blusa branca de mangas longas, olhando a extensão do terreno por onde quase estavam pisando - Caramba, olha só aquilo! 

- Peraí, cara, o que você vai fazer? É só um terreno baldio, vambora. - disse Jeremy, desinteressado, apesar de segui-lo. 

Drake apontou para um túmulo que possuía como "lápide" dois pedaços de madeira formando uma cruz. 

- Mano isso aqui é tipo um daqueles cemitérios clandestinos. 

- Mas só tô vendo um túmulo aí. - retrucou Jeremy. 

- As outras covas devem estar bem escondidas com corpos tão bem enterrados pra ninguém perceber. 

- Quem iria colocar um túmulo nessa cova pra fazer parecer que não é um cemitério ilegal? 

- Sei lá, vai ver não tinha plano funerário. - especulou Drake - Será que é assombrado? Tá um clima diferente, não acha? 

- É por isso que eu quem devia ter escolhido o filme e o horário. - reclamou Jeremy, pegando seu celular para telefonar à um amigo - Vou pedir carona pro Malcolm, a gente tá perdidasso aqui. 

Enquanto Drake contemplava a imensidão do cemitério, Jeremy sentia uma presença praticamente à direita dele. Sua visão periférica captou um vulto enorme movendo para cima até que virou o rosto devagar com o medo estampado na cara, afastando o celular do ouvido esquerdo. Emergia da terra uma larva gigantesca de cor preto-azulado, um único grande olho preto e uma boca vertical larga com uma fileira de dentes pontiagudos nas laterais. Jeremy sequer teve tempo de gritar assim que a larva avançou devorando-o e retornando para o buraco. Drake virou-se, impaciente. 

- Jeremy, anda lo... - interrompeu-se ao ver que o amigo não se encontrava em parte alguma - Jeremy?

Olhou para o buraco fundo na terra e resolveu visualizar mais de perto, não reparando no celular de Jeremy largado. Fitou intrigado o escuro do buraco por uns segundos. Quando menos esperou, a larva viera rapidamente, pegando-o pela cabeça com sua bocarra e logo retornando ao seus aposentos subterrâneos para saborear os novos petiscos da superfície. 

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CAPÍTULO 59: O ATAQUE DAS LARVAS MALDITAS

Na manhã seguinte ao desaparecimento de Drake e Jeremy, policiais circulavam pelas proximidades no afã de encontrar nem que fosse um mínimo vestígio ou uma pista para consolar as famílias que passaram a noite anterior em claro. Frank chegara por lá cumprimentando alguns policiais. O detetive olhava o cemitério clandestino com máxima atenção. 

- Bem ali tem pelo menos mais uns dois buracos de profundidade como a desse. - disse Frank aproximando-se do buraco pelo qual os dois jovens entraram através das larvas e olhando o escuro interior - Alguém não cavaria tanto a ponto de fazer um círculo quase perfeito. Vejam isso aqui. 

- Já vimos e pra nós não há nada demais. - respondeu um policial de braços cruzados - Uma pessoa cavou, cavou, cavou... até chegar no fundo da terra, não é impossível. Confiamos na hipótese dos rapazes terem vindo exumar corpos, mas quem tornou esse terreno um cemitério é a prioridade de busca.

- Prioridade de busca? Quem andou enterrando corpos aqui merece ver o sol nascer quadrado, mas os garotos não podem ser acusados de violação, talvez tenham passado por aqui de curiosos... 

- É isso que veremos quando os acharmos ou se os acharmos.

- Se esconder dentro desses buracos é que eles não iriam. - falou Frank, novamente olhando para as crateras de tamanho médio no solo - Não foram cavados, claramente foram feitos de dentro pra fora. - agachou-se para mostrar aos policiais - Olhem bem essa borda de terra... Uma coisa veio de lá de baixo.

- Vamos apostar que foi uma toupeira gigante. - disse o policial desatando a rir com os colegas. 

- Podem rir à vontade, tá na cara que foi um animal grande... bem grande. 

- Detetive Montgrow. - disse um outro policial vindo até ele - Esse é o celular de uma das vítimas. Se quiser confisca-lo... 

- Ótimo, valeu amigo. - disse Frank pegando o aparelho - Peraí, vou ter que pedir pra alguém descobrir a senha de desbloqueio. Não tenho paciência pra isso. Minha assistente tá de folga. Dá pra levar pra alguém que manja do paranauê? 

- Tudo bem. Te entrego assim que tiver resolvido. - disse o policial levando o celular de volta. 

                                                                             ***

Base ultrassecreta da fundação E.S.P.

O falso Frank estava num laboratório preparando um dispositivo de alta tecnologia exclusiva da fundação. Tal aparelho se assemelhava a um capacete e possuía eletrodos a serem conectados à uma pessoa que os tivessem colados a seu corpo com a função de receptar sinais elétricos do cérebro e a máquina passaria a interpreta-los como uma forma de adivinhação de pensamentos. Colocara o capacete de metal que parecia uma cuia com vários fios ligados ao eletrodos para testar se funcionaria num objeto, no caso a célula-matriz que descobrira congelada no armário criogênico. Apertou o botão vermelho no capacete pronto para receber os sinais de energia da célula que estava sobre uma mesa. 

- Eu sei que você tá aí... Encolhido na sua casca. - disse o clone olhando para a célula fixamente - Mas não está dormindo. É poderoso demais pra ceder a uma necessidade... tão humana. Você é pura energia, mas uma energia acima do que sou capaz de compreender e suportar. 

Correntes de energia de luz azulada passeavam pela célula-matriz repleta de eletrodos. 

- Ouça meu clamor. Não me abandone. - disse o ESP-47 tornando-se emotivo - Esse pobre ser indefeso... anseia por se completar. Uma criatura sem memórias de um passado, é uma criatura incompleta, imperfeita e impotente. - a célula-matriz intensificava sua emanação energética - Preciso saber se é seguro voltar ao meu mundo... ou se é possível. 

Subitamente, o falso Frank teve sua mente bombardeada por inúmeros flashes sucessivos de acontecimentos decorridos no seu mundo de origem. O clone cerrou os dentes e fechou os olhos aguentando a carga de energia na forma de informações que se enviava diretamente ao seu cérebro. 

- Já chega! - gritou ele enquanto o aparelho salpicava faíscas brancas e fumaçava bastante. 

Antes que sua massa encefálica fosse seriamente comprometida, o clone removeu o capacete e o jogou no chão com fúria. O capacete quicou no piso ainda faiscando. Ofegando e com alguns ferimentos sangrando na cabeça, o falso Frank levou um tempo breve para processar toda a avalanche densa de informações emitidas pela  célula-matriz. As que ficaram em maior evidência o aterrorizaram. 

Não saía mais da sua cabeça as imagens de homens com vestes idênticas as dos agentes da ESP correndo armados por um locais desolados e inóspitos, alguns num cenário com uma atmosfera vermelha, outros em meio a um azul noturno e outros vagando sob um ambiente esverdeado como se praticamente tudo ali fosse dessa cor. Os viu também atirando e matando nativos inocentes. Uma fúria ainda mais inflamada se elevava. Ergueu um olhar de cólera planejando evitar aquela visão infernal do futuro. 

                                                                              ***

Departamento Policial de Danverous City

- Você me chamou pra gente continuar aquela conversa cheia de informação? - perguntou Frank andando atrás de Hoeckler que entrava no seu gabinete - Não sei se eu tô com cabeça pra absorver tanta coisa. 

- Aquela conversa já havíamos encerrado. - respondeu Hoeckler indo para sua mesa - Mas podemos retoma-la caso o ESP-47 dê indicações de que pretende ir ao Novo México pegar a última célula-matriz. Nessa altura do campeonato não apenas deve estar brincando com a que tínhamos guardada no nosso cofre criogênico como também pode estar às vésperas de localizar a que armazenamos na base aérea. Meu assunto com você hoje é outro. - disse ele, ligando o computador e colocando um pendrive. 

- O que é isso? - indagou Frank aproximando-se da ampla mesa de tampo de vidro reforçado.  

- Um arquivo de vídeo retirado de uma câmera escondida. - disse Hoeckler - Cortesia da fundação. 

- Já imaginava. - disse Frank olhando-o desconfiado e sério - O Conselho de Segurança não ia expandir o Big Brother pra esses locais onde não passam uma alma viva tarde da noite. 

- Implantamos a micro-câmera num poste e focalizou exatamente os dois adolescentes desaparecidos. Suspeitávamos desde o princípio que as criaturas que os levaram estariam vagando abaixo de um cemitério, um dos lugares mais óbvios para encontra-las fazendo suas refeições noturnas. Na verdade, inicialmente fomos instalando câmeras em todos os principais cemitérios da cidade até que nenhuma ocorrência desse tipo foi registrada e eliminamos esses pontos zerados. E agora, voilá, encontramos elas. 

Ao final do vídeo, Drake foi engolido sendo puxado pela cabeça para dentro do buraco. 

- Caramba, o bicho que pegou o coitado do rapaz pelo visto tava com uma fome das brabas. 

- Isso porque... é uma fêmea gestante. - revelou Hoeckler, virando o rosto para o detetive.

- Fêmea... de quê? - perguntou Frank, estreitando seus olhos desconfiados. 

Hoeckler pareceu indisposto a compartilhar do que sabia. 

- Se me chamou pra falar desse caso e não quer que eu faça meu trabalho, então pra quê? 

- Justamente por essa razão, não queremos. - disparou Hoeckler, abrindo o jogo - O que pensou que eu faria? Substituir a Carrie? Nós, da fundação, tomamos a iniciativa pelo fato das criaturas terem saído de nossa propriedade. 

- Então o que são, droga? - perguntou Framk com rispidez - Certamente que não foram toupeiras... 

- São larvas. - disse Hoeckler de má vontade. 

- O quê? Fala mais alto que não escutei direito. - disse Frank com a mão esquerda no ouvido. 

- Larvas! - disse Hoeckler, enfezado, retirando o pendrive do monitor - Durante a fuga das anomalias causada por aqueles degenerados que você tanto amava, elas escaparam pelo subsolo e chegaram a um habitat propício para a alimentação e reprodução. Originalmente tínhamos duas, agora são várias, a família cresceu e a tendência é que cresça mais. 

- E vocês acharam elas assim... gigantes? 

- Não lhe diz respeito como as achamos, mas não, foram contidas ainda minúsculas como larvas comuns. Acontece que num teste de resistência à exposição radioativa elas se desenvolveram anormalmente. Através de alguns sacrifícios imprevistos descobrimos que as fêmeas sentem maior fome quando estão férteis e mais fome ainda quando estão gerando uma ninhada. 

- Por que simplesmente não as mataram de jejum? 

- Não, infelizmente elas se provaram imunes a um estado de inanição completa. Passou mesmo pela sua cabeça que não testamos algo assim? Apesar do imenso preparo, estamos passíveis de erros, sempre estivemos. A situação piorou drasticamente nesse momento em que começaram a se alimentar. 

- E quer me deixar fora dessa pra levar seus cães irem lá pra desenterrar os ossos? 

- Mas é claro, as larvas são propriedades da fundação. Se escapou de nós, pegamos de volta. 

- Fica à vontade pra mobilizar sua tropa de enxeridos. - desafiou Frank - Se tiver alguém vivo lá, arrisco minha vida pra confirmar minha hipótese ou não. E de nada adianta você me convencer do contrário. 

- Sem chantagens dessa vez, vá por sua conta e risco. Veremos quem chega primeiro. 

Frank saíra da sala com a cabeça erguida, determinado a concluir o caso sob sua metodologia. 

                                                                          ***

Alguns fachos de luz solar penetravam no solo rochoso e úmido daquela caverna subterrânea, proporcionando à Drake um mínimo conforto para se locomover sem o obstáculo da escuridão. Sentia-se culpado por ter escapado ao invés de Jeremy cuja morte tentava superar após se cansar de nega-la. 

"Será que eu não tenho um gosto bom?", pensou ele explorando a caverna. Ao chegar numa zona em que a luz natural através dos buracos da superfície não alcançava, pegou seu celular ligando a lanterna, retomando a caminhada lenta e cautelosa como se pisasse em ovos ou em brasas. Um ruído minimamente audível seria um chamariz para uma larva ou o exército inteiro vir come-lo. 

Costumava ser bem falante entre os amigos, portanto manter-se em silêncio para sua sobrevivência se mostrava cada vez mais perturbador. De repente, a luz da lanterna do celular ilumina uma das larvas gigantes saindo de um buraco na parede, a mesma salivando e movendo suas fileiras verticais de presas.

Drake correra de imediato, mas sem largar do celular esquecendo de desligar a lanterna. Pegou um caminho à esquerda, ainda mais escuro e a lanterna voltou a servi-lo melhor após despistar a larva que o perseguia rastejando como uma serpente cuja visão era preto e branco, mas convenientemente ampliada. O jovem percebia que seu avanço novamente seria desvantajoso ao ouvir barulhos à frente. Desacelerou, andando com as costas roçando na parede pedregosa e desligando a lanterna do celular. 

No fim desse túnel havia uma entrada para uma área mais baixa da caverna na qual muitas larvas preto-azuladas estavam reunidas vagando que nem cobras com seus corpos sinuosos. Drake ficou ainda mais horrorizado vendo-as sob um pouco de luz, seus pelos eriçando. Mas essas sensações só iriam piorar a seguir. Uma larva estava entrando em trabalho de parto, se debatendo no chão, mal se aguentando a ficar numa posição que pudesse andar normalmente. De seu "ventre" rompido saíam inúmeras pequeninas larvas pretas banhadas num líquido viscoso branco, todas movendo-se freneticamente como peixes fora d'água. Uma ânsia de vômito irresistível acometeu Drake que se arrependeu de ter visto. 

As larvas acabaram escutando os sons do jovem vomitando e logo notaram sua presença na entrada. Drake correu pelo túnel enquanto as larvas subiam para persegui-lo. 

                                                                           ***

Pela noite, os agentes da ESP se posicionavam no cemitério clandestino para a operação que visava conter as larvas com lançadores de redes elétricas avançadas e move-las de volta para a base alternativa da fundação. Com metralhadoras em punho e os lançadores de redes nas costas, a tropa enviada por Hoeckler se espalhava pelo terreno pronta para descer pelos buracos com um agente por vez. 

- Estão sentindo uma vibração estranha na terra? - perguntou um agente, batendo com seu pé direito no solo - Como se algo estivesse pra... - sua fala foi bruscamente cortada por seu grito ao ser "sugado" para debaixo da terra, o que formou um novo buraco profundo. Os agentes se alarmaram estupefatos. 

- Temos que dar o fora daqui, ligeiro! - disse um agente. Mais um fora tragado pela terra - Não! 

Outros três também foram engolidos sendo arrancados da superfície para abaixo do solo praticamente ao mesmo tempo. Os que tentavam fugir resolveram mandar uma saraivada de balas das metralhadoras no solo gramada como forma de intimidar as larvas e recuavam depressa evitando pisarem firme. 

Afastando-se do terreno, os agentes pararam para reaver o fôlego e elaborarem uma nova tática. Porém, Frank vinha ao encontro deles, mas com a intenção de passar reto e seguir diretamente ao cemitério. 

- Montgrow!? - disse o agente Collins - O conselheiro Hoeckler vai adorar saber que desacatou uma ordem categórica. 

- Só acataria se o seu chefinho pentelho tacasse uma chantagem no meio pra me manter longe. - disse Frank vindo imbuído de uma metralhadora - Mas ele me desafiou e aqui estou eu, pronto pra mandar bala nas tais larvas mutantes. Nem pensem em fazer bloqueio, porque senão chove bala também em vocês.

Quando o detetive deu passos à frente, Collins o barrou pondo seu braço direito no peito dele. 

- Acabamos de sair dali e por pouco não fomos puxados pela terra como se fôssemos bonecos. Além disso, tivemos cinco baixas! As larvas que atacam pra encherem suas barrigas estão grávidas. 

- Isso seu conselheiro já me falou, mas tô equipado e disposto a correr esse risco pra ver se consigo salvar uma vida!

- Talvez um dos garotos que foi pego ainda esteja vivo. Acho que o nome dele é Drake. A mãe dele fez uma ligação pro DPDC que interceptamos hoje à tarde, falando que recebeu uma mensagem inacabada do filho, então provavelmente na profundidade em que ele está tem alcance de sinal de internet, apesar de fraco. - informou um agente - Até onde sei, as larvas adultas e fêmeas também atacam, mas cospem pra guardar pra mais tarde ou perseguir a presa no subterrâneo pra dividir os pedaços com as suas irmãs. Mas não sei quanto ao nossos, se foram pegos pelas grávidas ou não. 

- Olha, independente de ser arriscado, tô comprometido a resgatar qualquer vida que tiver sobrado lá embaixo. - disse Frank - Não vou pedir pra que nenhum de vocês me acompanhem. Foi mal roubar a missão exclusiva de vocês, mas desde que a fundação se meteu no meu caminho os problemas dela se tornaram meus também.

Frank virara as costas para o grupo, seguindo rumo ao cemitério. Collins não insistiu mais em detê-lo. 

- Eu iria com ele. - disse um agente que logo desviou o olhar nervoso para Collins - Mas não vou. 

- O Montgrow que se cuide. - disse Collins, pegando seu celular para fazer uma ligação - Ele não é nossa responsabilidade. - telefonou para Hoeckler - Conselheiro, relatório preliminar da operação: Adentramos no centro de atividade anômala, mas tivemos cinco baixas ainda na superfície. O senhor poderia entrar em contato com o suporte de contenção á distância pra enviar suprimentos de reforço? 

- Ao que tudo indica, agente Collins, não resta outra opção. - disse Hoeckler no seu escritório na base alternativa - Vou entrar em contato agora mesmo com o suporte, mas... a finalidade da operação mudou.

- Como é? Se-senhor... Foi bem claro sobre recuperar as larvas, suas decisões nunca são revogáveis... 

- Mas excepcionalmente hoje estou revogando. As larvas atingiram um estado que impossibilita uma contenção totalmente segura tendo em vista a disponibilidade de recursos sem nossa instalação. 

- E o que sugere fazer, senhor? - perguntou Collins, altamente preocupado, evitando falar sobre Frank.

- Pedirei que mandem um carregamento de bombas de trinitrotolueno. - afirmou Hoeckler - Vamos incinera-las todas num único golpe. - ao ouvir, Collins aceitou, mas no fundo temendo pela vida de Frank sobre o qual se proibiu de falar. 

                                                                            ***

Caindo no buraco ao se jogar, Frank se esborrachou sentindo a bunda doer com a queda. 

- Ai, ai... - disse ele, levantando e pegando a metralhadora - Acho que não quebrei meu cóccix. 

O detetive seguiu mergulhando na escuridão da caverna com a arma em riste. Detectando movimentação num canto da caverna, aproximou-se com a metralhadora mirada e o dedo firme no gatilho. Tomara um susto que quase lhe tirou um grito alto. Drake aparecera para ele, afoito. 

- Shhhh... - chiava Drake, pedindo silêncio à Frank - Elas escutam até nossa respiração - falou baixinho.

- Você é o Drake, né? 

O rapaz fez que sim com a cabeça com a lanterna do celular iluminando de baixo para cima. 

- Eu quase atirei em você, garoto. Cadê seu amigo? 

Drake esboçou tristeza na face, balançando a cabeça negativamente. Frank lamentara a perda. 

As larvas começaram a ressurgir atraídas pela luminosidade da lanterna do celular. 

- Vai na frente, vai na frente! - disse Frank, logo atirando contra duas larvas que avançavam. As balas mostraram-se bem eficazes, estourando as cabeças das criaturas tingindo as paredes de sangue branco e gosmento. 

A sorte estava lançada. Contavam que a caverna subterrânea teria alguma saída para um riacho ou corredeira. Mas tinham de considerar a possibilidade de haver uma parede no lugar da saída ou até mesmo de se perderem. Mas o detetive seguiu otimista correndo freneticamente com Drake. A cada larva que surgia, Frank mandava o rapaz se abaixar para metralhar aquelas cabeças asquerosas, não permitindo que nenhuma ficasse poucos centímetros deles. Pelo menos até a munição estar cheia. 

- Não é melhor a gente voltar e dar um jeito de subir? - perguntou Drake, desesperado. 

- A gente já se distanciou muito, tem mais chance delas nos encurralar. - justificou Frank - Vem, vem! 

Os agentes da ESP montavam os mini-explosivos de TNT com extensa capacidade destrutiva para jogarem nos buracos e detonarem em contagem regressiva. Enquanto isso, Frank e Drake continuavam correndo, acessando uma zona mais molhada da caverna. Frank corria nas águas fazendo barulhos e Drake olhava se vinha mais larvas tendo que recorrer à lanterna do seu celular para melhor a visibilidade. 

- Tá vendo só, Drake? Água! É um bom sinal! Bom não, excelente! - disse Frank. Drake tropeçou numa pedra, caindo na água e se molhando inteiro. Frank virou-se e correu para ajuda-lo. Porém, repentinamente uma larva saiu das trevas conseguindo agarrar as pernas de Drake e tentava puxa-lo. 

- Socorro! - gritava Drake agoniado sentindo os dentes da larva ferirem suas pernas. Frank esticou seu braço direito para dar-lhe a mão que tentou puxa-lo de volta num cabo de guerra - Não puxa, atira! 

Frank disparou com a metralhadora com cuidado para não atingir Drake. A larva teve sua cabeça triturada pelas balas e logo desistiu, fugindo para agonizar noutro lugar. Drake fez uma esforço para levantar sozinha, mas Frank o amparou vendo que ele não se equilibrava pelos ferimentos graves. 

- Não consigo andar direito... 

- Anda, vem cá. - disse Frank, colocando-o sobre suas costas e voltando a correr. 

Os explosivos caíam nos buracos com as contagens já cronometradas. Os agentes se afastaram às pressas pois as explosões certamente gerariam tremores abafados no subsolo. Frank avistou luminosidade azul à frente, certo de que havia uma saída. As larvas não desistiam de capturar suas presas e zanzavam pela caverna à caça da dupla. 

- Olha ali, finalmente livres! - disse Frank indo por um caminho meio íngreme que subia - Tá ouvindo? 

- Sim... É alguma correnteza de cachoeira. - disse Drake. 

As bombas de TNT enfim detonaram, alastrando fogo por todas as partes. As larvas foram queimadas vivas instantaneamente. O fogo avassalador alcançou Frank e Drake numa velocidade assustadora. Frank olhou para trás vendo uma luz alaranjada aumentar até ver as chamas arrasando com tudo. 

O detetive apertou o passo, suportando o peso de Drake nas costas. Parou ao sair da caverna vendo que teriam de pular duma altura não muito convidativa. Mas o fogo se avizinhava impiedosamente. 

- Vai, pula logo! - disse Drake - Eu vou ficar bem!

Frank pulara desprovido de qualquer medo, quicando nas rochas e descendo ladeira abaixo. 

Ambos pararam na margem da correnteza, queixando-se de dores pelo corpo. Caído no chão com a barriga para cima, Frank viu o fogo atravessar a caverna, imaginando mil e uma teorias sobre Hoeckler. 

Um tempo depois, o detetive esperava Drake sair do ambulatório perto do parque ecológico da cidade. 

- E aí, ainda tá meio mal das pernas? 

- Não, eu tô legal. - respondeu Drake com as pernas enfaixadas - Digo... Nem tanto, mas o médico falou que vão cicatrizar daqui uns dias. - fez uma pausa, suspirando - Eu não sei o que dizer pra família do Jeremy. Sou eu quem tenho de ir lá dar a má notícia. 

- Quanto à isso, é um peso que você não terá que carregar. Pode deixar que eu cuido, já fiz isso um montão de vezes pra poupar gente que não tem emocional forte e se achava no direito dessa tarefa. 

- Eu ia pedir que me largasse ali. Mas se não tivesse atirado naquela larva, eu teria ficado aleijado. 

- Escolheria morrer a passar o resto da vida numa cadeira de rodas? 

- Eu te pouparia... de um peso nas costas. - disse Drake - Mas valeu por não desistir de mim. 

- Você tava ferido, não à beira da morte. Nem se tivesse com as pernas arrancadas, te largaria por lá. 

- Bem, agora eu tenho ir pra casa... deitar minha cabeça no travesseiro pensando se deveria ter sido eu no lugar do Jeremy. - disse o jovem, ainda amargurado com a perda - Falou, detetive. Bom te conhecer.

- Idem. - disse Frank - Se cuida, rapaz. - o viu sair andando por uns segundos até que virou-se para ir.

Ao passo que Drake afastava-se de Frank, um filhote de larva subia pela bermuda. depois pela camisa e em seguida pelo pescoço.... até adentrar no ouvido esquerdo do jovem que poucos segundos depois alterou sua expressão para um semblante malicioso com um sorriso fechado e um olhar de más intenções.

                                                                            -x-

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta perspectiva sem fins lucrativos. 

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