Nem tudo é o que parece #55
Upgrade no relacionamento
— Filho, tá tudo em ordem aí?
— Pra quê ligar, mãe? A senhora tá atrapalhando meu encontro com a Vivian!
— Por favor, filho, encare os fatos e supere de uma vez por todas a morte da Vivian, já fazem três meses!
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Cãozinho inconveniente
Me mudei pra cá não faz muito tempo e já tem vizinho torrando a paciência. Aliás, o cachorro que não para de latir, toda noite é esse inferno.
Fui pedir umas informações a outra vizinha:
— Tem como a senhora me dizer se o pessoal daquela casa ali tá acordado?
— Não há mais ninguém morando lá.
— Ah, se mudaram?! Mas tem um cachorro latindo sem parar...
— Esqueceram o pobrezinho na mudança...
Assim que ouvi aquilo, fui até lá morrendo de pena do bichinho, quase cogitando adota-lo.
Bem, eu devia ter ficado e escutado a mulher terminar de falar sobre o cachorro antes de virar as costas.
Dei a volta na casa, pela frente e pelo quintal, olhei dentro através das venezianas, e não vi cachorro nenhum, mas continuei ouvindo os latidos.
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Foto entre amigas
Fiz uma parada na cabine de fotos junto com minha amiga pra gente guardar mais lembranças juntas ao longo daquele passeio.
Só que depois de tiradas as fotos, ela se desapontou.
Acho que não são todas as câmeras fotográficas que capturam espíritos.
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Presságio doloroso
Eu tive um amigo bastante próximo, teve uma época em que permaneci ao lado dele pra dar aquele apoio. Ele começou a se queixar de uma ardência no pescoço que só piorava dia após dia.
Essa ardência evoluiu pra uma dor intensa e ele foi ao médico várias vezes e nada de diagnóstico conclusivo do que podia ser. Mas nem isso o afastou do seu trabalho como motociclista pra aplicativo de delivery.
No último dia que o vi, recebi a terrível notícia de que ele morreu depois de passar por uma linha de cerol que rasgou seu pescoço.
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O terceiro passageiro
Eu e minha amiga voltávamos de uma festa à fantasia, tivemos que apanhar um ônibus porque era mais barato e mais acessível, mesmo naquele horário tardio. Desde que subimos, tinha um cara vestindo uma fantasia de lobo negro, parecia um lobisomem, nos observando.
Éramos as únicas passageiras com ele ali. Cochichei com minha amiga sobre ele.
— Será que ele tava lá na festa?
— Ele quem?
Eu sei que não bebi nada pra alucinar.
— Esse maluco fantasiado de lobo...
— Mas... só tem nós duas aqui.
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Intolerante a intrusos
Eu como uma criança de imaginação extremamente fértil, fiz amigos extraordinários que preenchiam certas lacunas na minha vida. O mais marcante de todos foi o Bingo. Mas de imaginário ele não tinha nada. Vivia no depósito de ferramentas, um lugar meio estreito e escuro... tão escuro que me faltava coragem pra entrar e dar um oi pra ele. Mas Bingo parecia tímido em sair da toca. O início da nossa amizade se deu por meio de uma brincadeira em que eu jogava a bola direto pro escuro e ele mandava de volta.
Num dia qualquer, trouxe um amigo da escola, o Sam, pra conhecê-lo. Mas não vi quando ele entrou no depósito.
Creio que o Bingo não reagia bem a presença de estranhos na casa já que o Sam nunca mais voltou.
FIM... por enquanto!
*As imagens acima dão propriedades de seus respectivos autores e foram usadas para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.
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