Crítica - Um Conto de Batman: Gotham City 1889


Bem retratado, plot twistado, mas pouco necessário.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS (incluindo a identidade do vilão!) 

Explico mais abaixo sobre essa minha consideração e espero que fique claro. Esse é um crossover não tão inusitado assim, visto que se vincula ao que o morcegão geralmente trabalha. Na verdade, é até interessante usufruir de uma figura antagônica real no objetivo de inseri-la e encaixa-la na mitologia de um vigilante mascarado e não haveria outra alternativa melhor senão o cruzado encapuzado que neste longa de animação, lançado no comecinho deste ano diretamente ao mercado home-video, coloca-se muito centrado na trama sem que ela desvie para trabalhar a sua psiquê ou o seu passado, a história que todos estão carecas de saber mas que ao menos poderia ser mencionada.

Mas por que poderia? Se tratando de uma roupagem diferente ao herói ambientada no final do século XIX (1889), sendo algo mais independente, acho que cairia bem umas menções, mas relevo pelo roteiro conseguir se focar no seu conflito seguramente. É uma história unicamente querendo colocar Batman em confronto com o lendário serial killer Jack, o Estripador. Não uma coisa aleatória e descabida como Freddy Krueger vs. Jason Vorhees, o encontro explorado aqui é bem contextualizado com ótima retratação de época tanto visualmente quanto no argumento que é muito bem dotado de um texto que reflete a linguagem culta e sabendo utiliza-la com competência trazendo bons diálogos.

Importante notar que esta versão do Batman traz uma postura menos investigativa e mais porradeira, por assim dizer. De habilidades detetivescas se viu uns 5% e o resto é o Batman querendo dar uns belos sopapos no assassino de mulheres (as que ele considera impuras... ou seja, todas, o que o torna um misógino infame que não pouparia nem uma garota em plena puberdade). A animação dá o toque certo para casar ao tempo que o filme se passa. O mesmo não posso dizer do traço cartunesco, mas que no fim acaba sendo aceitável para um longa-metragem que não tem muito a extrair de si.

Passamos por um segundo ato em que Bruce Wayne é preso injustamente após a morte de uma senhora que o acusou da morte de uma freira (sou péssimo pra gravar nomes de coadjuvantes) que foi trucidada por Jack. Muita coincidência a tal senhora carrasca morrer pouco depois de apontar Bruce como culpado, não é? Mas a pessoa que é o alter-ego do estripador compareceu no enterro... e se for assim ela sabe a identidade do Batman (ou viajei legal?), por isso matou a velhinha a fim de incrimina-lo e deixar as ruas livres para suas ações sem interferência do morcegão ou ele simplesmente recebeu a informação pelo delegado e agiu sem saber da identidade do Batman querendo incriminar Wayne imaginando que ele não tivesse um álibi. Ou ainda estou viajando e vou parar com isso, portanto: ele ter matado a velhinha que acusou Wayne foi mera coincidência. Estou me referindo a ninguém menos que... James Gordon. Ele mesmo. Nem acreditei na hora, mas com o decorrer tornou-se fácil lidar melhor com essa reviravolta, apesar dessa desconstrução do personagem que no fundo não recebi da maneira como gostaria e ficou um gostinho agridoce no fim das contas.

A prisão de Wayne, inclusive, quebrou a linha investigativa, vindo até numa boa hora considerando que a coisa andava a passos de formiga e é justamente na prisão que vemos a inteligência de Bruce colocada em prática comprando briga com um detento valentão como primeiro passo de uma distração para causar uma baderna entre os presos e poder sair. Selina Kyle deste universo sem poderes não age como uma Mulher-Gato no mesmo naipe que o Batman em termos de performance, diria que ela se apresentou até mais vulnerável e menos experiente, sendo, ao clímax, reservada à função de donzela em apuros, mesmo não sendo nem de longe o ponto negativo de grande evidência do terceiro ato. E ao término dele (e do filme também) se tem a sensação de uma Bat-família em construção com aqueles três garotos que ficaram amiguinhos do Alfred e auxiliaram Batman, mas não acho que voltarão a mexer nesse universo para criar uma sequência com "Robins", dada a faceta de ciclo fechado que a história transparece. Ainda sobre o final do longa: Muito apressado e a resolução final (Gordon se render ao incêndio que começou na roda gigante assim se matando) careceu de maior flexibilidade dramática, então a derrota para um assassino tão cruel e implacável não condisse e não fez jus em nada pela forma simplista como o removeram da equação.

Considerações finais:

Há uma dúvida engraçada sobre se Gotham City 1889 é um filme do Jack Estripador com o Batman ou um filme do Batman com o Jack Estripador, o que não importa, pois o crossover tem substância para render uma história decente por mais lugar-comum que ela seja dentro da bolha do Bat-verse. No entanto, a aventura em si não tinha muita necessidade de ser adaptada já que não existe nada de tão especial na premissa que justifique e o fato da ambientação vitoriana servir de cenário com ótima composição visual não se sustenta para deixar a fórmula tão interessante quanto as histórias recentes e atuais protagonizadas pelo Batman que os fãs estão acostumados, seja nos quadrinhos ou nas animações. Embora com certos problemas, (Gordon vulgo Jack Estripador, Selina Kyle e o final), vale passar o tempo sendo possível apreciar cada um dos bons detalhes deixado bem nítidos.

PS1: Um Batman caracterizado do jeito da animação funcionaria numa realidade alternativa do século XIX, até porque a ingenuidade da população ajudaria o morcegão a manter o disfarce que, neste caso, excluiu os olhos brancos e ainda tem a voz que é o ponto mais intrigante se estragaria ou não. Ainda assim, seria mais verossímil que o disfarce do Superman, não importando a época.

PS2: Tão inesperada quanto a revelação de Gordon foi a motocicleta do Batman que infelizmente ganhou pouco tempo de tela. Modelo super-bacana pra época, merecia um espacinho maior de ação.

NOTA: 7,5 - BOM 

Veria de novo? Provavelmente sim. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://anmtv.xpg.com.br/batman-gotham-by-gaslight-previa-traz-batman-e-selina-kyle/

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