Crítica - Made in Abyss (1ª Temporada)


O prazer insistente pelo desconhecido.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

Primeiramente, não se deixe nem por um minuto enganar pela imagem acima que transparece a ideia de um anime com traços suaves dando um aspecto kawaii aos personagens. É sério, você que ignorou o aviso de spoilers (não vou liberar tantos, prometo) deve ser avisado antecipadamente a respeito da natureza de falsa fofura e serenidade estampada neste que é um dos animes de grande sucesso de 2017 e conquistou uma boa base de admiradores. Devo admitir que é uma notoriedade digna. Não é uma série infantil com estilo infantil. É um estilo infantil incorporado a um contexto sombrio.

Eu não saberia dar uma sinopse resumida por conta da trama que é um tanto inchada demais para 13 episódios (o último, a propósito, teve um uma hora de duração e nos sites gratuitos foi dividido em duas partes de 23 minutos cada, dando aí uma trollada em quem achava possuir 14 episódios pelo desconhecimento quanto a exibição original). Mas tudo bem que haverá uma segunda temporada, muito embora particularmente preferisse um seguimento 2 cour com pelo menos 26 episódios. Isto na primeira temporada hein. Na segunda seriam mais 26. Falo isso devido a amplitude do universo que já é muito bem exposto nos primeiros episódios, só o grande pecado do enredo que é a enorme carga de informações que o espectador precisa sentir-se obrigado a absorver a todo episódio (alguns menos e outros mais carregados). E digo mais: Não é um anime para ser visto num dia apenas, realmente não recomendaria uma maratona ininterrupta justamente pelo fato da trama abranger tantos ângulos e diversas características narrativas no tocante ao enredo em si. Vi quatro episódios por semana e finalizei tudo em somente três. Ainda assim sinto que muita coisa foi deixada escapar.

Imagina só torrar esses episódios num dia de final de semana? A menos que seu cérebro seja melhor que um supercomputador para assimilar inúmeras informações por segundo e mante-las firmemente. Nem todo anime com pequena quantidade de episódios é para ser visto do começo ao fim num único dia, o pessoal leva em conta os números e não a densidade da trama. Fico menos frustrado por ter depreendido do essencial para compor ao menos uma review aceitável (isso no meu ponto de vista, obviamente). Na história, Riko é uma aspirante a explorada de caverna e vive numa espécie de quartel de treinamento (que tem como maior punição ser amarrado nu no teto enquanto é açoitado o_o) cujos alunos são divididos em níveis de experiência por apitos. Os vermelhos, como da personagem, representam os iniciantes e os apitos brancos os fodões da parada que alcançaram a proeza de alcançarem as mais profundas camadas do temível abismo que é o mote central da série. É a partir do episódio 4 que vemos o início palpável da aventura. Ao todo existem 6 camadas no abismo, cada uma com diferentes tipos de ameaças e ainda tem uma "maldição" como se não bastasse encarar os monstros bizarros (o primeiro que surge no anime de fato me dá arrepios).

Logo no primeiro episódio Riko encontra por acaso o seu parceiro de viagem (e escudo já que a garota não tem muita ou quase nenhuma noção de perigo, parece enxergar o abismo como um paraíso inóspito e não sabe cuidar de si mesma - e olha que ela pretendia descer a cratera sozinha!), um garoto-robô chamado Reg e decide "adota-lo" a princípio escondendo-o de seu chefe (cujo nome me fugiu à memória, é que geralmente personagens não muito relacionáveis e/ou desinteressantes acabam sendo praticamente esquecidos, o que representa quase todo o elenco de personagens da superfície - ganhando certo destaque somente nos primeiros três episódios e após a descida ao abismo o anime meio que "esquece" da existência deles dada as poucas alternâncias de cenários). Como e porque Reg existe é um mistério que permeia toda a temporada. Riko não vê só nele a imagem de um companheiro fiel mas também como um trunfo para se manter viva até onde der nas camadas do tenebroso abismo. Isto se deve pelos braços mecânicos que podem se alongar a limites desconhecidos (atributo essencial na descida à primeira camada) e uma das mãos disparar um raio incinerador que devasta e queima tudo que estiver ao seu alcance. Sem isso, a ingênua e teimosa (irritantemente teimosa, por sinal!) Riko não duraria uma semana naquele fim de mundo. A beleza-mor proporcionada pelo anime está na variedade de cenários especificamente do abismo, porém a superfície também não foge ao imenso apuro estético com um detalhismo notável.

A variedade de ecossistemas aliada as informações dadas tanto Riko quanto por Reg durante a viagem faz o espectador sentir-se num guia de turismo audiovisual. A riqueza desse universo, indo do fascinante belo até o horrível bizarro, conduz a história a níveis de envolvimento consistentes. O suspense é outro dos elementos a receber um excelente requinte, tornando as coisas bem imprevisíveis para a dupla. Eu duvido alguém ficar tranquilo diante da obstinação da Riko. Ora torcemos por ela, ora queremos esgana-la, dar-lhe um tapa e dizer "Se toca, garota! Tu entrou numa viagem provavelmente só de ida num local perigoso! O perigo tá em toda parte, sua retardada!". Já não é suficiente tamanha inocência achando que vai encontrar a própria mãe e sair limpinha e cheirosa assim como entrou. O Reg foi muito forte para suportar a hiperatividade da parceira (com a qual os fãs podem shippar à vontade, é justo). E o que dizer das criaturas presentes no abismo? Poderia listar três aqui que eu verdadeiramente não gostaria de topar num beco escuro, mas infelizmente não gravei os nomes destas também. A última das mais horripilantes e perigosas é responsável por ferir Riko com um dos seus espinhos venenosos e aí, meu caro leitor gasparzinho, é bom se preparar porque a situação da personagem só piora de um modo que causa agonia genuína ao ponto de você esquecer todos os xingamentos mentais direcionados à ela. Riko fica à beira da morte, mas é salva pela personagem mais esperada graças ao encerramento (acho que até com maiores spoilers que essa crítica). Ela se chama Nanachi - uma garota-coelho que os leva a seu esconderijo para tratar do estado de Riko - e sua história contada em flashback se traduz como um avanço significativo ao se relacionar com a última e mais temida camada do abismo. É aqui onde eu preciso encerrar os spoilers, melhor deixar, pra quem leu até aqui, as surpresas na já recomendada conferição. Mas já adianto que é uma trama pesada capaz de te roubar umas lágrimas ou um marejar de olhos. Fica o aviso, a partir do momento que isso vem à tona, o (limitado) ecanto pueril do anime se perde dando lugar a uma carga dramática envolvente e que no coração mais empático estimula compadecimento. E a Nanachi é fofa demais.

Considerações finais:

A ovação a Made in Abyss não é nem um pouco estranha à medida que você, ao lado dos personagens, se aventura pelo instigante mundo subterrâneo desbravando a vastidão de fauna e flora. Olhando o subtexto, a narrativa se sustenta (numa filosofia implícita) no anseio humano pelo que é desconhecido e a personagem Riko é a grande síntese disso, a curiosidade infinita em querer cavar mais e mais fundo como parte da complexa natureza que constitui o ser humano. Todos nós somos exploradores durante a vida em variados contextos independente do preço que venha a ser pago.

PS1: Boa sacada do roteiro em dar a personagem Ozen (amiga de Lyza, a mãe de Riko, encontrada pela dupla na segunda camada) uma postura vilanesca que se revelou falsa no treinamento oferecido aos dois. Ela é fria, mas estava ali disposta a ajuda-los no que pudesse. Mas que ela é assustadora, disso não se tem dúvida. As aparências enganam, claro.

PS2: Nanachi e Mitty é aquela amizade instantânea que em pouco tempo você já se apega.

PS3: O mundo carece de mais pessoas como a Mitty. Virar ao seu lado e te cumprimentar para iniciar uma amizade indiferente à sua aparência ou às primeiras impressões.

PS4: As degustações do Reg com as comidas é contagiante. Você imagina logo os sabores...

PS5: Contém cenas meio safadinhas. A minha favorita foi Nanachi pondo remedinho no ânus da Riko. Sim, pelo ânus o_o.

PS6: Para fechar, fique com um aperitivo da cena mais perturbadora da temporada:


NOTA: 9,0 - ÓTIMO

Veria de novo? Com certeza!

*As imagens acima são propriedades de seu respectivo autor e foram usadas para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: https://jerimumgeek.oportaln10.com.br/made-in-abyss-2-temporada-trailer-27028/
                                   https://randomc.net/2017/09/09/made-in-abyss-10/

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