Crítica - Circus Kane: O Circo dos Horrores


Topa tudo por dinheiro.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

A descrença pode até se sobressair, mas que de vez em quando você pode quebrar a cara por ter julgado o livro pela capa isso sim não há como duvidar. Mas tudo tem a ver com a medida que a surpresa te atinge, pois o "quebrar a cara" prediz que o nível da reação contrária à expectativa foi imenso. E quando acontece de uma coisa deixar no meio-a-meio? Exatamente o caso de Circus Kane. Por um lado houve sentimento genuíno de boa recepção, mas por outro ficou o amargor que faz dizer "podia ter sido melhor" - eu detesto me repetir com uma frase dessas nas reviews. O slasher trash dirigido por Christopher Ray tem uma base de inspiração fraquejada pela falta de opções dispostas para extenuar seus personagens ao limite de seus instintos de autopreservação (falo das armadilhas precárias de inventividade), bem como chupinha a fórmula da cinessérie de Jogos Mortais na cara dura. Porém, felizmente soube trabalhar na tensão exacerbada, apesar dos elementos pouco ou quase nada ameaçadores, logo é um jogo de vida ou morte para pessoas muito burras.

Balthazar kane, o (comicamente) sádico apresentador do circo, não mandou os convites para destinatários aleatórios, pelo visto. O desafio na sua casa de horrores se adéqua perfeitamente aos preparos físicos e psicológicos de cada um dos participantes, estes de variadas personalidades que durante o caminho ao local - uma mansão que qualquer um suspeitaria de ser mal-assombrada -, a bordo de uma van, vão construindo um bom entrosamento. Para todo grupo de pessoas diferentes, sempre tem que haver o engraçadão e bobão da turma. Não peguei o nome do personagem, mas obrigo-me a falar: Que tagarela chato de uma figa! Daqueles que você torce para ser a primeira vítima (pena que a morte dele não foi nem pelas mãos dos palhaços x_x) o quanto antes. Todos eles são celebridades virtuais que querem adquirir uma graninha fácil. Aliás, o grupo compartilha de uma característica em comum que é a ganância, o motivo pelo qual Balthazar os considerou ideais. Curioso aceitarem, ainda que Balthazar seja famoso, logo de cara atraídos pelo que deveria ser uma merrequinha de nada pra eles. O prêmio consiste em $250 mil trumps (o desespero pra pagar contas deve estar alto hein).

A progressão do medo entre os personagens vai seguindo conforme enfrentam as provas que não transmitem a proporção de perigo que deveriam, contudo valem justamente o prêmio ofertado. O enredo comete o que eu acredito ser o deslize mais inquietante de um slasher: a previsibilidade nítida que facilita adivinhar claramente a próxima vítima a jorrar sangue pelo corpo. Por exemplo, eu sabia que Billy, o cara gordo, ia se dar mal naquela rede de arames super-afiados (organizados num modelo similar àqueles lasers vermelhos que não pode encostar senão ativa o alarme) devido ao seu tamanho e não conseguiria passar deslizando por baixo e não me senti enganado ao não vê-lo morrer naquele exato momento pois no fundo pulsava sensação de que sua morte estava mais do que próxima (na sala seguinte, onde procurariam uma nova chave, com a pilha de bichinhos medonhos de pelúcia na qual o palhaço se "camuflava" - incrível não terem notado ¬¬). Teço os mais sinceros elogios ao figurino (a caracterização dos palhaços no capricho) e à cenografia bem estruturada com climatizações que não deixam a desejar (mesmo com o baixo orçamento e a maior parte não remeter à itens circenses), com destaque para o abatedouro com membros decepados presos a ganchos e carne ensacadas.

O plot twist no finalzinho teve êxito pra fisgar de mim um sonoro "não acredito". Justo a participante mais medrosa e frágil, Tracy, é quem possui uma ligação íntima e imersiva com toda a premissa. Eu que devia desconfiar logo no início pela aparição dela, suja de sangue, na sala de interrogatório da polícia, contando a história da visita à mansão de terrores e horrores (o que consequentemente tornou a linha narrativa importante num alongado flashback), mas pude sacar que ela foi a única sobrevivente, só não captei os sinais pra juntar os fios de antemão (o prólogo e a cena final - ou as cenas finais já que o filme acaba numa sequência de cortes que parecem embaralhados, sob a narração em off de Kane, e chama atenção Tracy estar trajada com vestes de apresentador de circo recebendo-o na saída da cadeia - todo o papo de legado dito por Kane a Tracy e o último rapaz sobrevivente tinha mais dimensão do que o esperado). A atuação caricata de Tim Abell para compor seu Balthazar Kane (o pai de Tracy que provocou um incêndio no circo numa briga) tem um resultado de comicidade bem legal, o problema é o texto cheio de viés enigmático e pseudo-filosófico ao qual o personagem se submete.

Considerações finais:

Circus Kane detém tudo o que um trash precisa para segurar o espectador, mas erra feio quando tenta se levar a sério como um slasher contendo mortes artificiais de doer (exceto a da Roxy, essa deu agonia) e atuações insuficientes dos principais personagens para darem resposta aos acontecimentos de forma orgânica. A tentativa final de chocar só tem peso para quem não caiu facilmente na armadilha do roteiro paupérrimo de originalidade.

PS1: Não gosto muito dessa maneira de filmagem, não soa tão cinematográfico.

PS2: Roxy era a presa favorita à Kane, por isso sua morte ocorreu fácil demais pela burrice inacreditável dela (querendo seguir o palhaço que passou pelos arames pois se ele pôde ela também conseguiria x_x).

PS3: O cara (primeiro a morrer) é visivelmente cerrado ao meio e o palhaço ainda vira as duas partes pra mostrar o sangue escapando da carne exposta. E o que os imbecis dizem? É pura encenação! Claro, eles ainda não tinham que acreditar que a bagaça era real, o que enraiveceu de verdade foram as reações estúpidas (diria que apáticas), nada mais.

PS4: Os filmes trash precisam melhorar a qualidade do sangue. Todo mundo sangra ki-suco de fruta vermelha (@_@).

PS5: Sim, eu boiei no final, tive que rever as últimas cenas mais uma vezinha (eu adoro quando isso acontece...).

NOTA: 6,0 - REGULAR

Veria de novo? Provavelmente não. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: https://cinepop.com.br/conheca-o-circo-dos-horrores-no-teaser-do-terror-circus-kane-138439

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