Crítica - Elektra
Potencial desperdiçado ao limite.
AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.
É um daqueles filmes que nos forçamos a assistir por curiosidade mórbida. Não vou racionalizar a decisão de produzir um filme da mesma Elektra inserida no mal-recebido longa do Demolidor e que não apresentou uma caracterização que respeitasse sua contraparte nos quadrinhos - isso somado à atuação de Jennifer Garner, que neste spin-off mostra-se muito mais seca e relativamente insalubre. Não dá para entender quem em sanidade perfeita insistiria nesse universo malfadado. A assassina profissional é mais uma personagem que conheci graças à antiga (e muito saudosa) promoção dos montáveis Marvel da Elma Chips e decerto nunca tive interesse na sua mitologia. De repente, a Viúva Negra é bem mais atraente.
A história é uma fina superfície onde a riqueza narrativa fica suprimida e muito do que seria essencial a mostrar acabou relegado a essa finura superficial. As cenas mais calmas dão preguiça (Elektra na sua casa próxima ao lago conversando com Abby, por exemplo) e os diálogos contribuem para tal sensação, cansando o espectador mais do que o engajando a avançar no conhecimento da trama. De nada vale um roteiro de construção tão óbvia (Elektra tinha morrido, foi ressuscitada, faz treinamento, foi mandada embora por descontrole da fúria vingativa - a morte dos pais -, exilou-se numa casa do lago, é contratada para matar um pai solteiro e sua filha, aproxima-se dos dois, fica amiga da garota, apaixona-se pelo cara, sente compaixão não tendo coragem pra puxar o gatilho, a organização Tentáculo se mobiliza pra castigar sua mercenária pela incompetência, Elektra tenta salvar seus ex-alvos não tendo nem um dia de sossego, a garota revela possuir algo que os vilões querem, o último refúgio é a mansão onde Elektra viveu sua infância antes da morte dos pais, luta contra os vilões, a proteção da garota é a maior prioridade, Elektra derrota o vilão principal - Kirigi - e parte deixando a garota e seu pai finalmente em paz) se nenhuma particularidade da mitologia é aprofundada. Profundidade restrita ao psicológico de Elektra.
O contraste de luz e sombra em determinadas cenas e close-ups incomoda um tantinho, alguns exageros nesse ponto foram desnecessários e realçaram demasiadamente a vibração de cores. Nunca vemos a desenvoltura máxima da personagem-título, algo que podemos culpabilizar a escassez de lutas durante o longa e nem ao menos o embate final contra Kirigi deixa um rastro de emoção. Mas é perceptível a transição de Elektra de tal forma que sua jornada pessoal se coloca num grau de importância equiparado ao da salvação de Abby (e seu cordão mágico que o roteiro não explica merda nenhuma). Uma transformação/conversão pouco justiçada em somente 96 minutos, mas é o que rendeu, infelizmente. Para fins de grande apreciação, sobra o traje escarlate de Elektra, fiel ao original, mesmo que tendo aparições reservadas a uma brevidade do início do primeiro ato e ao longo de todo o terceiro e a peça é uma identidade visual amenizadora do estrago.
Considerações finais:
Elektra teve seu lançamento ocorrido numa época ainda de incertezas quanto a filmes derivados de personagens de histórias em quadrinhos, especialmente de heroínas da nona arte e o primeiro exemplar desgraçado havia sido o filme da Mulher-Gato no ano anterior à esse (que não cometeu tanta presepada). Não mais do que um passo em falso, seja como spin-off de um filme fracassado ou como tentativa de emplacar uma heroína para gerar um limiar promissor.
PS1: Typhoid, dos quatro, é a minha favorita. Pena que todos tiveram um desenvolvimento bem meh.
PS2: Elektra, coitada, carregando três fardos imensos: Seu passado, uma adolescente chata e esse filme.
PS3: Cortaram uma cena do Matt Murdock. Seria um pós-créditos? Ah não, esse "pioneirismo" viria 3 anos depois.
NOTA: 6,0 - REGULAR
Veria de novo? Provavelmente não.
*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.
*Imagem retirada de: https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/listas/2017/03/os-10-filmes-de-super-herois-menos-rentaveis-de-todos-os-tempos
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