Crítica - Homem-Aranha


Um marco indiscutível para a época.

AVISO: A crítica abaixo não contém SPOILERS porque certamente é impossível que 99,99% da população mundial não tenha visto esse filme (eu posso ter exagerado na "estatística", mas dane-se, a maioria já deve ter visto). 

O ano era 2002. Época em que o público nerd que se deliciava com as páginas coloridas dos heróis mais incríveis e badalados da cultura pop sequer sonhava com uma era onde filmes de super-heróis fossem produzidos massivamente ano após ano. Aquele era o limiar de um processo que tomaria contornos muito mais definidos posteriormente além de caminhos arriscados e outrora impensáveis. No longa de Sam Raimi que abre a trilogia do herói aracnídeo, o espectador é brindado com elementos quadrinescos embalados por toques adaptados que auxiliam na comedida direção.

As escolhas para o elenco não poderiam ter sido mais certeiras. Tobey Maguire encarna Peter Parker numa interpretação que faz reprimir qualquer objeção ante à sua aparência relativamente mais velha para um adolescente da idade do personagem, seguindo cada passo da transição e representando bem os efeitos que ela traz consigo durante toda a jornada de re-descobrimento com seus devidos êxitos e entraves. Ou descobrimento de uma nova faceta em construção. A faceta de um herói humilde que não mediria esforços em proteger sua amada cidade. Pode parecer ultra-clichê atualmente, mas tem de se concordar que o filme entrega uma história de origem progressivamente bem montada onde você tem a ideia clara de que está assistindo ao nascimento de um alter-ego daquele homem munido de suas habilidades especiais.

Continuando a rasgar a seda para o elenco, não podemos deixar de mencionar  a atuação magistral do J. K. Simmons eternizado (arrisco dizer que insubstituível!) na pele de um fidedigníssimo J. Jonah Jameson, um dos antagonistas mais proeminentes do amigão da vizinhança, ele simplesmente arrebentou em compor a personalidade arisca do editor-chefe do Clarim Diário. Dos últimos grandes destaques temos Kristen Dunst como sua agradável Mary Jane e Willem Dafoe nos agraciando com as performances sinistras e tétricas de Norman Osborn e Duende Verde. E claro, James Franco como um Harry Osborn que não soa forçado nas suas interações com Peter, convencendo da amizade entre ambos.

O mais fantástico é um filme com um seguimento tão moderado para manter o padrão "Origins" da coisa toda acabar traçando um clímax brutal na batalha entre Homem-Aranha e Duende Verde com seu inesquecível desfecho trágico e o bônus de um funeral num clima melancólico dosado. É assim mesmo, a morte acompanha a todos, mas ao Homem-Aranha ela é uma figura de certa frequência e sua especialidade como herói é um peso adicional à essa carga suportada por uma vida difícil conciliada esforçadamente com os deveres heroicos que seus poderes o obrigam a seguir.

Considerações finais:

Passe o tempo que passar, Homem-Aranha é daqueles filmes que ficarão marcados para sempre na memória afetiva do público graças ao seu ilustre papel nesse começo engatinhante dos super-heróis nos cinemas e tamanho reconhecimento praticamente unânime prova o quanto envelheceu bem. É a fórmula para o filme de origem "perfeito" que torna-se naturalmente obsoleta mas nunca cansativa pois é deveras eficaz.

PS1: A tensão é inalterável na cena em que Peter se esconde de Norman lutando para não ser descoberto.
Ah maldita gota de sangue...

PS2: Inegável que o traje do Duende Verde parece ser um visual descartado de algum vilão dos Power Rangers.

PS3: Eu poderia listar muitas das minhas cenas favoritas, mas alongaria esse PS (eu tô com preguiça mesmo =P).

NOTA: 9,0 - ÓTIMO 

Veria de novo? Com certeza! 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: https://cinepop.com.br/homem-aranha-do-pior-ao-melhor-148496

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