Crítica - Esquadrão Suicida


Esquadrão da DCpção.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

Um projeto antigo que por uns bons vinha sendo desenvolvido a passos modorrentos (caso parecido com a incursão cinematográfica do Deadpool que exigiu muita da paciência de Jó que os fãs obrigaram-se a praticar), o longa da equipe de anti-heróis da DC Comics finalmente começava a ganhar vida com o limiar do Universo Estendido da DC que poucos anos depois (após o fracasso comercial de Liga da Justiça) virou o "Gato de Schröndinger" da indústria de filmes de super-heróis. É 2016 e os debates em torno de Batman VS. Superman prosseguem intermináveis e até improdutivos (em determinados aspectos). Do que eu lembro, quase ninguém depositava um voto de fé e confiança na empreitada da Warner Bros. para deslanchar o time de malfeitores nas telonas. Particularmente, esperava que fizesse um sucesso comparável a Guardiões de Galáxia, o improvável (até certo ponto) filme da concorrente Marvel que no fim das contas emplacou belamente para torna-los figuras tão carismáticas quanto os Vingadores. A DC, que já foi pisando fundo no acelerador a match 40 ao produzir e lançar BvS como aquecimento para o longa da maior superequipe da editora, meteu os pés pelas mãos e resolveu não seguir os métodos da empresa rival, engatilhando o filme que apresentaria a Arlequina (com a animadora contratação de Margot Robbie para representar a palhacinha do crime) pela primeira vez no cinema poucos meses depois do encontro dos medalhões (um outro tiro no pé e não preciso explicar as razões, você pode entender minha opinião lendo essa postagem).

Abraçar riscos é um atitude de coragem respeitosa, mas os fatores que influenciaram no acabamento final são entristecedores e a intervenção do estúdio na liberdade criativa do diretor David Ayer (não sei se procede, mas na Wikipédia consta que ele levou apenas seis semanas para escrever o roteiro em virtude da data de lançamento marcada, o que pra mim é um tempo pífio para desenvolver os conflitos de um grupo composto por vilões num negócio totalmente experimental para se incorporar num universo cinemático que mal estava engendrado) é um deles, só para citar o mais revoltante. Para economizar nos pormenores, vou fazer uma separação básica: figurinos bem estilizados e selecionados, tirando o visual da Arlequina, cujo cabelo gostaria que estivesse tingido metade vermelho e preto (em maria-chiquinha ou com as tranças, como no primeiro jogo de Injustice), e o do Capitão Bumerangue (um dos vilões mais sem-graça da galeria do Flash) que foi retratado com uma caracterização muito "mendigo" pelas vestimentas, além do tempo de tela e desenvolvimento aquém dos mais privilegiados (estou falando de Arlequina, El Diablo e do Pistoleiro - Will Smith se esforça pra roubar a cena mesmo num papel que não visa dar-lhe protagonismo acima dos demais e o pior é que consegue, embora sua atuação se destaque mais positivamente em relação à Harley Quinn, por exemplo). O curso do enredo vai seguindo firme com o recrutamento dos criminosos da Força-Tarefa X detidos na penitenciária Belle Reve, iniciativa que Amanda Waller propõe usa-los para fins militares nas missões de perigo acentuado a serviço do governo norte-americano, pelo menos até começar o show pirotécnico envolvendo a vilã Enchantress (Cara Delavigne), a entidade paranormal que anseia conquistar o mundo através de uma super-arma mística ao lado do seu irmão Incubus - libertado após a mesma trair Waller que a queria na operação.

A inserção desse plot focado numa ameaça sobrenatural (uma bruxa milenar adorada como deusa por seguidores da América do Sul Pré-Colombiana) é um tanto estranha e discrepante com o tom 'realista" da equipe, claramente sendo mais vinculado à alçada da Liga da Justiça Sombria (esse sim deveria ter merecido uma chance de sair do papel - se é que chegou ter um "a" escrito no roteiro - e com o Guillermo Del Toro na direção!!) e tal escolha para criar desdobramentos mostrou-se um equívoco inocente da produção que pelo visto quis transformar a aventura de um grupo de caras maus (e uma ex-psiquiatra doidinha) num espetáculo de efeitos de 3DCG com direito a minions irracionais e monstruosos da vilã e até raio subindo aos céus promovendo um clima "apocalíptico" (tenho a leve impressão de ter visto isso um bocado de vezes, a mais lembrável no primeiro Vingadores =P). Da maquiagem do Crocodilo não se pode dizer o mesmo das doses humorísticas do texto desinspirado que os atores proferem. Enquanto visualmente as representações estão aceitáveis, as tiradas cômicas são as mais insossas possíveis dentro de um escopo incongruente num filme que deveria ter arriscado-se muito mais (leia-se: +18).

Considerações finais:

Esquadrão Suicida nunca nem esteve perto de lograr como o "Guardiões da Galáxia" da DC/Warner, saindo do seu circuito como uma produção digna dos vários maldizeres que recebeu na época, mas que compensadamente soube transcorrer sua ação frenética e os backgrounds apresentados de El Diablo (atormentado pela morte de sua família que ele mesmo provocou pelo descontrole emocional que aciona seus poderes de fogo) e Pistoleiro (com sua filha que ama o pai independente do rumo que ele tomou na vida) vieram para somar aos escassos tópicos que valem um olhar positivo.

PS1: Nem Zack Snyder e sua esposa, Deborah Snyder, como principais nomes da produção executiva puderam operar milagres. Esse filme necessitava de um "esquadrão anti-bombas", se é que me entende.

PS2: O romance entre Arlequina e Coringa é amorzinho demais se pensarmos em como o casal se relacionava no desenho do Batman, faltou a unilateralidade da coisa toda, o abuso violento, enfim... Esse Coringa apaixonado não me desceu.

PS3: Além de caído de amores pela sua palhacinha, o Coringa de Jared Leto é uma versão de estilo mais rebelde (inspirada no MC Guimê =P) do maior algoz do Batman, só que ruim o suficiente para não nos referirmos à ela como o Coringa que o Batman do Ben Afleck enfrenta - ou a que todos os Batmans poderiam enfrentar. Vamos "fingir demência" e acreditar que esse não é o palhaço do crime que o morcegão combate. A propósito, o número de participações do Batfleck tá aceitável.

PS4: O Coringa, em design e performance, pode estar intragável, mas a Arlequina não escapou de uma retratação meia-boca e olha que de todos do elenco a Margot Robbie era a mais promissora, pois ela tem feições ligeiramente associáveis à Dra. Harleen Quinzel. Não consigo ver nela o jeito pentelha em toda a substância, apenas no andado que ela pôde ser comparada à Arlequina como conhecemos e nas caras e bocas, pois de resto a interpretação ficou bem abaixo das expectativas.

PS5: A vilã deixou sua burrice às claras num momento de "tensão". Enchantress mostra uma visão ilusória da filha do Pisolteiro para ele para amolecer o coração do assassino de aluguel e fazer com que ele não atirasse nos explosivos jogados por Crocodilo na super-arma (ou seja lá o que for aquele trambolho pra lá de bizarro). Ela esqueceu de analisar o contexto. O cara devia atirar numa bomba que arruinaria seu plano e achou que os olhos suplicantes da menina iriam funcionar para que ele hesitasse (bem diferente da cena com o Batman em que ela se coloca entre vilão e herói implorando para não atirar).

NOTA: 6,0 - REGULAR

Veria de novo? Provavelmente não. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/artigos/2019/09/esquadrao-suicida-como-james-gunn-vai-consertar-maior-problema-do-filme-com-reboot

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