Crítica - Parque do Inferno


O parque é sensacional, já o filme...

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

A fórmula do subgênero slasher é de uma tendência a cansar rapidamente o espectador e no meu caso senti os primeiros sintomas em questão de poucos meses vendo alguns exemplares. Pude constatar isso graças a esse longa produzido por nomes envolvidos na série The Walking Dead - o que deve servir de atrativo pros adoradores do programa de zumbis mais aclamado da televisão - e que não traz nada além do simplório e que não tenha sido visto noutras produções. Portanto, nada fora do modus operandi usual. Toda fórmula de sucesso é passível de desgaste, isso é fato, mas o que vejo nesse resgate ao slasher nos últimos anos é uma tentativa de revitalização com propósito de ser bem-sucedida mas que na prática encontra mais falhas do que acertos (salvo exceções, como o popular A Morte Té Dá Parabéns, este apostou nessa pegada de assassino em série sedento e persistente, mesmo dependendo de um clichê, o que, contudo, acabou funcionando).

Eu poderia encerrar a crítica apenas falando que o longa é o puro creme do mais do mesmo, sem considerações finais e post scriptums, só que como me dispus a assistir preciso destrinchar sua história (ainda tento ver se isso existe) e comentar sobre seus personagens ainda que seus intérpretes apresentem atuações que certamente os fariam ser chutados num teste de gravação pra uma temporada bem meia-boca de Malhação. Um grupo de seis amigos (três casais apaixonadamente fissurados em coisas assustadoras) resolve passear num parque temático em pleno Halloween e não tarda para que sejam perseguidos por um cara mascarado e encapuzado que está lá para tornar essa noite um banho de sangue real. Toda a variedade de atrações é benéfica pra quem assiste e aprecia o terror nos moldes artísticos referentes aos efeitos práticos, estimulando uma vontade de visitar um parque montado nessas estruturas impecáveis. O trabalho de arte, em suma, tá digno de nota - e os shows do parque assustam (na medida do possível!) mais que o próprio serial killer perambulando no local com essa máscara que parece a face de um boneco de cera inacabado. O ambiente e suas particularidades dão vantagem fácil pro maníaco entrar sem ser suspeito. Mas infelizmente é ele o problema da "trama", um equívoco visível.

Explicando: O filme frustra uma chance de rumo melhor ao abraçar a ideia de um parque de diversões tematizado com diversas figuras de horror (queria ter visto mais daquele fatiador operário que as duas garotas encontram - nome aleatório porque não sei como se chama aquele indivíduo macabro), mas põe ali no meio um assassino psicopata atrás de matar qualquer um, logo desperdiça um potencial gigante de aproveitar os elementos do parque não só em prol de movimentar o enredo superando o apego ao clichê barato como também de construir um background para justificar o massacre (porque no slasher bruto mesmo, o objeto antagônico de cena, o assassino, não tem uma motivação racional para cometer suas barbáries, tudo resume-se no mais puro prazer de matar). Uma conspiração entre funcionários que por alguma razão decidem sabotar o parque e planejam a matança de visitantes de forma velada (sem expor à multidão) seria uma opção criativa para desvencilhar do formulaico. As mortes de Gavin (namorado de Natalia - a protagonista que saca de primeira o que o resto da galera imbecilmente trata como "parte do show") e Asher (o par perfeito pra sua namorada de estilo rebelde, a efusiva Taylor) são as únicas a realmente a esboçarem brutalidade de fazer o rosto virar. Entre ambas prefiro a do Asher na agoniante sequência de perfuração no olho (ponto pra direção que não cortou) enquanto Gavin teve a cabeça marretada que estourou igual uma melancia. As outras duas mortes são rápidas, Taylor e Quinn (namorado de Brooke, melhor amiga de Natalie), e desprovidas de impacto (as que citei e gostei mais não foram essa coca-cola toda, mas é aquele negócio: é o que deu pra fazer), sendo simplesmente esfaqueados pelo Cara-de-Cera (bom nome pra ele?).

A Taylor, por sinal, recebe um bom destaque que ameniza a (de início) insuportável interpretação da atriz numa cena bacana que faz pegadinha, mexendo com a intuição dos personagens e do espectador, quando a mais despreocupada do grupo se voluntaria pra guilhotinação diante do numeroso público. Interessante a enganação porque minha suspeita era de que o parque estivesse mancomunado com as atitudes do assassino e Taylor seria ceifada ali pra todo mundo ver. Tapeados com sucesso (eu e os personagens). Porém, a voluntária não escapa do "onipresente" maníaco e quase é decapitada (sua fuga acabou em vão) - alerta de suspensão de descrença na hora que ela consegue fugir antes da lâmina descer e com um corte bem profundo na nuca porque da primeira vez falhou, o que deu tempo à ela, mas a questão é o corte mesmo (o_o). O terceiro ato traz melhorias no campo da atmosfera de tensão com Natalie e Brooke, as últimas vítimas e também únicas sobreviventes, correndo para saírem do parque desesperadamente. Natalie cumpre a função da típica protagonista de slasher enfrentando o agressor que curiosamente só sai a caça do sexteto sem deixar outros corpos pra trás (ele se encantou pela Natalie talvez - se bem que a atriz é bonitinha) assim que os vê pela primeira vez (e não corre pra pega-los!).

Nada de errado no desfecho manter oculta a identidade do assassino. Mas o plot twist é um tanto questionável.

Considerações finais:

Com menos gostosuras e mais travessuras, Parque do Inferno pode até garantir aquela diversão básica (mérito da excelente cenografia do parque e não totalmente da condução), mas segue o convencionalismo da vertente sem esforço de ousar quando mais poderia, escolhendo perder uma oportunidade e trilhar o caminho mais confortável.

PS1: Os casais Brookinn e Taysher (fazer shipp é coisa de menina não?) ficaram se beijando nos carrinhos como se estivessem num túnel do amor... e a coitada da Natalie sozinha mal sabendo que o namorado virou presunto.

PS2: Nem todo assassino serial mata só por matar, o Cara-de-Cara (que tem uma coleção de máscaras bizarras pra cada ocasião), por exemplo, é um pai de família que queria somente dar um presente de Halloween pra sua filha roubando a aranha de pelúcia da Taylor. Ele não mata pra isso né? E que interesse ele tinha nas fotos da Natalie e do Gavin?

NOTA: 6,0 - REGULAR

Veria de novo? Provavelmente não. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-249460/fotos/detalhe/?cmediafile=21544208

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