Crítica - Godzilla: O Devorador de Planetas


O lagartão, definitivamente, NÃO é o protagonista dessa trilogia.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS. 

Enfim o capítulo que encerra a narrativa, conquanto não apresente sinais de que realmente os ciclos fecharam inteiramente. Godzilla é absurdamente invencível, uma força inabalável, o que faz dele uma entidade ligeiramente imortal. O fracasso do mirabolante plano na cidade Mechagodzilla custou a vida de Yuko, a namoradinha de Haruo que ele nunca teve chance de levar para a cama - e acabou, inesperadamente, levando outra, logo uma das gêmeas da tribo Houtua numa cena um tanto estranha (na falta de uma palavra que defina melhor) que culminou numa gravidez evidenciada mais para frente -, que foi infectada pelo nanometal, condenando a vida da jovem à um estado catatônico. O primeiro ato segue em meio a enfadonhos lenga-lengas dramaticamente filosóficos, imbuídos de religiosidade, crenças, contrapontos, ciência e tudo que auxilie na formação de um debate que coloque o teológico e o científico em confrontamento. Os Exifs, Endurph e Metphies, exaltam Ghidorah, um dragão dourado de outra dimensão considerado a última salvação para aniquilar Godzilla e que é invocado numa seita que, sem surpresa nenhuma, exige seus sacrifícios - no caso, os adoradores recém-convertidos, ou seja, os sobreviventes, tanto os na nave Aratrum (que vai pelos ares) quanto os na Terra (o gado no abate).

Os defeitos que fizeram a qualidade decair no segundo filme são teimosamente piorados nesse final. Godzilla é tratado nada mais do que um adorno para o roteiro a fim de justificar a situação dos humanos que são claramente mais priorizados em detrimento de um maior destaque ao monstro. Não paro de bater nessa tecla: Num filme de monstro, o adequado é que o monstro receba um tratamento que faça jus a como o filme se vende. Uma pena que a propaganda ilude os esperançosos por um Godzilla brutal (quando na verdade o bicho é como uma rocha que criou braços, pernas, cauda, protuberâncias e uma cabeça que locomove-se estupidamente de forma lenta e ainda é preguiçoso pra entrar em hibernação!). O tão esperado combate entre Godzilla (ou Lesmazilla) e Ghidorah é de fazer baixar a cabeça e segurar o aperto da tristeza no coração. O dragão poderoso é uma divindade que sai de um buraco negro. Aliás, três buracos negros para suas três cabeças com pescoços infinitos - o que destroçou com o que eu imaginava: um dragão dourado orgânico com asas, pernas e braços e não um deus-monstro luminoso aparentando ser feito de um amontoado de queijo nacho.

Não tô com cabeça pra comentar e dedicar uns dois parágrafos a respeito do plano de Metphies, o real antagonista do filme, usando seu amuleto de Ghidorah, funcionando como "âncora" ao dragão, e sua lógica deturpada da aceitação à morte como modo inevitável de salvação (além disso, o safado ainda foi responsável pela explosão da nave na qual o avô de Haruo estava a bordo), manipulando os sobreviventes a adotarem a fé em Ghidorah. Eu dei play para ver Godzilla e Ghidorah se engalfinharem e os humanos lidando com desafios mais extremos, não diálogos de intelectualidade sobre a vida, a morte, a espécie humana e sua complexidade multi-decifrável. Aplicar isso a Godzilla é tolerável a certo ponto, não era pra tanto.

Considerações finais:

O erro de Godzilla: O Devorador de Planetas foi simplesmente intelectualizar demasiadamente o que não precisava. Além de Ghidorah aquém do esperado, os defrontamentos humanos somados à importância exacerbada dos próprios que faz da relevância participativa de Godzilla bastante tacanha completam o desfecho brochante. Fica a animação caprichada.

PS1: Haruo virou uma espécie de "santo" para os Houtua tempos depois de bancar o mártir, inspirando os pequeninos a desejarem superar seus medos enquanto rola um ritual tosco (x_x).

PS2: Mais tosco ainda é Haruo destilar seu ódio contra Godzilla que apenas age conforme sua natureza destrutiva.

PS3: Mothra deixou aquele irrecuperável gostinho de quero mais com sua ponta. Felizmente ela e os demais oponentes clássicos estão presentes em Godzilla II (espero que bem representados, introduzidos e desenvolvidos).

NOTA: 4,0 - RUIM 

Veria de novo? Não. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://anmtv.xpg.com.br/godzilla-o-devorador-de-planetas-chega-a-netflix/

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