Crítica - Jumanji: Bem-Vindo à Selva
Reboot do clássico de 1995 realiza boa mistura de retrô com modernidade atual.
AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.
Do que conheço do filme dos anos 90 (estrelado por Robin Williams), ou lembro vagamente, não passa de uma chamada de exibição na Sessão da Tarde (de qual ano eu não faço ideia). Por falar nisso, as duas produções tem a escala em comum dado o tom aventureiro. Em outras palavras, esperar uma aventura grandiosa e pirotécnica nada mais seria do que exigir injustamente do filme uma carga de intensidade além do que ele se dispôs. Portanto, o ideal é esperar algo bem no nível da maioria dos filmes exibidos no programa. Aliás, o filme respira fundo na comédia e ação é aquele contrapeso satisfatório, muito embora a presença do Kevin Hart faça os momentos engraçados (na verdade, nem tanto) ganhar ares meio "besteirol" com sua atuação que em nada casa com a personalidade do seu eu do mundo real (Fridge, o qual tem uma rivalidade com Spencer, o eu real do avatar interpretado pelo The Rock - que para a surpresa de ninguém assume a vaga do protagonismo porque a coadjuvação seria uma afronta ao talento dele =P). É incrível como Jack Black não me provoca nem aquele risinho bobo e contido com seu personagem (um cartógrafo) que é o avatar de Bethany Walker pois só havia um avatar feminino pra selecionar que havia sido pego por Martha (a "anti-social"), mas voltando à performance em si, realmente careceu de convencimento e as tiradas "cômicas" (por exemplo, na cena que ela mija em pé num corpo masculino pela primeira vez, prato cheio pra piadinhas) soaram bem forçadinhas pro meu gosto. Há outros instantes de utilização da comédia muito mais eficientes e cito a divertida cena de Ruby Roundhouse (Karen Gillan) dando um espetáculo de sedução (e distração também) contra os capangas do arqueólogo malvado Van Pelt que logo de repente vira uma pancadaria muito bem coreografada, além do personagem de Hart que apesar dos pesares ainda promove mais resultados efetivos que Black.
Falando acerca da história, o jogo Jumanji nesta versão é um jogo de tabuleiro que num (inexplicável) passe de mágica transforma-se num cartucho de videogame em 1996, quando um rapaz chamado Alex Vreeke jogou a bagaça e foi sugado para dentro do jogo. A conversão de formato faz sentido pois os games naquele estilo (falo da parte física) já tinham uma certa popularidade desde os anos 80 e o console no qual é inserido o cartucho aparentemente remete à essa época a julgar pelo visual. Foi isso que eu quis dizer sobre a mistura: O retrô do console com a experiência moderna não apenas de jogar e sim de viver os cenários, a jogabilidade e interagir com os elementos que constituem a dinâmica do jogo - a realidade virtual é a coisa próxima disso atualmente. Voltando à história, o vilão rouba um artefato mágico e sagrado chamado Olho de Jaguar e uma maldição sobre o Jumanji assim que a peça é removida, dependendo dos quatro heróis, cada um desempenhando suas funções pré-determinadas, recuperar a joia e coloca-la no seu devido lugar - a estátua que representa o animal referido - mas não sem todos gritarem a palavra "Jumanji" bem alto para retornarem ao mundo real bem como reverter a maldição. Coisa bem linear, bem simples, apesar de obviamente previsível. Só acho que faltou uma melhor amostra de divisão das fases pra ficar mais a cara de "jogo realístico". Por outro lado, o lance das três barrinhas tatuadas nos braços para representar as vidas dos jogadores foi uma boa sacada criativa, servindo para reforçar a urgência teoricamente relacionada ao perigo de morrer no jogo significar morrer de verdade. O arco do personagem Alex (seu nome no jogo é Jefferson "Seaplane" McDonough, um piloto), o quinto herói que parece surgir do nada (nosso velho conhecido Deus Ex-Machina) para salvar as peles do quarteto, confere ao enredo uma dramaticidade leve explicada pela condição do personagem que ficou preso na selva por 20 anos e no fim das contas acabou sendo um acréscimo relativamente substancial para os quatro amigos darem uma atenção especial à ele e não olharem pros seus próprios umbigos. Para coroar a evolução pessoal (que envolve também a reconciliação de Spencer e Fridge e Spencer declarando seu amor por Martha), a turma concorda que o melhor é destruir o jogo para que não aconteça com ninguém o mesmo tormento de Alex.
Considerações finais:
Caso tenha apreciado o filme de 1995, muito provavelmente não passará raiva diante do reboot que organiza um elenco competente no entrosamento tanto nos avatares quanto nas identidades reais. Mas no geral não entrega absolutamente nada além de um entretenimento comum e leve o bastante para espairecer um pouco. A recomendação é não esperar tanto.
PS1: É o segundo filme com "Welcome to Jungle" no título que o Dwayne Johnson participa (eu sei, curiosidade irrelevante).
PS2: Tirar grampos de revistas em prol da reciclagem é terapia e não castigo.
PS3: Espero eu não ser o único que reparou uma semelhança ali no Spencer encarregado de fazer os deveres de casa do Fridge com a amizade do Chris e do Dickerson em Todo Mundo Odeia o Chris.
PS4: Que surto de sinceridade foi aquele da Martha com a professora de Educação Física? Um óscar pra essa garota! (sim, eu odiava até as aulas teóricas, só não era uma disciplina mais inútil que Informática >_<).
PS5: A conclusão da história do Alex teve um saldo bem positivo pela coerência no uso da viagem no tempo 👍👍
NOTA: 7,5 - BOM
Veria de novo? Provavelmente sim.
*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.
*Imagem retirada de: http://s1.1zoom.me/b5156/834/Jumanji_Welcome_to_the_Jungle_Karen_Gillan_Dwayne_536125_2048x1536.jpg
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