Contos do Corvo #2


- O que ainda faz aqui? - perguntou o coveiro, insatisfeito pela presença do corvo naquela noite.

- Ué, não lembra do que eu havia dito ontem?

- Você é insano. Aquela história embrulhou o meu estômago. Além disso, duvido que boa parte dela seja verdade. - afirmou o coveiro, inflando o peito ao desconfiar do corvo.

- Ficarei aqui todas as noites. Não importa se você reclama ou não. E sobre a história... você quem sabe, se acredita ou não em mim.

- Ora, seu... está bem, vou tolera-lo a partir de agora. Mas não me convide mais para ouvir suas baboseiras.

- Tem certeza? Se duvida da veracidade da história, eu duvido que você passe a rejeitar as próximas. - disse o corvo, tentando persuadi-lo.

- Hum... tentando me ludibriar hein!? Ótimo... mas se não for de meu agrado, caio fora na metade se for preciso.

- A propósito, onde está aquela menina pálida? - perguntou o corvo, olhando ao seu redor.

De súbito, a menina surgira por trás do corvo, assustando-o sem querer.

- Olá. - cumprimentou a menina, com um tom frio e melancólico.

- Olá querida. Me parece triste. - disse o coveiro, notando a expressão da menina.

- Não é nada demais. Só um pouco deprimida.

- Chegou em uma boa hora. Há uma história... aliás, uma lenda urbana que irá entretê-la, eu espero. - afirmou o corvo, preparando-se para relatar uma suposta experiência sua.

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                                                               A GAROTA DO LAGO 

Em uma cidade, a qual não me recordo do nome, eu costumava visitar um pequeno parque arborizado. O principal atrativo do lugar era um extenso lago de água cristalina e brilhante. Não era todos os dias que fazia minhas visitas, mas em determinado dia presenciei uma tragédia nunca antes vista no local. Um pequeno grupo de amigos reunia-se frequentemente naquele parque, especificamente na margem do lago. Eram crianças, pirralhos de oito ou dez anos de idade. Dentre eles estava uma menina, que destoava completamente do restante do grupo. Parecia tímida, indisposta e negligente.

Sua aparência era ridicularizada pelos demais, chegando ao ponto de ser xingada de inúmeros nomes. Até que em certo momento, por impulso, ela desafiou um dos membros do grupo a prender a respiração debaixo d'água o máximo de tempo que conseguisse. Era um garoto e ele havia aceitado o desafio.

Passaram-se cerca de cinco minutos e a garota demonstrando total impaciência com aquilo. Tal impaciência motivou-a a empurrar o garoto, sem dó e sem piedade, para o lago. As outras crianças imediatamente partiram para cima dela, agredindo-a incessantemente. Aquela era sua vingança perfeita contra o sofrimento que passara durante o tempo que ficara na cidade.

O restante do grupo, não conseguindo salvar o menino, decidiu vinga-lo... atirando a pobre garota, machucada física e mentalmente, no lago. Seu motivo para aquilo fora incompreendido. Sua raiva interior explodira em um só ato vingando vários que foram cometidos contra ela. Todos eles saíram com expressões distintas. Alguns enfurecidos, outros chorando.

Cerca de sete dias passaram-se e nenhum sinal de garota havia sido encontrado. Os pais, desesperados, mal conseguiam dormir em meio às buscas nos arredores do parque, a involução das investigações e, sobretudo, às buscas no lago. No dia em questão, absolutamente ninguém testemunhou o ocorrido. O desaparecimento correu por todo o bairro e comoveu parte da comunidade.

Duas semanas depois. Um relato surgiu para abalar todas as estruturas. Um homem, que não sei seu nome, afirmou ter visto a garota na margem do lago jogando pedras no mesmo. No seu relato, ele contou ter visto a garota olhar para ele com fúria. Ela estava com um vestido rasgado, sua cabeça sangrava e seus cabelos bagunçados. Sua reação foi simplesmente correr de medo. As alegações de aparições da menina próxima ao lago cresceram bastante, semana após semana.

A polícia sempre verificava o local, mas nunca, jamais chegaram a ver uma garota na margem do lago. Contava-se também que ela aparecia para as pessoas atravessando o lago com os braços esticados e gemendo forte, todas as noites, que é o período em que o parque torna-se mais movimentado. Nas minhas observações, aquele parque jamais ficou lotado às noites, depois do afogamento da garota.

Um mês se passou. Todos do bairro acreditavam piamente que o parque era amaldiçoado, em decorrência das aparições frequentes. Muitos afogamentos sem explicação ocorriam em todas as noites. Ninguém mais pisa por lá, nem mesmo pescadores.

Os pais da garota contataram um demonólogo, pois sabiam que tratava-se de algo incomum. A confirmação do profissional foi de que a garota estava morta, mas ainda permanecia neste plano...

Atormentando e matando todos aqueles que se aproximavam do lago. 

Ficando, assim, conhecida por todo o bairro como a lenda mais sinistra e verdadeira de todas. 


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