Nem tudo é o que parece #39


Enquanto me mantinha totalmente concentrada costurando algumas peças de roupas, como se o mundo ao redor tivesse desaparecido, ouvi uma risada escandalosa ressoar diretamente do corredor. O susto foi tamanho que faltou pouco para meu dedo ser rasgado pela agulha da máquina.

Olhei em volta, meio estremecida, afinal estava no meio do trabalho e qualquer coisa, por mínima que seja, capaz de me tirar do "meu mundo" faz com que eu me sinta assim. Era o riso do meu filho de 9 anos.

Antes que eu fosse ao seu quarto, escutei passos no jardim. Fui correndo até a janela da sala e vi ele dando cambalhotas de felicidade, num estado de euforia até comum para a idade dele... Mas sei lá, tudo me soou fora do normal demais. Ele repetia: "Consegui! Consegui! Consegui!", rindo sem parar.

Tive a impressão de tê-lo visto... "atravessar" o tronco da macieira. Até achei que fosse culpa da aflição que pregava peças na minha mente, e, confiando nisso, fui até o quarto dele pois mais cedo eu tinha pedido que arrumasse tudo depois que acordasse de sua soneca da tarde.

Quando entrei, tive um lampejo de certeza sobre não ter visto coisas.

Meu filho estava dormindo profundamente na cama... mas podia ouvir sua risada do lado de fora.

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Deveria ter sido uma mera conversa trivial no Whatsapp de uma madrugada qualquer, mas o que me fez interrompe-la vai além do que minha cabeça consegue processar. Eu estava deitado na cama, derrotado pela insônia, quando resolvi que era uma boa hora pra colocar o papo em dia com Helen, uma grande amiga minha que estudou comigo no colegial. Não nos víamos desde a formatura e desde então nossas conversas passaram a ser à distância, em qualquer que fosse a plataforma.

- E ae Helen, como vai indo?

- Não sei... Vai demorar pra eu me acostumar.

- ???

- Você nunca percebeu o que ela sentia mas nunca teve coragem pra admitir?

- Do que vc tá falando?? Se for alguma pegadinha, passou longe hein.

Comecei a desconfiar porque a Helen sempre usa muito internetês. Foi então que me mandou um áudio que fez gelar meu sangue. Parecia aquele tom de voz sintetizado que vemos em depoimentos na televisão, onde a vítima não se identifica e tal... só que mais grosso e sussurrante.

- (Áudio) Eu sei tudo sobre vocês dois.

- Não engana ninguém com esse efeito de merda... Anda Helen, pára de graça.

- Mas essa é a minha voz. Que pena você não passar de um inútil sem bom gosto.

- Quem é você? Não parece a Helen... Algum amigo do trabalho? Da família? Se for um invasor, vou chamar a polícia. Cadê ela?

Passaram-se cerca de 8 minutos e nada de uma resposta, o que só me deixou à beira do desespero e a um passo de discar o número da polícia. "Ela" respondeu antes que eu saísse da cama. Nesse momento eu congelei de medo.

- Desculpe a demora, Helen agora está dormindo. O tempo dela acabou como previa nosso acordo que já faz 5 anos. Eu assumo daqui em diante.

O pior é que fazem exatamente 5 anos que nunca mais tinha a visto pessoalmente.

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O urso que minha filha ganhou de presente do aniversário de 7 anos tem me proporcionado noites insuportáveis de pesadelos recorrentes que me fazem temer pela minha vida a cada segundo.

Começou quando ela, minha princesinha, veio até mim com um sorriso de orelha à orelha, mostrando-me o urso de pelúcia vermelho carmesim, gritando "Mamãe, mamãe, olha, ele aprendeu uma palavra nova! Olha só!".

Ela apertou o botãozinho na barriga do urso para que dissesse uma de suas palavras. O estranho que pude notar é que havia um limite de apenas 20 palavras - uma de cada vez - e conforme os dias foram passando eu podia jurar que teria escutado todas de tanto que ela ficou viciada.

Mesmo assim, me prestei a ouvir. Quando ela apertou, senti uma sensação de náusea, aquele embrulho no estômago quando vemos ou escutamos coisas que ficam indigestas.

O tal urso falou sua nova palavra: "Vadia". Num tom meio rude.

Ela disse na maior inocência: "Não sei o que é isso... Mas agora fiquei com vontade de ensinar mais!"

Aquilo com certeza não saiu da boca da minha filha para "ensina-lo". Foi então que três meses depois me livrei dele - joguei numa caçamba de lixo - e comprei um substituto à altura.

Mas a tranquilidade durou pouco. Voltar a dormir bem a partir desse dia se tornou um desafio exaustivo. Enquanto ia jogar o lixo fora, tomei um baque tremendo, cheguei a largar a sacola derrubando metade do lixo, só de ver de novo aquele urso asqueroso... na caixa do correio!

O peguei, meio curiosa, apertei o botão de fala e ele, num aparente tom de deboche, disse: "Eu voltei".

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Só tinha saído para tomar um ar fresco numa tarde ensolarada. Meu caminho foi "interrompido" por uma garota andando numa bicicletinha cor-de-rosa que parou só para observar a casa vizinha à minha - que ficava entre as nossas. Quando eu já pedir licença - a calçada era estreita - ela se dirigiu à mim com seriedade no rosto. Me perguntou o seguinte: "Você também escuta as vozes?".

Eu fiquei com a língua presa nesse momento. A casa já estava desocupada há décadas. Bem intrigante, claro. Mas e daí? Talvez o motivo pelo qual ninguém ter se interessado em fechar um acordo pra aluga-la seja porque não é do mesmo escritório de advocacia das outras - que por sinal já deve ter fechado as portas. A solução seria demolir ou vender, mas ninguém tomava iniciativa.

Respondi que não, mas curioso que sou não perdi essa. "Jura que essa casa é mal-assombrada?", perguntei, sem levar muito a sério. Ela afirmou, veementemente, que ouvia conversas paralelas na casa, seja de dia ou de noite. Daí falei: "Nem vou cair nessa. Já li um monte de histórias desse tipo. Sempre o mesmo final: Todo mundo acha que há gente na casa quando na verdade os donos estão mortos há séculos".

Fui até a casa para tirar minhas conclusões e tentar provar para aquela garota que era só imaginação dela. Era misterioso só ela ouvir as tais vozes, então apostei que se eu entrasse, explorasse todo o ambiente, conseguiria mais do que só isso. Pedi que ela esperasse enquanto entrava.

Mal tinha dado dez passos naquela sala vazia quando vi a garota pela janela escrever algo num caderno. Ela arrancou a folha e correu até a casa. Passou o bilhete pela soleira da porta. Antes de ler, percebi ela saindo com a bicicleta em disparada até a outra esquina.

Nele estava escrito: "Saia daí logo! Eles estão olhando pra você, vindo na sua direção!" 


FIM... por enquanto! 





PS: Qualquer semelhança com Ordens do Ted na terceira história é mera coincidência rs... tá, nem tanto.



*As imagens acima são propriedades de seus respectivos autores e foram usadas para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagens retiradas de: http://www.assombrado.com.br/2013/05/tem-um-fantasma-no-meu-quarto.html
                                         https://www.ajanelalaranja.com/2015/06/casas-mal-assombradas-conhecer.html




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