O Exército - Julgamento Impiedoso.



Notas iniciais: 
*¹ Tenha certeza de ter lido "O Ceifador " (as três partes) e "A Trindade do Apocalipse" antes de ler este conto.

*² Os eventos da trama a seguir ocorrem simultaneamente aos de "A Trindade do Apocalipse" - partindo exatamente do ponto em que o protagonista (John White) inicia sua missão contra os vilões. A escrevi com a intenção de mostrar um pouco do ambiente do verdadeiro mundo dos ceifadores e o que realmente ocorreu com um deles - ou seja, do personagem que teve seu nome como título no conto que iniciou esta trama. Sei que tive esta ideia um pouco tarde, mas está aí. Boa leitura ;)

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Ele vagava por um vale sombrio, cambaleando e tropeçando nas pedras que se faziam presentes no caminho. Pisando naquele solo essencialmente negro e infértil.

Confuso, ele se perguntava, em pensamentos tortuosos, em que lugar estava, durante a maior parte da caminhada angustiante, sem rumo definido. Aquele céu preto-azulado, com nuvens trovejantes, mal era vislumbrado por seus olhos, focados no chão, devido a sensação de declínio.

Mais um tropeço. Suas pálidas mãos sujaram-se de areia fria e úmida.

- Aonde estou? Como me libertei? - perguntava-se.

Depois do que pareceram horas caído naquele solo, surgira à sua frente uma figura imponente, montada em uma espécie de cavalo negro com asas estranhas.

O ser vestia uma armadura preta com detalhes cinzentos, e seu rosto permanecia oculto por uma espécie de capuz, não mostrando nada além de escuridão.

- Finalmente o encontrei. É uma pena que esteja neste estado deplorável. Recebi informações do mestre sobre você. Cometeu um dos piores crimes já vistos por nós.

Ele levantou-se, mas sua postura mantinha-se torta o bastante para lhe fazer cair novamente.

- Não entendo. Eu estava preso na esfera... com aquele humano detestável. O que realmente houve comigo?

- Com a notícia do seu ato, nós, do quinto pelotão de batalha, fomos incumbidos da tarefa de liberta-lo, para que seja julgado. Além disso, você perdeu seus poderes em virtude do seu crime.

- Isso é mentira! Leve-me até o mestre. Eu ainda mereço ser parte da ordem dos ceifadores. Isto não é justo. Eu fiz o que tinha de ser feito.

- Você mentiu para um ser de outro mundo afirmando ser o legítimo "Deus da Morte", oferecendo-o seu falso título em troca de poupar seu trabalho ficando preso com a alma de um mortal. Além disso, transformou duas mortais em servas do ser com quem negociou e ainda usou um humano como hospedeiro. O que você realmente pretendia com tudo isso?

- O que o mestre sempre quis desde o início. Eu honrei sua vontade. Os humanos pereceram, definitivamente. Era esse o objetivo, sempre foi. Presumo que a coleta de almas dobrou de nível nos últimos tempos. - tentava ele se explicar para, quem sabe, escapar do vindouro castigo.

- Engano seu. Ao invés disso, fomos seriamente prejudicados. Todos, inclusive o mestre, suspeitam de que tais almas foram transferidas para o inferno. Parece que seu sócio o enganou sem medo.

- Aquele... maldito. Não pode ter feito uma coisa dessas... - sua desilusão era clara naquele instante.

- Agora entende o que sua tentativa de nos ajudar provocou. Você foi ingênuo. Sabe que é um crime imperdoável passar seu título à outro ser, ainda mais de um que pertence à um mundo no qual nós entramos em guerra há tempos atrás.

- Mas a guerra já acabou faz tempo! Entenda o meu lado, por favor. - implorava ele.

- Negativo. Como seu superior eu me encarregarei de conduzi-lo até o Conselho, onde será julgado.

Naquele mesmo instante, duas figuras sombrias repentinamente surgiram de ambos os lados, para carrega-lo até o cavalo alado do tal ser. Eram espectros, subordinados responsáveis por prender o criminoso.

A ilusão de um plano aparentemente infalível lhe torturava constantemente. Desejou voltar para o mundo dos humanos somente para acertar as contas com aquele com quem firmou uma parceria.

"Traidor! Traidor! Traidor! Traidor! Traidor!" era o grito de revolta de uma imensa multidão de ceifadores numa espécie de arquibancada, arremessando pedras no criminoso prestes a ser castigado.

Os portões fecharam-se. Uma forte chuva começara no momento em que ele atravessava a ponte que levava direto para a sala do Conselho, onde ficavam os jurados e o juiz. Estavam em pequeno número, sendo somente quatro, mas ao todo eram cinco contando com o juiz. Ele fora conduzido sob algemas, sendo escoltado por quatro Cavaleiros montando em cavalos alados.

Os gritos carregados de humilhação não o afetariam de modo que o fizesse se curvar mediante à acusação. Ao chegar na sala, erguera a cabeça, tentando mostrar estar preparado.

Os portões da sala fecharam-se lentamente, com um tremendo estrondo no final. Os Cavaleiros mantiveram suas posturas ao colocar o criminoso frente à frente com os membros do Conselho. Uma política severa era fortemente valorizada, o que incluía a ausência de um advogado, se caso a atrocidade fosse de gravidade consideravelmente alta.

Todos os membros possuíam a mesma fisionomia, porém, com vozes e tons distintos. Vestindo mortalhas negras, seus rostos inteiramente obscuros e mãos pálidas. O que os diferiam dos ceifadores eram seus tamanhos, tendo a mesma altura do portão pelo qual se entra na sala, o que decerto os deixavam imponentes em demonstração de autoridade.

O juiz iniciara o discurso, como deve ser em qualquer julgamento.

- Muito bem. O réu é acusado de abdicação ilegal de seu posto, o transferindo para outro ser, distinto à suas características. Também é acusado de realizar o ritual proibido para coleta de almas e usar um humano como receptáculo. Com estas acusações, o que você tem a dizer em sua defesa?

- Necessito da presença de um advogado. Não interprete como uma exigência, meritíssimo, mas creio que abrindo uma exceção para mim seria de grande ajuda, já que possuo justificativas para meus atos. - tentou ele argumentar.

- Pedido negado. Vai contra nossas leis estabelecidas. Deveria saber muito bem disso. Seus atos são passíveis de punição, isto é inegável.

Um membro tomara a palavra para argumentar a respeito.

- Ao que parece, ele tem seus motivos. Talvez estivesse exausto das suas atividades como ceifeiro e, por esta razão, resolveu fazer o que fez.

- Exaustão não serve como justificativa. Ele usou humanos como subterfúgio às suas obrigações. É evidente que ele não valoriza nossa honra. Devemos puni-lo seriamente. - afirmou outro membro.

- Você poderia ter substituído seu ato de insolência por um ato de orgulho, o qual lhe foi ensinado desde a sua admissão. Deliberadamente feriu nosso orgulho. E ainda pede a vinda de um advogado!? Que patético. - reclamou um outro membro.

- Meritíssimo, por favor, perdoe-me pelo meu erro. Eu necessitava de um certo período de recuperação, minha energia não era suficiente para fazer uma coleta eficaz. O ritual me forneceu mais poder, muito além do que eu imaginava, mas acabei não pensando no erro que estava cometendo.

- E perdeu sua única chance de pensar antes de fazer. Tentou nos orgulhar, desejando o declínio da espécie humana, de uma maneira tão vil. Ainda que tivesse intenção de realiza-lo, poderia ter outras formas, como, por exemplo, recrutar outros ceifeiros e pedir reforços aos Cavaleiros, e, por fim, invadir o mundo dos humanos. - disse o juiz, não admitindo nenhum outro pedido de desculpas.

Um dos membros do Conselho entregara um papel com os votos para o Juiz. O veredito chegara mais breve do que o esperado.

- Não pode ser... - dizia ele, em tom baixo, temendo uma condenação.

- Temos o veredito. Inevitavelmente, o Conselho mostrou-se unânime. Declaro o réu culpado!

E assim terminara o julgamento. Como todos previam, o decadente ceifador fora condenado, sem direito à nenhum tipo de testemunha ou defesa.

A condenação consistia em jogar o acusado no lugar conhecido como Limbo. Este também possuíra um nome alternativo, sendo chamado de O Vazio.

Horas depois do término do julgamento, um dos Cavaleiros chegara próximo ao Juiz, trazendo uma informação de caráter urgente.

- O que tem a nos dizer, nobre Cavaleiro? - perguntara o Juiz.

- Meritíssimo, trago uma notícia importante, vinda dos Espectros. O mundo dos humanos está um completo caos. As forças do inferno adentraram em todas as partes.

- Presumo que quem esteja no comando seja aquele com quem o réu esteve associado.

- Sim, senhor. Além disso, segundo o que me informaram, a realidade parece estar... se modificando. Não sei explicar com muita clareza. Por favor, peço que repasse essa informação ao Mestre.

- Está bem. Pode se retirar.

Antes que os membros do Conselho pudessem deixar a sala, um brilhante clarão pôde ser visto no horizonte...

Um deles reconheceu tal brilho e espantou-se rapidamente, enquanto uma avalanche de raios vinha em sua direção, distorcendo todo o espaço.

- Oh não! Isto é impossível! Me parece ser o poder da Lança do Des...


FIM.

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Notas finais: 
*¹ Quem está acima e quem está abaixo neste mundo sombrio:

Escravos - São as almas coletadas que, por alguma razão, não são conduzidas ao inferno. Ao invés disso, são usadas como fonte de energia ilimitada para os Ceifadores a fim de alimenta-los, enquanto trabalham construindo fortalezas para eles.

Espectros - Escravos (almas) que foram corrompidos e promovidos para servirem de mensageiros dos Ceifadores e serem seus asseclas. Adentram no mundo humano para se alimentarem de energia vital e converte-la à sua maneira. Conhecidos como espíritos vingadores ou Poltergeists.

Ceifadores - Possuem poderio mortal ilimitado. Trabalham coletando almas para manter o equilíbrio. Podem variar de tamanho e forma, mas possuem os mesmos objetivos.

Cavaleiros - São os que estão mais próximos do Mestre e os mais altos da ordem na hierarquia. Ceifadores promovidos e evoluídos para integrarem o exército, que possui cinco divisões. No caso de uma guerra, são levados ao campo de batalha, portando as armas mais mortais já vistas. Também agem como porta-vozes dos Espectros, para mensagens que o chefe deve saber.

Conselho - As origens de tais seres que compõem este grupo são ocultas. São responsáveis por julgarem Ceifadores e Cavaleiros que cometeram atos que vão contra às leis.

O Rei - Também conhecido como "Mestre". Seu verdadeiro nome, bem como sua origem, são desconhecidos. Somente os Cavaleiros e o Conselho o viram. É o chefe que determina o que é certo e o que é errado, e pode, sem problemas, mudar todas as leis.

*² Sobre a guerra que os principais postos (Ceifadores e Cavaleiros) tiveram contra o Inferno: Ambos os mundos dependem um do outro, mas os motivos da guerra são inúmeros. O mundo dos Ceifadores é conhecido como Purgatório e as almas que de lá saem são transferidas para o Inferno, após passarem por uma avaliação.



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