Crítica - Erased

Divulgação: Kei Sanbe/Kadokawa Shoten
E cá estou novamente trazendo mais uma review de anime, após os inúmeros hiatos ocorridos entre o segundo semestre do ano passado e o primeiro deste, por conta do meu comprometimento com outros conteúdos daqui do blog. Sem mais promessas de uma frequência mais decente quanto às críticas, por que é chover no molhado, já é do meu feitio pausar quantas vezes forem precisas para dar atenção à outros compromissos mais urgentes e que gritam por uma antecedência digna. É assim que foi no início, e muito provavelmente permanecerá do mesmo jeito: Ocasional. Apenas quando eu tiver uma brecha no meu tempo curto. De três em três meses ou até mais. Algo que valerá para todas as áreas. Este quadro só mudará se caso eu resolver cessar a produção das minhas séries por um longo período, coisa que, obviamente, se encontra fora de cogitação. Então que se mantenha como está, pelo menos por enquanto, eu acho.

Sendo honesto, vi alguns animes entre o fim de 2015 e o início de 2016, mas fui muito seletivo quanto a fazer resenhas sobre eles, muito devido pelos fatores mencionados acima. Logo, não me sinto muito confortável resenhando um anime que, por exemplo, faz uns dois meses que vi. A saída mais fácil: Revê-lo, é claro. Minha resposta: Não. É incômodo ver aquele anime que você prometeu a si mesmo que faria uma crítica, mas acaba que no fim você fica apenas na vontade e não escreve nada pois deixou um considerável período passar, o plot, as relações entre os personagens, cenas, tudo isso fica mais nebuloso na mente quando você se depara com um outro anime que lhe interessa tanto quanto ou lhe cativa até mais do que aquele que viu anteriormente, então obriga a si mesmo a rever aquele anime, pesquisar informações importantes, mesmo sabendo que é desacostumado a reprisar animes no PC em um curto intervalo de tempo. Os animes que vi recentemente, portanto, só ganharão suas devidas reviews quando eu revê-los depois d uns seis ou dez meses, ou até mesmo anos. Vai depender da minha disposição e disponibilidade de tempo.

Pertencente a temporada de inverno deste ano - óbvio que outros chamaram minha atenção, mas decidi que vou vê-los em outros períodos -, selecionei aquele que me conquistou logo de cara, sem nem me deixar pestanejar. Erased (Boku Dake Ga Inai Machi, no original, "A Cidade Onde Apenas Eu Não Existo", em tradução livre) conseguiu o feito de fisgar meu interesse apenas lendo algumas linhas de sua sinopse. Como de costume, não dispenso um bom e intrigante suspense psicológico, ainda mais regado com um toque sobrenatural, então estes poucos elementos foram mais do que suficientes para me ver dar o Play e conferir o primeiro episódio sem nenhum resquício de receio, mas também sem nenhuma expectativa no modo "elétrico/ansioso por algo que me agrade de tal maneira que nem me faça ver o tempo passar".

Abaixo listo os prós e os contras desta surpreendente obra; OBS: A crítica a seguir contém SPOILERS. Caso não tenho visto o anime, sugiro que não leia.


Prós:

A excelente qualidade da animação: Um dos pontos que fortalecem o conjunto da obra são os traços bem desenhados, realçando uma certa suavidade, o que proporciona, em dados momentos, um clima mais leve nas cenas, até mesmo naquelas da maior tensão, como Kayo Hinazuki, no ônibus abandonado que serviu de esconderijo, quase sendo pega pelo seu assassino. O anime correu contra corrente por apresentar uma animação satisfatória, contrastando com casos vergonhosos vistos em Dragon Ball Super (especificamente no quinto episódio) e Saint Seiya - Soul Of Gold (que ainda não conferi, mas vi algumas imagens deprimentes de seus traços) que descambaram com gráficos terríveis.

A trama "inspirada" em Efeito Borboleta: Talvez inspirada não seja a palavra correta, pois não sei exatamente se o anime teve ou não o reforço da trama do filme citado para compor o cerne de sua história. Mas que é quase impossível não lembrar, de fato é indiscutível. Satoru Fuijnuma possui uma estranha habilidade sobrenatural de voltar no tempo para evitar eventos trágicos, como acidentes e/ou assassinatos, habilidade esta que ele nomeia de Revival. Ao meu ver, o anime realmente começou assim que o protagonista teve a chance de voltar ao passado, especificamente ao ano de 1988, época em que uma misteriosa onda de sequestros seguidos de mortes ocorreu na região. Assim, Satoru retorna para o seu eu daquele ano, no qual tinha 10 anos (ou próximo de completar 11, não sei bem ao certo). Usar a cena em que Satoru se vê diante da escola em que estudava, de volta àquele ano, após fugir da polícia por ter sido acusado pelo assassinato da mãe foi um ótimo gancho motivador para conferir o próximo episódio e o enredo só proporciona mais disso à medida que a trama fica mais envolvente, arrastando sua atenção até o final... ou para um rito de confirmação que se configurou como uma previsibilidade que falo mais abaixo.

A abertura: A musiquinha divertida gruda no subconsciente depois que você se vê preso à trama e deixa-la pela metade não lhe passa pela cabeça nem por um minuto. Mais uma vez o estúdio A-1 Pictures está de parabéns pelo trabalho primoroso, pois a abertura movimentada explana todo o suspense contido no enredo.

Divulgação: A-1 Pictures
Sachiko Fujinuma: Tem como não gostar de uma personagem dessas? De longe, é uma das melhores. A mãe de Satoru é observadora, calma e persistente, me surpreende ela não se exaltar com tanta facilidade (ou como uma Rochele da vida), sempre se mostrando compreensiva em sua relação com o filho. Ela ganhou ainda mais meu respeito ao ficar cara à cara com a mãe abusiva de Kayo, reprovando as atitudes violentas que aquela mulher desequilibrada (com um passado triste e violento com o marido que despertou a ira que não conseguiu para poder se defender) impunha à sua filha. Nem quando foi violentada no rosto ela chegou a reagir da maneira esperada pela Sra. Hinazuki. Incrível como alguém pode manter a calma após isso, mas, exercendo seu papel como uma das três pessoas mais importantes na vida de Satoru - a abertura deixa isso bem claro - ela se caracteriza como uma das personagens mais bem desenvolvidas.

A abordagem da violência infantil: A trama de Kayo Hinazuki rendeu ótimos e tristes momentos. Sua personalidade reservada provém dos tratamentos maldosos que sofre da mãe, sempre tendo que usar roupas que escondam os hematomas. O que dizer da cena em que - após Satoru leva-la para sua casa para que dormisse lá e ficasse em segurança - ela começa a cair aos prantos ao ver um decente café da manhã lhe sendo servido, algo que nunca tivera quando morava com sua mãe? De cortar o coração.

Airi Katagiri: Uma personagem, no mínimo, adorável. De início, eu já saquei que ela seria o principal interesse romântico de Satoru, até ver o forte elo que o protagonista desenvolveu com a garota ameaçada por um sequestrador ao longo dos episódios em que se manteve no passado. Seu jeito bem-humorado e sua relação com o protagonista fazem alguns dos melhores momentos, além de sua prestatividade em ajuda-lo a fugir da polícia por um crime que não cometeu, acreditando que o amigo não seja o autor da morte de Sachiko Fujinuma (logo no primeiro episódio). Amigos assim estão em falta hoje em dia. Sua aparição no final foi inesperada - fazendo Satoru perder outro Revival -, acreditei que ela seria descartada ou faria uma breve ponta em uma das cenas do episódio final, mas não contava que seria logo no final do anime - embora não da forma como eu esperava, o que foi ligeiramente compreensível dadas as mudanças causadas por Satoru na linha temporal em suas tentativas de salvamento.

A obstinação do protagonista: No primeiro revival ao passado em 1988, Satoru fracassa em tentar salvar Hinazuki, algo que meio que soou como um banho de água fria no espectador. Ele estava absurdamente perto de salva-la... Bem, segundas chances são válidas para alguém com a habilidade do Satoru e ele persiste em seu objetivo. Seu inocente desejo de criança em querer se tornar um super-herói - algo inspirado em um personagem que gosta, cujo nome não me recordo - é o que move-o em direções perigosas para manter a vida de Kayo Hinazuki à salvo e longe das garras do temível assassino misterioso.

A condução do mistério: Incontáveis são as teorias que este anime faz você querer elaborar a fim de se ter uma confirmação prévia. Bem, digamos que isto só é possível nos quatro primeiros episódios...


Contras: 

Jun "Coragem" Shiratori, Osamu e Kazu: Três personagens que mereceriam um maior enfoque em determinadas cenas. Com exceção de Coragem, os dois últimos pareceram figurantes de luxo, não demonstrando tanta conexão amigável com o protagonista, não tanto quanto Kenya e Hiromi.

O mistério do assassino: Até certo ponto do anime, você consegue ver as camadas desse mistério caindo uma por uma, deixando em exposição uma previsibilidade que beirou ao tédio (episódio 11, por exemplo). A partir do quinto episódio, mais ou menos, já era extremamente óbvio que Gaku Yashiro na verdade era o sequestrador e assassino de crianças. A revelação veio cedo (episódio 10), embora numa cena puramente emocionante e com tensão esmerada.

O encerramento: Os primeiros segundos são legais - aquele jeito de andar engraçado do pequeno Satoru é a melhor parte -, mas o resto das imagens exibidas parecem destoar da proposta do anime. Nesse elemento, não acertaram a mão.


Veredicto:

Memorável! É a palavra que mais define este anime na minha visão. Seu suspense é envolvente, mesmo com alguns indícios previsíveis aqui ou ali, você não pensa em abandona-lo, não quando está afeiçoado aos ótimos personagens desenvolvidos, principalmente ao "casal principal" (deixo em aspas pois ambos não terminaram da forma esperada rsrs). Definitivamente, um dos melhores da Temporada de Inverno 2016 e indiscutivelmente um dos mais eficientes já produzidos.


NOTA: 9,5 - ÓTIMO 

Veria de novo? Com certeza.


*As imagens acima são propriedades de seus respectivos autores e foram usadas para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos ou intenções relativas a ferir direitos autorais. 

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