Capuz Vermelho #63: "Os Procurados"


Hector recusava-se a acreditar no que via. A bílis fervia no estômago na visão contínua daquela cena dantesca. Nem em seu surto de licantropia mais acentuado, o caçador teria chegado tão longe. Pandora visualizou o corpo da bruxa e teorizou.

"Aquela mulher talvez seja a bruxa que eles chamaram para sincronizar as magias e rastrear a cabana.", pensou ela.

- Rosie... Não se mexa. - disse Hector, aproximando-se, mas com uma mão no bolso de trás do sobretudo prestes a sacar uma algema - Quero apenas dialogar. Pacificamente. Você está comigo?

- Que caras são essas? Viram algum monstro? - perguntou Rosie, ainda lambendo o sangue nos dedos - Ah, acabo de lembrar, voltaram do Tártaro, imagino como deve ter sido... aterrorizante.

- Rosie, o único monstro com o qual nos assustamos... é você. - disparou Pandora. - Olha pra isso. Eu me responsabilizo, afinal fui eu quem a trouxe de volta, não esperava que cometesse um banho de sangue assim que acordasse.

- Pandora, por favor, não é uma boa hora. - repreendeu Hector.

- Do que você tá reclamando? - indagou Rosie, a expressão debochada - Não odiava eles? Considere um favor. Mas eu não tô afim de agradecer agora. Pra ser honesta, eu não fiz isso por você.

A algema fora exibida e Rosie agilmente se auto-preservou ao pegar o braço de Hector e vira-lo para imobilização tal como policiais costumavam fazer contra bandidos desarmados. Pandora pensou em agir para impedi-la, mas se conteve.

- Esquece essa ideia, Hector. Não vou deixar que me joguem numa cela. Eu tenho a mim sob controle. Nunca me senti mais lúcida, pode acreditar. - olhou para Pandora - E quanto à você... Contanto que fique o mais longe que puder do meu caminho, ainda posso contar com o pouco de confiança já que você não quis sair de mãos vazias quando virou as costas pro Hector. Sinceramente, não precisamos mais de você. Não nos envolva de novo nos seus problemas.

Rosie soltara Hector e saíra da cabana esbarrando de propósito no ombro de Pandora.

- Vamos pra casa, Hector. - disse ela - Preciso de um banho, tirar todo esse cheiro de sangue...

- O que deu errado? - questionou Hector - Será que o corrompimento atingiu ela antes do esperado?

- O pedido da Rosie é uma ordem. Sendo assim, não devo explicações. - disse Pandora, pronta pra ir.

O caçador a pegou rudemente pelo braço. A bruxa por sua vez o fulminou com um olhar.

- Me larga ou vai se arrepender.

- Não antes de me contar o que realmente está por trás dessa falha. Garantiu a total eficácia do feitiço, embora o aviso de Leo tornasse as coisas mais emergentes do que pensávamos. Rosie citou seu rancor pela Caosfera, o que faz pensar...

- Tá achando que eu intencionalmente usei a magia do caos para acelerar o corrompimento da Rosie?! Pra quê? Esperar que ela fosse uma arma pra liquidar com esses gatos pingados? É claro que não! Nós chegamos tarde demais e ponto final.

Ambos escutaram sons roucos de voz em algum ponto da sala. Hector detectou um mago ainda movendo-se, embora agonizante. Ele parecia esforçar-se para reproduzir nem que uma mísera palavra.

- O que foi? É claro, tinham que sobreviver, são magos de uma magia grandiosamente poderosa. - disse Hector.

- Acho que ele quer nos dizer algo. - constatou Pandora - Vamos deixa-lo falar suas últimas palavras.

- A... A garota... Neutralizou nossa magia... É como se... perdêssemos nossa força diante dela.

Hector e Pandora entreolharam-se com preocupação. Porém, a desconfiança do caçador reforçara.

- OK, isso explica como ela obteve uma imensa vantagem para causar todo esse estrago. - disse ele.

O mago do caos falecera antes que continuasse o relato, os olhos abertamente estáticos.

- Não explica tudo. - retrucou Pandora - Se Rosie estivesse com sua alma essencial, isso não teria acontecido. O que significa... É, muito mais sério do que tínhamos antecipado.

- Significa o quê? - perguntou Hector, aborrecido.

- Que o corrompimento se justifica pelo fato de Rosie não estar com sua alma de fato. O que trouxemos do Tártaro era apenas um resíduo superficial que sofreu efeitos nocivos. Sem a alma, ela não é quem conhecemos.

Rosie veio voltando, externando sua impaciência.

- O que está esperando? - perguntou ela à Hector - Quer ficar pra ajuda-la na faxina? No seu lugar, a largaria da mesma forma que ela fez. Traidores merecem ser punidos rigorosamente.

- Hum, e com o quê você gostaria de me punir? - questionou Pandora - Tenho interesse em psiquiatria, quem sabe eu possa enfiar um bússola moral com meus ensinamentos nessa mente doentia.

- Você não é uma fada azul e muito menos será meu grilo falante. - rebateu Rosie - Afinal de contas, a magia do caos se provou não ter efeito sobre mim, então eu sugeriria você tomar cuidado. Um movimento esperto e eu me torno o seu pior pesadelo.

A bruxa do caos assentiu com os lábios apertados e olhar desviado. Hector só observava apreensivo.

- Está bem. Espero que tenha bons sonhos. - ergueu a mão direita - Inducat Ingnaro.

Rosie subitamente adormecera e caiu para trás, sendo rapidamente apoiada por Hector.

- Mas a magia não reagia sobre ela. - disse o caçador - Como isso aconteceu?

- Isso foi um teste bem-sucedido. A conclusão: Rosie é invulnerável´apenas à feitiços ofensivos e letais. A pus pra dormir no máximo por seis dias. É bom que haja um porão na casa onde vivem. - disse ela, andando para sair da cabana - Ou posso ser uma hóspede, prometo me comportar. Menos ficar por muito tempo. E então? Juntos para manter essa fera domada?

O suspiro demorado de Hector sinalizava frustração. O assombro de uma Rosie incontrolável e perigosa retornara também.

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CAPÍTULO 63: OS PROCURADOS

6 dias depois 

A sensibilidade física de Rosie experienciava o frio do chão duro de concreto que suas mãos passavam devagar ao passo que abrir os olhos no mesmo ritmo, sentada e encostada na parede. Com o despertar, via Hector entrando na sala - ou cela - e sua visão começava a ajustar-se melhor.

- Eu vou te matar. - disse ela, os olhos semi-cerrados e a voz meio grave por ter acabado de acordar - Foi só eu virar as costas pra você e aquela semideusa vadia conspirarem contra mim...

- Como está se sentindo? - perguntou o caçador, fechando a ruidosa porta.

- Não finja preocupação. Quis me tirar do jogo porque meu estado atual é um problema que você tem medo de carregar nas costas. Você é um imbecil. Acha que naquele momento precisei de auto-controle? Usa a cabeça, Hector. Eles mereceram.

- Olha, eu não vou discordar e estou sendo plenamente honesto com você. Mas não é esse o problema. - disse Hector, aproximando-se meio hesitante - Pandora e eu tivemos uma divergência, comecei a suspeitar que a magia do caos, que reconectou seu corpo e seu espírito, corrompeu sua essência... bem, não exatamente isso, eu... - pensou um pouco - É basicamente isso que ela falou.

- Oh, tiveram a primeira briga de casal. - retrucou Rosie, debochada - O que foi? Ela te deu um tapa?

A risadinha malandra que o caçador deu a incomodou fortemente.

- Tá rindo de quê? Me trancou numa cela, ainda por cima sem algemas, não duvido da sua coragem...

- Não é nada disso, é que você sinalizou algo que não esperava, porque tecnicamente a verdadeira Rosie não está diante de mim, digo... A forma bruta da sua alma não está no seu corpo, foi roubada por Belphegor que separou-a em sete partes e as inseriu em demônios representantes dos sete pecados. - retirou um papel dobrado do bolso - Pandora deixou esse bilhete que só encontrei hoje.

- E como estou viva sem minha alma? O feitiço não deu certo?

- Como tentei explicar: A magia pode ter infectado o que ela chamou de alma residual, a projeção espiritual que estava no Tártaro, não estava no seu formato puro, digamos assim.

- Então sou uma fruta... sem a semente ou a polpa. - disse Rosie, levantando-se vagarosamente - Mas não precisamente uma morta-viva. Eu apenas estou... diferente. Pra você, claro. Estou ótima.

- Na minha visão, está doente. Além do mais, Pandora teve a ideia de mante-la desacordada.

- Mas quanto tempo ela esteve aqui? Ou ela só fez o bilhete por compensação pra não parecer que...

- Chega, não aconteceu nada entre nós. - interrompeu Hector, soando ríspido - Sim, ofereci estadia, mas hoje, justo hoje, o sexto e último dia da sua soneca, ela resolveu ir embora. A parceria que criei com ela te irrita bastante. E é isso de tão engraçado que noto em você. Suas emoções permaneceram.

- Se alguém interfere no nosso relacionamento, como quer que eu reaja?

- Desse jeito, não voltaremos ao nosso compromisso tão cedo. - declarou Hector, a expressão séria e fixa nela - Por isso gostaria de pedir um tempo, enquanto voltamos à ativa como caçadores.

- Agora tá pedindo um reatamento de trabalho em dupla. Ah, foi esperto, não sinto minhas adagas comigo. Dei a entender que não ia perdoa-lo se me jogasse numa prisão. Como quer nós dois massacrando monstros de novo se você acredita que não passarei de um estorvo? Vamos, fala logo!

- Você falar de massacre já me preocupa o bastante sendo que cometeu um poucos dias atrás. Escute. - tentou tocar nos ombros dela, mas deteve-se - Não está na condição de discernir sem a emoção falar mais alto. Você vai bater e perguntar depois mais do que de costume. Mas preciso que esteja comigo.

- E se eu cruzar a linha que você estabeleceu? - indagou ela, intimidando-o com uma aproximação - Se esse cão feroz soltar da coleira? O que fará? Viu minha crise de ciúmes. Não gostaria de ver uma crise de nervos. - disse ela, logo andando para sair - É manhã ou noite? - parara na soleira da porta.

- São quase meio-dia. - respondeu Hector, verificando o relógio - Podemos sair daqui à pouco.

- Por favor, não diga que é pra irmos atrás da bruxa metida. - disse Rosie, a chateação estampada.

- Pandora tem seus próprios problemas com a Caosfera. - declarou Hector, firme - Vamos nos concentrar principalmente em recuperar sua alma matando cada demônio. E acho que sei por onde começaremos. - destacou um jornal que tirou.

                                                                                       ***

Alguns demônios servis à Belphegor trabalhavam sob seus disfarces humanos no prédio de advocacia onde o grande chefe e candidato favoritado à eleição municipal atuava num escritório comum fingindo ser alguém comum. No elevador, um funcionário-demônio com a pele de um homem bem aparentado de óculos quadrados adentrava no compartimento encontrando três pessoas; Duas delas, para o seu desânimo, eram humanos trabalhadores e desavisados. Mas o terceiro fora reconhecido.

Ele se postou ao lado do companheiro, bem atrás dos dois que desconheciam a real situação geral. Ambos os demônios entreolharam-se numa seriedade fria e assentiram um para o outro.

Transformaram-se em sombras espectrais e possuíram os funcionários à frente deles que pacientemente esperavam chegar aos seus destinos. O elevador estava prestes a alcançar o 7ª andar.

- Enfim a sós. - disse o da direita - Fez a checagem?

- O lugar é um hotel barato, reserva feita há três dias, parece que ela tem um gosto duvidoso por refúgios de pouca classe. - afirmou o outro, à esquerda - Fui incumbido pelo grande mestre a repassar informações de outros que seguem investigando os passos dela 24 horas por dia. Parece que irão arrombar o prédio ainda hoje.

- Imagina só a cara dela. Que tal propor uma bagunça nos móveis pra deixa-la assustada?

- Ou então uma emboscada pra quando ela voltar caso não esteja presente. As saídas delas costumam ser entre as oito da manhã e duas da tarde. Só que não vamos bobear. Sabe como esses magos são.

- Pois é. - admitiu o outro, desconfiado - Truques infinitos na manga. E se forem mortos?

O elevador apitara seu agudo som e a porta fora aberta por um deles. Ambos ficaram pasmados.

- Foi uma pergunta retórica? - disse Pandora, tranquilamente parada com as mãos na cintura e um sorriso de pura satisfação - OK, não é. Eu sinto muito pelos seus comparsas. Não pedi serviço de quarto.

- Sua desgra... - disse um deles, intencionando atacar.

- Eu me entrego. - disparou ela, gerando mais espanto na dupla - Os poupo se eu puder falar diretamente com o Derek.

                                                                                ***

Condado de Middlesex

A pacata cidade apresentava a calmaria de um deserto inóspito, muito mais atípica do que Rosie e Hector poderiam imaginar ao verem cada rua ou beco vazios, apenas com umas folhas voando arrastadas pelo chão asfaltado. Rosie bufava em curtos intervalos, gerando um incômodo no caçador.

- Sei que é exaustivo caminhar às duas da tarde embaixo de um sol de verão, mas temos uma emergência a resolver, pessoas estão literalmente devorando umas às outras aqui, temos de ser prudentes. Ou ainda está zangada pela minha ideia de protege-la de si mesma?

- Sempre com essa conversa de proteção. Vira esse disco. - disparou ela, continuando a caminhar - Devíamos ter feito um treino antes. Tá me forçando a uma abstinência injusta.

- Ao quê? Matar pessoas? Isso sacia sua fome ou sede? Insinua que estou matando-a aos poucos?

- É, praticamente isso. - disse ela, desdenhosa - Quanto falta pra chegarmos na maldita delegacia?

- Não muito. - respondeu Hector, virando-se à sua esquerda, achando o departamento policial do condado, logo subindo os poucos degraus da escada - Venha, o xerife precisa da nossa palavra.

- Cooperação com a polícia local? Sim, nós somos muito independentes. - reclamou ela, seguindo-o.

No interior do prédio, os principais suspeitos eram apresentados à dupla por um dos policiais. Três deles na sala de espera com uma janela retangular de vidro temperado: um padre, um chef de cozinha e um criador de gado. Rosie os fitava com uma suspicácia mordaz, mal aguentando-se.

- Façam bom proveito. Espero que tirem as melhores conclusões. - disse o policial. - Até mais.

- Obrigado. - disse Hector. Ao virar o rosto, não enxergou Rosie ao seu lado. Ela já encontrava-se na sala de interrogatório ao lado na espera. O caçador sabia da possibilidade se contestasse a vontade dela ou a proibisse. Mas fora até ela para ao menos impor um limite - Rosie, escute: Não exagere. Uma vez que passar do ponto, vou ser obrigado a...

- Você não pode se transformar em licantropo nesse lugar. - argumentou ela - Pretende sacrificar seu segredo pra me parar quando eu achar necessário usar a força pra arrancar uma informação?

- Uma ameaça? Escondi suas adagas. O que trouxe como alternativa?

- Achei um soco-inglês. Tá meio velho, mas acho que basta pra deixar seu rosto bem machucado. - disse ela, fervorosa - Agora que dei o aviso, me deixa trabalhar... do meu jeito.

O idoso padre adentrava na sala para ser interrogado. Hector baixou sua relutância e ficou na observância.

- Muito bem, o senhor foi visto na igreja durante o culto onde ocorreu o surto de histeria coletiva.

- Mas é claro, eu sempre comando a cerimônia. Eu sou o menos suspeitável, considerando onde aconteceu.

- Ah, quer que eu acredite na sua alma imaculada, santificada... talvez iluminada. Pois ouça aqui: Eu tenho uma teoria que me faz crer no oposto do que o senhor pensa. Quer que eu compartilhe?

- Você é uma menina muito estranha. - disse o padre, olhando-a estreitamente - Não parece bem. Quero dizer, não está equilibrada para exigir respostas de alguém sob suspeita de um crime.

Enquanto desenrolava a conversa entre Rosie e o padre, o xerife Brucker, um homem gorducho cujos botões do seu uniforme marrom claro não suportavam o peso abdominal, veio até Hector.

- Que Deus me perdoe por levar um padre à uma sala dessas. - disse ele - Vocês tem alguma ideia?

- Também acreditamos na hipótese de surto coletivo. Soube que a cerimônia foi às portas fechadas. Algum motivo especial?

- O padre nos revelou que escondia judeus refugiados no porão da igreja e achou que simpatizantes nazistas descobrissem indícios. Depois viu que não era moralmente certo mante-los fora do contato em sociedade e os levou para casa na madrugada de ontem. Soava como cárcere privado.

- E com relação ao canibalismo? A origem da histeria geral está mesmo nesses três homens?

- Vou confiar na sua amiga pra chegarmos a um julgamento. Ela parece estar se divertindo. De vez em quando, é bom deixarmos as garotas brilharem. - disse o xerife, visualizando o interrogatório pela janela.

- Ela não devia estar aqui. - disse Hector, preocupado - Sabe como é... Problemas de casal.

- Entendo. Mas o que você especula de fato sobre essa onda de gente comendo gente por aí?

- A cerimônia fechada leva à suspeita de uma seita ritualística que recorreu ao uso de hipnose, eu sei, acredite, isso é perfeitamente possível. Mas o envolvimento dos outros dois aumenta a hipótese de um cúmplice. Um ponto de partida. Alguém começou para transmitir o canibalismo como um vírus e gerou todo o massacre. A propósito, parabéns por organizar as provas de ligações entre os três.

- Fico grato. - assentiu Brucker. Ambos levaram um susto com um baque vindo da sala. Rosie colocara o padre contra a parede, agarrando sua batina - O que deu nela? - perguntou ele, alarmado. Brucker correu para interceder, mas Hector passou na sua frente para controlar a situação.

- Rosie, Rosie! Já chega, acabou por aqui. Vamos. - disse ela, segurando-a.

- Eu expliquei minha teoria e ele começou a fazer joguinhos comigo. - disse ela, soltando-o - Não aponta essa cruz pra mim. O diabo está angariando votos neste momento, bem longe daqui. - logo saiu da sala, desprendendo-se das mãos de Hector.

- Se bem que Eprham Lankester está num comício agora. - disse Brucker - Ela acha que é o diabo?

- Não, nada disso. - disse Hector, dando uma risadinha - Força de expressão, apenas. Me desculpe. - disse ele ao amedrontado padre. Rosie entrara sem ser vista na sala do delegado, o qual não estava. Um pacote estranho chamou-lhe a atenção. Hector tinha ido atrás delas, mas a flagrou examinando a caixa. Brucker viera depois.

- Xerife, dá pra nos contar o que significa essa encomenda? - questionou ela, o tom áspero.

- Ah sim, eu ia falar sobre isso quando terminassem com os suspeitos. Não me forcem a abrir. - fez uma pausa, expressando nervosismo - O mercado negro tem enviado pacotes a destinatários ocultos. Policiais já verificaram alguns. Geralmente eram achados braços e pernas decepados e até órgãos. Esse daí foi recolhido de um carro da agência de correio.

- Ótimo, podemos ir lá averiguar. - sugeriu Hector.

- Hoje está fechada. - avisou Brucker - Infelizmente terão de esperar até amanhã.

"Ou talvez não.", pensou Rosie, idealizando um plano audaz e fora de qualquer ponderamento.

                                                                                ***

Os olhos pérfidos de Derek fitavam sua cativa atentamente, vendo-a contorcer-se na cadeira para desfazer o nó apertado da corda que pusera para prende-la na cadeira, à moda antiga dos interrogatórios. Estavam contidos num espaço todo em preto, apenas com o piso de madeira lisa visível e uma luz banhando Pandora. Um feitiço eficaz. O líder da Caosfera estava na parte meio opaca, fora do círculo luminoso, tão observante quanto presunçoso na expressão reforçada pelo sorriso.

- A sua inquietude é estranha, visto que se rendeu por livre e espontânea vontade. - disse Derek.

- Me tira já daqui. Considere como rendição, eu prefiro chamar de... visita íntima. Estou aqui por você. Ou por nós dois. Mas não sou uma delinquente pra apelarem a esse estilo de conduzir uma conversa. - retrucou a bruxa.

- Sabe de uma coisa? Você tem criado um hábito de cortar o nosso barato, na primeira oportunidade. Primeiro nos trai sem mais nem menos, depois traz Rosie Campbell de volta do inferno fazendo um oceano de sangue nas mãos e por último, e não menos revoltante, aproveita uma saidinha para trancar seu cofre e impedir nosso acesso conveniente. - acusara ele, chegando perto dela.

- O quê? O meu cofre?! A propósito, esse lugar podia ter uma decoração melhor. Quem vai nos ouvir? Ah sim... - o encarou sorrindo com cinismo - Sabiam dos rastreadores o tempo todo. Os coloquei na mesma noite que recuperei o espiral.

- Há vários deles espalhados. Não é verdade? Inclusive, nesta sala. O campo onde estamos impede que qualquer informação dita escape aos seus supostos aliados hereges.

- Deixa de neurose, saí daqui uma loba solitária, todas as armas apontam pra mim. Eu nunca coagiria um de vocês a trair os nefastos princípios da Caosfera. Mas você está bem ciente sobre até onde vai minha honestidade.

- Por essa razão não podemos arriscar permitir vazar um "a" que dissermos. Afinal, é pra isso que serve esta... prisão dimensional e hermeticamente privada do mundo externo. O pioneiro nem sempre está um passo à frente. Você sabe muito bem disso. - fez uma pausa, rondando-a - Agora quero que me diga... sobre a segurança do intocável cofre.

- Estive lá nesses dias. - respondeu Pandora - Aliás, anteontem. E quanto a vocês?

- Enviei dois homens para verificar ontem à noite. A ordem era esvaziar tudo, mas não conseguiram. Por que será?

A garganta de Pandora estava seca demais para proferir mais do que gostaria de compartilhar.

- Que coincidência, eu também não obtive acesso. O que diabos você quer, Derek? Onde quer chegar?

- Acontece que o cofre não é originalmente seu. Contou com a ajuda de terceiros para cria-lo. - disse Derek, inclinando-se por trás do ombro esquerdo dela - Uma influente família de magos...

- Os Grigorian, é óbvio. - cortou ela - Sabe as letrinhas pequenas no fim de todo contrato? Pois bem... Eu lamento profundamente te decepcionar, mas o asterisco cobria uma regra inquebrável.

Derek a pegou pela cabeça rudemente.

- Fale logo. Ou esqueço nosso passado e adiciono o nível doloroso do interrogatório.

- Nosso passado... aquele passado deixou de importar há anos. Agora entendo o que você tanto quer.

- Então fale de uma vez. A tal regra determinada que coloca nossos planos a perder.

- Joseph Grigorian, o patriarca, me deu aval para juntar artefatos que eu roubasse ou comprasse de qualquer localização, mas como temiam represálias de inimigos pessoais, criaram um poderoso feitiço que simulava uma morte autêntica, parando seus corações, mas mantendo suas magias ativas. Ele avisou que caso despertassem do longo sono, a propriedade do cofre retornaria à ele. Ou seja, não passei de uma proprietária temporária, foi confiada à mim a chave para abri-lo no período de sono.

- E como nem você não pôde abri-lo... - disse Derek, ficando tenso.

- Significa uma coisa. - disse Pandora, olhando-o - Os Grigorian voltaram ao jogo. E nós perdemos.

- Não, ainda não. - insistiu Derek - Existe algo lá que acredita-se ser uma lenda, mas sei que é real.

- Pode esquecer. - disse Pandora - A Arkanon não vai cair nas mãos de ninguém. Logo a única arma capaz de aniquilar Belphegor completamente. A menos que eu negocie novos termos. Adianto que não posso garantir nada.

O líder da Caosfera imergiu em pensamentos. Poria em risco as metas da fraternidade confiando nela? O mago estalou os dedos, desfazendo o espaço dimensional.

- Não vou cometer o mesmo erro duas vezes. Está mentindo. - disse Derek, logo virando as costas.

- Vai simplesmente desistir? Saiba que já fui torturada... - a fala não completou-se pelo líder ter fechado a porta.

Pandora sentiu os nós mais frouxos e soltara-se, suspirando com a boca em alívio pela descrença do seu antigo parceiro.

                                                                                   ***

Naquele momento, Hector tratava Rosie como uma criança levada que desobedeceu e se perdeu no caminho. A jovem pouco importava-se com a vigilância excessiva do caçador e partiu ao seu plano.

Usando o velho e infalível truque do grampo, Rosie abrira a porta anteriormente trancada da agência de correspondências, redobrando sua atenção em todos as áreas que via. Direcionou-se à sala de registros, reutilizando a artimanha para entrar. Encarou à papelada à sua frente e verificou cada documento, focando nas datas de envio. O destinatário do pacote era oculto pois havia um acrônimo "RB". Todas as encomendas foram destinadas ao mesmo local e à mesma pessoa. Os períodos de envio batiam com a data que os sete principados ressurgiram. Rosie finalmente vira o nome. "Aquele safado..."

O sangue ferveu nas veias. Um baque surdo foi escutado logo atrás dela. Saiu para o corredor dar uma olhada e um afoito guarda que não notou a invasão de Rosie enveredou-se até ela, suando profusamente e com olhos arregalados. Ele sacara seu cassetete para atacar Rosie, mas a mesma esquivou-se e dera um chute na canela dele, mas logo ele usou a arma para prende-la à parede. Rosie sentiu o pescoço ser apertado e o guarda aparentando querer mordiscar um pedaço do seu rosto, indicando que o efeito da gula agia sobre ele. Ela o chutara novamente, virando o confronto.

Rosie golpeou-o com o cassetete nos dois lados do rosto do guarda e o derrubara. Vendo que ele deixou seu revólver cair, ela o pegou antes que ele levantasse. O guarda reergueu-se de súbito e rugiu feito um lobo para o próximo ataque. Rosie descarregou a arma três vezes, atingindo-o no peito.

Hector viera em supervelocidade e a empurrara, fazendo-a largar a arma. Furiosa, ela repreendeu-o.

- O que foi isso? Ficou louco? - disse Rosie, limpando sangue da boca - Foi legítima defesa!

- Não vamos gastar tempo com uma briga ou uma luta agora! - disse Hector - O que houve aqui?

- Ele de repente veio me atacar e... apenas usei o instinto. Estava dominado pela gula, tenho certeza.

- Tentou devora-la? Nesse caso, não teve escolha. Mas ainda que fosse alguém desarmado, você teria agido sem escrúpulos. - acusou Hector - Vim pelas batidas do seu coração. O xerife Brucker disse pra esperarmos.

- O xerife Brucker é o nosso cara. - disparou ela, sucinta - Nenhuma encomenda foi vistoriada, foram todas entregas clandestinas. Ele mentiu sobre serem apreendidas pela agência, olhei todos os papéis.

- Então ele é o destinatário com as iniciais RB.

- Rupert Brucker. Vamos acabar com ele. Ou pode dar permissão para que eu o apunhale.

- Tem ideia do que iremos fazer? Não só o demônio, mas o xerife será morto também, caso esteja possuído. - afirmou Hector, bastante sério - Tenho uma adaga de irídio comigo, mas prefiro o exorcismo que Pandora recomendou, memorizei cada palavra. Vamos à casa de Brucker hoje às oito.

- E deixar Gula escapar?! E a minha alma? Olha, eu já não era tão complacente quanto você, agora menos ainda. Bem-vindo ao impasse.

- Vamos decidir na hora como isso vai acabar. - determinou Hector, evitando uma nova discussão.

                                                                                  ***

Eram cerca de 08 horas e 25 minutos quando Rosie e Hector chegaram à casa do xerife Brucker para investigar, justo no dia de plantão. A luz da lua banhava a sala de estar. Num canto obscuro, ouviam-se ruídos altos de mastigação. Hector puxou uma lanterna do bolso e apontou o facho na direção certa. Uma mulher agachada virou o rosto coberto de respingos de sangue e a boca encharcada do líquido escarlate. Seu olhar dotava-se de pura selvageria animalesca.

Rosie, no impulso, avançou pegando uma garrafa e quebrando-a na mesa para usar o gargalo e mata-la. Hector a segurou para impedi-la. Havia um corpo aberto próximo da mulher que tinha vísceras e entranhas à mostra.

- Se não soltar, cravo isso no seu olho. - advertiu Rosie.

- Como se funcionasse. - retrucou Hector - Olhe com mais atenção, veja... Ali. - apontara - É um garoto. São a esposa e o filho de Brucker. O demônio não os induziria ao pecado se fossem ilusões, a menos que estivesse possuindo. A família também seria afetada. Gula usou de possessão.

O arquejo de Brucker os fez virarem-se. O xerife estampava na face todo o horror de ver entes queridos numa situação degradante, de auto-destruição. Hector gesticulou para Rosie não ataca-lo.

- Xerife... - disse Hector - Eu sinto muito.

- Por que tá chamando ele assim? - perguntou Rosie - Hector, isso é puro fingimento, sem dúvidas.

- Quem são vocês? - indagou Brucker, aos prantos - Eu devia estar patrulhando agora, mas tive um mau pressentimento. O que está acontecendo? Por que minha mulher está... comendo nosso filho? - olhou para a cena grotesca - Dylan... Não.

O xerife deu uns passos adiante para ir à esposa, mas fora parado por Hector.

- Por favor, não. É um estado perigoso de transe, agora é o momento em que menos precisa estar perto dela...

- Mas a Patricia... - disse Brucker, não contendo o choro, sentando-se no sofá, desolado - Não lembro de nada dos últimos cinco dias... Eu dormi e acordei, mas pareço estar num pesadelo.

- Rosie, acho melhor nos separarmos. Poderíamos ajuda-lo a sair desse estado de choque...

- Mas você quer vingar a criança. Inclusive o guarda que matei.

- Ele não se lembra de nós, o que significa que é um homem inocente que foi possuído por Gula.

- Um dos suspeitos era um chef de cozinha, certo? Na mosca. Nada tão sugestivo quanto isso.

- Há um restaurante gourmet por aqui. - disse Hector - Interroguei o chef, ele pareceu perfeito demais.

O caçador surpreendentemente deu à ela a adaga de irídio.

- Tá falando sério? - quis saber ela - Eu ia pedir exatamente isso. Se recusasse, usaria meu soco-inglês. - pegara a arma.

- Vou chamar a polícia para ajudar Brucker e depois vou à igreja... proteger o padre ou me proteger dele. A manifestação está se espalhando mais rápido. - disse Hector, pronto para cumprir sua parte na salvação do condado.

- E se eu estiver errada? Minha intuição tá enferrujada, não estou pensando com tanta racionalidade...

- Eu confio em você, apesar dessa condição horrível. - declarou Hector, convicto - Agora vamos.

No restaurante, uma farra de comilança desenfreada tomava conta do estabelecimento. Porém, o surto não alcançara o ápice, pelo menos não àquela altura. Pessoas comendo seus pratos e uns alheios sem nenhum controle. Um homem rasgava um pernil suculento e mal-passado tal qual um bárbaro pré-histórico que acabara de cozinhar sua caça.

Rosie chegou pela porta dos fundos da cozinha, discretamente. Vira o chef, um rapaz de barba ruiva vestido como um mestre-cuca, de costas preparando uma das iguarias do cardápio. Sacou a lâmina de irídio para um arremesso certeiro por trás. No entanto, ele desaparecera em nanosegundos, logo surgindo do outro lado do recinto visando Rosie a sua presa.

- Está com pressa, garota? Aconselho a esperar como todos os outros. - disse Gula, olhando para a porta dupla trancada que recebia empurrões violentos dos clientes alvoroçados e insanos - Ah, é verdade. Eles não conseguem esperar.

- Acessei pelos fundos com meus truques de detetive. - disse Rosie - Bem, vamos direto ao assunto.

- Desculpe, estou muito abarrotado e você veio me atrapalhar. - disse o demônio, logo depois lançando um onda de vibração contra Rosie que a jogou contra um balcão cheio de panelas.

Rosie levantava-se conforme ele aproximava-se desmascarando sua faceta demoníaca vermelha. No avental tinha uma enorme mancha de sangue, indicando que os pratos aprontados eram bem exóticos.

- Você não serve nem para petisco. - disse Gula - Confirmei isso assim que entrou. Não há nada no seu âmago, por isso não sente fome, Rosie. Sim, falaram muito sobre sua... importância contra nós.

- Tem algo dentro de você que me pertence. - respondeu Rosie, mantendo a adaga em punho.

- Não tiro sua razão. O grande Belphegor abençoou todos nós com uma fonte de poder inimaginável. Pude ampliar minhas capacidades e em pouco tempo... esta cidade será dizimada pela fome insaciável e a montanha de corpos é o banquete inestimável. E por mais que eu tente... não consigo induzir fome em você, então é inútil, é um desperdício.

- As faz se alimentar de coisas vivas para que você se alimente delas já mortas. Boa estratégia. Além disso, não é a primeira vez que sou imune a uma praga. - ficou pensativa - Hector realmente confiou em mim. Considerou as chances de você ser o suspeito nº 1 pelo trabalho do homem que possui. Seria óbvio demais se tudo começasse pelo restaurante.

- Meus parabéns, você é um gênio. Agora faça o favor de sair. Muitas bocas pra alimentar.

- Sem essa. - disse Rosie, logo lançando a adaga que acertou bem no meio da testa de Gula. O demônio mostrou uma expressão de terror, sentindo o corpo petrificar e por fim esfarelar-se em cinzas - Isso que dá falar demais. - as batidas na porta cessaram. Rosie, repentinamente, foi acometida por uma dor lancinante que atravessou cada partícula de seu corpo. Sentou-se encostada no balcão, gritando. Abriu os olhos, ofegante, estando certa de que uma parte de sua alma foi reavida.

Hector a esperava na frente da igreja.

- Como está o padre? - perguntou ela, andando até ele.

- Então tudo correu bem. - disse Hector, sorrindo leve - Derrotou Gula, conseguiu esfaqueá-lo.

- Fiquei com dúvidas sobre ele ser Gula ou Preguiça, porque não estava afim de lutar comigo por não ter uma alma que ela possa controlar com suas vibrações manipuladoras. Sabe o quão frustrante é quando o adversário não te vê como desafio? Não teve a menor graça.

- Talvez estivesse confiante na mesma proporção que a fome dos que foram subjugados.

- Bem, não falou como está o padre. Ele por acaso sentiu fome e teve que conte-lo?

- Rosie... - a expressão de Hector denotava arrependimento - Gula calculou tudo impecavelmente.

- Como assim? - indagou ela, intrigada - Hector, o que houve lá dentro? - notara uma mancha meio apagada de sangue na boca do caçador - Nossa... Então foi isso. - afirmou, sem surpresa.

- Ele previu nossos movimentos. Sabia que eu ficaria exposto caso fosse no seu lugar. Mas já era tarde. Eu tive a ideia de ceder à sua vontade para fugir de um controle pior e ao mesmo tempo saciar a fome que afetava meus instintos. Logo que cheguei, não deu pra segurar. Abocanhei sem dó.

A jovem assentia, concordando, porém conformada com a consequência.

- O que importa é... termos vencido. Muitas vidas salvas comparadas às que morreram. O padre é substituível. Ninguém ficará sabendo se irmos embora logo. Um pra nós e zero pra Belphegor. - disse Rosie, esbanjando uma frieza que o deixou impotente. Ela saiu andando enquanto o caçador fechava os olhos, lamentoso quanto a postura ainda não humana o suficiente da parceira.

                                                                                       ***

Num corredor por onde passava, Derek sacou o rádio-transmissor para contactar Adam e emitir uma ordem, mas mudara de ideia e parou no meio do caminho estranhando o clima. A conhecida sensação de não estar sozinho perambulando pelo labirinto da capela de São Miguel. Baixou o aparelho para vasculhar ao seu redor. Nada no campo de visão. Porém, ao virar-se para a direção que seguia, deparou-se com a figura austera e frígida de seu pai poucos centímetros diante dele.

- Pai, o que está fazendo aqui à essa hora? Pensei que costumava dormir cedo pra melhorar o humor.

- Esta é a última vez que você me dirige a palavra abusando desse tom. - disse Hamilton, escondendo algo atrás na mão esquerda - Basta eu desviar minha atenção que minhas ordens não valem de nada.

- Do que está falando? - indagou Derek, fingindo não entender, o que apenas atiçou a irritação do pai.

Hamilton ergueu a mão direita, empurrando o filho com telecinesia contra uma parede e o imobilizando. Derek sentia os músculos e articulações milimetricamente neutralizados.

- Espero que isso tenha ajudado a lembrar. - disse Hamilton, mostrando uma pedra Ônix em seguida.

- Agora já sei, já entendi tudo... Ficou chateado pela minha insistência em queimar o corpo de Rosie Campbell. Pai, por favor, me ouça. Desde o início, você me orientou para seguir caminhos pelos quais eu acreditaria serem os que realmente julgasse melhores. Você tirou a mesma liberdade que deu ao me outorgar líder. Não cumpriu sua palavra, posso entender porque a mamãe nos abandonou. Ela estava cansada de viver com o monstro sob a pele de homem.

O cérebro-mor da sede britânica apertou-o contra a parede ainda mais fortemente.

- Já chega de desculpas. As coisas mudaram. Nosso mestre estaria extremamente decepcionado.

- Decepcionado? Fizemos um trato! Em troca da adaga com o sangue de Campbell, eu emprestei a bruxa contratada para rastrear o corpo para que invocasse os sete demônios de elite do Tártaro.

- E acha que isso invalida a ordem que eu dei especialmente à você? - questionou, elevando a voz - O grande mestre pode ter aceito sua oferta, mas não altera nada e como pai... devo puni-lo justamente.

- Não... O que vai fazer? Essa pedra... Não! Desista disso, pai! Por favor, eu imploro! É loucura!

Era tarde para súplicas. Hamilton recitava o feitiço que acionava a capacidade incrível da Ônix em seu formato médio e mais cobiçado. Um raio azulado despontou do peito de Derek direto à pedra.

Enquanto o mago gritava, o artefato esquentava enchendo-se de magia e piscando a luz a cada quantidade sugada.

Ao terminar, Hamilton lanço um último olhar de desprezo ao filho que caía no chão feito um boneco.

- Isso é o Rei banindo o príncipe do reino... - disse Derek, deitado de bruços, sentindo a derrota consumi-lo com uma lágrima. A magia do líder fora totalmente drenada para a Ônix sem fazer restar um fragmento sequer.

                                                                                  CONTINUA...

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://raitoworld.blogspot.com/2011/09/dia-3gulasemana-de-los-pecados.html

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