Mollock - Jornada de um Errante #3: "Lado Lobo"
Propositalmente cedi a um convite de participar de um exercício. Em verdade, acabei sendo confundido com um licantropo. Tinha visto figuras em alguns livros. Humanos que transformam-se seduzidos pela luz do luar. Ao menos não se consideram humanos. Não é difícil olhar para eles e sentir-se estar num lar de conterrâneos. Eu foquei no que me interessou.
Subi na arena daquele torneio velado e à margem das leis humanas. Luta livre e sem trapaças. Era derrubar o adversário da plataforma ou ser eliminado e perder o grande e suculento prêmio. À vista de todos estava lá um homem ferido e acorrentado no teto. A isca balançando aos tubarões. Se era para tirar mais uma vida humana ao mesmo tempo recondicionando meu corpo, então foi válido. Meu oponente transformou-se. Capturei cada detalhe da metamorfose.
Em poucos segundos, seu tamanho igualou-se ao meu. A vantagem do excesso de pelos é para resistir ao frio? Tomara que eu esteja certo. Os gritos da torcida enérgica me aborreciam, mas me concentrei no objetivo. Senti vergonha de mim mesmo por cada chave de braço agonizante, esmurro e chute. Era o Rei vivendo seu tempo de queda. Eu caí. Vencido pelo lobo.
Se minha metade terrena enfraqueceu, nada melhor do que recomeçar fortalecendo a outra... e melhor.
*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.
*Imagem retirada de: https://lobogotico7.wordpress.com/2017/08/20/relato-lobisomem-em-mogi-mirim-sp/
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