Crítica - Valiant: Um Herói Que Vale a Pena


Pegue o pombo, pegue o pombo...

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

A animação produzida pela Walt Disney Pictures em conjunto com a Vanguard Animation e UK Film Council não perde tempo para estabelecer diretamente o papel do protagonista, o que para um longa de uma hora e quinze minutos é um alívio pela desgarantida embromação com tramas correndo ao lado que por sinal existem mas que não influenciam no conflito geral de maneira intensiva (Bugsy, o pombinho malandro, e o seu joguinho de trapaças com duas aves que após serem tapeadas o perseguem no meio do seu acidental encontro com Valiant e aproveita a inscrição e admissão do pequeno pombo ao correio aéreo nacional para se livrar da encrenca é uma delas). Menos mal, até porque o foco é bem direcionado.

Num mundo cuja espécie dominante são aves (???), a Segunda Guerra Mundial rola solta em 1944 aproveitando um fragmento desse pano de fundo histórico que foram os pombos-correio na tal época responsáveis por levar mensagens dos campos de batalha europeus para quartéis em solo britânico (um seleto grupo recebia medalhas de honra pelos seus feitos bem-sucedidos), assim constrói-se focadamente a narrativa que leva o frágil e desastrado pombo Valiant ao norte de um sonho "impossível" apresentando-o como uma figura ridicularizada pelos demais por conta da sua aparência não condizer com a vigorosidade e destemidez dos pombos mais famosos da área lhe atribuindo uma tipificação imaginária de "pombinho feio" num contexto em que é desacreditado e subestimado por todos ao seu redor. É a típica jornada do herói improvável que anseia pela aprovação social do seu valor. O herói improvável inserido numa equipe tão improvável quanto.

A presença marcante de Bugsy reforçada pelos seus trejeitos carismáticos (não beirando à retardamento mental, a performance é extrovertida na medida certa) de comicidade obrigatória para um coadjuvante de destaque acaba meio que "sabotando" a aura protagonística de Valiant em determinadas passagens do segundo ato e isso se intensifica com o seu dilema em permanecer no treinamento rumo à grande missão ou partir para bem longe desistindo já que se envolveu ali por mero descuido seu. Ele opta pela segunda via, mas retorna de repente otimista dizendo que não ia ficar sem a glória. Valiant só tem a chance de mostrar que é bom naquilo que acredita ser capaz de fazer quando o "ofuscador" involuntário acaba caindo nas garras do gavião nazista Barão Von Falcon que captura mensageiros que cruzam o Canal da Mancha. O resgate acaba bem, por uma sorte enorme de Valiant, mas os vilões não ficam chorando derrota facilmente.

Valiant havia engolido a mensagem que seria regurgitada (toda melecada de vômito) e entregue num dos territórios ocupados, o que o tornou um alvo de Von Falcon, gerando um conflito final divertido e sem exageros ou forçadas de barra pelo fato do filme saber que faltaria prudência em extrapolar e ir além do que ele se propôs como animação em CGI de qualidade razoável (parte de uma tendência na época de lançamento da Disney que abandonou o formato 2D em virtude do fracasso de Nem Que a Vaca Tussa) e pouco equiparável a grandes nomes como as produções da Pixar. A torcida pelo sucesso de Valiant é inevitável daí em diante. Von Falcon expressa o tom ameaçador certinho para justificar o temor dos pombos do lado oposto da guerra. A dupla Penoso e Penado, apesar do pouco destaque, formam uma química convincente dando o teor cômico necessário de modo que o Bugsy não carregasse sozinho esse requisito de coadjuvação dentro de um filme animado focado em pombos-correios, pombos-soldados e falcões nazistas que não dependem de humanos (obviamente não existem) e lutam na guerra assumindo os papéis que seriam deles. Mais ironicamente hilário impossível.

Considerações finais:

Valiant não somente vale a pena como também fornece conhecimentos básicos de um período negro da história muito bem composto e ambientado, além de criativamente retratado no viés do humor satírico depositado nos pombos que de fato tiveram papel fundamental naquilo que foram designados. A subestimação injusta afetou o pombinho inglês tanto interna quanto externamente. Os únicos detalhes malfadados ficam por conta do brilho de Valiant ser diminuído até o terço final.

PS1: Outra "trama alternativa" foi o Valiant ficar de crush com a pombinha enfermeira Victória.

PS2: Será que os humanos foram extintos de alguma forma e os pombos deprimidos resolveram guerrear pra erguer a auto-estima e descontar nos falcões a raiva causada pela falta de alguém em quem cagar?

PS3: O casal de ratinhos franceses foram ótimos personagens de apoio (e põe apoio nisso), uma pena terem tido curta passagem. Bem, era a função que eles tinham a cumprir, a limitação é compreensível.

NOTA: 8,5 - BOM 

Veria de novo? Sim. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: https://yntreterimento.webnode.com.br/filmes-onlaine/valiant-um-heroi-que-vale-a-pena/

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