Nem tudo é o que parece #16


Enquanto eu morava com meus tios, quando eu era criança, eu fui transferida à uma escola nova. Logo na primeira semana tentando me adaptar, eu encontrei uma bela caixinha de música numa lata de lixo, em uma rua próxima à escola. De imediato, me encantei por ela. Girei a pequena manivela e fui me envolvendo ao suave toque daquela música. Quando ela começava, uma miniatura de um palhaço emergia de dentro da caixa.

Ao passo em que a música continuava a tocar, fiquei me olhando no espelho circular, eu era muito vaidosa, confesso. Mas o que me chamou a atenção, de verdade, não foi a música em si... mas aquele boneco de palhaço. Assim que fechei a caixa, prestes a entrar no colégio, vi a figura de um palhaço escondida em uma árvore do parque que ficava próximo. Ele franzia as sobrancelhas enquanto sorria (ele era meio bocudo, diga-se de passagem) e eu ficava sem entender o que ele realmente queria.

Ele vestia uma roupa circense típica, de cor preta com bolinhas vermelhas. Enfim, tinha a mesma aparência do boneco da caixa. Eu mostrei a caixa para todas as minhas amigas, inclusive para a garota que implicava comigo, desde o primeiro dia de aula.

Ela foi a última pessoa que eu decidi mostrar aquela caixa, apesar de eu odiá-la. Vou lhe dizer o porque. Tudo ocorreu naturalmente: Ela abriu a caixa, girou a manivela e ficou olhando para o palhaço enquanto ouvia a música.

Eu vi o palhaço real novamente, atrás duma árvore. Ele me pedia para fechar os olhos.

Bem, eu o fiz, achando ser brincadeira. Quando os abri, a música continuava tocando mesmo quando deveria ter parado... e vi aquela garota morta, com os olhos arrancados... enquanto eu olhava para aquele palhaço sorrindo e acenando pra mim. 

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Cansado e sonolento, estava eu deitado no meu sofá. Até que a campainha tocou e me irritei rapidamente por que odeio que interrompam meu descanso. Abri a porta e me deparei com uma velha vestindo uma camisola branca, mãos pálidas e com o cabelo ocultando completamente seu rosto. Ela me ofereceu uma sacola e perguntou-me se eu gostaria de comprar alguns "biscoitos da sorte".

Eu disse que não, mas ela continuou a insistir, até que me irritei novamente e bati a porta. Numa outra noite, foi a mesma coisa. Cheguei a chutar aquela sacola de tanta impaciência que tinha. Isso ficou se seguindo por várias noites... até que um dia, finalmente, ela não veio à minha porta.

Fui verificar o forno, eu estava preparando um frango. Mas, quando abri, haviam biscoitos na bandeja! Os mesmos que aquela velha asquerosa vendia!

Fiquei a pensar: "Ela realmente invadiu minha casa pra preparar os biscoitos aqui, apenas para me forçar à come-los?". Achei que a melhor forma de dar um fim naquilo era comer os tais biscoitos, mas só um. Comi e até que era gostoso...

Mesmo não sabendo onde meu frango foi parar, fui pra cama. Acordei no meio da madrugada e pensei estar num pesadelo. Aquela velha estava parada ao lado da minha cama... e hoje passo a vê-la em todos os lugares em que vou!

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Minha mãe tinha me dado dinheiro para comprar um bichinho de estimação. Eu não entendia o porque dela ser tão liberal, mas agradeci, claro. Queria mostra-lo aos meus colegas da escola, e mal podia esperar a reação deles.

Eu decidi nomeá-la de peludinha. Ela era muito fofinha, pulava bastante, enfim um animalzinho alegre do jeito que eu gosto.

Convidei eles para virem na minha casa e apresenta-la. Peludinha adorou eles... mas eles não aprovaram muito.

Poxa, qual era o problema de ter uma aranha caranguejeira de estimação? 

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Eu estava no ponto de ônibus, após mais um dia de trabalho, mexendo na minha bolsa sentada no banco, como eu sempre fazia. Todas as vezes, todas as noites enquanto eu fazia aquilo eu dava de cara com uma mulher vestida de preto com um véu negro cobrindo sua face, sentada ao meu lado e observando-me.

Tentando ignora-la, eu sempre pegava meu espelho e ficava, forçadamente, procurando algumas espinhas. Quando o ônibus chegava, ela não subia comigo, para minha felicidade.

Era sempre assim. Pegava minha bolsa logo ao sentar e ela surgia. Com base na minha suspeita, fiz algo diferente em uma certa noite. Sentei no banco, esperando o ônibus, sem nem abrir minha bolsa.

Ela não havia aparecido. Dei um sorriso de alívio e tirei do meu bolso o meu celular, o qual eu costumeiramente não trazia, com medo de eventuais assaltos. O ônibus havia chegado e eu ainda mexendo no celular enquanto subia nele... e nada dela.

Cochilei por uns minutos dentro do ônibus, não havia nenhum passageiro além de mim. Acordei com o piscar incessante das luzes. Ela estava naquele ônibus! No assento ao meu lado... ela me observava e eu quase querendo chorar.

Eu, então, pude ouvir suas palavras... enquanto ela acariciava meu rosto com suas unhas enormes.

- E então, mocinha? O que fará amanhã para que possamos ficar mais próximas?


FIM... por enquanto! 

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