Reclusão insustentável
O som do tremor não para de reverberar.
Sinto as mãos atadas, os olhos cansados e a cabeça sobrecarregada em um pesadelo do qual não consigo despertar ou controlar.
O mundo que antes eu pensei ter criado para pertencer somente à mim e para chamar de meu... está fadado às ruínas.
Os muros estremecem, ameaçando desabar sobre este corpo. Posso jurar que lutei o máximo que pude suportar. Resisti mais do que consigo imaginar. Tudo ainda se resume a um aglomerado de palavras presas na mente, algo que consegue suficientemente abater-me, ao passo em que vai definhando mais e mais. Os obstáculos tornaram-se esmagadores, implacáveis.
Minha voz mental está prestas a calar-se. Os sons estridentes a abafavam incansavelmente.
E os muros continuam a tremer...
Com toda a certeza, posso dizer que tentei. O risco foi válido, eu não merecia um lugar só meu, criado a partir do qual eu não consigo me estabelecer ou me enquadrar.
Uma guerra perdida, provada pela maldade do tempo. Luta que perdeu significado e razão. Um cansaço que vai entorpecendo gradualmente... até que tudo se dissolva: Memórias, ideias, utopias... e um infinidade de elementos que muitos tentam roubar-me ou destruir.
Quanto tempo resta até a extinção completa?
Mesmo que não faça falta a ninguém, não desejo que acabe. Mesmo que não sejas notado, não quero virar as costas.
Ainda assim, não sei por quanto tempo pode durar... essa instabilidade ou esta inútil fuga.
E os muros, por fim, desabam...