Contos do Corvo #17


                                                                        
                                                                   A CARRUAGEM VIAJANTE

Este caso ocorreu no Oregon - mais precisamente em Salem -, eu já estava iniciando minha interação com alguns bandos, mas quanto a ficar de olho em acontecimentos bizarros e estranhos eu trabalhava sozinho. Do contrário, seria imensamente frustrante, confio na minha própria metodologia para investigar, então não preciso de ninguém para encher meu saco apontando no que errei ou não. Na época em questão, só conseguia enxergar medo nos olhares daquelas pessoas. Corria solto um tenso boato a respeito de um veículo "meio invisível" que passava pelas redondezas de parques, escolas e hospitais - qualquer estabelecimento de grande uso. 

Os que persistiram no suposto avistamento trataram de tirar conclusões rápidas sobre aquela coisa aterrorizante que vagava pelas ruas em todas as madrugadas. Os poucos que ainda perambulavam nesse horário diziam ter se deparado com algum tipo de carruagem da era colonial que atravessava as árvores, como se fosse intangível. 

Também disseram que por pouco não foram "atropelados" pelos dois cavalos assustadores - que, segundo relataram, pareciam ter olhos escarlates. Os investigadores do caso acreditavam que a coisa se tornava mais visível a cada noite, ou, talvez, quanto mais pessoas a vissem. 

Poucos dias depois, contudo, vieram as mortes repentinas. Dez das quinze pessoas que se depararam com a tal carruagem "arrasa-quarteirões" morreram por causas misteriosas. Apressados em obter respostas o mais rápido possível, os investigadores entrevistaram as vítimas restantes, que alegavam não se sentirem mais como seres humanos, ou não conseguiam expressar nenhum sentimento que demonstrasse simpatia, empatia ou medo. Por isso falavam sobre o caso com tanta naturalidade, o que intrigou os especialistas.

Por fim, eles marcaram uma data na qual teriam um encontro direto com a carruagem e seus cavalos. 

No parque ecológico, às três da madrugada. Eu assisti tudo, mas caí fora quando a coisa quase se aproximou da árvore onde eu estava. Voltei alguns minutos depois, quando os investigadores se esconderam perto de uma fonte e conversavam sobre as constatações que tiveram sobre a aparição. 

Um deles sacou um livro pesado e velho, abrindo na página onde havia uma gravura que se assemelhava e muito ao modelo da carruagem. 

Segundo constava no livro, a coloração vermelha dos olhos dos cavalos se dava por conta de um feitiço conjurado por uma bruxa, datado de 1752. A lenda afirmava que a carruagem fora roubada por capangas - obviamente sob efeito hipnótico. O proprietário, porém, não estava mencionado na página. Um deles tirou fotos, mas várias estavam borradas - os cavalos eram velozes demais. Sobrou apenas umas duas um pouco mais nítidas, focadas na carruagem, onde, próximos às rodas, haviam símbolos que nada mais eram do que sigilos ocultos que mantinham o feitiço fixado. Uma vez rompidos, os efeitos sobre a carruagem fantasma e os cavalos desapareceriam. 

Os sigilos, de certa forma, explicavam as mortes daqueles que tiveram contato direto com a carruagem. A bruxa, segundo o livro, vivera naquela cidade e fizera um pacto com algum tipo de entidade oculta, e que, para retribuir o favor, deveria reconstituir sua alma "quebrada" com almas humanas. 

Graças ao feitiço, a carruagem tinha o propósito de recolher as almas daqueles que se colocassem no seu caminho, canalizando-as para os cavalos. 

Outra alegação - tanto por parte dos investigadores quanto das últimas vítimas - foi de que a carruagem apresentava intangibilidade, atravessando árvores, paredes e até mesmo vidraças de lojas, em plena madrugada. Um exemplo de situação, seria ela dando a impressão de estar atravessando um muro, quando na verdade havia "entrado" nele, sem sair pelo outro lado.

A principal suspeita dos investigadores era de que o feitiço conferia à carruagem e seus cavalos a incrível habilidade de atravessar fronteiras entre mundos alternativos ou, até mesmo, viajar no tempo, favorecendo ainda mais a coleta de almas. A conclusão final dos investigadores foi de que quando acabasse a coleta, a carruagem e os cavalos retornariam ao ano de 1752 para oferecer o alimento à bruxa e, assim, fazê-la nutrir sua alma para vende-la à entidade. 

Influenciados pelo temor profundo gerado pela "lenda" e as mortes associadas à ela, a polícia da capital aprovou a instauração de um toque de recolher diário, a fim de evitar que as pessoas vivenciassem as possíveis aparições da carruagem. 

As aparições perduraram pelo resto daquele ano, mas o motivo pelo qual sempre ocorriam nas madrugadas permaneceu inexplicado. 



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