Crítica - A Freira


Nem James Wan na produção e no roteiro operou milagres.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

Este é o segundo derivado da franquia Invocação do Mal (sucedendo, na linha de lançamento, o spin-off Anabelle que rendeu dois longas em 2014 e 2017, respectivamente) que neste ano de 2019 gerou mais um "filho" chamado A Maldição da Chorona (dá pra levar a sério um título desses?). É bacana ver esse universo em expansão cada vez mais ascendente, o problema é que a missão de fazer costuras cronológicas e abrir novos caminhos para fins de diversificação por si só não basta. Parece até que o processo de roteirização deixou de lado o compromisso de executar o terror como se deve. Não querendo bancar o caga-regra, de qualquer forma é uma questão de perspectiva, mas... filmes de terror não são para divertimento. Tem que atormentar o espectador para que que fique gravado na mente por dias ou semanas e mesmo assim ele, ciente dos sustentáculos básicos de um bom terror, ter gostado da experiência porque significa que o objetivo foi cumprido integralmente. A proposta-chave (a de causar sensações incômodas) pode nem sempre atingir o espectador, o que é variável, há quem tenha crises de risos assistindo a O Exorcista (eu não duvido) e quem se borre de medo (como a grande maioria dos fãs desse clássico). A Freira, de uma maneira infeliz, tenta ser divertido e aflitivo. E falha em ambos.

Num convento (Abadia de Santa Carta) situado na Romênia, em 1952, uma freira escapa de um massacrante ataque de uma entidade demoníaca (Valak), mas acaba cometendo suicídio por enforcamento para que a força maligna não a possua. Isso porque as freiras acessaram um túnel para pegar um antigo artefato cristão, no caso um relicário contendo o sangue de Jesus Cristo (seria o Santo Graal?) que fora utilizado na Idade Média pelos cavaleiros templários para expulsar Valak uma vez libertado de uma fenda localizada nas catacumbas por um duque, posteriormente morto pelos cavaleiros, proprietário do castelo que veio a se tornar a abadia. Pronto, não precisou nem de dois parágrafos de poucas linhas para resumir a trama e nem vou culpar a simplicidade, então deixa as elaborações roteirísticas mais "complexas" para a linha principal. Precisa adivinhar o que o trio de personagens tão cativantes quanto ver a grama crescer precisam fazer? Um padre (Burke), uma noviça (Irene, que vira freira no terceiro ato) e um aldeão (Frenchie) lutando por suas vidas dentro do recinto onde Valak os persegue. Para derrotar a entidade precisarão mais do que fé religiosa concentrada em orações. Como o próprio padre Burke diz à Frenchie: "Há tempo para rezar e tempo para agir. Agora é tempo de agir". E não tem nada mais desesperador numa situação dessas do que rezar sozinho mesmo sem saber, já que a irmã Vitória foi a última freira remanescente antes de suicidar-se, logo vindo à tona que as freiras acompanhadas à Irene, no momento de urgência para afastar o demônio, são irreais. Pude contar uns quatro sustos levados, mas um filme de terror não deve ser julgado pelo número de jumpscares efetivos. O recurso está funcional em poucas passagens, só que o problema vai além. É tudo tão artificial que entedia.

A impressão mínima tida foi a de que o Valak deste filme difere-se largamente do apresentado em Invocação do Mal 2 em termos de aplicação dos efeitos especiais. Portanto, a artificialidade é muito mais sintomática nesse aspecto, embora a fotografia e as atuações insípidas (tal como a direção de Corin Hardy) contribuam profusamente para um resultado geral que leve à esse julgamento (que sinceramente não gostaria de fazer, mas devo seguir a análise de acordo com o que de fato depreendi, não posso fingir que achei a performance do Valak uma maravilha assombrosa e digna de uma insônia - quando na verdade estimula o sono hahahah). O que posso separar dos escassos pontos positivos que chamou minha atenção certamente é o sinal de cruz invertida na nuca de Frenchie (cujo nome verdadeiro é Maurice) ao término do filme, indicando que Valak não foi aprisionado, além de nos levar de volta ao primeiro Invocação do Mal mostrando Ed e Lorraine no seminário visto no primeiro filme com a filmagem do exorcismo de Maurice trazendo a última ponta narrativa fechada.

Considerações finais:

A Freira anda (ou desanda) numa direção diametralmente oposta à forma de composição do terror que amedronta, tensiona e arrepia da franquia principal. O longa se engaja mais no contar da história pecando nos reforços que ela necessita para dizer a que veio. A sensação de medo é efêmera pra em seguida fazer retornar os olhares desinteressados na maior parte.

PS: Exorcismo pra quê quando se tem a espingarda (ou rifle) do Maurice?

NOTA: 6,0 - REGULAR

Veria de novo? Provavelmente não. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/cinema/noticia/2018/09/a-freira-se-torna-o-filme-de-terror-mais-visto-da-historia-do-brasil-cjmi6wc6j067k01px9gy0rhid.html

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