Crítica - Aviões 2: Heróis do Fogo ao Resgate


Se a vida te der um limão, faça uma limonada.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS. 

Por um bom tempo, a Disney seguiu numa mania estúpida de lançar sequências de seus maiores clássicos que não necessariamente possuíam alguma razão para serem feitas, salvo certas exceções (Peter Pan: De Volta à Terra do Nunca, por exemplo), visto que grande parte dos enredos dos primeiros filmes abarcavam uma estrutura de "fechamento" que apagaria indícios ou brechas para justificar uma continuação. Em suma, é o típico "Felizes para Sempre" dos contos de fada - coisa que talvez as crianças dessa geração não acreditem muito (eu também não me iludia com isso na minha época, sempre ficava a imaginar o que viria a seguir, embora não precisasse depender da Disney para me contentar). Após anos ela resgata tal mania no spin-off de Carros que ninguém pediu e desta vez numa sequência do mesmo que realmente ninguém clamou para que fosse realizada (aliás, já estava planejada desde o primeiro filme, por conta daquele lance de "Dusty Voo Rasante voltará em Aviões 2: Heróis do Fogo ao Resgate" ao término do subir dos créditos finais - igualzinho a como fazem nos filmes do Marvel Studios). O azar do protagonista até pode criar identificação, mas há um sério problema.

Toda a superação obtida no filme anterior é simplesmente descartada, jogada no lixo devido a um infortúnio que afeta profundamente a vida de Dusty. Seu motor apresenta falhas na caixa de câmbio que é insubstituível pelo modelo estar obsoleto, o que por um lado promove uma carga dramática sensível, porém noutro tratora o que foi conquistado no primeiro filme. Dusty não tem outra alternativa a não ser afastar-se para sempre das corridas e decretar aposentadoria precoce (é como um esportista de atletismo que sofre um acidente e fica paraplégico, mas num momento enxerga uma "luz no fim do túnel" que lhe mostra um outro caminho no qual ele possa descobrir uma vocação "adormecida" que ele usará para tapar o vazio emocional para diminuir a sensação de fracasso). Aquilo que dava sentido à vida de Dusty é removido num passe de mágica pelo roteiro malvado e cruel. A justificativa mais descabida que vi para dar sequência a um spin-off tão insosso e acima disso para dar sequência a um filme da Disney. Meio imperdoável, não? Como desgraça pouca é bobagem, o evento responsável por conduzir Dusty a outra esfera profissional resume-se a algo acidental, mais especificamente com Dusty causando um incêndio no Propwash Junction (onde vivem seus amigos, Dottie e Chug - com participações drasticamente reduzidas) após testar seus limites num voo. O pessoal leva bronca de um inspetor do governo e o aeroporto é fechado.

Na intenção de se redimir e garantir a reabertura do aeroporto, Dusty ingressa num treinamento para atuar como bombeiro e o local principal para centrar a situação-chave é apresentado, o parque Piston Preak (que, adivinha... é, sofre um incêndio e um grupinho de aeronaves capitaneado por um severo helicóptero chamado Blade Ranger, aquele chefe linha dura que nunca está satisfeito com nada, encarrega-se de apagar as chamas). O longa mantém o clima de animação estritamente para crianças abaixo dos 10 anos e não exatamente para toda a família, porque nenhum marmanjo próximo dos 40 vai se emocionar com a jornada de superação da superação do avião azarado e no mínimo dá para sentir um pouco de compaixão pela crise vivida pelo personagem. Interessante notar que, e vale ressaltar, que os carros estão bem presentes, até mais do que no primeiro filme, e de resto deu a sensação de menos aviões e a maioria dos novos personagens compreendem outros veículos, principalmente os que fazem parte da equipe de bombeiros. Além do mais, melhoraram na composição dos personagens e Lil Dipper, a segunda crush de Dusty (daquelas obcecadas e grudentas que gostam stalkeiar o tempo todo), brilha como uma feliz adição e dá o sabor de carisma que esse derivado não se permite trabalhar (e nesse ponto eu julgo um filme preguiçoso). Essa guinada temática pouco adiantou para trazer ares que fugissem da repetição, pois o nível continuou intacto. Dusty encontrou um novo lugar de pertencimento, pelo menos enquanto a sua felicidade durar.

Considerações finais:

Aviões 2: Heróis do Fogo ao Resgate é uma sequência cretina que reverte os resultados passados para retroceder a estaca zero e assim justificar um novo contexto forçando o protagonista a encontrar uma válvula de escape. A lição é clara e saudável, mas é melhor parar por aqui, porque pelo jeito o negócio não decola e os motores criativos avariaram.

PS1: Ratifico que isso deveria ser lançado diretamente pra DVD/Blu-Ray. DisneyToon não combina com cinema.

PS2: Não ficou muito claro se Dusty trabalhará como bombeiro e ao mesmo tempo competindo novamente nas corridas, já que uma nova caixa foi construída assim como sua fuselagem consertada - além de ter recebido nova pintura para condizer à equipe de bombeiros na qual foi oficializado como membro por Blade.

PS3: Desperdiçaram um vilão com aquele carro do hotel (superintendente da reserva florestal).

PS4: A população desse mundo é constituída mais por carros do que por aviões, sem dúvidas.

PS5: Vamos ignorar que é do mesmo universo de Carros e fingir que isso é um filler desgraçado. Melhora um tiquinho a experiência. No geral, Aviões pode ser definido como uma oportunista jogada pra emplacar um produto sem muito charme.

NOTA: 6,0 - REGULAR

Veria de novo? Provavelmente não. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: https://vejasp.abril.com.br/atracao/avioes-2-herois-do-fogo-ao-resgate/

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